Celebrações - A Mão (1)

Molda-se ao tempo

incógnita

(aguarda

quando

inválida)

e desce âncora

e estanca a força

contrária...

Traz à tona

os tons

agudos

dos frutos...

Celebrações - O Fruto (1)

Não é um ente

qualquer

ou desenho

sólido

Não é um ruído

elástico

debatendo-se

no fundo

Uma incerteza

prolongada

deixando rastros...

Celebrações - A Água (2)

Deixa-se povoar

de homens

e naves

E doa

seus frutos

numa delicada

ausência

ou batalha

de morte

ora agoniza

ora é fúria...

Celebrações - A Água (1)

O mar

resolve-se inteiro

em ondas

Nunca aos extremos

nunca parcial

O mar

diz ser

sinônimo

de desejo

Um pouco intenso

Um pouco insatisfeito...

Celebrações - A Terra (3)

Não fosse

a geografia

das coisas

terrenas

seria mais...

Talvez o medo

Talvez o nada

solida-

mente

estancados...

Celebrações - A Terra (2)

Possível leito

dos homens

e dos barcos

Apenas encontro

e estação

que muda humores

Garante rumos

sôfregos

ou descaso

de retorno

vazio...

Celebrações - A Terra (1)

Terra

que acolhe

naves

não escolhe

náufragos

não esconde

víveres...

Terra

que é margem

sustenta

braços

ou atrai

esforços...

Celebrações - A Nave (5)

Repousa

com rumores

das águas

e finge

dividido:

ser submisso

ou insubmerso

pretexto

do foco...

Celebrações - A Nave (4)

O ímpeto

de barco

explode nas ondas

ou prende-se

em amarras

Espalha gemidos

quando a tensão

instala-se

costeira...

Celebrações - A Nave (3)

Simples engenho

de viagem

e vértices extremos

Nega o revés

o vazio

do peso morto

que dorme

nos lastros

- Roça a morte

na rotina.

Celebrações - A Nave (2)

Jamais um único

sentido

abraçando os ventos

Bordo por bordo

num simples balanço

alçando ondas

(visitas de Mar)

Jamais um único

segredo

escapando das amarras

Peixe por peixe

nas tramas

saciando a fome

(nas mãos de Mar)...

Celebrações - A Nave (1)

O barco

não é um fato

É apenas

ato planejado

Um pouco margem

um pouco Ilha

A celebração

de só

ser

intenso fruto

e rumo.