domingo, 28 de fevereiro de 2010

- " Um raio de sol..."

Pra não dizer que não fiz músicas de ninar para  os meninos... aqui vai uma delas.

 
Eu queria ser, um raio de sol
pra poder nascer, todas as manhãs,
pra brilhar no rosto da minha criança
refletir no riso, cheio de esperança.
Eu queria dar,do que há em mim,
só um bem maior, não o que é ruim, 
a lição de amar, apesar de tudo,
e a de conquistar,um lugar melhor.

Mas sei que a vida,
não é assim, como eu quero que seja
nem sempre é como a gente deseja
vai se vivendo de susto e surpresa.
E como o arco,
que ajuda a flexa a buscar seu destino,
ao me curvar rezo pro meu menino,
levar consigo, o melhor que há em mim.....

Vera  Alvarenga   

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

- " Quando eu morrer, duvido que não me brote do ser...."

 
Quando eu morrer, não me enterrem aos prantos, nem murmurem aos cantos : -"coitada!"
Bem perto, com certeza vão notar, uma avestruz desajeitada,
que de sufoco, morreu, como se sua cabeça estivesse enterrada!
Prestem-lhe atenção, que entre as asas, de uma brecha no coração,
sairá uma ave estranha - misto de pomba e andorinha !
Minha alma, podem crer, estará nela. Assim,
quando eu morrer, não me enterrem em prantos, fiquem felizes por mim!
Fui feliz o quanto pude. Tive amor, família, saúde,
tive quase tudo que eu quis, já que não desejei demais.
Amei a simplicidade e a liberdade dos momentos mais banais.
Se, entretando, alguma coisa guardei, escondida dentro de mim,
foi apenas esta ave estranha, agora liberta enfim!
Com a pomba em sua pureza, voarei eu certamente,
feliz, em meu vôo mais que inocente!
Entretanto, se o descrente,  não puder crer no que vê, 
ou por alguma razão incerta, alguém notar alguma indecisão,
nas asas de andorinha, desta estranha pomba liberta,
aí sim,amigos,  chorem por mim!
Tão frágil, a coitadinha,frente a este vôo inesperado
e a descrença de quem não vê, e
como é de sua natureza, não querer voar sozinha,
pode sentir tamanho medo e lhe cause tal susto, a surpresa,
que ela talvez volte pro coração,da ave que jaz no chão!
Então sim, chorem de pena e junto com a avestruz, me mandem cremar,
e minhas cinzas esparramar,numa noite linda e serena,
sôbre os lagos, as matas e o mar.
Porque será este, em cinzas, meu  derradeiro vôo.

Por isto, peço a quem me ama,não me façam velório,
nem me exponham aos olhos de quem não acreditou em mim,
e, por favor, nem me prendam na lama.
Pra matar as saudades,de quem as tiver de mim,
basta abrir uma janela,em dia de verão e ver
as andorinhas. Ou ouvir uma canção,
deixar o sol bater no rosto e rir mesmo de gosto,
de qualquer bobagem ou sonho,como eu faria pra alegrar o coração!
Mas...Quando eu morrer, duvido que não me brote do ser
esta ave estranha,misto de pomba e andorinha!
E se ela,em seu vôo livre, o infinito não alcançar,
então sim,podem me chamar :- "coitada"!
E na singela caixinha, invólucro do que eu fui, 
quem não quis crer, na ave que viu voar,
poderá, iludido escrever, ao lado da pequena cruz :
"Aqui jaz uma pomba branca,com asas de andorinha,
que morreu, pobrezinha, no corpo de uma avestruz!"

Vera  Alvarenga                                                1981

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

- " Pirilampo, minha luz..."

 
Pirilampo, minha luz
eu queria te fazer, meiga e suave
e te ver do amor brotar, como uma semente.
Um azul, de mar no olhar
um riso inocente,
como um sol a despertar, displicentemente...
A coragem de um soldado, em tempos de guerra,
mansa e fértil,como a terra, em tempos de paz.
Sempre alegre como um lar,cheio de crianças
realista, mas capaz, de ter esperanças!

Pirilampo,minha luz,
eu queria poder te dar, asas de andorinha
pra te ver livre voar, mas nunca sozinha;
o cabelo solto ao vento, um cheiro de jasmim,
como um rio ,que corre lento ,te ver crescer assim.
Imprevista como a chuva, que corta o verão,
a firmeza de uma rocha
 e um grande coração....
Pirilampo, minha luz,
sempre em meus sonhos eu,
te sonhei assim....

Vera alvarenga        1982.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

- " Cacos unidos pela cumplicidade... Obra de Arte !"

"Por que todos somos cacos, individuais, únicos, perfeitos, para ocupar aquele lugar no qual, nada ficaria melhor...
... quando somos reconhecidos como peça importante do todo, quando ocupamos aquele lugar de honra, que só existe para nós, damos o melhor do que podemos ser...
e então, a obra se completa, na paisagem maior... no Mosaico da Vida !
E todos somos felizes.
Se você me vê, me reconhece, respeita o lugar que preciso ocupar, então me valoriza e, cúmplices, criaremos juntos, uma obra de arte !"


 Vem comigo...                                                   
 traz o olhar atento,que busca e quer ver
 de tudo, o bom, que a vida pode conter,
 e juntando os cacos,com paciência,
 iremos, sabendo da vida, o segredo e ciência,
para perpetuar dela, a melhor parte !
            Com cumplicidade, cuidado, amor                              se me estendes a mão e segues comigo,                      a vida nos preenche de luz e calor                              e juntos, mais que amantes, amigos,                            criaremos vivendo, uma "Obra de Arte" !              

sábado, 13 de fevereiro de 2010

" A Dama e o Vagabundo..."


E já que é Carnaval, aqui vai a letra de uma música que fiz.
É uma marcha rancho que fiz, há tempos...

O dia acordou morno, naquela terça-feira
e ela que adormecia, sentiu-se estremecer,
abriu sua janela,  sentiu tal euforia
jurou que neste dia,  seria outra mulher!

 E pôs os seus adornos... e se enfeitou enteira
 e aos poucos já sentia,  arrepios de prazer
 ao lado de um retrato,  na cama ainda desfeita
 deixou o seu recato,  cansou de ser perfeita !


E assim, vestida em rendas
quis descobrir o mundo
E colocou-se à venda
amou um vagabundo!

E ela que se poupara,  de tantos carnavais,           
já nem lembrava mais, os sonhos que sonhara,
e a noite que chegava, promessas lhe trazia,
cansou de ser sòzinha e caiu na folia...

E assim vestida em rendas
tal dama mascarada,
foi tratada como princesa,
por toda a madrugada...

Vera  Alvarenga

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

- " Quem faz uma Música assim..."

Tem uma música que sempre me comove. É linda.
 Vale a pena conferir o vídeo.

 
Quando eu morava na praia, em Florianópolis, uma vez vi uma baleia bem perto da praia. Tinha um filhote que a estava seguindo. Eu comentei que ela parecia estar diferente, numa posição estranha... horas depois ela veio encalhar na areia e morreu.
Eu gostaria de ter feito esta música, pois quem faz algo assim, já pode dizer que contribuiu para um mundo melhor, não acham?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

- " Enquanto eu for um só...."


                                                              Sonhei, que mergulhei
num tempo que passou,
tão fundo, que até pensei
que ia me perder
nas sombras, do que fui.
E então, um desejo ardente
se fez em luz incandescente
e criou asas em mim
e eu pude libertar
o que eu fui procurar
meu verdadeiro eu :
 o que sou, renasci!

Só então, compreendi
que tudo é solidão
enquanto eu for um só;
que tudo é ilusão,
se não houver o Amor.

E o dia amanheceu
e o sol brilhou de novo, 
em mil flocos de luz
 e eu acordei feliz
já sei o que..não sou.

Vera Alvarenga                                                                                   

sábado, 6 de fevereiro de 2010

-" Mamãe Ursa e o Beija-flor "...

 
Havia um animal diferente e solitário na floresta. 
Era uma fêmea. No outono e inverno agia como uma ursa, que ficava na sua toca hibernando ou esperando seus filhotes nascerem.
No final do inverno, ela percebia que seu filhote, sua criação, não ia mais nascer. Estivera gestando apenas suas idéias e sonhos agora. Que bom... mas, ao mesmo tempo, ficava infeliz, porque não aguentava mais ficar ali sòzinha e acabava saindo ao sol.
Ao chegar da Primavera, ao invés de contentar-se com sua vida de ursa, cuja característica tinha sido passar longo tempo hibernando, ao ver as flores da estação, e o raio de sol, não conseguia mais conter-se... se apaixonava pela vida e queria voar. Tinha tanta coisa pra ver e sentir, daquele mundo tão colorido! 
Contudo, após tantos meses hibernando, não tinha coragem pra dar nem mais um passo, pra longe da toca, que era segura! Então, deitava-se ao sol, de barriga pra cima e, desanimada, tirava um cochilo.

Seu coração era terno e com o calor do sol, parecia não conter dentro de si, tanta energia! e era, neste momento, que saía de seu peito um pequenino e tímido beija-flor, que saía feliz ao redor, querendo distribuir carinho e receber beijos das flores...
entretanto, ele gastava muita energia, neste vai e vem, pois assim que ele ia um pouco mais longe porque vislumbrava uma linda flor, pensava que ainda era uma ursa, esquecia-se que agora poderia ser de fato um beija-flor, sentia-se pesado e voltava, voando rápido e assustado, para perto da toca.
Isto se repetia, porque por instinto da sua parte ursa, tinha aprendido a se proteger na toca, onde era seguro e não precisava mostrar seus sentimentos e vontades.
Deste modo, antes do verão terminar e sem ter aproveitado de fato sua liberdade para procurar alegria nas cores da primavera, ele já estava exausto e começava a sentir frio e solidão.... suas asas, então , ficavam pesadas e ele ia se aconchegar, de novo, no coração daquela grande e mansa ursa. Levava nas asas e na lembrança, o néctar das flores e o mel dos beijos. 
E ficava lá quietinho, até que o sol, brilhando de novo, depois talvez do próximo inverno, fizesse desabrochar outra vez, do peito daquela ursa, o desajeitado beija-flor.
A ursa vivia assim, contente com o que era, sem comparar-se ao beija-flor, porque no fundo, ela o tinha dentro dela...
Outros animais da floresta, não compreendiam aquele estranho animal. Alguns comentavam que, se ela se conformasse em ser apenas a velha e solitária ursa maternal, mesmo sem seus filhotes, seria acomodada e feliz! Outros, pior, acreditavam que ela podia escolher entre ser uma e outra coisa, e se acomodar de vez!
 Não sabiam o que é ser maternal e mansa naquele pesado corpo de ursa e ter, ao mesmo tempo, dentro do peito, um leve e singelo beija-flor. Como poderia ela escolher? Matando parte de si mesma ? 
Uma coruja certa vez, tentou compreendê-la e perguntou com o que ela se ocupava quando estava dentro da toca, cuidando de suas tarefas, além de sonhar.... E a ursa lhe contou :
- " Ora, não pense que sonho o tempo todo! Tenho muitas responsabilidades em minha toca, muitos dependeram de mim e eu, estive sempre ocupada aprendendo..."
A coruja não se conteve e retrucou que uma velha ursa como aquela ,que já criara a sua família, tinha cumprido sua missão com louvor, como todos lhe diziam, podia se acomodar agora, pois não tinha mais o que aprender.
A ursa sorriu e lhe respondeu:
- " Engana-se, sr. Prof. Coruja. Agora, estou aprendendo o mais difícil, 
estou aprendendo a me olhar com amor e também a me aceitar como sou, pois saiba meu amigo, não é fácil ser uma pesada ursa, com alma de beija-flor!!"

de Vera Alvarenga. 
Quero dedicar a todas as mulheres do mundo, que chegam na idade em que os filhos já não estão em casa e ela se depara com sua própria vida... e então tem que aprender o que fazer com este presente!

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