Anda aí na berra o novo centro comercial (ha ha ha) de Lisboa, apelidado de Embaixada,
que veio ocupar o Palacete Ribeiro da Cunha, ali ao Príncipe Real. Como
vizinhos, tivemos direito aqui no office a convite para a inauguração que,
consta, foi muito animada com muito pindérico pendurado nas varandas a comer e
beber à borla. Eu não fui, obviamente,
que tenho mais o que fazer e não aprecio as aglomerações de tios da linha
mortos de fome (ah, não vos disse, pois, as lojinhas são todas muito tias,
muito tias, que caturreira.).
Já mentalizada para a potencial pinderiquice, ainda assim não quis deixar de ir ver in loco porque o palacete é lindíssimo e
mortinha estava eu por poder entrar lá dentro. Pois que entrei, extasiada, pronta para uma
viagem ao passado, mesmo que com um twist de modernidade. Quanto ao passado
não fui defraudada. Na verdade, o cotão do século XIX ainda lá está, a fazer companhia à alcatifa puída e remendada. E ao espelho da escadaria da entrada, manchado e partido. E já
nem falo dos tectos com a tinta a pelar, ou dos murais em clara necessidade de
restauro. Quanto ao twist de modernidade foi mesmo só o cheiro a assados, vindo
do café restaurante que uma alma iluminada decidiu colocar no mini claustro
interior. Um must.
Certinho certinho é que até me tirarem os escaparates de mantas do nepal, xanatinhas e malas de lona que custam 148€, ou até restaurarem o palacete por dentro como deve ser, não volto a por lá os pés.
Muito boa ideia, sim senhora. Aprecio bastante a nobreza falida que não tem dinheiro
para restaurar o património que herda e o vende ao desbarato a "imobiliárias" que
depois andam aí a fazer “bonitos” destes, disfarçados de requalificações. Respeito pelo edifício e ambiente do bairro my ass! Tende vergonha, mas é.