skip to main |
skip to sidebar
Neurológica
ROGERIO SANTOS
quando a hipófise segreda seus segredos
para acalmar a fina fome dos meus lobos
debulho o córtex no giro cingulado
instalo um clip sincopado no hipotálamo
essa cachaça que afogou os meus neurônios
me deixa o crânio meio surdo das ideias
no cerebelo bem embaixo do cabelo
as vasculites teimam de queimar artérias
minha cabeça é terra de caraminhola
por entre vasos centopéias vão marchando
ósseo no ócio em ressonância magnética
e tome engov, neosaldina e vâmo embora

Compulsão Diária
ROGERIO SANTOS
leitura de detalhe
todo poema
é entalhe
extrai do trisco
o risco da caneta
quando escorre
corre quando petisca
e sabe bem
quando se arrisca
por onde anda
e como chega
à luz do dia
é compulsão
que gira o mundo
a cada esquina
e embala palavras
pra viagens
de tramas e tremas

Teia
ROGERIO SANTOS
escrevo
por primitiva
necessidade
de perpetuar
o que...falo!
que seja duro
o quanto possa
muito ou pouco
pra quem leia
não sabe a aranha
o sabor da ceia
e quem puder
que se aventure
ou tente a sorte
que faça melhor
com bom proveito
pois há falácias
e não poucas
e muitos que acham
que é mole
que sabe a aranha
senão da teia?

Primeira Nota
ROGERIO SANTOS
antes da primeira nota
caminhos de pluma
silêncio e açucar
nota por nota
polegadas e polegares
linhas de pentagrama
no tempo preciso
música abstrata
nas teclas do aroma
do teu perfume
antes que seja tarde
e nada mais seja signo
e tudo siga seu rumo
de som pelas galáxias
leve plenamente
nos tons agridoces
o enclave de sal
de quando eu acorde