No outro dia, um amigo perguntou-me
se eu já e tinha questionado sobre “o
que pensariam o meu pai e o meu tio de
eu ter entrado nas lides políticas”. Foi mesmo assim que ele disse, mas fiquei
com a sensação de que ele queria levar a conversa para outro lado. Sim, ele
queria saber se eu ponderaria se o meu pai e o meu tio ficariam tristes se
soubessem que não voto no partido que sempre foi o deles.
O meu pai nunca teve qualquer atividade
política, mas o meu tio (e querido padrinho de batismo) Artur Francisco teve-
foi por três vezes Presidente da Junta de Freguesia de Maceira e vereador da
Câmara de Leiria, sempre pelo PSD.
No entanto, e quem me conhece
sabe-o bem, na minha cabeça mando eu.
Sempre me lembro de ser assim,
pelo na venta, com a mania de que já sabia tudo aos dezasseis anos e depois, aos quarenta, a começar a pensar que
ainda sabia tão pouco.
E sabia. E o que sei ainda é
ínfimo.
Mas li. E ouvi. Informei-me. E tenho
encontrado um caminho. O meu.
E continuo a ler, a informar-me,
a estar atenta, porque a estrada nunca está percorrida para quem quiser ir mais
além. Sei, contudo, que que defendo uma sociedade mais igualitária, mais justa,
que elimine as disparidades e
discriminações de género, que promova a igualdade de oportunidades, independentemente do estatuto socioeconómico,
que se comprometa a defender todas as formas de discriminação.
Ainda sei pouco, mas sei o
essencial- o meu pai e o meu tio estão
contentes a olhar para esta mulher em que me transformei.
Sou esta hoje: Sofia, cinquenta e três anos, mulher
cheia de defeitos, atenta aos outros, que não precisa de ter as ideias do pai e
do tio na cabeça para os ter no seu coração.