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quinta-feira, 23 de julho de 2020

IDOSOS EM LARES CONTINUARÃO COM RESTRIÇÕES


Idosos em lares continuarão com restrições
(Public em O DIABO nº 2273 de 24-07-2020, pág 16. Por António João Soares

Os escritos da Drª Margarida Abreu no Jornal Observador, afirmando que a pandemia do medo tem sido mais grave do que a pandemia do covid-19, tiveram um efeito negativo nos governantes pouco esclarecidos em assuntos ligados à ciência e mais preocupados com sondagens eleitorais, que avançaram para o desconfinamento sem terem consciência de que este devia ter sido precedido de boa informação dos cidadãos sobre os cuidados a ter em conta em vários momentos da vida e dos movimentos.

Mas os políticos, com a sua habitual ignorância da vida do povo e dos condicionamentos a que leis e decretos-leis se devem ajustar, decidem por impulso político, sem parecer de técnicos especializados, independentes e preocupados com a realidade científica para bem dos cidadãos.

O resultado de tal impulso legislativo foi o rápido aparecimento de mais casos confirmados. O vírus continua em acção e a prevenção para as pessoas não serem infectadas depende principalmente dos seus comportamentos; e, por isso, entre os menos esclarecidos houve muitos casos de ajuntamentos em casas nocturnas e em festas que reuniram centenas de pessoas.

Segundo um trabalho do cientista Dr. Robert Redfield, com larga experiência de doenças infecciosas, teremos de conviver durante vários anos com o perigo do covid-19, mas não devemos entrar em pânico. O que devemos fazer é viver com os devidos cuidados, já largamente divulgados.

Os principais cuidados são a lavagem das mãos depois de tocarmos em algo suspeito e manter a distância física a pessoas de que não tenhamos prova de estarem sem vírus. Mas, em casa, se não há infectados, não convém exagerar a desinfecção. A pureza e higiene é uma virtude, mas a paranóia deve ser evitada. Convém respirar ar puro, em jardins, parques, campo, mantendo a distância física a outros passeantes.

Com a continuação dos cuidados para evitar ser contaminado, e como os lares de idosos têm sido os mais destacados focos da doença, irá acontecer que eles terão de aumentar as regras de funcionamento com vista a tornar mais segura a saúde dos seus utentes. Oxalá não surjam regras exageradas, como vem sendo costume em que os idosos, ao entrarem para tais “refúgios”, recebam pena de prisão perpétua em completa solidão do mundo, das famílias e dos amigos. Isso seria um convite à fuga e uma morte mais rápida, e desumana.

Encontro-me num lar militar, num Centro de Apoio Social, onde não foi ainda detectado um caso confirmado, coisa que foi única em todos os Centros da mesma Instituição. Este êxito deve-se ao seu bom funcionamento, em constante contacto com a autoridade de saúde do Concelho, de que já resultou a dispensa de quarentena para os residentes que necessitem ir a uma consulta médica planeada, dentro do Concelho e forem acompanhados por funcionária do serviço interno de saúde. Oxalá não tenha de haver agravamento deste confinamento e, antes, possa haver algum abrandamento do rigor nas condições de movimentos no exterior, dado tratar-se de um conjunto de pessoas instruídas, com sentido de responsabilidade e com consciência de que se trata de preservar a saúde própria e dos restantes residentes de contágio perigoso.

Mas é desejável que a pandemia abrande de tal forma que o medo diminua de tal modo que os idosos deixem de estar condenados a rigoroso confinamento e possa haver condições para visitas culturais até pequenas distâncias e em condições de segurança. Antes da pandemia, eram feitas visitas a locais históricos da linha de Torres e a aspectos característicos de monumentos ou de alta tecnologia como a exploração de energia eólica, etc, sem perigo de aglomeração com pessoas potencialmente infectadas. Sem este abrandamento, os idosos em lares continuarão com restrições a rondar o desumano. ■


sábado, 23 de maio de 2020

PRECAUÇÃO NO DESCONFINAMENTO

Precauções no desconfinamento

(Public em O DIABO nº 2264 de 22-05-2020, pág. 16).Por A João Soares)



A pandemia gerada pelo Covid-19 apanhou desprevenidas as pessoas em geral e os governantes em especial, de tal forma que, para tentar evitar os contágios generalizados, impuseram regras drásticas que trouxeram grande paragem de sectores da economia. Mas há pessoas atentas que analisaram os elementos de que tiveram conhecimento e sugeriram o abrandamento das imposições mais lesivas dos direitos humanos, quer dos seus movimentos quer das suas actividades, e esboçou-se o fim do desconfinamento.



Por cá, as medidas de abrandamento foram generalizadas por todo o país, mas noutros países como a Espanha houve graduações entre as grandes cidades e regiões, onde as infecções foram mais numerosas e graves, e mais suaves para o interior, onde os casos ocorridos foram raros e episódicos. Durante as restrições mais rigorosas, houve casos que fizeram meditar. Por exemplo, o dono de um cão podia sair de casa para passear o animal de estimação, o que lhe tornava possível sair de casa quase durante todo o dia, acompanhado pelo cão, porque não era controlado quanto à quantidade de saídas e à duração de cada uma. Mas não lhe era permitido sair só, e se o fizesse e fosse interceptado por um polícia, seria multado. Ora com cão ou sem ele, devia ser permitido dar um pequeno passeio sem se afastar muito de casa sem se aproximar das pessoas que encontrasse e indo agasalhado; em piores circunstâncias devia ser obrigado a usar máscara, para evitar ser atingido pelos efeitos de uma tosse ou um espirro de pessoa infectada (que essa devia estar sempre em casa).



Devia haver uma mentalização geral de que a melhor defesa contra os efeitos do vírus deve ser levada a cabo por cada pessoa, devendo ter um comportamento adequado de higiene pessoal, manter o distanciamento social aconselhado, medir a temperatura e estar prevenido com analgésico para o caso de sentir pequeno mal-estar. E agir sem pânico mas sempre com calma e serenidade. Procurar conhecer as opiniões de pessoas credenciadas, sem a elas aderir obstinadamente, mas para compreender melhor a complexidade da situação que afinal não justificava pânico, mas sim prevenção, cuidado. E perante as medidas de abrandamento da quarentena, convém não embandeirar em arco, porque a falta de cuidados pode ser grave e trazer a agudização da situação geral. Na Alemanha, o Instituto Nacional de Virologia Robert Koch, responsável por monitorizar a evolução da pandemia, relatou pouco depois do desconfinamento um aumento na taxa de infeção (RO) - o número médio que uma pessoa infectada pode contaminar - que passou para níveis potencialmente perigosos, subindo de 0,7 para entre 1 e 1,1 em poucos dias. Isso, como tem sido dito por muitas autoridades internacionais, tem de ser assumido como uma situação cuja resolução depende todos nós mas, dadas as suas consequências sociais e económicas, convém ser encarada com muita sensatez e determinação pelas autoridades públicas com espírito de harmonia e de cooperação, e com sensibilidade e respeito pelos direitos das pessoas.



Na gestão do confinamento e da sua evolução não deve haver uma regra rígida aplicável a todos e em qualquer lugar da mesma forma, porque há, de norte a sul, grande variedade de situações de risco, devendo cada uma delas ser encarada de acordo com as vantagens e inconvenientes para as pessoas, a sociedade e a economia. Mas sem deixar de respeitar as precauções individuais convenientes para impedir o alastramento da infecção. É indispensável que cada cidadão esteja consciente do seu dever de colaborar para a extinção da pandemia, agindo da melhor forma para não se deixar contaminar nem ir infectar terceiros. Devemos ter consideração pelos outros, mantendo a distância, usando máscara a tapar a boca e o nariz, em lojas e locais onde tal é aconselhado. ■