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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

NUNO CRATO CONFESSA OMISSÃO


Quando era criança, aprendi que os pecados podem ser por pensamentos, acções ou omissões e agora deparo com o ministro Nuno Crato, depois de quase dois anos e meio de Governo, a confessar que ainda há muito a melhorar nas escolas portuguesas.

E que melhoramentos fez durante todo este tempo, mais de metade do mandato? Já houve tempo suficiente para analisar a situação, fazer o diagnóstico e aplicar a terapia para, no fim da primeira metade do mandato, começar a colher os louros das medidas tomadas. Isto evidencia que realmente o País precisa de muita coisa a melhorar, a reformar, mas não parece que tais tarefas estejam ao alcance dos actuais governantes. Pelo menos, depois de muito entrados na segunda parte do mandato, o Governo ainda continua à espera que um milagre resolva os problemas do País.

E ainda há quem repita que a culpa é do governo anterior!!! Afinal, para que serviu a austeridade que empobreceu grande parte da Nação? Ressalta assim outra notícia de título “O governo magoa a população e sente-se orgulhoso”

Imagem de arquivo

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pobreza e fome visível nas escolas


Têm aparecido notícias de apoios municipais a alunos pobres, do género de abrir as cantinas durante as férias para dar almoço aos que o não podem comer em casa. São medidas louváveis mas destinam-se a remediar um dos sintomas das carências que afectam grande parte da população, eleitora, contribuinte, consumidora, cliente, que está a ser o foco que concentra os grandes sacrifícios da «austeridade» de que os ricos e poderosos nada sentem, pois continuam na sua ostentação e arrogância habitual.



Sobre o tema saliento, por serem mais recentes as notícias Inspecção aponta resultados fracos em 45% das escolasMais constrangimentos do que oportunidades de melhoria e Consumo privado entra em queda em Novembro. Estes links permitem abris as respectivas notícias. Mas além disto, recebi por e-mail de uma professora um texto seu e outro de um colega que evidenciam as dificuldades que existem nas famílias mais desfavorecidas e que os políticos se esforçam por ignorar, ocultando-a na sombra de números e estatísticas. Conviria que os eleitos e os responsáveis pelos diversos sectores não se esquecessem de que em primeiro lugar devem estar as pessoas para as quais os números poderão ser uma ferramenta de apoio de menor importância e não como habitualmente fazem de dar prioridade aos números e, para eles serem o que desejam, sacrificarem as pessoas sem o mínimo escrúpulo ou moral.

Vejamos as opiniões de dois professores:

O Diário do Professor Arnaldo – A fome nas escolas
Publicado em 19 de Novembro de 2010 por Arnaldo Antunes

Ontem, uma mãe lavada em lágrimas veio ter comigo à porta da escola. Que não tinha um tostão em casa, ela e o marido estão desempregados e, até ao fim do mês, tem 2 litros de leite e meia dúzia de batatas para dar aos dois filhos.

Acontece que o mais velho é meu aluno. Anda no 7.º ano, tem 12 anos mas, pela estrutura física, dir-se-ia que não tem mais de 10. Como é óbvio, fiquei chocado. Ainda lhe disse que não sou o Director de Turma do miúdo e que não podia fazer nada, a não ser alertar quem de direito, mas ela também não queria nada a não ser desabafar.

De vez em quando, dão-lhe dois ou três pães na padaria lá da beira, que ela distribui conforme pode para que os miúdos não vão de estômago vazio para a escola. Quando está completamente desesperada, como nos últimos dias, ganha coragem e recorre à instituição daqui da vila – oferecem refeições quentes aos mais necessitados. De resto, não conta a ninguém a situação em que vive, nem mesmo aos vizinhos, porque tem vergonha. Se existe pobreza envergonhada, aqui está ela em toda a sua plenitude.

Sabe que pode contar com a escola. Os miúdos têm ambos Escalão A, porque o desemprego já se prolonga há mais de um ano (quem quer duas pessoas com 45 anos de idade e habilitações ao nível da 4ª classe?). Dão-lhes o pequeno-almoço na escola e dão-lhes o almoço e o lanche.

O pior é à noite e sobretudo ao fim-de-semana. Quantas vezes aquelas duas crianças foram para a cama com meio copo de leite no estômago, misturado com o sal das suas lágrimas…

Sem saber o que dizer, segureia-a pela mão e meti-lhe 10 euros no bolso. Começou por recusar, mas aceitou emocionada. Despediu-se a chorar, dizendo que tinha vindo ter comigo apenas por causa da mensagem que eu enviara na caderneta.

Onde eu dizia, de forma dura, que «o seu educando não está minimamente concentrado nas aulas e, não raras vezes, deita a cabeça no tampo da mesma como se estivesse a dormir».

Aí, já não respondi. Senti-me culpado. Muito culpado por nunca ter reparado nesta situação dramática. Mas com 8 turmas e quase 200 alunos, como podia ter reparado?

É este o Portugal de sucesso dos nossos governantes. É este o Portugal dos nossos filhos.

Um caso real relatado por Maria João F

Hoje uma funcionária da minha escola, já de alguma idade, estava a limpar o chão da sala para onde eu ia passar a manhã com os meus alunos de um 10º ano/Curso Profissional e veio perguntar-me como vai o neto, meu aluno dessa turma.

Respondi que no início do ano trabalhava muito mais e que ultimamente não prestava atenção nas aulas e , até, tinha adormecido em duas delas pelo que lhe tinha chamado a atenção. É um rapaz correcto, pediu desculpa, pensei que tivesse andado na borga...

Hoje soube pela senhora que é o mais velho de 3 irmãos (tem 16 anos e os irmãozitos 5 e 2, do 2º casamento da mãe, uma jovem mulher de 35 anos, que vive sozinha com os filhos, abandonada de novo). A mãe do meu aluno anda todos os dias 5 km a pé para ir para o emprego e 5 km de volta a casa, é ele que recolhe os irmãos pequenos do infantário onde estão, chega mais cedo que a mãe. Almoçam mas muitas vezes não jantam e a mãe, sobretudo, não janta quase nunca para deixar para os filhos o pouco que há. Foram-lhes retirados apoios a nível de abonos de família e mais não sei o quê , confesso que já não conseguia ter atenção ao que a senhora me dizia - vou falar com ela um destes dias (amanhã já ou no outro).

Com os alunos fiz o planeado : projectei-lhes o filme "Stand and Deliver", baseado na história verídica do Professor Jaime Escalante, professor de matemática na John Garfield School em East L.A. Queria ver se os incentivava. Afinal, as condições de vida daqueles jovens não eram muito diferentes das dos meus alunos no presente, neste Portugal onde a miséria ronda muitas casas e onde professores, também eles, vivem pobrezas envergonhadas.

Jaime escalante faleceu este ano.

A Sala de Matemática do Museu da Ciência de Los Angeles tem o nome dele.

Não sei se adianta muito a partilha destas histórias que são mais que isso: são factos Históricos. O Portugal de hoje é um país miserável, a muitos níveis.

Há responsáveis e têm nomes.

Desde logo, o actual PR - recuemos à década de 80 e analisemo-la.

Continuemos com este PM que, pela 1ª vez, considero um caso clínico. Pensei durante este tempo todo que simplesmente andava a gozar connosco mas com o seu último discurso sobre a pobreza e o seu jeito de catequista (fui educada num colégio católico, conheço os truques todos, o paleio, os trejeitos; gramei muitas "ultreias" no Estoril - não me apetece explicar o que isto é ) começo a pensar que o homem é doido - mas não inimputável. Falo apenas do PM porque é ele o responsável pelos outros membros do (des)governo. Com os do PSD só alguém tão insensato como o PM, poderá contar para melhorar o que quer que seja: lembrem de novo o PR e, por exemplo, Durão Barroso.

Não vale a pena falar de mais nada nem ninguém. Este polvo não é um octópode, é um "alien" de um gugol de tentáculos. Que podemos fazer para os cortar, um a um ? Não sei.

Só sei que um dos meus alunos dorme nas aulas com fome e cansaço. E será que muitos não estão agitados também com fome e cansaço ? Há consumos de drogas, há álcool, há muitos á deriva. Os Cursos Profissionais são uma fraude, estou lá, estou metida nessa fraude.

A única coisa que posso é levantar a voz e dar a conhecer na escola este - e outros casos - e dar-vos este meu relato que junto ao recebido.

Há muitos, muitos anos, no meu 4º ano de ensino (1980), fui colocada na Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra. Esta tinha, na altura, uma secção para o Ensino Básico ( 7º/9º ano) que apanhava os miúdos da Várzea de Sintra que se estendia até Fontanelas, Assafora, etc. e eu tinha turmas de 7º e 8º. Um dia falei grosso a um miúdo que sistematicamente não trazia feitos os trabalhos de casa. Ele olhou-me de alto e disse-me calmamente "Tenho 4 irmãos e o meu pai morreu. Sou o mais velho e, para ajudar a minha mãe, trabalho como ajudante de padeiro. Quando saio da escola durmo um bocado, levanto-me pela meia noite, vou trabalhar e venho directamente para a escola. Não tenho tempo de fazer os trabalhos de casa".

Pensei que não me tinha esquecido disto, mas, afinal, tinha. Se não tivesse, não teria feito juízos imbecis sobre um aluno que dormiu nas minhas aulas e diminuiu o rendimento escolar.

Estou triste. Sei que não posso ficar parada e triste: não leva a lado nenhum. Que fazer ? Aceito todas as sugestões que puderem dar-me.

Entretanto, porque não publicar as mil e uma histórias que cada um de nós, professores, encontra no seu quotidiano (tantas vezes constituído por péssimas refeições ao longo do dia mas que, ao menos, ainda temos em casa comida para o jantar ) ?
Maria João

Profª de Matemática, no corrente ano a leccionar uma turma de 10º - Matemática A e duas de 10º - Cursos Profissionais ( de Gestão e Informática de Gesão). Bastantes alunos destas últimas turmas têm dificuldade em ler e escrever, um deles tem dificuldade em escrever o seu apelido. Urge acabar com a FRAUDE e dar efectivamente a mão a estes jovens não para as fraudulentas estatísticas de "sucesso" mas para lhes darmos os meios de vierem a ser Cidadãos Livres.
Ou alguém deseja voltar às práticas do "vamos brincar à caridadezinha" (podem encontrar música e letra da canção... a net tem muitas vantagens...) ? Vamos dar esmolinhas ? NÃO ! Vamos exigir para nós e para os nossos concidadãos a Dignidade a que temos direito.
Escola Secundária Padre Alberto Neto, Queluz

Imagem da Net

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Desertificação do interior

O «Portugal profundo» está a ser deixado aos bichos ou servirá de campo de treino de grupos terroristas internacionais, onde viverão calmamente a sua vida ascética no intervalo das missões. O problema já é velho e, na NOTA final, estão links para posts aqui publicados desde há mais de três anos. Vejamos o artigo transcrito:

O teatro do abandono
Jornal de Notícias. 09-06.2010. Por Paula Ferreira

Em Setembro, milhares de alunos não regressam à sua escola. Migram, como certas aves, para outro estabelecimento de ensino. A razão é simples. A escola que frequentaram tinha menos de 21 estudantes. A medida, anunciada pela ministra da Educação, pode ter a melhor das intenções. Isabel Alçada argumenta com o sucesso das crianças. Algo que nos interessa a todos. O sucesso delas será o sucesso do país.

A titular da Educação alicerça, com certeza, a sua decisão em estudos sérios: a taxa de insucesso das crianças integradas em turmas com menos de 21 alunos é superior à das que frequentam turmas maiores.

Até aqui, tudo bem. Mas o problema é mais basto. Começou a definir-se há décadas. Esta última medida do Governo - há poucos anos fecharam as escolas com menos de 10 alunos - é apenas mais uma a contribuir para a criação de dois países diferentes, até antagónicos. O país do litoral, densamente povoado, demasiado até; e o outro, o país dos velhos, que resiste até ao dia em que esses velhos conseguirem resistir.

Um país por muitos de nós já esquecido, onde nada existe: fecharam as urgências hospitalares, os serviços de atendimento permanente, maternidades, as comarcas, as escolas. Alguém terá a veleidade de acreditar que isto é um país igual para todos, um país democrático? Será, quando muito, um sítio pitoresco, onde os portugueses, cansados da vida das cidades, mostram aos filhos como era antigamente. Com um pequeno senão. As crianças encontrarão uma espécie de teatro do abandono, só as pedras e os campos por cultivar parecem reais. Tudo o resto será criado por personagens, importadas, muitas delas.

Não venham, então, dizer-nos que é preciso combater a desertificação. Ninguém acredita. Se de facto a intenção existisse, a Administração deixaria de ser tão centralista e começaria, de verdade, a travar o despovoamento. E em vez de fechar serviços, abria-os. Alguém acredita ser possível convencer um jovem casal a ir viver para o interior se não encontrará um sítio para dar à luz um filho, nem escola para aprender as primeiras letras?! E isto é o básico, o resto é a paisagem.

NOTA: Este, como todos os problemas, principalmente os que condicionam a vida de muitas famílias, deve ser bem ponderado, com achegas de pessoas sensatas (no estilo utilizado pelo actual PM britânico) que compreendam as realidades. Fechar todas escolas com menos do que 21 alunos e obrigar essas crianças a deslocarem-se diariamente à sede do concelho, nem sempre será a melhor solução, pois podem passar a frequentar a escola de uma aldeia próxima, de forma a que a rede escolar cubra de forma geométrica e geograficamente aceitável o interior do País. O Rei D. Sancho I iniciou o povoamento do país e os actuais governantes não se devem mostrar menos inteligentes e patriotas do que ele foi há mais de oito séculos.

Não se pode ter uma coisa e o seu oposto: combater a desertificação e fechar escolas e outros serviços de apoio à população.

Eis os links referidos na introdução:


- O interior português está ostracizado
- O Interior abandonado pelo Governo
- Desertificação do interior - 1
- Desertificação do interior - 2
- Desertificação do interior - 3
- O interior precisa de atenção
- Encerramento de Escolas

sábado, 5 de junho de 2010

Encerramento de Escolas

Há a promessa, ou ameaça, de serem fechadas cerca de 500 escolas do 1º ciclo no próximo ano lectivo. Como os governantes são pressionados a reduzir as despesas, para baixar o défice, demonstram a sua incapacidade para confrontarem as despesas mais escandalosas decidindo ao acaso contra os reais interesses do povo, daqueles a quem devem defender e proporcionar bons serviços. Mas convinha que os governantes não se esquecessm de que Governar é decidir em benefício da população.

Para maior gravidade, a decisão não foi devidamente ponderada e, por isso, a Oposição acusa Governo de encerrar escolas de forma “unilateral” e a decisão peca por as Escolas a fechar serão do Norte e do interior, e a FNE defende que encerramento de escolas não pode ser feito de forma "cega". Recorda-se que qualquer decisão deve ser preparada seguindo uma metodologia do género da referida em Pensar antes de decidir.

Fica-se com a ideia de que o ensino tem vindo a ser visto com ópticas desfocadas e não se vê sinal de ser arrepiado caminho. Sem dúvida que as despesas devem ser bem controladas e não ser excessivas. Mas os governantes olham para o dinheiro de forma errada, reduzem aquele que se destina às pessoas, na saúde e no ensino, onde se trata de investimento do futuro, mas não lhes passa pela mente a necessidade absoluta de controlar e reduzir aquele que corre em caudais escandalosos para as contas de políticos e seus amigos, que esvai os cofres do Estado e provoca crises financeiras como a actual. Gestores públicos em salários, «prémios» e outras benesses de obscura contabilidade, negócios em que a corrupção e o tráfico de influências, constituem uma agressão aos portugueses, com atropelo da ética, da moralidade, da sensatez.

A redução das despesas, nas suas diversas parcelas, necessitam de sensata ponderação, pois Este não é um filme para ver a preto e branco.

É urgente que se pense na imoralidade de reformas excessivamente elevadas, de reformas acumuladas, se fixe um limite máximo de reformas, na atribuição de carros que não são indispensáveis para o exercício da função, na substituição de carros só porque apareceu um modelo de mais luxo.

Perante as imoralidades vigentes não espanta a notícia de que o Cenário de novo aumento de impostos não está excluído.

Parece que estas decisões saem da cabeça de Criativos não praticantes, sem conhecimento da vida real das diversas regiões e das condições de vida das pessoas que as habitam e sem capacidade para fazerem um esforço de compreensão das implicações de qualquer medida que se pense adoptar.

sábado, 10 de abril de 2010

Bullying, escolas, família e sociedade

Transcrição, seguida de NOTA final.

"Entre mundos"
Jornal de Notícias. 03-04-2010. Por Rui Moreira

A propósito da minha crónica sobre o "bullying", recebi a mensagem de uma professora que dizia que "se a maioria das pessoas frequentasse as escolas onde há problemas sócio-económicos ficava aterrorizada."

Os problemas são tantos, que só criando um certo alheamento, se consegue manter a capacidade de continuar a trabalhar" e concluía, concordando embora com o meu diagnóstico, dizendo que incorri "numa ideia hoje vulgarizada, que atribui à escola o papel de educadora e formadora, deixando a família isenta de qualquer responsabilidade na transmissão de valores. Ora, se há algumas famílias que os não podem transmitir porque a vida não lhes permitiu desenvolvê-los, outras há que o não fazem por laxismo, desinteresse ou simplesmente porque a sua atenção está concentrada noutros aspectos mais prosaicos."

Ainda que na crónica atribuísse responsabilidade a todos nós pelos problemas que ocorrem na escola, é possível que não tenha deixado bem esclarecida a minha posição que, no essencial, coincide com a desta professora. Dizia há quinze dias que "a sociedade do futuro depende, em grande parte, dos valores que a escola transmite aos alunos", mas não é menos verdade que a escola do presente está condicionada pela sociedade em que se integra e, conhecendo relativamente bem algumas escolas públicas ditas problemáticas, sei como a tarefa dos professores é titânica, e muitas vezes mal compreendida e mal aceite por parte dos pais.

É difícil ensinar e motivar crianças mal alimentadas, desatentas, vítimas ou testemunhas de casos de violência doméstica e que vivem no meio de dramas sociais e familiares diários. E é tanto ou mais difícil transmitir-lhes valores essenciais de sociabilidade e de disciplina quanto é certo que não cabe à escola, mas a outras entidades, e à sociedade em geral, proteger estas crianças contra esses ambientes inseguros e degradantes, o que nem sempre faz eficazmente, ou a tempo.

É indispensável que a escola seja para estas crianças um local de paz e de ordem, um refúgio fiável, onde encontram protecção, mas onde têm, também, de respeitar e cumprir regras de disciplina, de respeito e de sã convivência. A escola deve ser capaz de as resguardar da violência do mundo onde são criadas, e de lhes transmitir os ensinamentos que as podem vir a libertar da miséria social e moral em que vivem, cortando assim o círculo da exclusão social a que, de outro modo, estarão condenadas.

Hanna Arendt dizia que a escola constitui um "mundo entre mundos", a quem cabe transmitir o saber e preparar a criança para transitar do "seu" mundo privado, muitas vezes social e economicamente adverso, para o mundo dos adultos e para uma sociedade de gente que se quer responsável e com valores de respeito e de cidadania. Neste sentido, a escola deve ser "fechada", evitando estabelecer pontes em excesso com o mundo exterior que permitam a reprodução dentro dela de modelos de violência e de falta de regras, tendo ao mesmo tempo que transcender as suas atribuições tradicionais para, sem se sobrepor aos pais e às famílias a quem cabe naturalmente a tarefa de educar e formar, criar condições para o exercício das funções que lhe são próprias, assegurando uma mudança no quadro de valores destas crianças que lhes permita integrar o mundo colectivo. O que supõe, naturalmente, que também esteja atenta e seja capaz de dar o grito de alerta quando uma dessas crianças está em risco, porque isso faz parte do cuidado que elas merecem, e porque só assim, como também diz Arendt, poderão vir a ter, um dia, condições para "mudar o mundo".

NOTA: Há dias, foi-me chamada a atenção por um colega bloguista que discorda das críticas avulsas e pouco rigorosas, preferindo as que abordam toda a dimensão do tema, incidindo nas suas causas determinantes porque é nelas que devem incidir as medidas terapêuticas para revitalizar a sociedade nacional. Compreendo a sua ideia e espero que surja um pensador, com saber teórico e bem informado das realidades, que elabore um estudo com tal dimensão (largueza e profundidade).

Mas penso que essa análise de diagnóstico com vista a posterior terapêutica só será eficaz se, entretanto, a população for incentivada à procura de dados parcelares sobre as realidades, a meditar naquilo que lhe é possível conhecer, a raciocinar livre de pressões interesseiras, vendo as diversas faces do poliedro e, dessa forma, ter opinião própria, poder confrontá-la com outras e poder um dia compreender a teoria de tal filósofo.

Nestas condições, não hesito em fazer transcrições de textos em que encontro dados que merecem ser tidos em consideração nas reflexões sobre os diversos temas, estando ou não em concordância total ou parcial com eles.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Estudantes premiados

Toda a gente se queixa da degradação social, da violência nas escolas, na superficialidade dos jovens, mas há poucos gestos positivos de enfatizar os casos de valor de mérito que podem servir de exemplo e estímulo. À semelhança do que aqui tem sido feito em outros casos exemplares, não se perde a oportunidade de exaltar este.

Notícia do Correio da Manhã fala dos três melhores alunos de 2009 do ensino secundário que foram premiados pela ministra da Educação, Isabel Alçada, na Academia das Ciências de Lisboa cabendo a cada prémio cinco mil euros.

Foram premiados:
-Lígia Santos com o prémio Pedro Nunes, melhor a Matemática,
-Teresa Neves com o prémio Padre António Vieira, melhor em Português,
-Pedro Espírito Santo com o prémio Alexandre Herculano, melhor em História.

Tiveram todos 20 valores nas disciplina em que foram premiados e também conseguiram 20 na média final do Secundário.

Segundo as declarações de cada um ao jornal, o segredo do seu êxito resulta de atenção nas aulas e apoio próximo de pais e professores. Foram unânimes em que essa é a receita para o sucesso na escola. Não sendo necessário ser «marrão» e privar-se do convívio com os amigos e das distracções próprias da idade

Pais educadores e alunos

Depois de ter aparecido em público de forma chocante a violência e indisciplina nas escolas aqui reflectida em alguns posts (Valores éticos são pilares da sociedade, Ressuscitar os valores éticos, Futuros cidadãos no Portugal de amanhã, Professores educadores), vale a pena referir a notícia do JN de hoje «Professor do ano diz que "pais, às vezes, demarcam-se das suas funções"».

Nela é divulgado que o professor de Física Alexandre Costa de 45 anos, docente há duas décadas, recebeu hoje o Prémio Nacional de Professores, numa cerimónia realizada na Universidade de Évora e presidida pela ministra da Educação, Isabel Alçada.

No seu discurso fez várias afirmações que merecem ser meditadas e aplicadas na prática.
"Os meus alunos e eu temos uma relação de grande empatia no trabalho, mas não é de amizade. Não sou amigo no sentido em que eles são amigos dos seus colegas adolescentes. Sou tão amigo quanto um pai ou um educador pode ser", afiançou.

Confessou manter uma relação de "grande empatia", mas não de amizade, com os alunos e defendeu que pais e docentes não se devem demitir das suas funções educativas.

Considera importante que estes papéis não se confundam e que pais e encarregados de educação não se demitam do papel que têm como educadores.

"A educação não se pode isolar da sociedade", alertou, sustentando que um dos "maiores problemas" actuais, neste âmbito, é a existência de "uma certa demissão das pessoas" relativamente ao que são "as suas funções".

"Os pais, às vezes, demarcam-se de ser pais e da sua responsabilidade na educação, transferindo isso para a escola" e, noutros casos, é o professor que "está mais preocupado em ser amigo dos alunos do que em ser seu professor".

"Há um contexto social no seu todo que leva a que, neste momento, o ensino tenha algumas deficiências".

Este cenário, defendeu, só se ultrapassa através da "educação da própria sociedade" e da "redescoberta" do que é "ser pai, professor ou aluno" e das "regras básicas de convivência entre as pessoas".