“Arsenal
pode vencer campeonato sem luxos.”
Arsène Wenger
Lanço esta frase recente de Wenger para ajudar a
discussão sobre o rumo que o futebol leva hoje em dia. Para muitos, esta frase
representa a chave do insucesso e o porquê do Arsenal estar arredado dos
títulos há já um largo período de tempo, para outros significa uma respeitável
mentalidade arrojada e nobre de manter uma filosofia de gestão futebolística de
um clube, independentemente de todo o poder capitalista que se vêm apoderando
do futebol mundial.
À medida que os anos passam, o Arsenal torna-se
cada vez mais num caso raríssimo no futebol, sendo um clube que, após longos
anos de insucesso, continua a apostar num manager crente numa filosofia que
cada vez me convenço mais ser algo utópica e desfasada da dura realidade.
No entanto, todo o paradigma de gestão do Arsenal
é algo de louvável e fantástico. A ideia de explorar e desenvolver talentos
mundiais desde tenra idade e aperfeiçoá-los, num ambiente de futebol bonito e
de ataque é uma ideia talvez extremamente excitante e fantástica. A atitude de
resistência perante a tentação de adquirir jogadores acabados no mercado por
largos milhões de euros, parece uma excelente filosofia de revolta perante a
concorrência cada vez mais capitalista e menos formadora. Contudo tudo parece
tão bonito, tão perfeito, tão humilde e nobre, mas também, infelizmente, tão
fantasista.
A dura verdade é que, salvo algumas excepções, os
clubes que têm vindo a ganhar títulos nos diferentes campeonatos e competições
são os mais despesistas. A vitória da Premier League pelo Manchester City na
última temporada, significou o culminar de um clube completamente transformado
só com base num único factor: dinheiro.
Assim, será triste dizê-lo mas também será o mais
realista: com base em provas recentes, se o Arsenal quiser ganhar algum título num
futuro próximo terá que inevitavelmente recorrer a alguns luxos e a um maior
pragmatismo, nem que signifique a despedida de Wenger.