Eu estendo a passadeira vermelha a TODOS os visitantes deste blog! Mas hoje, agora, faço uma pequeníssima discriminação positiva...é que ali, na caixa de comentários dos «beijos e dos sapatos» estão as palavras de Miss Redlips! Uma das mulheres da minha VIDA! Pois é! Cá para mim, foram os sapatos que se tornaram irresistíveis! Que isso das mulheres e dos sapatos tem o que se lhe diga! Há sempre um pedacinho de Imelda Marcos, dentro de nós! Eu sei, porque ela mo disse, que vem cá espreitar! Mas, desta vez, comentou! E como eu estou com imensas saudades dela, faço desse comentário uma festa! E como ela é uma mulher do norte, rendida a Lisboa, é também uma forma de a mimar! À distância. Mas com o coração sempre muito perto. Aliás, dentro.
terça-feira, março 31
Uma pequeníssima discriminação positiva
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Etiquetas: amizade
segunda-feira, março 30
Apetece-me uma estrada
imagens: de minha autoria
Escrito/editado por Marta 11 Terráqueos
E por falar em beijo...
...falemos de sapatos! é que tem tudo a ver! pois dizem por aí que... «os saltos altos foram inventados por uma mulher que foi beijada na testa»...
Escrito/editado por Marta 5 Terráqueos
Etiquetas: beijo, Christopher Morley, sapatos
Eu, hoje, já disse que te adoro?
E dizes-me a rir que sou boa nisto e naquilo
E que sou uma merda em mais umas coisas
E depois rimos as duas
Porque lá fora o sol é amarelo
E cá dentro
Pode ser da cor que quisermos
Porque o bom disto tudo
É que as nossas cores
Têm a cor que nos apetecer dar
Como um abraço que pode ser azul
Ou vermelho
Ou paixão
E dizes-me a rir que te apetece chorar
e eu rio-me também porque a alegria e a tristeza
nascem ambas na mesma fonte
e eu gosto de fontes
eu gosto de água
eu gosto de ti
e eu gosto de ser muito boa em muita coisa
e de ser uma merda noutras tantas
porque assim sou eu
e sendo eu
chego mais perto de ti
e também sou um bocadinho tu
e somos nós e existimos
e é bom existirmos, não é?
[não resisto a partilhar este poema ou lá o que é, acabadinho de chegar ao meu e-mail! E me fez sorrir e me fará sorrir a vida inteira. Porque é quente e genuíno e dela, da minha querida E. e foi feito para nós. mim + tu. gosto tudo tanto íssimo. Eu já disse que te adoro, hoje? pois é verdade! e sim...é muito bom existirmos, menina linda, que ao longe, vê tão bem, como ao perto]
Escrito/editado por Marta 5 Terráqueos
Etiquetas: amizade, cumplicidades, Poemas que sinto, sorriso
domingo, março 29
Beijos de cinema
Escrito/editado por Marta 12 Terráqueos
Rir será sempre o melhor remédio
Escrito/editado por Marta 3 Terráqueos
Etiquetas: banda desenhada, Humor
Esplanada (poema perfeito)
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Etiquetas: Manuel António Pina, Poemas que sinto; Escritores
sábado, março 28
O culto dos detalhes I
E dizia,
Porque havia de guardar só para si que em vez do quimdim, desenformara o sol. Brilhante. Porque não havia de telefonar a dizer
-estou tão feliz! Nem imaginas.
O quindim e o lombo assado com ameixas, divinos. E o vinho e os sorrisos e o calor da casa. Tudo misturado. Os quadros, a música, as lombadas dos livros nas prateleiras. Tudo felicidade. Metia impressão. Era ofensiva. Tanta felicidade. Em detalhes.
Porque havia de desmentir que aqueles sorrisos anónimos, pousados no seu rosto desmaquilhado, a faziam feliz. Porque havia de guardar só para si que uma lua imensa lhe fazia os dias claros. Que os pontos, as vírgulas, os sinais de exclamação e os parêntis, lhe davam uma insondável felicidade enquanto escrevia. Porque o havia de esconder?
E os vasos nas janelas, com malvas floridas! Que felicidade! O multicolor das frutas na mercearia; os pessegueiros a florirem, como o do longínquo quintal, na Páscoa da sua infância.
As tiradas do João da Ega, nos Maias, então...Eram capaz de lhe pôr o dia inteiro feliz. Se as recordava de manhã. O cheiro dos jornais e do café. O amarelo antigo dos eléctricos. O rio na foz. E a maresia no parapeito das janelas acesas.
A areia na ampulheta, capaz do mistério do tempo envidraçado.
Imensas felicidades avulso. Tão estranho.
O despertar sem relógio. Os olhos no tecto branco do quarto. Um dia mais, por adivinhar. E a gratidão de ter os olhos abertos. Os braços abertos. O espanto de pensar em tudo isto. E ficar feliz. Feliz. Qual Amélie Poulain com os dedos mergulhados no saco de feijões secos, na mercearia. Viu o filme seis vezes. Um exagero tremendo. Só por causa dessa cena. Comovia-se com a descoberta do guionista! Uma sensação que imaginava só sua. Uma sensação de felicidade.
diziam outros.
Escrito/editado por Marta 7 Terráqueos
Etiquetas: felicidade, o culto dos detalhes
Frida no cineliterário
Escrito/editado por Marta 2 Terráqueos
Etiquetas: Cineliterário
sexta-feira, março 27
As portas são surdas e as paredes têm ouvidos
Escrito/editado por Marta 8 Terráqueos
Etiquetas: blogs que leio
quinta-feira, março 26
Tipos de livros
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Etiquetas: Escritores, Italo Calvino
Amar o mar
Escrito/editado por Marta 7 Terráqueos
Etiquetas: antes [re] postar que ripostar
quarta-feira, março 25
...se é um homem, é sempre sobre a condição humana...
Escrito/editado por Marta 6 Terráqueos
Etiquetas: Escritores, Patricia Reis
Coisas que combinam comigo
chá de poejo para o teu desejo
chá de alfavaca já que a carne é fraca
chá de poaia e rabo de saia
chá de erva-cidreira se ela for solteira
chá de beldroega se ela foge e nega
chá de panela para as coisas dela
chá de alecrim se ela for ruim
chá de losna se ela late ou rosna
chá de abacate se ela rosna e late
chá de sabugueiro para ser ligeiro
chá de funcho quando houver caruncho
chá de trepadeira para a noite inteira
chá de boldo se ela pedir soldo
chá de confrei se ela for de lei
chá de macela se não for donzela
chá de alho para um ato falho
chá de bico quando houver fuxico
chá de sumiço quando houver enguiço
chá de estrada se ela for casada
chá de marmelo quando houver duelo
chá de douradinha se ela for gordinha
chá de fedegoso pra mijar gostoso
chá de cadeira para a vez primeira
chá de jalapa quando for no tapa
chá de catuaba quando não se acaba
chá de jurema se exigir poema
chá de hortelã e até manhã
chá de erva-doce e acabou-se
pelo sim pelo não
chá de barbatimão
Gilberto Mendonça Teles
Escrito/editado por Marta 9 Terráqueos
Pede-me, antes, números. Algarismos.
Pegam na caixa com aparente cuidado. É uma caixa de cartão. Diz frágil. Em letras garrafais, vermelhas. Para que todos vejam. E eu vi. Incrivelmente. Mesmo não tendo de pegar nela. É uma caixa de cartão. Sem alma dentro. E é assim que eu me sinto. Sim, sim. Estas coisas que me dão e tu bem sabes como depois tenho de me retirar. Devagar. Fazer um retiro, lá no sítio onde Edgar Morin reflecte sobre o mundo. Mas eu não quero reflectir sobre nada. Até porque, eu hoje, não quero ver. «Ver é estar doente dos olhos». Nem sei como vi a caixa. E a mim dói-me o mundo e os olhos e as pernas. Vim de pé, no metro. A fingir que via tudo à minha volta. Mesmo que numa cidade estrangeira me canse menos andar, estou cansada. E frágil. Imagina que já comprei dois cabos USB! Perdi-os. E precisava deles. E não tenho falado ao telemóvel. Para que a bateria não se gaste. Porque se tiro o carregador da mala, fica esquecido. Esqueço-me de tudo o que preciso. Ainda bem que não tenho as chaves do hotel. Ainda bem que não tenho chaves nenhumas. Ainda bem que não preciso de mim. Assim, frágil.
Escrito/editado por Marta 10 Terráqueos
Etiquetas: Crónicas de uma marta anunciada, fragilidades
segunda-feira, março 23
O rapaz que [quase] nunca usa gravata
A well tied tie is the first serious step in life.
Oscar Wilde
Será? No lo creo...
[e desculpem qualquer outro delírio :)... é que isto aqui entrou em piloto automático...]
Escrito/editado por Marta 10 Terráqueos
Etiquetas: antes [re] postar que ripostar (2007)
A história de um letreiro
Eu, hoje, quando dei de caras com este letreiro, nem vos digo nem vos conto :) aliás, conto. Eu já conhecia a história, recebi-a, por e-mail, há muitos anos! Na história que guardo, algures, numa pasta electrónica, o cenário é Paris! Agora, dou com ela na versão "curta", no Devida Comédia! E emocionei-me. A culpa é da mensagem! Para quê existirem infinitas formas de dizer a mesma coisa...uma não chega?!!! Leio que ganhou um prémio! Ouço uma das músicas de um dos meus filmes de eleição. Enfim, há dias em que é muito bom bater de caras num letreiro! Destes!
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
União perfeita
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: blogs, fotografia
domingo, março 22
Fazer a mala
Estava ali a pensar que é diferente. É muito diferente. Uma coisa é fazer a mala para viajar em lazer. Outra, é fazer a mala para viajar em trabalho. No entanto -há profissões - [não é, alguns queridos?] em que esta diferença não se acentua. Aliás, esbate-se. Dissipa-se. Enfim. Também já me aconteceu. Mas há uma mala que eu faria em três tempos! Aliás há várias! Tantas malas, quantos os destinos. Venham eles! E as malas também...pronto!
Escrito/editado por Marta 5 Terráqueos
Etiquetas: fazer a mala, viagens
Eu às vezes embarco...
Faz-me um sinal qualquer/Se me vires falar demais/Eu às vezes embarco/Em conversas banais
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: musicas que ouço
Fazes-me falta
«A sombra das nuvens no mar / O vento na chuva a dançar / Uma chávena a fumegar / Tudo me falava de ti / A sombra das nuvens desceu / O céu alto arrefeceu / E o mar bravio perdeu / A luz que lhe vinha de ti.» Há quanto tempo não me arde o coração?»
Inês Pedrosa in Fazes-me Falta, Publicações Dom Quixote, 2002
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: Escritores, Inês Pedrosa, livros da minha vida
sexta-feira, março 20
É segredo?
Escrito/editado por Marta 14 Terráqueos
Etiquetas: antes [re] postar que ripostar, carta de condução II
Ler abraços, outros mapas e sinais
Escrito/editado por Marta 3 Terráqueos
quarta-feira, março 18
One dove
Obrigada pela sugestão! Gosto tanto tudo. Acertaste em cheio. Por falar em pássaros...
Escrito/editado por Marta 3 Terráqueos
Etiquetas: Antony and the Johnsons;musicas que ouço
terça-feira, março 17
Sonhos sinalizados e outras desventuras
Escrito/editado por Marta 7 Terráqueos
Etiquetas: antes [re] postar que ripostar, carta de condução
Diálogos in [certos]
«UMA GAIOLA FOI PROCURAR UM PÁSSARO»
Franz Kafka
- Foi há quatro anos, creio. Ficou gravado na prata, no pulso.
Entre Felice e Milena, onde me situo melhor?
- Talvez a tua melhor qualidade seja a forma como recordas. Entre o sorriso e o esquecimento.
E a serenidade que te fica tão bem.
- Referia-me...
- Ou talvez o sal nos lábios. Do mergulho abissal.
- Um pássaro. Qual de nós o foi procurar?
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Um Gran Torino só pra mim...
E como acabei de chegar do cinema, partilho esta música. Talvez amanhã ou depois já consiga articular as palavras: shop soy, guerra, Coreia, racismo, carvões, padre virgem de 27 anos, rosnar, xamã, hmongs, amor, gangs, cultura, família, dor, felicidade, amizade, vida, morte, coragem, sofrimento, confissão, fantasmas, denúncia, América, conflito, confiança, conquista,beleza, humor, ternura, carros...e, confessar que, apesar de não perceber patavina de carros, gostaria de ter um Gran Torino, verde garrafa - creio - de 1972, só para mim! De resto, como sempre, fui a última a sair da sala. Minto. A antepenúltima! Há uma Marta que ainda lá ficou. Na fila M. Lugar 9. A ouvir esta música... ou a rever o filme. Não estou certa.
Escrito/editado por Marta 3 Terráqueos
Etiquetas: Clint Eastwood, filmes, Músicas que ouço
segunda-feira, março 16
A carta de amor
Adoro-te minha gata de Janeiro meu amor minha gazela meu miosótis minha estrela aldebaran minha amante minha Via Láctea minha filha minha mãe minha esposa minha margarida meu gerâneo minha princesa aristocrática minha preta minha branca minha chinesinha minha Pauline Bonaparte minha história de fadas minha Ariana minha heroína de Racine minha ternura meu gosto de luar meu Paris minha fita de cor vício secreto minha torre de andorinhas três horas da manhã minha melancolia minha polpa de fruto meu diamante meu sol meu copo de água minhas escadinhas da Saudade minha morfina ópio cocaína minha ferida aberta minha extensão polar minha floresta meu fogo minha única alegria minha América e meu Brasil minha vela acesa minha candeia minha casa meu lugar habitável minha mesa posta minha toalha de linho minha cobra minha figura de andor meu anjo de Boticelli meu mar meu feriado meu domingo de Ramos meu Setembro de vindimas meu moinho no monte meu vento norte meu sábado à noite meu diário minha história de quadradinhos meu recife de Manuel Bandeira minha Pasargada meu templo grego minha colina meu verso de Höderlin meu gerânio meus olhos grandes de noite minha linda boca macia dupla como uma concha fechada meus seios suaves e carnudos meu enxuto ventre liso minhas pernas nervosas minhas unhas polidas meu longo pescoço vivo e ágil minhas palavras segredadas meu vaso etrusco minha sala de castelo espelhada meu jardim minha excitação de risos minha doce forquilha de coxas minha eterna adolescente minha pedra brunida meu pássaro no mais alto ramo da tarde meu voo de asas minha ânfora meu pão de ló minha estrada minha praia de Agosto minha luz caiada meu muro meu soluço de fonte meu lago minha Penélope meu jovem rio selvagem meu crepúsculo minha aurora entre ruínas minha Grécia minha maré cheia minha muralha contra as ondas meu véu de noiva minha cintura meu pequenino queixo zangado minha transparência de tules minha taça de oiro minha Ofélia meu lírio meu perfume de terra meu corpo gémeo meu navio de partir minha cidade meus dentes ferozmente brancos minhas mãos sombrias minha torre de Belém meu Nilo meu Ganges meu templo hindu minha areia entre os dedos minha aurora minha harpa meu arbusto de sons meu país minha ilha minha porta para o mar meu manjerico meu cravo de papel minha Madragoa minha morte de amor minha Karénine minha lâmpada de Aladino minha mulher.
Escrito/editado por Marta 5 Terráqueos
Etiquetas: António Lobo Antunes, Escritores, livros da minha vida
Bom-dia segunda-feira...
Em Londres tudo acontece! Numa estação de comboios a surpresa e a animação foi total! Setenta bailarinos misturados com passageiros! Alguns não resistiram à interacção! O espectáculo foi planeado e ensaiado durante 8 semanas! E o resultado foi magnífico!
[obrigada Cata...e sim, é melhor do que publicidade! ideias simples que funcionam! um beijo e saudades]
Escrito/editado por Marta 7 Terráqueos
Pode um desejo imenso...
Pode um desejo imenso
Arder no peito tanto,
Que à branda e à viva alma o fogo intenso
Lhe gaste as nódoas do terreno manto,
E purifique em tanta alteza o espírito
Com olhos imortais,
Que faz que leia mais do que vê escrito.
Luís Vaz de Camões, Ode VI
[...e depois a pergunta certa no teste de Português: e o que é que o autor quer dizer com isto?
Paula, querida, esta é para ti... vá...e não fiques nervosa... ]
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Etiquetas: livros da minha vida
domingo, março 15
Emoções à prova
«Há alguns anos atrás, a brilhante pianista Maria João Pires contou‑nos a seguinte história: quando toca, através do controlo total da sua vontade, consegue reduzir ou permitir a passagem do fluxo de emoção para o seu corpo. A minha mulher, Hannah, e eu pensámos que se tratava penas de uma maravilhosa ideia romântica, mas apesar de a Maria João insistir que conseguia fazê-lo, nós permanecíamos incrédulos. Finalmente, resolvemos pôr a ideia à prova científica. Numa das suas visitas ao nosso laboratório, Maria João foi ligada por fios ao complicado equipamento psicofisiológico, enquanto escutava curtas peças musicais seleccionadas por nós em duas situações: uma de emoção natural «autorizada», outra de «emoção» voluntariamente «inibida». Os seus Nocturnos de Chopin tinham acabado de ser publicados e usámos alguns deles e outros tocados por Daniel Barenboim como estímulo. Na situação de «emoção autorizada», o registo de contundência da pele mostrou montes e vales, intimamente ligados ao perfil emocional destas peças. Seguidamente, na situação de «emoção reduzida» aconteceu, de facto, o impensável. A Maria João conseguia literalmente aplanar o seu gráfico de condutância da pele, de acordo com a sua vontade e conseguia até modificar o seu ritmo cardíaco. Sob o ponto de vista comportamental também se transformou. As emoções de fundo estavam reorganizadas e alguns dos comportamentos especificamente emotivos eliminados, registando‑se uma diminuição do movimento da cabeça e da face. Quando o nosso colega Antoine Bechara, totalmente incrédulo, quis repetir toda a experiência, pensando que os resultados poderiam ser devidos a um artefacto de habituação, a Maria João repetiu tudo. Afinal, podemos encontrar certas excepções, sobretudo entre aqueles cuja vida consiste em criar magia através da emoção».
António Damásio in o Sentimento de Si
Escrito/editado por Marta 4 Terráqueos
Etiquetas: livros da minha vida, musicas que ouço
sexta-feira, março 13
O tempo é um brinquedo
Consegues pôr-me o mundo no lugar.
Consegues o espanto. Concedes-me a claridade.
Eu queria ir ao Mc Donalds. Para te fazer feliz.
Tu quiseste ir a minha casa. Para me fazeres feliz.
- Brincamos um bocadinho, tia!
- E o cinema? É já daqui a pouco. Temos que ser rápidos.
- Sim, tia, brincamos a correr.
Concedes-me um tempo novo.
- E o hipopótamo tia, pode ir connosco ao cinema?
- É um pouco grande, Guilherme. É mesmo grande.
- Não faz mal. Pomos-lhe o cinto de segurança, no carro.
E depois é só levá-lo. Mesmo sem cadeira atrás.
- Tens toda a emoção, Guilherme! Vamos a isso.
Chegados ao shopping, hipopótamo grande, ao colo, a provocar sorrisos em volta.
- São três bilhetes, por favor.
- Três, confirmou a menina, percebendo a tua mão na minha.
- Sim. Três. Um para mim, outro para o Guilherme e outro para o hipopótamo, disse, convicta, piscando o olho. E os teus olhos enormes, abriram-se ainda mais.
- Sim, pois, o hipópotamo, disse a menina da bilheteira. Não o estava a ver.
- Ele hoje vai ao cinema. É que o filme é de animais...explicas.
Escrito/editado por Marta 14 Terráqueos
Etiquetas: amor, os meus sobrinhos são genias
Do chapéu e da forma de o usar II
As antigas civilizações já usavam coberturas de cabeça. Os egípcios, por exemplo, usavam a calantica, «espécie de coifa com pregas, presa à cabeça por meio de fitas ou de cintas que ficavam pendentes dos dois lados a descair sobre os ombros», diz Ricado Stockler. Adoptada pelos romanos, a calantica chegou a adornar a cabeça da deusa Ísis.
As civilizações do Médio Oriente usavam «uma espécie de boné pontiagudo ou baixo» parecido com o cofió, mas eram os turbantes que tinham a primazia de cobrir a cabeça. Chapéu, capuz ou carapuço também agradavam tanto a homens como a mulheres daquelas civilizações.
Mas são os gregos e os romanos que nos oferecem informações mais concretas sobre as coberturas de cabeça. Usavam o galenus; kyne para os gregos, que usavam também o causia, «um chapéu de feltro de copa alta, abas largas, levemente quebradas». Original da Grécia, Tessália, o petasus era maleável, prático, tomava muitas formas e tinha a copa baixa e abas largas e salientes». Tornou-se comum entre os viajantes e foi colocado em cabeças divinas: Hermes e Mercúrio foram assim representados em esculturas que, de acordo com Ricardo Stockler, chegaram aos nossos dias. Outros autores, crêem que o petasus perdurou durante toda a Idade Média.
O pileus era também uma cobertura de cabeça muito usada na antiguidade clássica: «era pequeno, semi-circular, frequentemente sem aba, feito de feltro ou de couro (...) confundia-se com o barrete frígio. A sua forma de cone, com a ponta caída para um lado, foi “reabilitado” pela Revolução Francesa, tornando-se um símbolo do partido republicano». Ainda hoje, os franceses, na sua mudança frequente do busto feminino que representa a República, o colocam na cabeça da mulher escolhida para simbolizar a liberdade. É também conhecido por “bonnett rouge”. [cont.]
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: Das minhas investigações
Não fui hoje, mas vou amanhã...
Escrito/editado por Marta 6 Terráqueos
Etiquetas: Clint Eastwood, filmes
quarta-feira, março 11
Eu tanto tudo Rodrigo Leão...
Eu tanto tudo Rodrigo Leão...
Escrito/editado por Marta 3 Terráqueos
Etiquetas: musicas que ouço, Rodrigo Leão
A caminho de Águeda...
«Rodrigo Leão é música em estado de graça. Águeda vai ouvir ao vivo, pela primeira vez, o compositor excepcional e arquitecto de alguns dos projectos artísticos mais importantes da musica contemporânea de Portugal. A carreira de Rodrigo Leão em nome próprio, depois dos Sétima Legião e dos Madredeus, é alvo de um generalizado aplauso e de um sólido sucesso nacional e internacional. Com discos de referência e compositor de aclamadas bandas sonoras, Rodrigo Leão sobe ao palco com o Cinema Ensemble para um concerto seguramente memorável.»
Escrito/editado por Marta 2 Terráqueos
Etiquetas: Espectáculos
terça-feira, março 10
Claro que se discutem...
Escrito/editado por Marta 21 Terráqueos
Etiquetas: actrizes, Juliette Binoche
Livros que se descobrem...
Escrito/editado por Marta 1 Terráqueos
Etiquetas: Agustina Bessa Luís; Escritores
Os dias sem ti...
Eu fui, como tantas adolescentes, apaixonada pelo João. Pelos seus cabelos cumpridos, pelos seus olhos, pela sua energia em palco, pelas sua músicas, pelas suas palavras! Era no tempo em que tudo que ele cantava, cantava só para mim! Claro que acreditava nisso! Todas acreditavamos!Era num tempo em que não distinguia quase nada. Achava que tudo, era tudo! Não queria saber de subtilezas, nuances, significados. Sensações, sentimentos, imaginação, realidade, palavras, actos... só me perdia nestas coisas, nas aulas de filosofia! Tão diferente, esse tempo! No entanto, há coisas que perduram. Ainda bem! Porque é sempre difícil dizer adeus, João! Resta-me [nos] a tua música. E a tua poesia. E esta, então, não me faz dançar como «vida de marinheiro». Faz-me saudade... «porque os dias sem ti, são todos iguais, são dias sem fim, são dias a mais...» Lindo!
Escrito/editado por Marta 6 Terráqueos
Etiquetas: João Aguardela; musicas que ouço
segunda-feira, março 9
Comboios: uma viagem a fazer; outra que fiz
Ainda hoje uma linha de ferro me faz sonhar. E procuro uma estação de comboios, como quem procura um santuário. Sempre que visito uma nova cidade.
Partíamos. Ainda não sabíamos mas partíamos juntos.
Conhecemos tão bem o mesmo calor seco e apertado que se renova com as searas.
Ambos sabemos como é sagrada a sombra da figueira. O corso do rio. A vindima.
É inevitável. À porta dos dias dez de Março da minha vida, tu sais do museu vivo que tenho cá dentro. E nem os milhares de letras que nos escrevemos, em cartas de papel,
Exactamente como naquele dia em que comemoramos o centenário da linha-férrea do Vale do Tua. Com palavras, sonhos, a mesma paixão. A mesma linha a ligar-nos os dias.
O coração sibila e dele sai um cavalo de ferro.
Escrito/editado por Marta 7 Terráqueos
domingo, março 8
Pequenos-almoços
Ou de manhã, ou à hora do almoço, como hoje!
[Terá sido por isso que inventaram o brunch?]
Também não importa. Agora.
O importante é que a sala, virada a sul, permite ao sol entrar pelas quatro grandes janelas de vidro. A varanda ampla, silenciosa. A árvore, em frente. Quieta. A minha árvore. Ninguém sabe que é minha. Mas eu sei. E ela também. E isso basta-nos. Ofereci-ma no dia em que habitei esta casa. E, desde então, tem-me revelado os segredos das estações do ano. Mas não são apenas segredos. São segredos explicados por sinais. E a primavera, por exemplo, não me chega só pelo calendário. E isso diz-me muito. É exactamente como as pessoas que conhecemos e nos dizem. Não nos chegam só pela data do aniversário.
[Esta minha capacidade inata de ir por onde não quero! irrita-me genuinamente. mesmo.]
Falava de pequenos -almoços. Com café com leite e pão com manteiga. Básico. Em qualquer parte do mundo. Ou com compota de mirtilos – a minha preferida, talvez, sem certeza, só porque existe a de abóbora - e requeijão ou queijo fresco. E fruta. E sumos naturais. Naturalmente. E jornais. Os jornais ao pequeno almoço, em silêncio. Tão bom!
Hoje, recordei-me daquele episódio que contas sorrindo, do café da manhã. Não te entendiam. [Por falar nisso, chegaste bem?]
Hoje, vieram-me à memória todos os pequenos-almoços que fizeram do meu dia, um dia inteiro feliz. E enquanto pensava em tudo isto, faltavam-me os jornais e, só por isso, fui ao escritório buscar um livro. Para que o silêncio de domingo, fosse também de palavras impressas. Como tanto gosto.
E nas páginas 112 e 113, encontrei o seguinte:
(...) Regresso a esse serão sul-americano já antigo e vejo o meu pai. Estou a vê-lo nesse momento; e ouço a sua voz a dizer palavras que eu não entendi, mas senti. Essa palavras eram de Yeats, da sua «Ode a uma Cotovia». Reli-as muitas e muitas vezes, como vós, mas gostaria de voltar a ela uma vez mais. Creio que isto agradará ao fantasma do meu pai, se ele andar por aí (...) Pensei que sabia tudo das palavras, tudo da linguagem (quando somos crianças sentimos que sabemos muitas coisas), mas estas palavras chegaram-me com uma revelação. Claro que não as compreendi. Como podia eu compreender este versos sobre pássaros – sobre animais – que são de certo modo eternos, intemporais, porque vivem no presente? Somos mortais porque vivemos no passado e no futuro – porque recordamos um tempo em que não existíamos e antevemos um tempo em que já teremos morrido.
Esses versos chegaram até mim através da sua música. Eu pensava que a linguagem era um meio de dizer que se está alegre ou triste e essas coisas. E no entanto, quando ouvi esses versos (e em certo sentido nunca os deixei de os ouvir desde então) soube que essa linguagem podia ser também uma música e uma paixão. E assim me foi revelada a poesia.
Acreditem. Este pequeno-almoço com Este Ofício de Poeta, de Jorge Luís Borges, fez do meu dia, um dia inteiro feliz. Está fazendo.
Escrito/editado por Marta 8 Terráqueos
Etiquetas: Pequeno-almoço; Jorge Luís Borges; memórias;escritores