segunda-feira, 30 de maio de 2011

Barcelona: porque a perfeição existe – mesmo que não gostemos dela


Daqui a uns anos, sejam muitos ou poucos, esta equipa do Barça será lembrada como uma das melhores de sempre – ou será como a melhor de sempre?
Devemo-nos sentir privilegiados por ter o prazer de pertencer a uma geração que pode assistir a exibições de gala, a momentos incríveis, a golos que não somos capazes de marcar nem na PlayStation.
Sim, haverá sempre os que não gostam do Barça – como eu.
Contudo, existe uma razão para tal: não gostamos porque estamos fartos de os ver ganhar; estamos cansados do tiki-taka; estamos esgotados de os ver fazer sempre tudo bem sem falhar; estamos cansados da perfeição.
Porque mesmo que eles sejam protegidos pela imprensa, (muito…) beneficiados pelas arbitragens, fiteiros, racistas, etc.…, os outros também o são. Com uma diferença: ninguém é capaz de, dentro das quatro linhas, jogar como eles.
Sim, como bom português, tenho sempre a tendência a proteger os mais fracos, a puxar pelos menos capazes. E esses são, sempre, os adversários do Barça.
Por muito que existam pessoas como eu, que não gostam do Barça, mas que são capazes de admirar e reconhecer o seu enorme mérito, na história ficará para sempre a humildade de Messi, o génio de Xavi e Iniesta, a instinto matador de Pedro, as correrias loucas de Dani Alves, o tumor de Abidal, o fair-play de Guardiola, a genialidade de Piqué (dentro do campo ou em cima do palco…).
Infelizmente, na história, não ficarão aqueles que não gostam do Barça, como eu.
Porque mesmo reconhecendo que a perfeição existe, sou livre de não gostar dela, não acham?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Será desta?


Embora tendo em conta que a pré-época é fértil em análises mais baseadas em sentimentos de renovada esperança do que propriamente assente na vertente racional, parece-me que a nova estrutura directiva leonina está a romper com algumas das más práticas anteriores.

Ao contrário do que sucedeu ao longo de toda a passada época, o Sporting parece estar na moda e, para além de “roubar” as capas dos jornais ao Benfica ainda conseguiu desviar Rodriguez. De um momento para o outro, o clube já é capaz de definir o treinador a tempo e horas e de identificar jogadores de forma célere e incisiva. Estes parecem ainda enquadrar-se numa nova política – jovens e com potencial de valorização desportiva e, sobretudo, financeira.

É visível a intenção de fechar o mais rapidamente possível o plantel e a estrutura técnica, dando o devido tempo para preparar a época. A reestruturação em vários sectores também tem sido efectuada e o afastamento de Pedro Mil-Homens da direcção da academia é um claro exemplo disto. Seguir-se-á, com toda a certeza, José Couceiro.

Tudo isto pode redundar em mais uma época falhada para os lados de Alvalade. No entanto, ao proceder desta forma os dirigentes leoninos estão, sem dúvida alguma, a “salvaguardarem-se” – caso não vençam, será muito mais mérito dos adversários do que demérito e falhas do próprio clube. 

Porque quando tudo é preparado atempadamente e de forma estruturada, as probabilidades de sucesso são seguramente maiores.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O verdadeiro teste

E por uma mera casualidade, se pode formar um grupo espectacular. Os jogadores são de boa qualidade individual, combinam entre si na perfeição, entendem-se dentro e fora de campo às mil maravilhas. O treinador encontra um balneário saudável e um sem fim de circunstâncias favoráveis incluindo a tranquilidade permitida por uma direcção espectacular e consciente. Os resultados vão surgindo naturalmente.

Mas há o dia em que chegará o verdadeiro teste da liderança no futebol. O dia que começará o nosso julgamento de quão bom é o treinador.

Domingos irá iniciá-lo já na próxima época. Acabou de pegar numa das equipas mais partidas do futebol português. Terá muito que lidar pela frente. Desde ajudar na remodelação de uma equipa com os pesados limites orçamentais impostos e prepará-la para as altas aspirações dos adeptos e administração. Passando por construir um clima de confiança num balneário pródigo em conflitos e atritos. Mas mais importante ainda, trabalhar um modelo de treino e de pensar o futebol completamente novo para começar a criar a cultura vencedora no clube. No fim julgaremos.

André Villas-Boas anda neste momento nas bocas de muitos clubes europeus de grande reputação, que estão à espera de um discípulo milagreiro do Special One. As suas conquistas com a equipa portista este ano foram algo de estrondoso. Pinto da Costa garante que ficará para a próxima época, e acredito que se tal acontecer o sucesso será muito provável. Mas o verdadeiro teste virá quando tiver que fazer as malas. Villas-Boas só realmente se afirmará como Grande quando pegar numa outra equipa, num outro contexto, numa outra realidade, e afirmar a sua filosofia, o seu método.

  Pep Guardiola. Muitos já o consideram o melhor do mundo. De facto, o Barcelona de hoje conseguiu chegar a um patamar mítico nunca antes visto. Toda a sua máquina encontra-se perfeitamente alinhada e engrenada para a produção daquilo que é a perfeição no futebol. Sim tem dos melhores jogadores planetários. Sim vive lá o Deus Messi. Mas há algo mais naquele clube completamente transcendente. Algo que ultrapassa e prevalece sobre toda a qualidade individual dos jogadores e treinador. Desde as camisolas da Unicef até ao peso história de um clube que é um verdadeiro planeta futebolístico. Pep Guardiola para mim só será grande quando se afirmar numa outra realidade, num outro mundo que comprovará a verdadeira consistência da sua filosofia e da sua influência.

Chegará sempre a altura da mudança que testa os verdadeiros mestres da estratégia no futebol.

domingo, 22 de maio de 2011

António Fiúza – parabéns!


Tenho uma especial admiração por aqueles que, sozinhos, se dedicam a causas por paixão, conseguindo arrastar multidões consigo.
Na altura do caso Mateus, António Fiúza ousou desafiar os tubarões do futebol português, tendo saído com uma derrota esmagadora.
É certo que o processo ainda não terminou, mas as consequências quer para o Gil Vicente quer para o próprio António Fiúza têm sido desastrosas.
De aí em diante, toda um povo barcelense deixou de acreditar no seu clube, criticando ferozmente o seu presidente.
Porque no dia em que o Gil foi condenado à descida, não faltaram críticos e comentadores de bancada a criticar o presidente.
Sim, são os mesmos que hoje lhe dão palmadinhas nas costas e lhe dão os parabéns por sozinho, ter acreditado que era possível trazer o Gil Vicente de volta à principal competição do futebol português.
Estando a equipa com um pé e meio na primeira liga, penso que é justo homenagear uma pessoa que dedicou parte da sua vida ao Gil Vicente.
Como orgulhoso barcelense, agradeço-lhe por ter acreditado sempre, mesmo nas alturas em que era feroz e injustamente criticado por todos.
Que Domingo, no Estádio Cidade de Barcelos, seja uma tarde de festa.
Que seja uma tarde dos Barcelenses, do Gil Vicente e do principal obreiro de tudo isto: António Fiúza!
PS: nada a dizer quanto à Taça de Portugal. Quando todo o mundo pensava que o Porto não sabia vencer sem Falcão, eis a resposta. Uma palavra especial para Beto. Um guarda-redes que não custou milhões e que não dá pontos. Dá títulos!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ser grande vs Estar grande

Entre muitos outros aspectos, a final da Liga Europa veio confirmar o mérito que o Braga teve em estar presente no jogo de ontem. Muito mais do que um mero acaso, a presença dos Guerreiros do Minho deveu-se a um trabalho sério, dedicado e meritório.

Fruto de uma década de trabalho assente sobretudo na construção da estrutura e dos pilares de suporte ao clube, o Braga tem conseguido levantar o debate sobre a capacidade de ser um dos grandes. Aí reside, a meu ver, o cerne da questão.

Queira-se ou não, o que é certo é que o Braga encontra-se neste momento entre estes dois estados – “ser grande” e “estar grande”. Hoje em dia, é mais do que evidente que o clube está grande. É igualmente notório, que “é grande” em muitos outros aspectos como a organização e a capacidade de trabalho.

A capacidade de continuar esta transição positiva de forma sustentada marcará o futuro do clube. A próxima época e a capacidade do seu presidente conseguir regenerar a equipa de forma equilibrada, servirá como mais uma etapa na construção de um grande clube. Eu acredito que as qualidades do clube se manterão por longos anos.

Nota final (inevitável) para o FCPorto. Está muito acima de todos os outros rivais em Portugal e, neste momento, não é um clube grande mas sim enorme. Enorme na qualidade dos jogadores, na perspicácia do staff técnico, na humildade, na capacidade de trabalho e, acima de tudo, na organização.

Um campeão mais do que justo a coroar uma época perfeita!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma qualidade que poderá não durar

A final da Liga Europa amanhã em Dublin significa o confronto entre duas equipas de enorme qualidade lideradas por dois treinadores jovens, talentosos e ambiciosos. Qualidades estas que devem ser vistas como verdadeiros exemplos do tipo de mentalidade que o nosso país precisa.

A atenção mundial que estas duas equipas irão receber amanhã irá ser um culminar do reconhecimento do seu verdadeiro valor. Muitos jogadores do Fc Porto e do Braga irão estar certamente cada vez mais na mira dos clubes lá fora que já começaram a planear a próxima temporada.

As cotações dos jogadores e treinadores irão subir nos mercados. Vamos ver mãos estrangeiras a acenar com o papel verde, grandes salários completamente impraticáveis no futebol português começarão a ser propostos.

Os treinadores das equipas-maravilha são os primeiros a serem assediados. A saída de Domingos é certa e confirmada. Já Villas-Boas terá pela frente tempos difíceis para a sua consciência. Clubes como Liverpool, Chelsea, Inter, Juventus já o têm referenciado já algum tempo e irão pôr certamente à prova a solidez dos planos de carreira do treinador portista.

Fará claro todo o sentido o jovem treinador permanecer e lutar pela Champions vestido de azul e branco, até como forma de se deixar amadurecer e evitar ascensões precipitadas que podem não acabar bem. Mas os grandes lá fora vão atacar forte e resistir será tudo menos fácil.

Para além dos treinadores, os jogadores-chave também irão ser bombardeados. Jogadores como Hulk, Falcão, Hélton, Lima, Rodríguez, Sílvio, etc não irão passar despercebidos. E assim sucumbem rapidamente as grandes equipas portuguesas que ocasionalmente se vão formando.
     

sábado, 14 de maio de 2011

Porto vs Braga: a força de um País!

Em véspera da final da Liga Europa, que vai pôr frente a frente as duas melhores equipas portuguesas do momento, o clima que se respira é fantástico!
Ambos os treinadores com discursos ambiciosos, sem insultos ou picardias imbecis; os presidentes não têm incendiado os ânimos e até os adeptos parecem estar em paz e harmonia, dispostos a contribuir para uma noite história do futebol português.
Mas, porque será que, mesmo quando tudo parece estar bem, aparece um imbecil qualquer a estragar tudo?
Sim, será que alguém no seu perfeito juízo, sabendo que é “apenas” o Secretário da Juventude do Desporto, está de perfeita saúde mental quando afirma que na final irá torcer pelo Braga? Não.
Mas este é apenas o reflexo dos políticos que o país possui e que não estão à altura do momento que o futebol irá proporcionar.
Quanto ao jogo propriamente dito, que ganhe o melhor. Se o melhor ganhar, a taça irá para a Invicta. Estão a praticar um futebol absolutamente incrível, possuem jogadores de topo e têm um dos melhores treinadores do momento, estando neste momento são capazes de ombrear com as 5 melhores equipas do mundo.
PS: que todos os que terão a felicidade de estar em Dublin cumpram uma ideia lançada pelo Prof. Marcelo: antes do início do jogo, que se entoe a “Portuguesa”. Para nos sentirmos orgulhosos e para que a Europa possa sentir a força de um país chamado Portugal.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Humildade e Responsabilidade

Tal como grande parte dos nossos leitores, também eu considero que a humildade é um traço de personalidade fundamental no caminho para o sucesso pessoal e profissional de cada um. Só sendo capaz de reconhecer os nossos pontos fracos é que os poderemos melhorar e ficar cada vez mais perto da perfeição.

Jorge Jesus claramente não se enquadra nesta tipologia de pessoas. Mesmo quando a altura é de reconhecer publicamente os seus erros, JJ consegue enaltecer o seu trabalho como mais ninguém o faz. Nem o seu próprio presidente.

Da invenção da defesa à zona no Amora, à desmistificação dos 4 momentos do jogo até à enunciação de vitórias épicas que nunca vieram a acontecer, Jorge Jesus consegue que se fale mais da sua arrogância do que dos seus méritos (que os tem!). Mais do que isso, o seu discurso acaba por colocar os jogadores nos píncaros, conduzindo-os a níveis menores de esforço e dedicação por parte destes.

Num assombro de humildade pouco comum na história do estilo de dirigismo benfiquista mais baseado na “dimensão” e “grandeza” do que propriamente na necessidade de construir boas equipas, Luís Filipe Vieira veio a público assumir os erros que foram visíveis a todos – excesso de descontracção e falta de humildade. Veio tarde mas acaba por ser o reconhecimento do estilo de liderança mais eficaz do FCPorto baseado no trabalho e não naquilo que a imprensa escreve.

Em suma, que ninguém duvide que humildade e responsabilidade são duas palavras que andam de mãos dadas. Havendo humildade, estar-se-á mais alerta para todas as adversidades e tudo será preparado de forma mais conveniente.

Acredito que o Benfica aprendeu a lição e que, como tal, possa ser mais competitivo na próxima época. Será suficiente?

domingo, 8 de maio de 2011

O Poder do Discurso

Um aspecto importante que dita o sucesso de um treinador é a imagem que consegue passar para a imprensa, para os adeptos e para os adversários. Esta imagem é construída em grande parte através da postura e do discurso que transmite nas conferências de imprensa, flash-interviews e restantes entrevistas.

O discurso do treinador para a imprensa é um instrumento potentíssimo que ao ser utilizado de forma competente e inteligente pode assumir efeitos positivos na equipa, injectar confiança em jogadores específicos, tranquilizar e motivar os adeptos e passar mensagens aos adversários. É numa conferência de imprensa em que se começam a travar muitos duelos importantes, onde se jogam os tão badalados “mind games” popularizados por certos treinadores.

Também são nas conferências de imprensa e demais entrevistas que um treinador poderá começar a sua própria auto-destruição. O exemplo mais recente é claramente Jorge Jesus. O mister do Benfica opta por uma estratégia assente num discurso de extrema confiança. Chega mesmo a impor certezas e compromissos para o futuro tentando passar uma imagem de que está convicto nas suas capacidades e na qualidade da equipa. Na verdade, esta mesma estratégia saiu furada esta época, acabando por pôr em enorme risco toda a sua credibilidade e coerência.
   
As afirmações feitas no início da época tais como “Vamos ter mais um ano de magia”, “Estamos muito mais fortes que o Fc Porto”, foram “frases-compromisso” que agora são atiradas à cara de forma bem forte a JJ, arruinando a sua imagem perante os adeptos e direcção. E mesmo assim, nestes últimos dias continuamos a ouvir Jesus a transmitir palavras de certeza de que para o ano irá voltar a ser campeão. Não estará a voltar a cair no mesmo erro?