Este blog chegou ao fim da sua vida !!!


Mas vai renascer com todos estes e muito mais posts em http://www.gemeo-singular.blogspot.com/, com nova imagem e novo nome.


Esperamos-vos lá!



LUTO INSONDÁVEL PRESO NUMA ESPIRAL DE AMOR SEM FIM

Veja no fundo desta página uma apresentação em 23 slides: a origem dos sentimentos que gémeos singulares relatam com mais frequência e uma descrição dessas sensações e emoções.



28 de dezembro de 2009

Compensando vazios

Saíu na revista Pais & Filhos de Janeiro 2010 um artigo sobre a temática dos gémeos sobreviventes.

Clicar sobre as imagens para ler o texto.

21 de dezembro de 2009

Wombtwin day 2009

Hoje celebra-se mais um dia anual do Gémeo Sobrevivente (explicação aqui) e este poema anónimo foi enviado através da Newsletter da nossa Associação mãe, a Wombtwin.com para o comemorar. Disfrutem!

MOIETY

Halfness is a divided soul.
I walk on a one-legged limp;
I see one-eyed with no depth of vision;
I cannot tell how near you are to me.

One side is emptiness and death;
An unslaked thirst; a mirage of completion:
A cracked box, empty and crumbling into dust-
What was there was something: nothing now.

The other side is yearning and pain;
Tears for two, and anguish for more than myself.
An empty chair at the feast of life.
My voice is stilled by the sheer silence of you.

How can I ever find you if I let you go?
Will we both be forever dying,
Hung in a hammock over the abyss,
Clinging to our half-life to be together?

Come to me now and we will say farewell:
Be with me for one last, brief moment!
Let us say how much we love;
Let us share just once, just once - now go!

The treasure chest stands between us.
My life, my voice, my strength, is there
Locked away for you for many years:
I want to grow, even without you -

I may.

And now I will.

FRACÇÃO

Metade é uma alma dividida. Ando coxo, numa perna; Vejo só com um olho sem visão de profundidade; Não sei o quanto estás perto de mim.
De um lado é o vazio e a morte; Uma sede acesa; uma miragem do todo: Uma caixa partida, vazia a desfazer-se em pó. O que lá havia era algo: já nada é agora.
O outro lado é saudade e dor; Lágrimas de dois, e angústia por mais que só eu. Uma cadeira vazia no banquete da vida. Minha voz calada pelo teu absoluto silêncio.
Como poderei encontrar-te se te deixar ir? Será que vamos ambos ficar ambos a morrer para sempre, Pendurados numa rede sobre o abismo, Apegados à nossa meia-vida para estarmos juntos?
Vem ter comigo agora e vamos dizer adeus: Fica comigo por mais um breve momento! Vamos dizer o quanto nos amamos; Vamos partilhar só mais uma vez, só uma - agora vai!
Temos um tesouro entre nós os dois. A minha vida, a minha voz, a minha força estão lá. Trancadas para ti há muitos anos: Eu quero crescer, mesmo sem ti --
Eu posso-o, E agora eu vou…

15 de dezembro de 2009

Gémea siamesa sobrevivente

No dia 16 de Outubro deste ano o jornal britânico mail online publicou uma notícia sobre Holly Reich, única sobrevivente da primeira operação do género - a separação de gémeas siamesas - realizada em 1985 pelo Professor Spitz, no Hospital de Great Ormond Street em Londres. Holly relata como foi tomando consciência de que tinha tido uma gémea siamesa, como lida com a perda da sua irmã, e descreve como se sente como sobrevivente.

"Sinto que me falta uma parte de mim própria.

Tenho sempre uma sensação de vazio, é o lugar onde ela devia estar.

Sentia-me triste pela morte da minha irmã e uma sombra de culpa por ter sobrevivido eu e não ela.

Houve uma fase em que tive uma amiga imaginária secreta. Olhando para trás acho que era a minha irmã Carly."

Todos os gémeos que perdem o seu "outro self" no útero ou pouco depois do nascimento sentem essa perda como a Holly descreve. TODOS os gémeos estão ligados... (comentário ao artigo)

A afirmação de Holly que me parece inspiradora para nós é:

Demorei muito tempo para aceitar as circunstâncias do meu nascimento e para me orgulhar delas. Mas foram essas circunstâncias que fizeram de mim aquilo que eu sou.

Notícia retirada do blog wombtwin survivors

14 de dezembro de 2009

"Brincar aos gémeos"

Uma boa forma de compensar o vazio conscientemente, e de nutrir á posteriori a falta do nosso gémeo desaparecido, é encontrar alguém que o substitua na nossa vida; é encontrar uma pessoa que faça esse papel e nos ajude a reparar a lacuna que o gémeo perdido deixou em nós.
A proposta é de adoptar um gémeo para a nossa vida, construir conscientemente uma relação com quem esteja disposto a ocupar o lugar do nosso falecido irmão gémeo. O busílis deste processo é que temos que adoptar alguém que seja ele próprio um gémeo sobrevivente também, para poder por um lado compreender toda a dinâmica que vai surgir e por outro lado para que a relação possa ser equilibrada, e cada um tenha o seu proveito.

Uma amiga falou-me da sua experiência de adopção de uma gémea e da imensa energia curativa que essa relação lhe trouxe:

Eu recomendo vivamente a adopção de um gémeo porque nos permite sentir a gemelaridade (a nossa verdadeira natureza) que está guardada na nossa memória celular.
Como a minha gémea adoptada viveu muitos anos com a sua irmã gémea, pode mostrar-me como é ser-se gémea, experiência que eu nunca tive porque a minha irmã gémea morreu à nascença e eu tive que viver como um indivíduo singular toda a vida. Em contrapartida eu pude mostrar-lhe como é ser-se singular porque ela não tinha identidade própria. Quando a sua irmã morreu ela sentia como se tivesse morrido também, apesar de ter marido e filhos! Foi nessa altura que nos encontrámos e depois passamos cinco anos a brincar às gémeas.
Surpreendentemente, apesar de eu viver em Nova York e ela na Califórnia, tornámo-nos "gémeas psíquicas" - ela ligava-me a dizer "Eu perdi minha carteira, onde está?" e eu dizia-lhe para "ver atrás da cadeira ao lado da porta". Estávamos em sincronia, aconteciam-nos as mesmas coisas que acontecem aos gémeos.

Há dois anos, no dia do meu aniversário, uns dos meus melhores amigos levaram-me a jantar fora, e a ver um filme. Eu estava muito emocionada e divertida quando inesperadamente, uma imagem na tela do cinema desencadeou em mim a memória da estadia na maternidade, quando 24 horas depois do nosso nascimento a minha irmã morreu. Isso provocou-me uma reacção corporal - corri para a casa de banho e comecei a vomitar, a tremer a e suar e não me conseguia recompor. Telefonei à minha gémea adoptada da Califórnia do meu telemóvel e disse: "Estou a ter um ataque de pânico, eu preciso de ouvir a tua voz, basta começares a falar, diz qualquer coisa" e à medida que ela ia falando a corda do balão começou a puxar-me de volta à terra e eu consegui sentir meus pés de novo no chão. Fiquei chocada com a violência e a rapidez com que tudo aquilo sucedeu devido a um flash de memória.
Embora assustada, fiquei contente por ter purgado o que quer que fosse. Sinto-me melhor desde então, apesar de nunca me ter apercebi da iminência daquele episódio.
O facto de ter tido a minha gémea adoptiva
para me assegurar que estava viva e me confortar naquela aflição foi uma sensação tão boa.

Foi das fases mais divertidas da minha vida. Se eu não tivesse tido esta maravilhosa experiência acho que hoje estaria mais limitada. Ela ajudou-me a saír da estagnação para me preparar para a viagem seguinte - a de finalmente começar a experimentar a minha verdadeira natureza própria e individual.

7 de dezembro de 2009

É urgente reconhecermos os sobreviventes de gravidezes originalmente gemelares -para bem tanto da sociedade em geral como dos próprios indivíduos sobreviventes.

A consciência da condição de gémeo sobrevivente (que, quando adquirida, de repente se torna numa explicação clara para o que antes não fazia sentido) é inversamente proporcional à dor sofrida por aqueles que perderam com quem em tempos dividiram o lar-útero; aqueles que não deviam ter de sofrer entregues à solidão dos seus corações por não haver por parte da sociedade o devido reconhecimento.

Lutar sozinho contra esta condição inefável é especialmente difícil quando de início o problema é estar-se sozinho!
Temos que ser o salmão que nada rio acima num mundo não-gémeos, que afinal o são em número cada vez menor.
Em vez de olhar para o lado e ignorar temos hoje que ser diligentes, reconhecer e responder a esta epidemia iminente de gémeos sobreviventes: o número de gémeos e múltiplos está a aumentar, também como consequência das concepções medicamente assistidas.
Os gémeos sobreviventes estão por todo o lado à nossa volta. Dia a dia reinterpretam a sua vivência intra-uterina - o seu sonho do ventre -... alguns poucos sabem-no e estão a conseguir ultrapassá-lo, outros sabendo-o não conseguem evitá-lo, mas a maioria não faz a menor ideia.

É lidando com a situação ao nível pessoal e também social que, num curto espaço de tempo, poderemos curar-nos, colocando esta primeira parte da nossa história no seu devido lugar.

Livres para viver a vida sem estarmos presos a uma fidelidade ao passado, que nunca existiu no aqui e agora, e felizes por saber que honrámos a verdade conforme ela se nos apresenta, poderemos então dar largas às qualidades que são realmente nossas e nos ligam a este mundo. Deveria ser assim: deixar ir, largar o facto de ter começado como gémeo, por ter sido explorado, entendido, reconhecido e honrado, por estar agora no seu devido lugar.

Aquilo a que resistimos persiste, e continuar a ignorar este dilema não é mais uma opção. Não podemos minorar a importância do luto por estes "outros" perdidos e não podemos dar-nos ao luxo de continuar a ignorar a nossa verdade interior.

Tradução do texto de apresentação escrito por Monica Hudson em http://wombtwin-us.blogspot.com/

13 de novembro de 2009

Sinead O'Connor


Depois de isto, como duvidar da memória sensorial desde a vida intra-uterina?
De onde foi Sinead buscar este imaginário para contar uma história de amor e gratidão?
Não está a sua experiência pré-natal presente na sua vida adulta?

2 de novembro de 2009

Wombtwin Open Space Conference 2009

Decorreu no passado fim-de-semana, dias 30 de Outubro a 1 de Novembro nos arredores de Londres a primeira conferência "open space" da associação Wombtwin.com.


Foi uma oportunidade de encontro e troca de ideias acerca do que sentem e como se ajudam gémeos sobreviventes, das suas características, especificidades e angústias, de que disfrutou um pequeno grupo de pessoas oriundas de países como os Estados Unidos da América, Brasil, Suíça, Irlanda e eu própria de Portugal além de alguns ingleses.

Esta foi a segunda vez que a Wombtwin.com organizou um encontro deste tipo. A proposta de um encontro do tipo "Open Space" resultou da experiência da 1ª Conferência anual da Wombtwin.com do ano passado, a 21 de Junho, em que os participantes sentiram falta de tempo para se conhecerem mais a fundo.

Althea Hayton apresentou slides sobre a descrição biológica da gemelaridade e ainda apresentou informação recentemente recebida sobre o resultado do relatório da análise dos seus 500 questionários realizada por uma universidade de Londres (brevemente darei informações pormenorizadas desses resultados).
No segundo dia houve lugar para conversas informais em grupos restritos, conforme inscrição prévia dos participantes, sobre temas como sexualidade, crianças gémeas sobreviventes, o síndrome de acumular objectos, problemas de alimentação, entre outros.

Estas conversas decorreram num ambiente descontraído onde os participantes tiveram oportunidade de conhecer-se melhor e de partilhar com os outros presentes as suas experiências próprias, as suas dúvidas e as suas ansiedades.

No último dia Althea Hayton propôs um trabalho prático; uma oportunidade de em grupo cada uma das pessoas trabalhar a sua questão individual:
Os participantes foram convidados a fazer simbolicamente o seu percurso em direcção à cura e a libertação do sofrimento específico que cada um escolheu para tratar. Assim, caminhando sobre um corredor que partia do "buraco negro" e levava à realização pessoal e à luz passando por diversos obstáculos, cada pessoa pode simular o seu "caminho de cura". Na companhia do/s colega/s mais próximo/s ou sózinha fazia desaparecer simbolicamente um balão com os sentimentos que lhe pesavam, cobria-se da energia de sobrevivente (alfa) e anunciava ao grupo a sua intensão de crescimento futuro.

Este trabalho, sempre emocionado e profundo serviu de despedida do grupo, que voltará a ter a oportunidade de se encontrar no próximo ano.

22 de outubro de 2009

Carl - sobrevivente de tentativa de aborto

Para quem compreende inglês não posso deixar de colocar aqui a história de "Carl" escrita por ele próprio e lida por Althea Hayton (clique aqui). Carl é o pseudónimo de um homem que entrou em contacto com Althea através do seu questionário (criado para recolher informações acerca do sentir de gémeos sobreviventes, através dele Althea presta ao mesmo tempo ajuda às pessoas que a pedem para encontrarem o seu caminho individual de cura). Este homem sobreviveu à tentativa de aborto que a sua mãe se viu obrigada a fazer, e que matou o sau irmão gémeo. Neste videoclip Althea dá voz à impressionante descrição do seu percurso de sofrimento de toda a vida.
Carl está neste momento internado no hospital devido a um quadro de depressão. "Eu acredito que depois de ter passado algum tempo no vale sombrio da morte - onde foi executado o aborto -, quando conseguir começar a deixar o "buraco negro" da sua vivência se sobrevivente de aborto, nesse momento ele terá iniciado o seu caminho de cura" afirma Althea Hayton.

8 de outubro de 2009

Gémea para todo o sempre

Este relato sincero e comovente ilustra o texto de 20 de Setembro da Drª Nancy Greenfield: como sente uma jovem que perde a sua irmã gémea!

Gémeas :( Tenho tantas saudades tuas. Como nos foi acontecer uma coisa destas? Porque nós somos gémeas e devíamos estar juntas. Passamos toda a vida juntas, e agora? Não aguento estar sem ti, pensava que sim, mas não. És a minha segunda metade, a minha gémea. Nunca deixamos que nada se metesse entre nós, sempre estivemos unidas. E agora? Agora já não estás comigo. Tu sabes que eu preciso de alguém que tome conta de mim e me diga como continuar. Eu preciso de ti, fazes-me falta. Sinto falta de falar contigo sobre tudo e nada. Sinto falta de quando vinhas para a minha cama nas noites de trovoada. Sinto falta de estar dia e noite contigo. Sinto falta de quando te zangas e te atiras a mim; quem diria! E dos miminhos, já não tenho ninguém em quem me enroscar e fazer festinhas. Já no jardim de infância fazíamos das nossas. Estávamos sempre juntas! Mesmo não sendo nós sempre uma só alma e um só coração, depois de cada briga voltávamos sempre a fazer as pazes. Tenho saudades tuas e quero voltar a brigar contigo. Quero que voltes a ficar furiosa e te atires a mim de novo. Que volte a ser tudo como era dantes, e que voltemos a estar juntas. Quando se passava alguma coisa comigo, tu estavas sempre do meu lado. Desde que desapareceste é tudo diferente. Quero que me voltes a dar miminhos. Como é que nos puderam fazer uma coisa destas? Eu não aguento a tristeza de estar entregue a mim própria. Porque eu gosto tanto de ti. Gostava tanto de voltar a estar contigo. Sinto a tua falta. Um beijo da tua gémea.

1 de outubro de 2009

Grito II: Olá Zé Ninguém

Gostava de sentir

o que tu sentiste

quando morreste e não saiste.


Gritavas no escuro

e ninguem te ouvia

era a vida que tinhas que te fujia.


O calor tornou-se frio

assim fiquei eu

com um pouco de morte sombrio

sem saber o que te aconteceu.

Um beijinho do teu irmão gémeo Manuel.

No dia do meu aniversário e da tua morte.

28 de setembro de 2009

Grito I: Aos meus irmãos queridos

Abrimos deste modo neste blog o espaço - Gritos, para comunicar ao mundo as mensagens que quiserem sobre os gémeos desaparecidos; escrevam-me para wombtwin.pt@hotmail.com.
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Reconheço, e peço o merecido reconhecimento para os meus irmãos gémeos com quem partilhei o início da minha vida no útero, e a quem dei o nome de Jacinto e Sebastião.

Eram muito pequeninos, o seu corpinho ainda mal estava formado quando o seu caminho levou outro rumo senão o de nascer na minha companhia.
Mas estão inteiros no meu coração. A sua breve presença ainda hoje recordo emocionada.
- Jacinto, recordo-te com imensa saudade, e consideração.
- Sebastião, fica com os anjos, tens um lugar muito especial no meu coração.
Anónima
(imagem de Jean Broc, a morte de Jacinto, da mitologia grega)

25 de setembro de 2009

A obra de Joanna Wilheim

No passado mês de Julho a Drª Joanna Wilheim, uma das pioneiras no estudo de gémeos sobreviventes (desde 1983) e Presidente da Associação Brasileira para o Estudo do Psiquismo Pré- e Peri-Natal, deu em Paris uma palestra com o título “Sindrome do Sobrevivente de Concepção Gemelar” no 1º Seminário internacional Transdisciplinar Clínica Pesquisa sobre o Bebé, do Instituto Langage.

Já em 2005 tinha apresentado as suas pesquisas e conclusões à Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo onde, a partir sua da experiência clínica de vinte e cinco anos, e de todo o seu trabalho de investigação, realçava “a vastidão e extrema importância das repercussões psíquicas das experiências traumáticas pré-natais.”

As premissas básicas desta sua investigação são para mim, que trabalho em terapia psico-corporal com bebés, muito valiosas e determinantes. Joanna Wilheim enuncia-as resumidamente deste modo:

- Todo o processo de concepção biológica, desde a formação das nossas duas células germinativas básicas – espermatozóide e óvulo –, é registado numa proto-mente através de uma memória celular.

- Tais inscrições produzem uma matriz básica inconsciente que fornece a matéria-prima para a produção das nossas fantasias inconscientes.

Assim, as fantasias são memórias.

- Existe uma relação efectiva, absolutamente arcaica e primordial entre o nosso soma e a nossa psique.

- Há um trauma na altura da concepção.

Joanna Wilheim enfatiza a importância do reconhecimento dos vestígios deixados na mente pelos acontecimentos traumáticos pré-natais, para uma satisfatória condução do processo terapêutico analítico, e chama a atenção para a necessidade de a psicanálise voltar a sua atenção para a síndrome do sobrevivente de concepções gemelares, considerando que esta estaria na raiz de muitas psicopatologias.

Para saber mais sobre a obra de Joanna Wilheim leia os seus livros (clique nas imagens para conhcê-los), ou um texto seu em Artigos relacionados.

20 de setembro de 2009

Nancy Greenfield explica

Como me são sempre colocadas questões quanto à possibilidade de esta hipótese que apresento aqui ser especulativa, uma mera divagação de algumas pessoas que resolveram acreditar em histórias cheias de imaginação (que no lugar de fantásticas fadas e duendes colocaram adoráveis gémeos, trigémeos e outros múltiplos) recolhi afirmações de uma pessoa idónea que investiga e trabalha há anos com esta matéria. Pedi à psiquiatra e neurologista Drª Nancy Greenfield, de Maiami FL, que fizesse um comentário que achasse mais pertinente para nós, e aqui está a sua explicação clara e concisa:

“Com base na minha pesquisa e na investigação actual da psicologia tradicional, posso afirmar que o relacionamento entre gémeos é o mais íntimo de todos os relacionamentos humanos. Consequentemente, a experiência de perder um irmão gémeo em qualquer momento ao longo da vida pode ser a mais dolorosa das perdas de relacionamento humano. Costumava-se pensar que a perda de um filho era para uma mãe (pai) a forma mais sofrida de perda. Hoje considera-se que a perda de irmãos gémeos tem condições para ser mais dolorosa. Isso acontece porque a relação entre gémeos é mais próxima, mais íntima e mais entrelaçada (física-, emocional-, psicológica- e espiritualmente) que a relação entre a mãe e seu filho.

É importante dizer que, devido à ligação profunda entre gémeos, a perda de um irmão gémeo, independentemente da idade em que ocorra, pode deixar no sobrevivente marcas para toda a vida. Essas marcas variam e podem afectar a forma como o gémeo sobrevivente se sente a si próprio: inclui questões de auto-estima; o sentimento de que a vida é um caminho seguro ou inseguro; como sente os relacionamentos, se acredita na possibilidade de serem estáveis ou não; assim como outras crenças, expectativas e percepções sobre a sua experiência de vida. Pode haver uma sensação de falta de alguém que devia acompanhar o gémeo sobrevivente ao longo da sua vida, bem como uma sensação de incompletude e profunda solidão. Podem persistir ainda sentimentos de perda não identificada, tristeza, culpa, saudade ou confusão, etc.

Dada esta explicação sobre a profundidade e a intimidade gemelar, quero referir que a minha área de trabalho, conhecida como "psicologia pré- e perinatal" (PPN), acredita que desde a concepção há consciência presente no novo ser.

Acredita também que talvez até 70% de nós, que pensamos ser singulares, podemos na realidade ter sido concebidos como gémeos ou múltiplos, tendo um ou mais dos gémeos morrido durante as primeiras semanas da nossa gestação. Isto é conhecido como o "gémeo morto" ou "o síndrome do gémeo desaparecido".

A pesquisa da PPN sugere então que devido à presença de consciência já no útero a relação gemelar embrionária tem o mesmo nível de intimidade que uma relação de gémeos após o nascimento e durante outros períodos da vida. Portanto, uma perda de um dos gémeos durante a fase embrionária e uma perda que ocorra a qualquer momento durante a gestação, pode ser tão devastadora e dolorosa para o embrião/feto ou pré-nascido sobrevivente como uma perda que ocorra a qualquer momento após o nascimento e ao longo da vida."
Nancy Greenfield, Ph.D., R.C.S.T.

3 de setembro de 2009

Conferência "Open Space" Wombtwin 2009

Vai ter lugar já nos próximos dias 31 de Outubro e 1 de Novembro em St. Albans, Londres, a 2ª conferência da Wombtwin.com realizada desta vez segundo um modelo "open space". A proposta é de oferecer um espaço de encontro e troca de experiências em que cada participante terá oportunidade de propôr temas, ou aderir aos grupos de trabalho que mais lhe interessarem, e que serão definidos no início de cada dia pelos presentes. Na sexta-feira dia 30 de Outubro haverá uma sessão pública de entrada livre para o público que queira conhecer a temática dos gémeos sobreviventes. O fim-de-semana terá preço de 70 libras incluindo o jantar de sábado.

Para aceder a toda a informação clique aqui.
Para aceder ao podcast em inglês clique aqui.

PROGRAMA

DATA: Sexta 30 de outubro a domingo 1 de Novembro de 2009
LOCAL: St Albans Girls School, Sandridgebury Lane, St Albans, Hertfordshire, AL3 6DB,
PREÇO: Sócios£55, Não-sócios £70

Sexta-feira:
19h30 - 21h30 Conferência aberta ao público em geral

Sábado:
9h30–18h00 Encontro OPEN SPACE
18h00 - 19h00 Cerimónia com Velas
19h00 - 22h00 Jantar Buffet

Domingo:
10h00-11.00 Reunião Geral anual da Wombtwin.com Ltd
11h00-12h30 A JORNADA DA CURA para gémeos sobreviventes
12H30 Almoço de sanduiches
14h00 Encerramneto

12 de agosto de 2009

Livro digital já disponível

Concluímos a história da Maria da Luz! "Eu e a minha Gémea". Para já, com a ajuda de Althea Hayton, está à venda on-line em versão digital em inglês: "Me and my Twin", aqui, mas estamos a preparar uma edição de um livro em português em papel cartonado.

A Psicóloga Nancy Greenfield, autora da tese de doutoramento (referida neste blog em bibliografia) onde é estudado o síndrome do gémeo desaparecido do ponto de vista das influências psicológicas no sobrevivente, e a quem agradeço desde já todo o apoio que nos deu, enviou-nos estas palavras:

"O seu livro é lindo e os desenhos da sua filha são muito comoventes. Fez um trabalho fantástico ao honrar a perda precoce de um gémeo desse modo tão verdadeiro, respeitador, delicado e amoroso. As crianças que tiverem passado por essa experiência irão provavelmente identificar-se com os desenhos e encontraram um lugar seguro nessas páginas. Quero exprimir o meu profundo agradecimento à Maria da Luz por partilhar a sua história com tanta generosidade. Acredito que ela será significativa para outras crianças e adultos que tenham tido uma vivência semelhante."
Nancy Greenfield, Ph.D., R.C.S.T.

E aqui um outro comentário de uma colega da Wombtwin.com.

"Mesmo sendo já adulta, e tendo passado anos a tentar curar a perda dos meus trigêmeos, este livro toca-me profundamente, ressoando junto da menina ferida dentro de mim que tudo fez para guardar com ela os seus trigêmeos, mas que seguiram o seu próprio caminho. Ver desenhos de uma criança sobre esta dor muito pessoal é de algum modo imensamente curador e belo - as crianças são honestas e abertas.
Eu não tive consciencia da ausência dos meus irmãos gémeos até muito tarde na vida, e portanto este livro exprime o sofrimento que na infância eu não conseguia de entender em mim. OBRIGADA! Ele é um instrumento valioso para trabalhar com crianças sobre esta dor tão interior e tão real."

Eloise de Hauteclocque, Artista Plástica, Berlim

Espero que gostem e gradeço qualquer comentário que queiram fazer-me chegar.

6 de agosto de 2009

Votação on-line pela teoria wombtwin

Usando os novos modos cibernauticos de agir, Althea Hayton inscreveu a nossa teoria "wombtwin survivors" - sobreviventes de gravidezes gemelares - num dos concursos da Changemakers para ganhar um prémio que ajudará a dar continuidade ao trabalho de investigação e divulgação da associação Wombtwin.com. Consultem aqui a descrição em pormenor da sua proposta, e entre 23 de Novembro e 14 de Dezembro poderão elegê-la no concurso Rethinking Mental Health: Improving Community Wellbeing -ideias inovadoras para repensar a saúde mental, melhorando o bem-estar social.

2 de agosto de 2009

Ilusión

Ilusión, Uma canção de Julieta Venegas cantada com Marisa Monte

Uma vez eu tive uma ilusão E não soube o que fazer Não soube o que fazer Com ela Não soube o que fazer E ela se foi Porque eu a deixei Por que eu a deixei? Não sei Eu só sei que ela se foi Mi corazón desde entonces La llora diario No portão Por ella No supe que hacer Y se me fue Porque la deje¿ Por que la deje? No sé Solo sé que se me fue Sei que tudo o que eu queria Deixei tudo o que eu queria Porque não me deixei tentar Vivê-la feliz É a ilusão de que volte O que me faça feliz Faça viver Por ella no supe que hacer Y se me fue Porque la deje¿ Por que la deje? No sé Solo sé que se me fue Sei que tudo o que eu queria Deixei tudo o que eu queria Porque não me deixei tentar Vivê-la feliz Sei que tudo o que eu queria Deixei tudo o que eu queria Porque no me dejo Tratar de hacerla feliz Porque la deje¿ Por que la deje? No sé Solo sé que se me fue.

E aqui um vídeo de uma outra canção da Julieta... duas Julietas???

14 de julho de 2009

Nas palavras de Jorge Palma

São dez canções de Jorge Palma onde se pode ler nas entrelinhas, e não só, a sua vivência de gémeo sobrevivente. Obrigada Jorge, pela lucidez de sentimentos e parabéns pela coragem de os gritares ao vento!

Eternamente tu (A DOIS NO VENTRE MATERNO)
O tempo não sabe nada, o tempo não tem razão, o tempo nunca existiu, o tempo é nossa invenção.
Se abandonarmos as horas não nos sentimos sós, meu amor, o tempo somos nós.
O espaço tem o volume da imaginação, além do nosso horizonte existe outra dimensão.
O espaço foi construído sem princípio nem fim, meu amor, tu cabes dentro de mim.
O meu tesouro és tu, eternamente tu.
Não há passos divergentes para quem se quer encontrar.
A nossa história começa na total escuridão, onde o mistério ultrapassa a nossa compreensão.
A nossa história é o esforço para alcançar a luz …




(FUSÃO)
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar.
Só por ter dois sóis, só por hesitar, fiz a cama na encruzilhada
e chamei casa a esse lugar.
E anda sempre alguém por lá junto à tempestade, onde os pés não têm chão e as mãos perdem a razão.
Só por inventar, só por destruir, tenho as chaves do céu e do inferno...






Encosta-te a mim (SAUDADE)

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos… Chegada da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver, em nome da terra, no fundo p´ra te merecer, recebe-me bem, não desencantes os meus passos, faz de mim o teu herói…
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo, o que não vivi, hei-de inventar contigo, sei que não sei às vezes entender o teu olhar mas quero-te bem…
…Vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal…







Uma vez (SEPARAÇÃO)
…Uma vez era o rei e o bobo, separaram-se até mais ver, mas não deixaram de se corresponder.
Uma vez era o belo e o monstro, também esses fizeram planos de nunca mais deixarem de se entender.
Conheço alguém de quem mal me consigo lembrar. Abençoado quem tem quem de vez em quando o venha visitar …







Yogy Pijama (FALTA)

Buscando sem saber bem o quê, perdido como quem não vê, calado como quem não tem resposta para quem o chama, desesperado, como quem por ter medo da desilusão não ama.
Se deixas apagar a chama, estás virado para o desastre.
Como uma vela sem mastro, ou um barco sem leme, condenado a andar à toa conforme o vento lhe dá, ao sabor da corrente …






Finalmente a sós (TRISTEZA)
Antes de teres aberto o bar, antes de teres mirado o rio, eu era alguém ás costas de outro alguém. Trouxeste mais contradições, trouxeste mais opiniões, e agora sou mais outro zé ninguém. Finalmente só, finalmente a sós.
Quando eu já estava a sossegar, quando eu já estava a adormecer, vi-te dançar e a minha paz morreu...
Odeio a luz do teu olhar quando não brilha só pra mim, pensei que fosses um brinquedo meu...





Há tanto tempo espero por ti (FANTASIA)
Há tanto tempo espero por ti na solidão do meu lugar vem aquecer-me a cama, traz flores p’ró jantar.
Sempre habitaste o meu coração, és a razão do meu fervor, mas não te vejo a cara, não sinto o teu calor.
Podes contar ao mundo como eu te procurei, quando eu me for embora, diz que te encontrei.
Mesmo que tu não sejas real, ou sejas quem eu não previ, hei-de inventar-te sempre, hei-de esperar por ti.







Ao meu encontro na estrada (ABANDONO)

Disseste que vinhas e não chegaste, mudaste de planos, ok
Mas isso deitou-me tão abaixo, espero que tenhas pensado bem, estou triste que só eu sei preciso de alguém…
E agora toca a arranjar o buraco que eu tenho no coração…
Pensei tanto em ti que não calculas, de manhã, à tarde e ao anoitecer…







Lobo malvado (CULPA)
Eu fui um lobo malvado, entrei em casa da avozinha e instalei-me na caminha contigo a meu lado.
Depois mostrei-te a cozinha, fiz-te passar um mau bocado com medo de ficar sozinho…
És bem vinda, amor …
Mais tarde soltei a fera, mostrei-te o meu corno penetrante, com ele espetei contigo na rua …




Balada de um estranho

(CONFUSÃO/CULPA)
Há qualquer coisa que não bate certo, há qualquer coisa que deixaste pr’a trás em aberto, qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu, e não podes deixar de sentir que o culpado és tu…
Sentes que perdeste o teu centro e de repente descobres que chegou a hora de olhares para dentro.
Porque há qualquer coisa que não bate certo, qualquer coisa que deixaste para trás em aberto, qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu e não podes deixar de sentir que o culpado és tu…

19 de junho de 2009

Eu sou Eu

Este é o testemunho de uma colega alemã que amavelmente me enviou a sua história. Um comovente relato do caminho percorrido por uma sobrevivente de quadrigémeos para recuperar o sentido da sua vida.

"Agora sim, ao fim de todos estes anos, posso dizer que estou bem. Fiz um grande caminho até aqui, uma caminhada de buscas e de tentativas.
Experimentei muitas terapias, e nunca entendi o que se passava comigo. Não havia ninguém que me explicasse porque eu não aguentava a proximidade, porque não queria nenhuma relação, porque não conseguia lidar com as pessoas, pelo que também não tinha amigos. Não havia quem me pudesse ajudar a pôr todas as minhas facetas sob um denominador comum. A minha grande dificuldade era de me encontrar a mim própria no meio de todas aquelas facetas de mim mesma.

Em pequena pensava muitas vezes que tinha uma irmã gémea. Por vezes até sonhava com ela. Naquela altura imaginava que os meus pais tinham dado uma das gémeas a criar a outra família, ou então se eu teria sido adoptada pelos meus pais, enquanto a minha irmã gémea tinha sido entregue a outras pessoas. Quando cresci compreendi que isso nunca poderia ter acontecido, os meus pais não eram o tipo de pessoas.

Com o passar dos anos deixei de pensar nestas coisas; ia vivendo a minha vida com todas as suas especificidades, as dificuldades e a dor constante. Passei por muitas terapias, li muitos livros de auto-ajuda, procurei respostas espirituais, que nunca me satisfaziam profundamente. Por vezes melhorava, algo se alterava nas dificuldades que sentia, mas nunca me chegava a sentir realmente bem.

Até que encontrei o tema dos gémeos sobreviventes. Nessa altura pôs-se em marcha em mim uma onda que ainda hoje tenho dificuldade em descrever. Finalmente tinha encontrado uma resposta para todos os meus problemas, uma resposta a todas as minhas dúvidas. As emoções que eu, já com 50 anos de idade, senti naquela altura tiveram uma dimensão indescritível.

Nessa altura soube que tinha tido uma irmã no ventre da minha mãe, o que ficou confirmado por cartas que encontrei depois dos meus pais já terem falecido. Aos poucos comecei a integrar a minha irmã, e o seu desaparecimento na minha vida. Não foi fácil. Primeiro veio a tristeza e a raiva, depois a culpa, e depois mais raiva e o desespero; foi uma fase de caos emocional.

Fiz muitos exercícios para integrar todos estas vivências, aconselhados pelos diversos terapeutas, mas havia algo que continuava a não bater certo. Por exemplo no exercício em que temos que pegar numa almofada e senti-la como se fosse o nosso gémeo, eu sentia sempre uma certa irritabilidade. Do mesmo modo, quando me pediam para imaginar a minha irmã gémea perto de mim, para lhe dar a conhecer a minha vida com todos os pormenores, foi-me impossível fazê-lo durante mais do que dois dias, sob risco de entrar numa depressão profunda. Depois de conversas várias, também no fórum da
Evelyne Steinemann, chegou um momento em que tomei consciência de que afinal havia lá mais alguém! Passei então a entender que tinha tido duas irmãs comigo no ventre da minha mãe, e logo me senti melhor. O facto de eu não me conseguir decidir quanto ao nome a dar à minha irmã gémea (estava sempre indecisa entre dois) também encaixou perfeitamente. Agora cada uma tinha o seu nome. E pensei que finalmente estava tudo bem.

Mas ao fim de algum tempo voltou a levantar-se um desconforto. Tinha a dúvida se uma das irmãs não seria afinal do sexo masculino. Não sei dizer como me surgiu esta ideia, foi um sentimento que apareceu em mim. Também o facto de eu ter um lado bastante masculino em mim me levaram a pensar se não teria tido um irmão gémeo. Tudo isto não aconteceu de repente, foram cerca de dois anos durante os quais eu fui ouvindo os meus sentimentos e sentindo os sinais.

Durante algum tempo deixei-me ficar nessa "confusão" de não saber se teria tido um irmão e uma irmã gémeas ou não, pois não me sentia bem com a ideia de transformar assim sem mais nem menos uma das irmãs em irmão. Até que numa constelação familiar vi que afinal éramos quadrigémeos. Aí sim, tudo fez sentido. Foi uma sensação maravilhosa, eu com as minhas duas irmãs e o meu irmão gémeo.
Finalmente compreendi porque tenho a estranha mania de contar sempre até quatro: 1-2-3-4, 1-2-3-4. Sempre fiz isto quando não conseguia dormir, ou quando estava sob stress. É uma maneira de me acalmar... estaria a contar-nos a nós quatro!

Com a consciência da existência deles senti-me realmente bem.
Passei a integrar os meus múltiplos na minha vida e era como se eu já não os sentisse à minha volta, era como se eu tivesse passado a representar-nos a todos os quatro. Nessa altura eu dizia muitas vezes: eu sou quatro. Eu tinha quatro profissões em simultâneo, e sentia-me bem exercendo-as a todas, como se estivesse a viver as suas vidas em paralelo com a minha.

Até que um dia me apercebi de que não podia ser assim: eu não sou quatro, eu sou uma só pessoa. EU SOU SIMPLESMENTE EU!!
Isto ainda não foi assim há tanto tempo atrás. Eu estava a ler um livro que dizia que cada pessoa é um ser único e incomparável e que cada um deve viver a sua vida do modo que melhor lhe convier; e que cada ser humano que nasce neste planeta vem ao mundo com uma missão muito própria. Foi aí que se fez um clique em mim. Foi um momento muito bonito em que percebi que Eu sou eu!

Dos meus quadrigémeos herdei qualidades que me caracterizam a mim, e agradeço-lhes muito por isso porque daí me vem a versatilidade. Mas não deixo de ser EU. Eu não estou a representar os meus irmãos gémeos, porque eles estão no outro mundo. Esse é o seu lugar e é lá que eles estão bem. Mas eles só podem ficar em paz quando eu me encontrar na minha vida neste mundo. E só sabendo que EU SOU EU é que eu posso estar realmente a viver a minha vida.
"

Nana, 52 anos
Ergo-terapeuta, tradutora, vendedora imobiliária, dona de casa.

Trabalho com gémeos solitários em Barcelona

"O tema dos gémeos mortos e dos gémeos sobreviventes é pouco conhecido pelo público e ignorado no mundo terapêutico. Esta falta de reconhecimento causa muito sofrimento às pessoas afectadas. Sentimentos persistentes de solidão, tristeza, culpa e anseio por algo que falta podem ter aí a sua origem." A necessidade de divulgar informações básicas sobre factos e consequências biológicas na vida dos gémeos solitários levaram Peter Bourquin a criar um espaço próprio no seu site de constelações familiares. Este terapeuta de abordagem gestalt integral tem, devido à sua história pessoal, um especial interesse na questão dos gémeos sobreviventes.
Peter Bourquin oferece duas vezes por ano, uma oficina exclusiva para aqueles que sabem ou sentem que iniciaram a sua viagem para a vida acompanhados de irmãos gémeos ou múltiplos, e que procuram formas de cura. Para participar, é necessária uma entrevista prévia. As próximas datas agendadas são: 10/12 outubro 2009 e 23-25 abril 2010 (Facilidadores: Peter Bourquin e Carmen Cortés)

4 de maio de 2009

Terapia para crianças

Estamos a organizar um grupo de suporte para crianças meias-gémeas entre os 3 e os 10 anos de idade. A proposta é do tipo da arte-terapia, de trabalhar com elas através da expressão artística, com o objectivo de as ajudar a expressar e a definir para si próprias com mais clareza o que são os seus sentimentos em relação à perda do seu irmão ainda no útero materno ou na altura do nascimento.
Este será um grupo de trabalho piloto, em que iremos afinar modos de actuar e que queremos seja de partilha e entre-ajuda também para os pais.
Para já temos previstos estes encontros em Aveiro, mas não excluímos a possibilidade de fazer depois outros grupos noutras cidades do país.
Quem estiver interessado em participar neste primeiro grupo experimental pode entrar em contacto connosco para o grupo Yahoo ou, caso não esteja já inscrito, através do botão de acesso que está do lado direito mais a baixo neste blog.

Sobreviver a irmãos idênticos, fraternos ou múltiplos?

Com base nas já mais de quatrocentas respostas ao seu inquérito on-line, a que poderão aceder a partir deste blog (canto superior direito) Althea Hayton destingue as características psicológicas de sobreviventes de gémeos fraternos ou idênticos ou múltiplos:

Gémeos Fraternos (dizigóticos ou falsos)
Os gémeos desenvolvem-se a partir de dois zigotos separados. Se um deles morre o sobrevivente fica “à procura de alguém lá fora”. O gémeo sobrevivente de gémeos fraternos sente-se:
Abandonado. Sempre com saudades (do seu gémeo).

Gémeos Idênticos (monozigóticos ou verdadeiros)
Formam-se a partir de um só zigoto que se dividiu em duas entidades distintas nas primeiras duas semanas de gestação. Se um deles morre o sobrevivente fica “à procura de alguém cá dentro”. Quanto mais tarde se dá a divisão do zigoto mais doloroso é o processo emocional de sobrevivência do gémeo sobrevivente. O gémeo sobrevivente de gémeos idênticos sente-se:
Internamente dividido. Totalmente absorvido pela imagem de si próprio.
Múltiplos (em quaisquer combinações)
Mais de dois embriões resultam de:
• Um ou mais pares de gémeos idênticos, formados a partir de um único zigoto.
• Formação de vários zigotos individualizados fecundados.
• Dois Zigotos: um que se divide em dois gémeos idênticos e o outro desenvolve-se normalmente. O sobrevivente de múltiplos sente:
Sempre sozinho entre amigos. Quer curar/salvar o mundo.”
Talvez com estas indicações lhe seja mais fácil sentir se o seu gémeo falecido era idêntico ou fraterno, ou se haviam mais que dois de vocês na barriga da sua mãe.

30 de abril de 2009

Althea em Portugal

Althea Hayton esteve nos passados dias 24 a 26 de Abril em Portugal para uma palestra e dois workshops de apresentação do tema dos Gémeos Sobreviventes ao público português. Foram dias carregados de emoções, em que tivemos a possibilidade de aprender com Althea, com a sua experiência e sabedoria e aproveitar da sua alegria jovial, daquela sua fervilhante energia criativa. (mais sobre a visita da Althea aqui).

Aqui na zona norte Althea transmitiu a mensagem numa palestra com a presença de 12 adultos e 5 crianças na noite de sexta-feira 24, todos de algum modo envolvidos no tema, que acabou com uma deliciosa sopa e pão macrobiótico. No sábado fizemos um workshop de quatro horas com um pequeno grupo de quatro gémeos sobreviventes. Com alguns exercícios simples de toque corporal as pessoas entraram em contacto com os seus sentimentos, e reconheceram imediatamente como a perda dos seus gémeos os fazia sentir.

Em Carcavelos, no Essência do Ser, tivemos um grupo maior para o workshop de quatro horas e o tempo foi curto para conseguir chegar a todos os dezassete participantes. Althea apresentou a informação que recolheu sobre o modo como se geram os gémeos e como se dá o desaparecimento de um deles, e depois passou ao trabalho prático com os participantes que se agruparam-se de acordo com o que preferencialmente sentiam:

  • o vazio: renegar a necessidade de reencontrar a/o saudosa/o irmã/o voltando ao sofrimento, ao Buraco Negro.
  • a solidão: não ficar sozinho no sofrimento, aceitar a ajuda dos amigos.
  • a luta (pela vida): libertar-se da energia Beta (identificação com o gémeo perdido), e fazer o caminho para a força de vida da energia Alfa (do próprio sobrevivente).
  • a rejeição: deixar de esperar pela resposta que nunca virá, fazer a despedida.
Como conhecemos um grande número de pessoas muito interessadas no tema , estamos já a planear uma segunda vinda de Althea a Lisboa para o final do ano! A seu tempo darei mais pormenores.


Como puderam já constatar pela renovação da imagem e o novo nome deste blog, toda esta actividade trouxe muita inovação.

Assim pensámos que fazia sentido criarmos um dia uma associação sem fins lucrativos congénere da Wombtwin.com em Portugal, como que uma irmã gémea da Associação que Althea criou em Londres para podermos organizar-nos em termos de estruturas de apoio a gémeos sobreviventes e pormos os nossos próprios projectos em marcha. Estamos a pensar chamar-lhe Wombtwin.pt - Associação de Gémeos Sobreviventes de Gestações Gemelares ou Múltiplas.

Temos agora também um fórum de discussão no Yahoo, para dar oportunidade a todos os participantes nos Workshops da Althea de trocarem ideias, sentimentos, dúvidas, enfim, para poderem dar continuidade ao trabalho que foi iniciado naquele encontro com Althea Hayton. Aqui no Blog, do lado direito mais a baixo têm um botão de acesso ao grupo.

21 de abril de 2009

Jorge Palma

Tenho prestado atenção às músicas do Jorge Palma, e além da imediata empatia por muitas das melodias que me soam a algo conhecido, encontro nas letras várias referências que poderia atribuir empiricamente à sua irmã gémea perdida, por exemplo no tema "Encosta-te a mim", e "Estrela do Mar", entre outros.
Esta canção foi-me enviada por uma amiga que encontrou nela a expressão dos seus próprios sentimentos de gémea sobrevivente. Obrigada Diva!, a música é linda, vai directamente ao coração, e a letra ... está lá tudo.

Há tanto tempo espero por ti
Na solidão do meu lugar
Vem aquecer-me a cama
Traz flores p’ró jantar.

Sempre habitaste o meu coração
És a razão do meu fervor
Mas não te vejo a cara
Não sinto o teu calor.

Podes contar ao mundo
Como eu te procurei
Quando eu me for embora
Diz que te encontrei.

Mesmo que tu não sejas real
Ou sejas quem eu não previ
Hei-de inventar-te sempre
Hei-de esperar por ti.

Podes contar ao mundo
Como eu te procurei
Quando eu me for embora
Diz que te encontrei.

Quando eu me for embora
Diz que te encontrei...


Para ouvir a música clicar aqui e em play , e depois em retroceder para voltar ao blog.

15 de abril de 2009

Não consigo esquecer

"... E eu disse: isto não sou eu, deve ser o meu duplo...
... Não consigo esquecer, mas não me lembro do quê! ...
... Não consigo esquecer, mas não me lembro de quem!..."
Leonard Cohen

Haverá indicio mais claro?

12 de março de 2009

Workshops com Althea Hayton, em Aveiro, Porto e Lisboa

Tenho o prazer de apresentar a vinda de Althea Hayton a Portugal para três Workshops com tradução consecutiva, em Aveiro, Porto e Lisboa, destinados a Gémeos Sobreviventes, pais de Gémeos Sobreviventes, terapeutas, psicólogos e profissionais que trabalham com gravidez múltipla, ou simples interessados em conhecer melhor esta matéria.
Será uma oportunidade muito especial de conhecerem de perto a pessoa que impulsiona toda esta temática que nos toca tão profundamente e tanto nos diz. Tivemos o cuidado de manter os preços de participação muito baixos, estando abertos a quem puder contribuir com mais alguma quantia para a Associação sem fins lucrativos Wombtwin.com.

Althea Hayton apresenta e traz a discussão os inúmeros sinais físicos e psicológicos da perca de um gémeo antes, durante ou pouco depois do nascimento.

A seguir, numa oficina prática os participantes que sabem ou acreditam ser Gémeos Sobreviventes, terão oportunidade de aprender mais sobre os seus próprios efeitos psicológicos, e sobre como supera-los no sentido da cura.

Althea Hayton é escritora e psico-terapeuta, e editou e publicou dois livros sobre Gémeos Sobreviventes: Untwinned e Silent Cry. É a única pessoa no Reino Unido a investigar acerca dos efeitos psicológicos da perda de um irmão gémeo antes do nascimento. A sua pesquisa desenvolve-se a partir do site http://www.wombtwin.com/ que criou quando, depois de se ter apercebido ela própria de que era uma Gémea Sobrevivente, resolveu começar a investigar acerca desta temática.
Data Aveiro: 24.4.2009 das 19h00 às 21h00
Local: Restaurante Macrobiótico Ki - Rua Capitão Sousa Pizarro 15 Aveiro
Inscrições: Tel: 915552205/ 234094089 e-mail: info@kimacrobiotico.com
Preço: 10 E (incl. sopa, pão e chá) c

Data Porto: 25.4.2009 das 14h00 às 18h00
Local: Casa do Rio - Rua Gaspar Correia 303 Foz-Porto
Inscrições: Tel: 918268187 ou 917582364 e-mail: acasadorio@gmail.com
Preço: 20 E

Data Lisboa: 26.4.2009 das 14h00 às 18h00
Local: Essência do Ser - Rua Dr. José Joaquim de Almeida 420 D. R/C Esq. – Carcavelos
Inscrições: Tel: 214579312 / 917580944 e-mail: ser@essenciadoser.net
Preço: 20 E

29 de janeiro de 2009

Palestras no Porto

Estou muito contente por poder apresentar mais uma palestra sobre gémeos sobreviventes, desta vez no Porto. Será dia 13 de Março às 19h30 na Rua de Santa Catarina, 722 sala 203 na forall, um centro de psicologia -atendimento e formação.
Vou apresentar de novo um excerto de um documentário sobre gémeos, trigémeos e quadrigémeos, e alguns outros trechos para depois conversarmos de forma informal.
Se são ou pensam que podem ser gémeos sobreviventes, ou se têm amigos, ou familiares que o são, ou ainda se simplesmente se interessam por esta matéria, não faltem.

Agradeço a quem já se inscreveu, sejam bem-vindos!

Como esgotamos as vagas para este dia haverá outra palestra idêntica na sexta-feira seguinte, dia 20 de Março às 19h30.

No dia 4 de Abril faremos um Workshop das 9h30 às 18h00 para quem estiver interessado em explorar o seu caso pessoal com mais informação e exercícios práticos. Por favor escrever para wombtwin.pt@hotmail.com para mais informações.

Procura do Eu

Por entre as viagens percorridas;
Eu sou quem?
Pedaços múltiplos, reencarnações, outras vidas.
Um sentido de ser, não ser ninguém...
Eu sou quem, eu sou quem?

Na penumbra da noite já sombria;
Eu sou quem?
Sou um vulto, um grito ou magia
Um fugir ou reencontro ao ver além.
Eu sou quem, eu sou quem?

Tantas cores numa tela que é vida;
Eu sou quem?
Pedaço de arco-íris ou pintura colorida
Um esboço de paisagem, um alguém.
Eu sou quem, eu sou quem?

16.02.2000
Manuel Montoiro
(gémeo que perdeu o seu irmão à nascença)

22 de janeiro de 2009

Desvendando o nosso segredo

No dia 17, sábado, apresentei pela segunda vez publicamente este que é um dos maiores e mais bem guardados segredos do nosso tempo: a história da vida pré-natal dos gémeos sobreviventes.
Éramos cerca de 12 pessoas no restaurante Ki em Aveiro, onde apresentei uma selecção de slides e um excerto do Programa televisivo que a RTP2 passou dia 11 deste mês - Milagres no Útero -, sobre Gémeos e Múltiplos.
Entre os presentes alguns tinham irmãos gémeos vivos, outros tinham perdido os seus irmãos gémeos à nascença, uns já tinha pensado na possibilidade de terem tido um irmão ou irmã gémea durante a sua gestação, e outros nunca tinham ouvido falar desta história. Mas segundo o que me disseram depois, todos ficaram com a sensação de terem tomado consciência de algo importante e revelador.
Pessoalmente fiquei mais uma vez muito feliz, porque cada vez que falo deste tema publicamente sinto que estou a honrar e a dar voz aos meus companheiros de gestação.

E aproveito para deixar escrito que a Althea Hayton, a fundadora e grande impulsionadora da Associação Wombtwin.com vai estar em Portugal em Abril deste ano para uma palestra ou workshop. Em breve darei mais pormenores desse evento, mas se quiserem receber informação detalhada podem deixar-me o vosso contacto enviando um e-mail para cpinheiro02.@hotmail.com

Aos poucos e poucos vamos espalhando a notícia!
Obrigada pela vossa presença.

Identidade

A identidade é um tema incrivelmente complexo para quem sobreviveu in-útero a perda de um gémeo. A questão põe-se constantemente: Quem sou eu? Serei eu Eu, ou serei o Outro? Serei eu dois? Seremos nós um só?
No caso dos sobreviventes que tiveram um gémeo do sexo oposto para além da indefinição de identidade surgem também as indefinições de género. Porque é que como homem sinto tanta necessidade de me exprimir através da minha energia feminina? ou, de onde me surge tanta energia masculina se sou uma mulher?

Na cultura nativo-americana original os chamados Two Sprits (Dois-Espíritos) também intitulados Twin Sprits (Espíritos-Gémeos) eram indivíduos que apresentavam indefinição de género, quer fosse a nível das características da sua personalidade, dos estilos de vida que escolhiam, da sua opção sexual, ou mesmo a nível dos órgãos genitais.

Conforme a tribo a que pertenciam eles usavam vestes próprias e segundo o que intuitivamente sentiam ser a sua missão eram curandeiros, artistas, profetas, ... Estes indivíduos eram considerados do terceiro género porque não se identificavam nem com as características definidas para os homens nem com as que eram apropriadas para as mulheres. Venerados como extraordinárias fontes de informação sobre a natureza humana, acreditava-se que eles tinham o poder de trazer à sua tribo um maior equilíbrio entre os princípios masculino e feminino.

É interessante observar que para o povo Navajo a história da Criação se desenrola em torno de lendas que incluem numerosos pares de gémeos (entre os Lakota os gémeos eram "wakan" sagrados). Numa das maiores cerimónias dos Cheyenne, a “Dança do sol” que celebra a Nova Vida, eram Two Spirits os líderes do ritual sagrado. Este hino à Nova Vida evidencia a consciência de que a Vida só é possível quando flui a partir das energias mágicas da gemelaridade, aqui entendida como o conceito da dualidade: na vida, no mundo natural, tudo existe em equilíbrio - masculino/feminino, grande/pequeno, luz/escuridão, bom/mau, céu/terra.

Com uma atitude que nutre e abarca todas as coisas dando-lhes protecção e apoio indiscriminados, e uma grande abertura nomeadamente para aceitar e apreciar a complexidade humana, a sabedoria ameríndia acolhia os Twin Spirits ou Two Spirits com reverência e alegria.

Uma ideia que me sugere esta comovente tradição: serão aqueles que perderam irmãos gémeos no útero materno literalmente a morada física de duas ou mais entidades espirituais? e também, terão estas pessoas competências muito próprias, mas pouco exploradas por uma sociedade ocidental que não recebe bem a diversidade e a diferença?

16 de janeiro de 2009

Responsabilidade

Gosto muito do modo como Althea Hayton (ler aqui em inglês) coloca a certa altura do texto a questão da responsabilidade de cada um perante o modo como conduz a sua vida. Quer sejamos sobreviventes de gémeos perdidos ou de outras tragédias humanas, todos temos responsabilidade pelo que fazemos com o que temos disponível na nossa vida agora.

Sugiro que olhemos para a culpa-de-sobrevivente; a lealdade ao nosso pequeno gémeo perdido que nunca teve hipótese de nascer; o desejo de reencontrar na morte a nossa outra metade perecida:
Se eu não quero estar aqui, nem nunca quis nascer; se eu sinto que não mereço estar aqui porque o meu gémeo nunca chegou a conhecer a luz do dia, porque razão tenho de deitar fora a minha vida, de viver num pote de compaixão, e de desperdiçar os melhores anos da minha vida à espera de ser resgatado por algum terapeuta experiente?

Você resiste em viver a sua vida?
Só por um momento experimente dar Graças.

Foi-lhe oferecido este grande presente - a vida.
Não o desperdice nem por um minuto!

Você recusaria os seus presentes de Natal? Era capaz de
devolvê
-os sem os abrir? Desembrulhe o presente da sua vida hoje e permita-se recebê-lo.

É gratuito. Está aqui e é todo seu.
Se você não o usar ninguém mais o fará; nem mesmo o seu gémeo perdido!


5 de janeiro de 2009

Wombtwin Day

A Associação Wombtwin.com estabeleceu o dia 21 de Dezembro como o Wombtwin Day – O Dia do Sobrevivente de Gestação Múltipla.

Esta data é uma das três em que é festejado São Tomé, chamado "o Gémeo" na Bíblia. Tomé não é propriamente um prenome, mas sim a palavra equivalente a gémeo, vindo do aramaico Tau'ma (תום). Muito se discute de quem ele teria sido irmão gémeo. A festa Ocidental é a 21 de Dezembro, em igrejas Católicas romanas e sírias é a 3 de Julho, e na igreja grega é a 6 de Outubro.

Nos EUA e noutros lugares, o dia 3 de Julho está já bem estabelecido como a data em que pares de gémeos celebram a sua gemelaridade, pelo que não seria uma data conveniente para nós gémeos sobreviventes. 21 de Dezembro sim, faz sentido por duas razões:

  1. porque a data fica cerca de 7 meses antes do Dia de Gémeos (3 de Julho) e muitos gémeos "desaparecem" por volta das 8 semanas;

  2. porque sendo o dia mais escuro do ano, o solstício de Inverno, depois dele movemos-nos lenta e suavemente na direcção da Luz de um novo Verão (quantos sobreviventes não se encontram num lugar muito escuro, e quando descobrem esta sua condição, quase instantaneamente, começam a mover-se na direcção da luz).

Como forma de comemorar o dia 21 de Dezembro e de recordar o irmão perdido no sentido da cura e do alívio desta ferida, Althea Hayton convidou os sobreviventes a realizarem nesse dia algum tipo de ritual ou introspecção.

As afirmações que a seguir se apresentam foram propostas por Althea como ideias para quem quisesse realizar um ritual e não sabia como, mas como ela própria afirmou, chegava o simples facto de guardar alguns minutos desse dia para recordar o seu irmão gémeo.

  • Deixo-te agora para ires em liberdade para onde deves estar, já que sei que nunca estiveste destinado a estar aqui comigo.
  • Por manter-te próximo de mim, para me ajudares, não podeste ir para a tua nova morada. Vai agora; é seguro para ti partires assim como o é para mim para ficar.
  • Sinto a tua passagem por mim e compreendo que o que me trouxeste foi como uma ligeira sombra da relação gemelar num fragmento de memória , apenas isso…
  • Estou aqui, tu não. Ficarei por cá mais algum tempo, e logo nos reencontraremos.

3 de janeiro de 2009

Saudade

Uma das maiores aflições que os gémeos sobreviventes relatam é a Saudade. Quando direccionada no sentido construtivo, é ela que faz escrever poesia, compor músicas e cantá-las com emoção, pintar quadros, imaginar histórias de amores perdidos e reencontros (quantos fadistas não terão tido esta fatalidade...).
Mas a saudade também pode ter um poder imenso no sentido destrutivo, levando as pessoas à desorientação, à tristeza, à depressão, e depois aos vícios como a droga e outros.
É ela também muitas vezes a responsável por dificuldades de relacionamento, ou por terríveis mal entendidos nas relações, amorosas ou não-amorosas.
Na esperança (ou com medo) de reencontrar o irmão perdido no seu par, repete-se com ele a história que se viveu (ou não viveu) naquela fase tão recôndita mas tão decisiva da vida! Foi uma história de amor e de dor, essa é a bitola trazida para o presente.
E é tão complicada a cura desta dor, porque ela é apetecível - é lá que está a "querida metade". Para a cura ter uma chance de ser eficaz é preciso voltar lá, sentir, compreender, perdoar e depois esquecer.

A Saudade, de tão doce, faz doer o coração.
(bonecas de Paula Estorninho)