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domingo, 26 de setembro de 2010

JOSÉ AMARO DIONÍSIO

BIOGRAFIA


O coração é uma arte difícil. Mas tudo o resto é a crédito.


Telhados de Vidro, n.º 14, Averno, Lisboa, 2010.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

JOSÉ AMARO DIONÍSIO

FINAL


Sente o coração bater contra o rio onde o rio já não existe. Que pode fazer um homem que desloca a fronteira nos seus passos? São sons que provocam corredores sem saída, e batem no ar, e roem, e voltam para trás, e recomeçam, e por cima há um odor a cadáver no céu em ruínas. Sim, nem de outrora um pouco de vida. É um esplendor de luto, ponto final. E isso paga-se todos os dias, mesmo quando o dia todo se gasta a fugir disso. No caminho taberna a taberna há sempre uma toalha ferida pelo exílio, e a proximidade das vozes só serve para esconder a manhã inútil. Quanto à literatura, francamente, o cheiro da montra não vale esta bifana em Vendas Novas. Acham pouco? Peçam duas.


Nada Serve, Averno, Lisboa, 2008.