quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A idade é um posto...



Aplica-se tão bem este dizer popular em relação ás prestações das equipas portuguesas na Liga dos Campeões, finda que está esta jornada. Creio que tanto o Benfica como o Braga foram vítimas de uma certa inexperiência na maior competição de clubes do mundo. Senão vejamos.

O Braga e o Benfica, não fizeram jogos brilhantes, mas também não jogaram mal. Bateram-se bem com o seu adversário, criaram oportunidades para fazer golos, tiveram fio de jogo. Mas (e perdoe-me o leitor a aplicação de um outro ditado popular, quem não mata morre. E morre sem apelo nem agravo.

O Braga rematou muito, criou várias oportunidades. O Shaktar no primeiro remate que faz à baliza marca um golo, ainda que com a devida colaboração do guarda-redes Filipe. O Braga tenta reagir e logo de seguida sofre mais outro golo. Quase com naturalidade, e em pouco tempo surge o terceiro.

O Benfica também se batia taco a taco com o Shalke, uma equipa colectivamente sem muita experiência na Champions mas com jogadores que individualmente a tinha. Sofre o primeiro golo e enquanto tentava recuperar, um erro da defesa leva ao segundo golo do Shalke. O Benfica não mostra capacidade para recuperar.

Na minha opinião isto foi devido à inexperiência das equipas nesta competição. Acredito que, pouco a pouco, vão melhorar e conseguir melhores resultados. É por isso que é também necessária uma boa prestação das equipas portuguesas nas competições europeias, para que consigamos mais uma equipa na Champions para o ano ou dentro de dois. e se continue a ganhar experiência que, neste momento, só o FCPorto tem. A selecção nacional agradece também...

sábado, 25 de setembro de 2010

Uma profissão que merece respeito


Arbitrar um jogo de futebol, hoje em dia, tornou-se numa actividade de “alto risco”. Aos olhos da nossa cultura futebolística, um árbitro é quase como uma encarnação de tudo o que há de negativo no futebol: provoca insultos e cânticos desrespeitosos, os seus erros têm o poder de adulterar um resultado de uma partida, as decisões tanto boas ou más levam sempre a discussões e a criar climas de desconfiança baseadas em crenças na existência de conspirações e sistemas mafiosos.

A arbitragem por si só é quase um desporto de alta competição sujeita a uma elevada competitividade e essencialmente a um enorme desgaste a nível emocional. Muitas vezes dou por mim a pensar na gigantesca pressão e responsabilidade que um árbitro deve aguentar num clássico como no Benfica-Sporting da semana passada. Uma simples decisão mesmo que acertada leva sempre a desacordo por parte de muitos intervenientes: adeptos, jogadores, treinadores, podendo o clima de pressão tornar-se realmente sufocante.

Todo o assalto emocional a um árbitro começa logo nas conferências de imprensa que antecedem os jogos por parte de treinadores e jogadores que lançam sempre as suas expectativas e provocações, os insultos e assobios começam até mesmo antes de se iniciar a partida demonstrando o quão enorme já é o estigma de ódio e revolta que a simples presença de um árbitro representa. Temos o momento alto de tensão durante a partida, em que a lucidez e a frieza das decisões terão que ser mantidas, por fim acaba com o escrutínio e o esmiuçar dos lances polémicos nas conferências pós-jogo e nos longos debates semanais.

Tendo em conta todo este contexto, o mundo de um árbitro consegue ser muito difícil e desgastante, levando-nos a uma certeza que teremos respeitar: nem todos podem ser futebolistas, mas muitos menos podem ser árbitros. Assim quando se vê um árbitro a conseguir ganhar o respeito e a conquistar uma reputação de qualidade no mundo futebolístico, não vejo razões para não respeitá-lo e admirá-lo ao nível de um jogador de topo.

Entrando em linha de conta com o último texto do meu colega Tres, não será nada mais sensato e honesto considerar que afinal, são humanos e no futebol todos somos.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Notas soltas

Apenas uma nota para os nossos leitores: para quem ainda não teve oportunidade de consultar, recomendamos o site de Carlos Carvalhal. http://www.coachcarvalhal.com

Bem estruturado e explicações tácticas muito bem explanadas!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Táctica a mais, jogadores a menos?

Dizia um conhecido comentador da praça pública há uns tempos atrás que, em todas as equipas por onde andou, Paulo Sérgio demonstrou sempre ter táctica a mais para os jogadores que tinha. Por algum motivo essa frase me ficou na memória…

Inserir os jogadores num sistema táctico base que permita potenciar as suas qualidades e promover a interligação entre eles, deverá ser o papel primordial de um treinador. Só assim, os jogadores podem ir adquirindo rotinas e a partir daí poder subir novos patamares na evolução da equipa.

A verdade é que nada disto tem sido feito no Sporting! Paulo Sérgio parece andar com(o) a equipa – aos solavancos e sem estabilidade. Não apresenta estabilidade e não promove a aquisição de rotinas o que, aliado ao pouco tempo de trabalho do treinador do clube, cria dificuldades acrescidas que eram perfeitamente evitáveis. Na pré-época adoptou um sistema táctico que parecia vir a cortar um pouco com o passado recente do clube, tendo o Sporting rubricado agradáveis exibições. Daí em diante tem sido uma roda-viva de mudanças – Carriço a central, indecisões nas posições de Valdez, Matias, Vukcevic e em tantos outros.

A exibição do último fim-de-semana foi completamente desastrosa – bloco médio/alto mas sem pressionar o que conduzia a enormes buracos nos “espaços entre-linhas” da defesa leonina onde Aimar, Carlos Martins e Cª apareciam a seu bel-prazer; ataque completamente ineficaz e desprovido de qualquer fio de jogo, etc. (Sim, as lições tácticas de Carlos Carvalhal no Pontapé de Saída têm tido alguma utilidade…)

Ao contrário do que a maioria das pessoas opinaram, não considero igualmente que a mudança radical no jogo de Lille tenha permitido “ganhar” jogadores. Isso aconteceria se pelo menos 2 ou 3 desses que conquistaram uma brilhante vitória, se tivessem mantido para o jogo seguinte. Assim sim Paulo Sérgio teria ganho novos jogadores e dado uma prova cabal de que conta com todos de igual forma.

Em suma, considero que se o actual treinador do Sporting continuar com esta filosofia que assumidamente quer implementar de rotatividade táctica e de jogadores, a equipa sportinguista vai demorar muito a afinar e estabilizar.

De facto, a este Paulo (que também é Bento) falta-lhe mesmo mais tranquilidade a mexer na equipa…

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Afinal, são Humanos…

Seremos nós, simples mortais, capazes de perceber que aquele que falhou um penaltie tem tanta culpa como aquele que nos serviu um chá quando na verdade lhe pedimos apenas um café? Errou, e depois? Insultamos o homem do café e a mãe dele, tal como insultamos o futebolista? O que os diferencia afinal?

Até quando iremos julgar os jogadores como divinas perfeições que Deus mandou ao mundo com a missão de nos mostrarem que os humanos não erram? Até quando iremos deixar que o silêncio mudo do suicídio de alguns (Robert Enke) não seja capaz de nos fazer para e pensar?

Porque ele foi capaz de nos mostrar da forma mais cruel que também eles têm problemas, também eles sofrem, também somos, afinal, tão parecidos! Com ele conseguimos durante 30s da nossa vida acreditar que os jogadores têm família, afectos e emoções. Conseguimos até acreditar que eles podem errar porque afinal, há coisas mais importantes na vida.

Fomos capazes de estar cientes disso até ao momento em que o jogador da nossa equipa falhou um penaltie e aí insultamo-lo a ele, à mãe e à tia. Nesse dia apenas julgamos o futebolista enquanto amuleto que nos reforça o ego e nos alenta e não enquanto ser humano tão igual a nós.

Que o futebol seja uma festa, uma distracção, até uma forma de nos motivar, mas que isso não implique uma exigência sobre-humana para com os jogadores… Que não implique que um frango do Roberto nos faça ficar sem dormir uma noite, que a transferência de Moutinho para o FCP nos mostre que aquele Homem que um dia admiramos e idolatramos, passe a ser odiado apenas porque veste uma camisola de cor diferente da que estávamos habituados…

Exigimos aos jogadores aquilo que sabemos que eles não são capazes de dar. Exigimos que nos compensem emocionalmente pelos desequilíbrios que por vezes temos na nossa vida. Não conseguimos vê-los como iguais a nós… Porque ganham muito dinheiro, porque apenas treinam 2h por dia e porque aparecem na televisão, têm a obrigação de nos fazer sorrir, de nos dar alegrias, de nos dar aquilo que não somos capazes de obter no mundo que nos rodeia?

Até quando iremos ver os jogadores como máquinas e não como seres que sentem e sofrem tal como nós, independentemente da conta bancária?
Seremos algum dia capazes de ver este desporto como tal? Ou iremos preferir apenas alimentar o nosso ego, mesmo que isso implique uma visão subdesenvolvida da nossa parte?

Vale a pena pensar nisto…

domingo, 19 de setembro de 2010

Mourinho e a Selecção

Antes de mais eu gostaria, caso fosse possível, que algum dos nossos leitores me explicasse o que vai na cabeça de Gilberto Madaíl, numa altura em que a selecção nacional precisa de soluções e estabilidade e não de soluções peregrinas e provisórias.

Que José Mourinho é, muito provavelmente, o melhor treinador do mundo, ninguém duvida. Que quer treinar a selecção nacional um dia destes também não. Mas por um período relativo a dois jogos?? Que se passou na cabeça de Gilberto Madaíl?

Madaíl começou logo por tentar Mourinho por 2 jogos. Além disso falou-se ainda em ser ele uma espécie de treinador principal e um outro (Paulo Bento ou não) um treinador de campo ou secundário. Qualquer que fosse esta segunda escolha, e que depois prosseguiria com o trabalho, sentiria-se sempre uma segunda escolha. Se falhasse a culpa seria sua, se tivesse sucesso os louros seriam dados a Mourinho.

Mourinho quer a selecção. Mas sabia que Florentino Perez nunca o deixaria saír. E mais uma vez conseguiu saír por cima (ainda que não muito no que toca aos adeptos do Real) ao dizer que só não veio em salvação da seleção porque não o deixaram. No lugar dos adeptos do Real compreenderia este "empréstimo" de dois jogos, mas muitos deles não pensam assim. E Florentino Perez tem é de zelar pelo seu clube e bloqueeou o "empréstimo".

Madaíl devia ter deixado esta ideia megalómana logo à partida e concentrado as suas atenções em arranjar logo uma solução definitva, capaz de ganhar os dois próximos jogos e levar a equipa ao próximo Europeu. Um treinador consensual urge...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quando já não se discute futebol


Toda a emotividade e beleza de um jogo de futebol irá sempre dar que falar. É certamente natural discutirmos qual a equipa que joga melhor, quais são os melhores jogadores, qual o nosso estilo preferido de jogo, e debatermo-nos sobre o porquê de umas equipas terem sucesso e outras não. Pois em Portugal tudo se discute, mas de futebol é que não é de certeza.

A verdade é que cada vez que vemos um debate televisivo ou folheamos as notícias em destaque hoje em dia na imprensa verifico que já não se fala de futebol. Ainda só passaram quatro jornadas do nosso campeonato e já está toda a polémica instalada em redor de arbitragens “manipuladoras”, ou referências a “forças ocultas” que já prevejo que irá minar e dominar toda a temática da discussão do futebol português toda esta época.

Poderemos dizer que ano passado foi o ano dos túneis, ou seja, num ano falou-se mais de túneis do que propriamente das boas exibições e fantásticas dinâmicas que o Benfica conseguia incutir no seu jogo, e menos se questionou também do porquê do insucesso da equipa portista, que nos presenteava com algumas exibições irreconhecivelmente fracas por parte da equipa de Jesualdo que, de forma honesta e directa, chegou recentemente a admitir que simplesmente falharam porque não foram suficientemente competentes.

Este ano tudo indica que nada vai mudar e receio que com contornos agravados. Pois mal a época começou e já vemos reuniões de emergência de onde saiem medidas drásticas e precipitadas, dando a entender que a direcção benfiquista quer fazer acreditar aos seus sócios que nada mudou na qualidade futebolística do plantel encarnado, o brilho continua lá só que agora as forças malévolas voltaram e em força. Ninguém questiona o inexplicável desaparecimento do estilo de jogo pressionante e sufocante por parte do Benfica, da ineficácia de Cardozo, dos falhanços da linha defensiva do Benfica que eram raros na época passada, de um guarda-redes que ainda está longe de convencer, dos rendimentos de César Peixoto (cuja perda de bola deram o segundo golo ao Guimarães). Simplesmente não consigo vislumbrar qualquer tentativa por parte dos órgãos do Benfica de explicar o óbvio: que o Benfica que arrancou esta época está a milhas daquilo que foi ano passado.

No meio desta cultura de desculpabilização saloia, acresce a incompetência por parte da Federação. Neste momento leio rumores ainda não confirmados de que Madaíl está em Madrid a tentar convencer Mourinho a pegar na selecção nacional apenas para os próximos dois jogos. Bem se isto é verdade, tudo se resumirá numa só palavra: anedótico.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Entrevista a Carlos Cachada, preparador físico do Vitória Futebol Clube


Nome: Carlos Alberto Cunha Cachada
Idade: 29 anos
Área profissional: Professor de Educação Física
Situação profissional actual: Preparador Físico do Vitória Futebol Clube


1.Actualmente é preparador físico do Vitória Futebol Clube. Pode-nos explicar como surgiu essa possibilidade quando ainda estava no Gil Vicente?
Iniciei a minha “aventura” no futebol como observador no Gil Vicente, conciliando esta função com trabalho de campo em clubes amadores. Este forma de iniciar permitiu-me mostrar as minhas aptidões e competências e consequentemente a procurar novos patamares de conhecimento e de aperfeiçoamento.

2.Nos últimos anos, o treino integrado começou a ser bastante utilizado pelas equipas técnicas. Podemos afirmar que, com o passar do tempo, o preparador físico ganhou um papel de maior destaque?
Não é de agora a inclusão de preparadores físicos nas equipas técnicas, se agora tem maior ou menor destaque depende do tipo de filosofia em que está inserido. No entanto, afirmo que não se trata de maior destaque, apenas de participação e de envolvimento na planificação integral do treino.


3.Ao observar a equipa técnica do Vitória, vemos que conta com três Treinadores Adjuntos e um Preparador Físico. Não existe um conflito de ideias, interesses e tarefas? Se sim, como é que essa situação é gerida?
Todos nós temos ideias diferentes as quais tentamos sempre colocar um cunho pessoal mas tudo tem que convergir num ponto comum que são as ideias do líder. Cada elemento tem a noção da sua função e da sua importância, o que interessa é que cada um contribua com os seus conceitos com vista a dotar o líder de informação pertinente e concreta para uma melhor decisão.

4.Dada a distância que, grande parte dos treinadores procura manter para com os atletas, será correcto afirmar que os jogadores têm uma relação mais próxima com os preparadores físicos do que com os próprios treinadores?
Sim é verdade. Os Preparadores Físicos ou os Treinadores Adjuntos tem a sua liderança mas não são os treinadores principais, então os jogadores sentem mais confiança, ou se preferirmos, mais à vontade para desabafar os seus problemas. Estas situações acontecem mais com os jogadores não convocados. Eles demonstram o seu descontentamento ao elemento da equipa técnica mais próximo.

5.Os seus métodos seriam aplicados de forma igual caso estivesse com os mesmos jogadores mas noutro campeonato? Ou seja, as especificidades (mais/menos contacto físico, etc) de cada campeonato condicionariam os seus planos de treino?
Cada caso é um caso. Os meus conceitos e ideologias seriam os mesmos mas teria que as adaptar a realidade existente.

6.Antes de um jogo decisivo, em que a ansiedade dos jogadores aumenta, o treino é feito de forma diferente, de forma a libertar os jogadores? Ou essa é uma questão meramente psicológica?
A ansiedade dilui-se com a experiência do atleta. Temos noção que a ansiedade é maior em determinados jogos. Desta forma, a mesma é inserida no microciclo (microciclo padrão) e, conjugada com os outros factores, sem alterar o mesmo.

7.Fala-se muito em picos de forma. Esses picos existem? Estão associados à vertente física, ou são consequência de uma época longa e desgastante?
Picos de forma existem para quem acredita neles, para quem trabalha para isso. Os picos de forma estão quase sempre associados à componente física. Porventura determinadas pessoas pensam que esse pico de forma existe porque com o decorrer da época, a equipa ganhou outra dinâmica, outro automatismo que não conseguiram criar inicialmente. Pessoalmente aquilo em que trabalho e acredito é numa forma desportiva linear e constante, sem cargas físicas na procura de “picos de forma”.

8.Ser preparador físico de uma equipa como o Vitória de Setúbal, é diferente de ser preparador físico de uma equipa de maior nomeada? Por exemplo, no início da época, ouvimos Jorge Jesus afirmar que no início da época costuma dar cargas fortes aos jogadores mas que este ano, como estava no Benfica, não o iria fazer uma vez que os adeptos exigem vitórias no imediato pelo que a equipa tinha de estar preparada para responder mesmo nos jogos particulares. Como interpreta esta análise?
Continuando a responder as duas questões anteriores, tudo depende da metodologia de trabalho. Não conhecendo a fundo o trabalho do Mister Jorge Jesus, posso deduzir que sentiu necessidade de criar automatismos e dinâmica mais rapidamente. Volto a repetir que não conheço o trabalho desenvolvido pelo Treinador.

9.Qual o jogador fisicamente mais evoluído que já treinou?
São muitos é difícil enumera-los.

10.Até que ponto “castigar” ou “premiar” uma equipa com treinos mais pesados ou com folgas, afecta a planificação de um preparador físico?
Acho que são poucos os treinadores que acreditam nisso. Na equipa técnica em que estou inserido o líder não altera a sua planificação só porque ganha ou perde. Pode às vezes dar mais um dia de folga para descansarem após uma forte sequência de jogos, só isso.

11.Normalmente atribui-se uma grande parte do sucesso de uma equipa à pré-época que esta realiza. Hector Cuper, por exemplo, é apologista de trabalho em altura, com diminuição do ar, e provas duríssimas que levam os jogadores a limites impensáveis. A nossa pergunta reside no seguinte: será o treinador que escolhe um preparador físico à sua imagem, ou o preparador físico segue a filosofia do seu “chefe”?
Ambas são validas. Todo o preparador físico ou adjunto quando é convidado para uma equipa técnica já sabe qual a metodologia de trabalho do líder, se não sabe tenta perceber as suas ideias. Um ponto comum em ambas as situações é que a palavra final será sempre a do líder.

12.Um número anormal de lesões musculares numa equipa, é sinónimo de falhas na preparação física da mesma?
As lesões podem vir por varias razões, falha na preparação física, excesso de carga de trabalho, pouco trabalho para um esforço muito grande, má alimentação, noitadas, etc.

13.No Gil Vicente foi observador das equipas adversárias. Apesar de hoje desempenhar outras funções, sabe reconhecer valores individuais. Se pudesse escolher um jogador de cada um dos “grandes”, quais seriam as suas escolhas?
Do Benfica o Aimar, do Sporting o João Pereira, do Porto o Falcão.

Em nome de todos os elementos do FutebolStorming, agradecemos a disponibilidade demonstrada para fazer esta entrevista, desejando todo o sucesso para o "seu" Vitória Futebol Clube e para si em particular. Obrigado!

sábado, 11 de setembro de 2010

Queiroz, leva-me contigo…

Quero ir contigo dar a volta ao Mundo… Ou irás desistir antes de embarcarmos? Irás por entraves quando estiveres a fazer o check-in, ou irás deixar que o segurança te reviste sem lhe espetares um murro e lhe mostrares o teu BI com validade (uma vez que ainda não tiraste o cartão de cidadão…), alegando que estamos numa democracia e ainda temos liberdade de circulação?

Serás capaz de lidar com as críticas, ou irás responder sempre com arrogância, prepotência e altivez a todos aqueles que duvidarem da tua capacidade de concluir a volta ao mundo com sucesso?

Se conseguirmos embarcar, e já dentro do avião, serás capaz de dizer que a congestão que a comida te provocou é da responsabilidade dos tripulantes e não da tua casmurrice em não teres feito a escolha certa?

E se for necessário dormir ao relento, serás capaz? Ou irás resmungar com o rei da selva, insultando a mãe e a tia dele, porque os outros animais e o nascer do sol te incomodaram às 7h da manhã, hora de descanso?

Já agora, se por acaso, devido à nossa incompetência que somos capazes de reconhecer mutuamente, juntando o facto de sermos pouco audazes, incapazes de crescer, de acreditar nas nossas capacidades, limitando-nos apenas a deixar as coisas acontecer, crendo milagrosamente que alguém nos iria levar até ao fim do mundo, tivermos que regressar a casa por não termos sido suficiente bons? Ah, já sei… Aí a culpa não é nossa, afinal, conseguimos o objectivo mínimo: embarcar!

À chegada, ao desembarcar, iremos ter à nossa espera alguns insultos, sentiremos vergonha, iremos ver o quão fracos fomos, o quão incapazes mostramos ser… Sentiremos ainda pena de não ter arriscado, de não ter deixado o nosso povo orgulhoso de nós… Mas não te preocupes: mesmo que na próxima viagem tu não possas ir por qualquer motivo, eu irei a representar-te e irei-te defender até às últimas consequências, mesmo que o povo não entenda porquê…

Mas aí, tu vais-me lembrar a razão porque quis embarcar contigo: caso isto corresse mal, alguém nos iria pagar 3 milhões de euros… Apenas porque fomos incompetentes! Foi por esses 3 milhões que aceitei embarcar contigo…

Abraço amigo,
Agostinho Oliveira

PS: todas e quaisquer semelhanças com a realidade são pura ficção e revelam apenas que o leitor tem uma mente brilhante e fértil em algum acontecimento similar ao relatado anteriormente.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

E tudo Madaíl levou!

E como não há duas sem três aqui vai mais um post inteiramente dedicado à selecção de todos nós que, afinal, parece ser só de alguns! O “take 632” de mais uma das novelas gentilmente produzidas pelo nosso estimado presidente da FPF, teve hoje o seu epílogo. Resultado? Demissão de um seleccionador que, pelos vistos, já “só cumpriu os serviços mínimos” quando há dois meses atrás tinha cumprido tudo o que lhe tinha sido pedido.

Ninguém duvida que a reunião de hoje dos senhores da federação (perdoem-me mas é mesmo uma federação com “f” muitoooo pequeno!), não serviu para mais nada a não ser redigir o comunicado de 30 segundos proclamado com um semblante de tristeza (mal) dissimulado por Madaíl. A decisão estava tomada há muito e o tempo que demorou a suposta reunião não terá sido mais do que tentar passar para o público em geral a existência de eventuais incertezas e ponderações na decisão a tomar.

Nada de relevante me move a favor de Carlos Queiroz. Aliás, considero que não será o treinador ideal para a nossa selecção – é intempestivo e não parece motivar os jogadores. Todavia, o linchamento público que os meninos do xixi despoletaram e que a federação e governo trataram de dar a continuidade desejada, constitui-se como um retrato fiel dos dirigentes presunçosos e de pequenez intelectual que temos.

Numa época onde se discute a flexibilidade laboral e os despedimentos que não olham a interesses dos trabalhadores, eis que nos surge esta pérola. A partir daqui, e tendo o Governo claramente interferido em todo este processo, que moral terá o governo para condenar empresas privadas que tenham o mesmo tipo de atitudes? Já se falam em jogadas de bastidores na procura de uma figura política ligada ao partido do governo para assumir o cargo da federação e isto é muito preocupante!

Não sabemos como isto vai acabar mas, ao contrário da equipa de futebol, a federação certamente estaria melhor em piloto automático. Demita-se senhor Madaíl e leve consigo todo o pó que lá mora…com muita tranquilidade!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

E agora?


Quando se pensava que o pior já tinha passado, que toda a turbulência à volta da selecção já tinha atingido o topo e que não havia forma de ficar pior, eis que uma jornada dupla (e logo a inicial na caminhada rumo ao Europeu) vem tornar as coisas ainda mais negras.

Sei que este post vem na mesma linha do que foi colocado antes dele, mas era inevitável não falar no tema. Um foi a seguir a um empate com o Chipre. Outro a seguir a uma derrota com a Noruega.

Foram dois jogos (principalmente o primeiro) que tinham tudo para trazer de novo a tranquilidade à selecção nacional. A primeira equipa era acessível, a segunda dava oportunidade de confirmar um problema ultrapassado. O seleccionador até era outro (ainda que provisoriamente). Não o deixaram preparar a equipa à sua maneira de ver o jogo (Queiroz estava sempre em cima de tudo) apesar de ser ele a estar no banco a sentir o pulso da equipa, limitaram-se a pedir que fosse a face do piloto automático. Não resultou.

Queiroz devia ter-se afastado estes jogos e os próximos, enquanto está suspenso, para deixar tudo acalmar. Voltaria depois para tentar provar uma vez mais o seu valor. Se falhasse seria então afastado definitivamente. Esta é a minha opinião. Pelos visto não é a da Federação.

Assistimos a um "linchamento" público de Queiroz Talvez devido ao facto de a Federação o querer despedir sem gastar dinheiro. Queirós ainda não provou nada, mas merecia o benefício da dúvida neste inicio de campanha (quando voltasse da suspensão). Com estes resultados, o seu futuro fica seriamente em risco.

A solução para este este imbróglio deverá ser radical. Quando Queiroz sair, apenas por maus resultados desportivos, toda a Federação deveria sair com ele. E talvez seja pouco, pois até o Secretário de Estado tem "ajudado à festa"... Uma mudança radical urge...

domingo, 5 de setembro de 2010

Uma selecção sem rumo nem piloto


Sim, podemos dizer que a selecção já nos pareceu uma potência futebolística e que nos deu já grandes alegrias e emoções, catapultadas por um povo português de extremos em que quando não é criador nato de polémicas e escândalos, consegue ser entusiástico e de forte apoio, e apoio esse que saiu sempre reforçado com um treinador carismático e motivador (mesmo que tecnicamente não tenha sido muito competente).

No entanto, no meio de eventuais picos de optimismo esconde-se uma dura realidade que todos quiseram e ainda querem parecer ignorar ou então esquecer. De que a nossa selecção, na sua era dourada, podia ter conquistado muito mais e que agora, à medida que esse período se vai desvanescendo, o que temos pela frente é um futuro sinuoso.

Vivemos num país em que o mais simples problema é deturpado com escândalos, suspeitas e tramas, criando um paraíso sem fim para os telejornais e jornais encherem-se de notícias, crónicas, debates e entrevistas. No entanto todos sabemos que tanto no futebol como na política, há uma característica em que países como o nosso falham redondamente: frontalidade.

Para quando a frontalidade para admitir aos portugueses, que a Federação não quer Carlos Queiroz e não vê futuro nenhum num treinador que em termos de credenciais como treinador principal de futebol é quase zero? Quando irão os senhores da FPF admitir que a selecção nunca teve uma estratégia e um rumo delineado desde o início e que agora sofrendo 4 golos contra um adversário bastante medíocre, só se ouvem comentários incompetentes por parte de elementos de responsáveis da Selecção referindo-se a termos como “piloto automático” ou “ tivemos um dos melhores ataques dos últimos jogos”?

Pior que assistir a uma situação não muito favorável no presente, é prever que tudo não irá melhorar num futuro próximo. Olhamos para a nossa equipa sub-21, liderados por um treinador ainda a aprender como se treina uma equipa, e concluímos que a próxima fornada de jogadores que irão alimentar a nossa equipa principal sinceramente tirando um caso ou outro, são quase todos eles apenas razoáveis e medíocres, sem nenhuma cultura de vitória, parecendo que para eles uma eliminação num apuramento para um Europeu é já algo de banal e habitual.

Acredito na ideia de que os valores dos nossos líderes e governantes apenas reflectem os valores que prevalecem em todos nós como um povo. Como tal, a frontalidade tem que nascer em cada um de nós e o primeiro passo é fazermos todos pressão para cortar o mal pela raiz que simplesmente se resumirá no seguinte: acabar com a era Madaíl. E o leitor o que pensa?

sábado, 4 de setembro de 2010

Preparação física – principal ou acessória?

Uma das dúvidas essenciais que me assombra desde que vejo futebol e para a qual ainda não encontrei resposta é: qual o papel que a preparação física representa na prestação de um jogador e consequentemente numa equipa?

Parece unânime que a preparação física é parte essencial do trabalho de um treinador e que o preparador físico assume um papel tão ou mais importante que o treinador – como exemplo gritante desta importância vemos José Mourinho que não dispensa o seu grande braço direito Rui Faria.

De acordo com alguns técnicos, a preparação física é a parte crucial, obrigando os seus jogadores a pré-épocas excessivamente duras, treinos feitos em altitude, corridas, exercícios exclusivamente físicos sem bola, sprints, resistência, etc… Como exemplo destas metodologias temos como expoentes máximos Hector Cuper, Ranieri, Camacho. Em Portugal actualmente temos Manuel Fernandes e Paulo Sérgio. Este último acredita convictamente que a parte física é o essencial para os jogadores e que só uma pré-época dura, será capaz de permitir aos jogadores aguentar toda a época. Contrariamente, podemos citar Villas Boas que juntamente com o seu adjunto Vitor Pereira, acreditam piamente que é possível efectuar um treino integrado onde é possível aumentar os índices físicos treinando sempre com bola. Ao mesmo tempo que os jogadores estão a trabalhar fisicamente, estão também a trabalhar a parte técnica.

Contudo, e para nos esclarecer estas dúvidas e de forma a ficarmos mais perto da realidade e daqueles que diariamente são os responsáveis pela preparação física dos jogadores, não percam na próxima semana a entrevista com o preparador físico de um dos clubes da primeira liga. Aceitam-se palpites e esperem, pois existem revelações surpreendentes…

Quem será?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ele é o número 10!

De entre os inúmeros chavões futebolísticos que todos nós já ouvimos, destaca-se um que nos diz que “a melhor defesa é o ataque”. Não duvido que assim seja! Aliás, considero o papel de defesa o mais ingrato de todos – se corta o lance não fez mais que a obrigação; se por ventura falha um passe em zona proibida ou não intercepta uma bola é de imediato lançada a sua sentença pública.

No entanto, esta minha constatação do papel ingrato que os defesas desempenham, não me impede de confessar a particular admiração que tenho por aqueles que conseguem desequilibrar ofensivamente; por aqueles que não têm medo de arriscar e de ter a bola nos pés e que comandam todo o jogo ofensivo da equipa. Executam ao mesmo tempo que pensam, têm sobre si os holofotes e as esperanças dos adeptos e, sobretudo, transformam um jogo de futebol numa arte inigualável. São eles que arriscam um passe que mais ninguém imagina, tentam mais uma finta e por isso falham mais vezes. A fronteira entre o fracasso e ser idolatrado é mínima mas, ainda assim, não têm medo de assumir responsabilidades.

Outrora jogadores única e exclusivamente virados para o ataque e com poucas ou nenhumas preocupações defensivas, o número 10 dos tempos modernos tem que ser muito mais que isso. Além de lhe ser exigido que decida à frente, é-lhe requerido que participe activamente em toda a transição e posicionamento defensivo da sua equipa; que seja um box-to-box e, simultaneamente, um organizador de jogo.

Percebo que assim seja. Os níveis de competitividade actuais assim o exigem e aos treinadores não é dada outra alternativa. No entanto, considero que toda esta complexidade e teia táctica a que todos os jogadores estão hoje em dia sujeitos, tem vindo a tirar algum brilhantismo a jogadores com capacidades técnicas notáveis.

Quando vemos jogadores como Maradona, Platini, Baggio, Zidane, Deco e Rui Costa, entre muitos outros, com a camisola 10, rapidamente percebemos da importância que este número assume. Embora não atribua grande importância aos números, considero que não deve ser qualquer jogador a usufruir deste mítico número (e certamente que Gallas não será um deles!)

É por tudo isto, pela capacidade de proporcionarem momentos únicos, pela coragem de arriscarem e de levar o adepto ao êxtase que, grande parte dos melhores jogadores da história, actuaram nesta posição.

A minha vénia a todos eles!