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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

NUNO DEMPSTER

SINAIS


Eu pressenti que estavas a faltar-me
quando te perguntei se gostarias
de regressar no Inverno
aos temporais da costa,
de rires como rias
por sob o guarda-chuva destroçado.
Falaste de humidade,
inventaste miasmas
trazidos pelo mar,
deitaste tudo fora como fazem
as mulheres em plena queda.
E eu então, que era louco por tormentas,
esqueci-as, não fosses tu fugir.
Mas de que me valeu?
Hoje encerro em palavras
a chuva, a ventania, a confusão do mar
numa folha de carta
com velhas cercaduras negras
que um dia trouxe
de casa de meus pais.


Resumo: A poesia em 2012 [de Elegias de Cronos], org. de Armando Silva Carvalho, José Alberto Oliveira, Luís Miguel Queirós e Manuel de Freitas, Documenta/Fnac, Lisboa, 2013.

domingo, 10 de outubro de 2010

NUNO DEMPSTER

[A SEDE DE MUNDO É INEXTINGUÍVEL]


A sede de mundo é inextinguível.

E na distância que vai de Covent Garden a Piccadilly Circus
cabe o mundo todo,
e a sede que tenho dele está ali,

toda ali,

reproduzida em milhares de rostos, em cabelos loiros
que esvoaçam no fim de tarde.


Londres, & etc., Lisboa, 2010.