quinta-feira, 10 de maio de 2018

O fundo mais profundo


Imagem da internet

Fossas Marianas, região mais profunda,
um atro canto esconso do pródigo mar;
onde o assoalho pelágico afunda,
algo quase impossível de se imaginar.

Virtualmente, terrível e escura fenda,
há vida, mais é parca, medonha e estranha;
de certa forma não existe quem a entenda,
peixes cegos e bichos fazendo façanha.

Não existe sol, verão, mesmo primavera,
tão ignoto, que da lua o homem sabe mais,
chegou lá, apenas uma vez, de batisfera.

E talvez, não se aventure pra lá jamais,
certamente por precaução, também pudera!
Aquele sítio, anormal dos anormais.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Todo mundo pelado

E, no alto, lampejo extremamente fulgente.
que derramou na superfície sua luz;
um evento que mesmerizou toda gente:
Olhem! Nós estamos completamente nus!

O crédulo, em tese, se tornou penitente,
talvez apressado na procura dum véu,
pra cobrir a nudez por certo indecente;
a qual lhe dificulta acesso ao céu.

Pois a luz desvelou todo o mistério,
que para estes homens era tabu;
porquanto agora ninguém mais é sério,
porque ao abaixar-se mostra seu cu.

Acabou-se então qualquer critério,
Porquanto, já não só o rei está nu.


terça-feira, 8 de maio de 2018

Nós e o tempo

Impassível, o tempo guarda as horas,
certo ter sobre elas mando absoluto;
impõe sobre nós os jás, os agoras,
e segue seu rumo reto, impoluto.

Mas rememorar os fados de outrora,
como para vive-los novamente;
será como abrir caixa de Pandora,
sem saber o que virá pela frente.

Porque não importa o que sinta ou pense,
o tempo implacável não está nem aí,
pois a vida pra ele, mero non sense.

Nem mesmo quando a vida te sorri,
e sempre acha que tudo lhe pertence,
tudo tira e nada dá para ti.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Caminhada

Caminhante abatido, pele e osso,
parece que, com medo de morrer;
medo normal em homem tão moço,
ah! certamente não podia ser!

Magérrimo, talvez sem janta/almoço,
enquanto sua vida está a escorrer;
seu futuro mais lhe parece um fosso,
eis, que não sabe quando vai comer.

O inferno no campo da sua visão,
além, no fim desta lúgubre estrada,
seus pés sequer deixam marcas no chão.

Sente que será última caminhada,
um fim inglório sem brilho e rojão,
pois terá, enfim, chegado ao nada.

domingo, 6 de maio de 2018

Este Sol que nos ilumina

Quando, anunciando o dia, o sol se levanta,
e pássaros nos ninhos permanecem quedos;
momento mágico, expectativa é tanta,
que flutuam para o éter todos os medos.

Sabe-se que na luz não há eventos tredos,
mas, certamente existe neste brilho quanta;
verdade couber em palatáveis segredos,
coisas, as quais nosso senso comum espanta.

Porquanto o luz, ao contrário da noite fria,
a nós dá claridade como fosse cortesia,
e nem liga para o que da noite pensamos.

E, na verdade, o sol não deseja ser rude,
o que quer é, iluminar na sua plenitude,
este Planeta no qual todo nós moramos.

sábado, 5 de maio de 2018

Divagando

Não desejo, mas ouço a voz dos ventos,
lufas frias, ferindo como adagas;
parece a mão armada dos elementos,
que no oceano rola as altas vagas.

Longe do suposto drama, caminho,
vou pensando, mudo, seguindo o trilho;
lentamente, pois sei que estou sozinho,
e o que penso com ninguém eu partilho.

Um poeta, compõe versos e sonhos,
e, certamente, não procura a glória,
sei, portanto os pés no solo os ponho.

Também não busco lugar na história,
num pedaço de brilho que disponho,
quero apenas não findar em escória.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Sonho de poeta

Vate deambulando por sendeiro,
libando gole a gole seu viver;
entrega-se ao lirismo por inteiro,
quer desfrutar tudo antes de morrer.

Talvez lhe venha verso derradeiro,
antes de seu existir anoitecer;
bastando para isso ser verdadeiro,
sem que ao modismo tenha que ceder.

O bardo alumbrado porém contrito,
tudo que faz, é somente pensar,
entra em comunhão com infinito.

Compõe um poema, talvez invulgar,
que a existência não cause conflito,
esperando este Planeta salvar.