Que a minha vida é um caos, já toda a gente sabe, de tanto que já aqui me chorei de falta de tempo.
Hoje não é excepção: depois de ter finalmente visitado quase todos os meus blogues favoritos e escrito meia dúzia de comentários tontos, e outro tanto de comentários francamente imbecis, eis que bate a uma da manhã e eu ainda aqui estou, a começar um post que era para ter sido escrito ontem, em substituição de outro que queria postar há dois dias, mas que entretanto passou de prazo e pertinência. O costume, portanto.
Mas não me queria ir deitar sem contar a minha história de cabras.
Para começar, eu gosto imenso de cabras (por esta altura do campeonato, calculo que seja uma surpresa para todos).
A minha infância e adolescência estão pejadas de cabras e relembro com carinho aquela vez em que
fui visitar uma quinta com a escolinha e que nos disseram para ter cuidado porque as cabrinhas comiam tudo. Depressa confirmei o facto, pois fiquei sem metade do gelado que levava na mão. Aliás, sem o gelado inteiro, porque depois não me deixaram comer o que tinha sobrado. Maricas!
Anos mais tarde, já moçoila, fui fazer uma mini visita de estudo à Serra da Estrela com os colegas do 9ºD. Pernoitámos em Manteigas, VILA que me é muito querida, e onde, acabadinha de sair do autocarro ao pé do Café Central, encontro o meu tio, de cabra a 'tiracolo'. Abraços e beijos, 'ó menina, segura-me aqui na cabra que eu vou ali beber um copito ao café'. E lá fiquei, de cabra na mão, com os colegas todos a rir, até que se fartaram e se foram embora sem mim. Mas não me importei, que a cabra era giríssima e eu adorava o meu tio.
Entretanto cresci, o meu tio morreu, e já não temos cabras nossas em Manteigas.
Estava resignada doravante a cruzar-me apenas com as cabras ( e seus correspondentes masculinos) de duas patas que foram aparecendo no meu trilho, e que tentei, na medida do possível, erradicar do meu pensamento, quando ontem, ao contornar um furgão estacionado em cima do passeio (lógico), com Sasha Margarida pela trela, dou de caras com... uma cabra. E mais outra, e outra ainda, a saltitar ao nosso lado. Quando dei por mim estava no meio de um rebanho, que tranquilamente atravessava a estrada. É a beleza de se viver no campo. Sasha Margarida, essa inútil de 38 Kgs, meteu o rabinho entre as pernas e ficou a olhar para mim, como quem diz 'Help?'. E a cabra líder, a avaliar a situação 'marro a gorda, não marro a gorda' (a gorda sendo a Sasha, obviamente). Momentos de tensão em Santana City...
Muitos anos com cabras, de duas e quatro patas, ensinaram-me um ou dois truques: ou se ignoram, ou temos de lhes bater. Estava com pressa, por isso empurrei Sasha Margareth o melhor que pude sem correr o risco de deslocar um braço, passei rente à cabra sem olhar para ela, mandei (à cautela) um dos 3 sacos que levava para a minha zona posterior (não fosse ela entusiasmar-se e marrar em mim), e lá desci a rua aos 'esses' com Sasha Margareth, já recomposta e armada em locomotiva, a fugir do dlim dlim dos chocalhos. Bela defensora tenho ali! BAHHHH, dêem-me um chihuahua, que me safo melhor!
Pronto, agora vou reflectir um momento sobre a pertinência deste post, e depois vou dormir.
Banda Sonora: I'm a Bitch - Meredith Brooks
(claro! era esta ou o 'La Cabra'... sim, o vídeo é um Manga estúpido mas não consegui nada melhor)