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quarta-feira, 2 de março de 2011

Sinais de trânsito enigmáticos

Seria desejável que as instituições do poder, tanto central como local e como os serviços públicos, tivessem bem definidos os objectivos a atingir, os interesses nacionais a defender e as linhas estratégicas para levar a cabo as suas funções em benefício de Portugal , dos portugueses.

Mas, infelizmente, tudo evidencia a ausência de tais definições e a existência de decisões pontuais, por palpite, sem critério, descoordenadas e incoerentes. Além de serem contraproducentes, delas resultam despesas e adiamentos até se acertar na solução correcta.

A barafunda dos sinais de trânsito são um exemplo disso. Muitas vezes mais valia não estarem ali. Não me refiro à questão polémica do excesso de velocidade e da velocidade excessiva, mas a sinais colocados por sorteio que, pela sua irracionalidade, incitam à infracção e só podem servir para a «caça à multa».

A imagem mostra, na marginal Lisboa-Cascais, uma via com duas faixas em cada sentido que pode dar um bom escoamento de trânsito, onde a velocidade está limitada a 60 Km/h, aparece um sinal de 30, inesperadamente, sem nada que o justifique, mas que só é válido durante pouco mais de uma dezena de metros que o separa do sinal de 50«velocidade controlada» que então aparece.

Pergunto: alguém poderá explicar a razão da existência do 30? Será que houve obras que levaram à sua colocação e depois se esqueceram de o retirar? Mesmo o de 50 que se lhe segue é discutível, porque para avisar do semáforo próximo não é aquele o melhor método.

Mas para sofrimento dos automobilistas, há muitos outros casos parecidos, alguns já referidos neste espaço, que demonstram um deficiente raciocínio sobre a segurança rodoviária e sobre o efeito esperado dos sinais que, muitas vezes têm uma intenção penalizante em vez de contribuírem para uma circulação fluida e segura para veículos e peões.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Jovens aderem a conselhos da ANEBE

Neste espaço, tem havido a preocupação de realçar casos que contrariam a ideia de que os jovens pertencem a uma «geração rasca». Não há regra sem excepção e, com vista a fomentar um futuro melhor para as gerações mais jovens, convém sublinhar os casos positivos.

Há muitos meses a ANEBE - Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas – criou um incentivo para os jovens cultivarem o espírito da «taxa zero de alcoolemia». Trata-se de uma iniciativa muito interessante por contrariar o vulgar espírito de lucro através de maior consumo, sobrepondo-lhe a função social de uma empresa, neste caso, zelando pela saúde e pela segurança dos consumidores.

A ANEBE, presidida pelo ainda Jovem Mário Moniz Barreto, promotora da iniciativa "100%Cool", desenvolve acções para promover o consumo moderado de álcool e colabora com a GNR em operações de controlo de taxa de alcoolemia, com fins didácticos nas noites das grandes cidades em locais onde o perigo de excessos pode ser mais provável.

Na noite da passada quinta-feira foram fiscalizados em Lisboa 160 condutores, com idades entre os 18 e os 30 anos, dos quais 144 apresentaram uma taxa de zero gramas de álcool por litro de sangue. De entre os 160 testes realizados apenas um estava em infracção legal, acima dos 0,5 gramas por litro de sangue. A seis dos condutores fiscalizados foi detectada uma taxa de alcoolemia entre os zero e os 0,5 gramas.

É positivo que os jovens se desloquem em grupo para os locais nocturnos e que um deles se comprometa a não ingerir álcool a fim de conduzir os amigos a casa em segurança.

O presidente da ANEBE faz um balanço «extremamente positivo» desta acção e realça que «90 por cento dos jovens fiscalizados tinham conhecimento da campanha e começam a alterar os seus comportamentos».

Imagem da NET

sábado, 5 de junho de 2010

Ironias da sociedade moderna


Pela GNR de Alfena (Valongo) foi detido após 41 anos a guiar sem carta, um homem, residente em Santo Tirso que, desde os 18 anos, guiava sem estar legalmente habilitado, sem nunca ter sido fiscalizado e sem ter tido acidentes.

Sem dúvida a detenção justifica-se por se tratar de uma infracção grave.

Mas, olhando o caso por outra óptica, ele merecia que lhe fosse dada já a carta e um prémio, por nunca ter tido acidentes, coisa de que muitos encartados não podem gabar-se. Afinal a carta nunca lhe fez falta, a não ser agora para mostrar à autoridade a fim de não ser detido!!!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Segurança rodoviária. Velocidade


Esta é uma forma engenhosa usada no Canadá para evitar excessos de velocidade. Mas o efeito não perdura, a não ser que se usem alguns cuidados:
Não usar muitas vezes na mesma estrada;
quando se retira a tela deve dar-se umas pinceladas de alcatrão para fazer crer que o buraco de ontem já foi reparado;
quando houver um buraco real, enquanto não for tapado, deve colocar-se uma destas telas 100 metros antes...

domingo, 14 de março de 2010

CREL reabre após seis semanas

Segundo notícia do PÚBLICO, a Brisa-Autoestradas de Portugal disse que, “após as competentes autorizações da Autoridade Nacional de Proteção Civil de Lisboa e do Instituto de Infraestruturas Rodoviárias”, na sexta-feira 5 de Março, a partir das 6h00, será reaberta a circulação em duas das très vias do sublanço nó de Belas/nó de ligação à A16, da A9 (sentido Jamor-Alverca).
Os trabalhos para a reabertura total da autoestrada vão prosseguir na via direita e na berma.
A CREL foi obrigado ao corte da circulação nos dois sentidos, no local em que ocorreu um deslizamento de terras em 22 de Janeiro, há seis semanas, proveniente de um aterro de entulhos e escombros de uma empresa de construção civil.
A operação LIMPAR PORTUGAL tem toda a justificação, pois estas situações devem ser evitadas, através da acção diligente dos serviços públicos respectivos. É preciso pôr em cheque os serviços que negligenciam estas agressões ambientais.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sinalização rodoviária desajustada

Uma visita mais ou menos demorada pelo blogue Foi por bem, permite ver cartas enviadas aos jornais desde 2001 e posts de blogues desde 2006 que alertam para os inconvenientes da má sinalização das estradas. O título do blogue traduz o espírito desses escritos sempre orientados para melhorar a vida nacional nos mais diversos aspectos.

Recentemente, referi em posts e em respostas a comentários a existência de sinais de 30 onde se pode circular a mais de 70 com segurança e, o que é mais estranho, há sinais de 30 em zonas urbanas, em avenidas com correntes ao logo dos passeios de um e outro lado, e sinais 200 metros à frente de outros iguais, como se os anteriores não fossem para cumprir.

Depois desses textos causa uma sensação agradável ver que eles são sensatos e são agora confirmados pela autora do artigo do PÚBLIO de ontem, que se transcreve. Oxalá tenha melhor efeito do que os referidos textos.

“Mais de metade dos troços rodoviários em Portugal estão com limites de velocidade abaixo do que deviam.

É muito recorrente o limite de 50 Km/hora em zonas onde não há casas nem outros conflitos laterais”, disse hoje à Lusa
Ana Bastos, com base em conclusões preliminares de vários estudos que a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) tem desenvolvido.

A especialista em transportes e segurança rodoviárias, docente na FCTUC, frisou que a desadequação do limite de velocidade às características da estrada “viola as naturais expectativas do condutor, que acaba por transgredir” e tem como efeito “o descrédito total” das regras de trânsito.

“O que se tem feito em Portugal, em estradas que atravessam localidades, é colocar um semáforo de limite de velocidade. O efeito é instantâneo, mas a reacção do condutor imediatamente a seguir será aumentar de novo a velocidade”, alerta Ana Bastos.

As situações “completamente desajustadas da realidade” resultam de em Portugal “não existirem critérios técnicos para estabelecer os limites de velocidade”, observou.

A investigadora falava à Lusa a propósito de um projecto, denominado "Safespeed - Estratégias de Gestão de Velocidade", que arrancou há um ano e visa criar um sistema que permita adaptar o limite de velocidade legal às características da via, obrigando o condutor a respeitar esse limite, através de ferramentas de “coacção física e psicológica”.

A definição dos critérios técnicos deverá estar concluída dentro de dois anos, com a finalização de um modelo informático “capaz de estimar, para cada situação, a velocidade expectável face às características da estrada e do seu ambiente envolvente”.

Para obrigar o condutor a respeitar a velocidade legal estabelecida, induzindo-o a adoptar comportamentos compatíveis com o ambiente rodoviário que atravessa, serão definidas “medidas de acalmia de tráfego”.

Rotundas, gincanas, alteração de pavimento ou reforço da iluminação pública são algumas das soluções, que actuam "quer fisicamente quer por coação psicológica sobre o condutor, impedindo-o de adoptar comportamentos desajustados à velocidade pretendida", refere a FCTUC numa nota de imprensa hoje divulgada.

O estudo, que tem o apoio da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária, abrange a zona Norte do país, nomeadamente Famalicão, Guimarães, Braga e Felgueiras, mas o objectivo é que as conclusões sejam aplicadas em todo o país.

Além da FCTUC, participam no projecto a Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP) e a Universidade do Minho, num total de oito investigadores.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Insegurança rodoviária

Segundo a notícia «Árvore impediu autocarro de cair em ravina na marginal» do Jornal de Notícias de hoje, o condutor de um Seat Ibiza, que se dirigia em direcção ao Porto, na marginal de Gondomar, em Valbom, perto do entroncamento com Estrada D. Miguel, não conseguiu segurar a viatura numa curva e foi bater num autocarro onde seguiriam seis ou sete passageiros, causando um ferido grave e cinco ligeiros. O pesado despistou-se e só parou contra uma árvore, que evitou a queda numa ravina.

Este é mais um caso a comprovar que se onduz muito mal, os condutores não estão conscientes dos perigos a que estão sujeitos e a que sujeitam terceiros.

As notícias são abundantes: «Acidente com autocarro escolar faz 14 feridos», «Casal escapa a uma queda de 20 metros», «Passeio das Vindimas termina em tragédia», «16 militares colhidos por automóvel ligeiro» e, por outro lado a Justiça é demasiado permissiva e não serve de disssuasor para este tipo de crimes, como mostra a notícia «Condutor que matou peão não foi proibido de guiar».

Os resultados de sucessivas instituições supostamente encarregadas de reduzir esta hecatombe não são visíveis. Para onde iremos? Já não é pelo facto de o parque automóvel estar demasiado velho, como alegava o ACP até há poucos anos, nem é pela falta de obrigatoriedade de inspecções periódicas, nem pelas má rede de estradas. Será pela má qualidade da educação dos nossos jovens que não aprendem na idade própria o que é o civismo e a vivência em sociedade, respeitando os outros?

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Motoristas do Estado

Motoristas arriscam pagar os danos

Dois carros do Estado colidem em cruzamento do centro de Lisboa.
Das notícias, fica a saber-se que os carros oficiais circulam muitas vezes em velocidade excessiva sem motivo justificativo, por erro de planeamento da hora de início da viagem. E outra infracção à lei geral: grande parte das viaturas não têm seguro.

Maus exemplos dos responsáveis pelos organismos do Estado.

Os motoristas são responsabilizados pelos danos materiais.

Em tempos recentes um juíz do topo da hierarquia do sector Judicial circulava a mais de 200 entre o Algarve e Lisboa e, segundo ele, a culpa foi toda do motorista porque ele, juiz, até vinha a dormir.

Quando o mar bate na rocha quem sofre é o mexilhão!!!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Excesso de velocidade ou velocidade excessiva?

Segurança rodoviária. Velocidade excessiva

Há dias morreram sete jovens estudantes num acidente, o que é de lamentar, e seria mesmo que apenas houvesse um falecimento. Mas a quantidade é chocante. Disseram-me que um polícia disse que o acidente foi causado por excesso de velocidade, o que merece muita reflexão.

Quanto a velocidade há dois conceitos a analisar – o excesso de velocidade e a velocidade excessiva -, mas a polícia apenas olha para um, o primeiro. É lógico porque esse refere-se à velocidade superior à estabelecida pela lei ou pelo sinal, mesmo que este e aquela estejam desajustados com a realidade local. Mas, sem dúvida, que a autoridade se deve reger por ela, e exercer a sua autoridade repressiva em relação aos abusos, embora deva chamar a atenção dos «responsáveis» pela sinalética para erros grosseiros que a descredibilizam e tornam ineficaz.

O excesso de velocidade, só por si não é causa de acidente
. Ir além da velocidade excessiva, aquela que representa o limite além do qual o condutor deixa de controlar eficazmente o veículo, esse é que é causa de acidente, mas o verdadeiro culpado é o condutor.

Na verdade, só há duas causas de acidente: falha mecânica do carro ou erro do condutor. Este deve, em cada momento, manter o carro sob controlo total, respeitando os outros utentes da estrada e tendo em atenção as condições do piso, do traçado, dos obstáculos, das condições atmosféricas e tudo o que possa afectar a segurança, inclusivamente os cuidados de manutenção do carro.

Quanto ao conceito de velocidade excessiva, ela é muito relativa: um campeão se fórmula 1, com o seu bólide, pode em alguns troços de auto-estrada, atingir mais de 300Km/h com segurança, mas não se arriscará a tal com um carro normal, e um condutor inexperiente não deve arriscar passar dos 120 e, mesmo nessa velocidade, deve ter muita atenção para poder reagir adequadamente a qualquer dificuldade inopinada.

Portanto, não é a velocidade que causa acidente, porque ela já é consequência da imprudência e imperícia do condutor. A velocidade apenas torna muito mais graves as consequências do acidente. Bater a 30 é muito diferente de bater a 100, e a opção cabe ao condutor.

A propósito de sinais, a imagem mostra um sinal em via urbana de 30 Km/h, num local sem atravessamento de peões (há corrente ao longo do passeio), nem cruzamentos, onde se pode circular com segurança a 60. E os «responsáveis» pelo trânsito têm essa percepção porque 200m mais à frente têm outro sinal de 30. Porquê? O primeiro não é para respeitar? Mas o segundo também não tem justificação, porque, embora esteja perto de uma passagem de peões com semáforo, quando este está verde para o automobilista, não se justifica que este seja obrigado a circular a menos de 30. Este caso pode verificar-se na Avenida 25 de Abril, perto do seu início.

A. João Soares

domingo, 16 de agosto de 2009

Segurança nas estradas. 060802

(Enviada aos jornais em 2 de Agosto de 2006)

Justiça e da segurança rodoviária, pois durante os sete anos em que este pedreiro anda em diálogo com a Justiça, o Código das Estradas já recebeu várias alterações que incidiram no agravamento das coimas e outras repressões sobre os automobilistas, mas que, por não serem realistas, não melhoraram a prevenção da sinistralidade. Olhando para a acção dos agentes policiais, só é de elogiar que não desistam de cumprir perseverantemente a sua função, apesar de, a jusante, ela ser mal utilizada pelo sistema judicial. Levaram este infractor seis vezes ao banco dos réus sem qualquer benefício par a segurança dos utentes da estrada, apenas o tendo conseguido à sétima vez.

Isto demonstra que todo o sistema se segurança rodoviária necessita de uma profunda remodelação, para pôr cobro a casos como este e como o da falta de seguro, dos excessos de alcoolemia e de velocidade, das manobras perigosas, etc. etc. É preciso analisar a essência do problema em toda a sua amplitude e adoptar medidas viáveis e eficazes, não para dificultar a vida a quem conduz com prudência mas para dissuadir os menos cautelosos que colocam em perigo vidas e haveres alheios.

Carros sem seguro. 060810

(Publicada na Sábado em 10 de Agosto de 2006, p. 14)

Segundo notícias de 27 de Julho, devem andar a circular mais de 60.000 carros sem seguro. Isto é grave por lesar outros carros e peões se forem «agredidos» por um deles. É mais um facto a provar que os legisladores sofrem da mania de legislar, a torto e a direito, sem a noção exacta dos efeitos dessa obsessão. Quanto à segurança rodoviária, essa «doença» é evidenciada a cada passo. É raro o ano em que não são agravadas as coimas das infracções ao Código e as condições em que são constituídas as infracções. Por este andar, dentro de pouco tempo, entrar para o carro já é infracção. Porém, o grave problema da sinistralidade continua, praticamente sem redução. Com efeito, o que reduz a sinistralidade não é o agravamento virtual e ilógico das condições de condução, mas sim uma fiscalização que obrigue ao cumprimento da legislação existente. Sem esse cumprimento, não há nova legislação mais gravosa que faça milagres. É o caso da alcoolemia, do excesso de velocidade, das manobras perigosas, do uso de telemóvel, do seguro, etc. E quanto a este, foi há muitos anos obrigada a fixação no pára-brisas do talão comprovativo. Pergunta-se: qual a utilidade actual desse talão? Quem olha para ele? Que procedimento rápido, prático e eficaz é adoptado quando ele mostrar que o seguro não está em dia? Se o talão não serve para nada, para que continua a ser obrigatório tornar opaca uma parte do pára-brisas, reduzindo a visibilidade do condutor? O mesmo se passa com o selo da contribuição autárquica e do referente à inspecção periódica. Isto demonstra que somos um país de legisladores utópicos, sonhadores e distraídos das realidades.

Qualquer lei só tem algum interesse se contribuir para melhorar a vida aos cidadãos honestos e, para conseguir esse objectivo, tem de ser acatada por todos, o que só se garante com uma fiscalização rigorosa de efeitos rápidos. Se uma lei não é cumprida, de nada vale alterá-la com coimas mais elevadas, porque quem não cumpria a primeira também não cumprirá a segunda, sabendo que a probabilidade de ser apanhado em falta é de tal maneira reduzida que compensa infringir. E, por isso, continua o excesso de alcoolemia, de velocidade, o uso de telemóvel, as manobras perigosas, a falta de seguro, a condução sem carta, etc. Há quem defenda que a solução está em mudar os comportamentos das pessoas. Mas quantas décadas demora conseguir esse santo desejo? De que forma se consegue? Talvez apenas se resolva, em tempo útil, com fiscalização repressiva rigorosa, reduzindo a probabilidade de o infractor ficar impune. E, dessa forma, se evitará que Portugal continue a ser um País de bananas.

Acidentes nas estradas. 060528

Acidentes nas estradas
(Enviada aos jornais em 28 de Abril de 2006)

A GNR, com base na experiência dos seus agentes (de vários postos hierárquicos) e nas estatísticas, chegou à conclusão de que a maioria dos acidentes rodoviários resulta de erros dos condutores, tendo as condições da estrada e o material uma influência pequena. Ainda estas palavras soavam nos nossos ouvidos, já apareciam uns opinantes teóricos a quererem convencer do contrário. Pura demagogia ou neurose, esta tendência de branquear e a indulgência inerente aos tradicionais brandos costumes, perante os erros humanos. Uma observação simples leva-nos a concluir que quanto melhores são as estradas mais frequentes e graves são os acidentes. O IP4, o IP5, as A1, A2 e A5 têm sido palco de mais acidentes e mais graves do que as estradas anteriores. As melhores estradas propiciam os excessos de pessoas que pretendem afirmar-se com velocidades além dos limites seguros, ao ponto de a sua fraca capacidade de domínio do carro ser evidenciada por acidentes. Também essas vias rápidas servem aos que beberam com exagero para se auto-convencerem que são tão bons como os pilotos da F1.

É certo que a sinalização, muitas vezes, estimula o desrespeito, pela falta de critério razoável traduzida em injustificado excesso de restrição. Por exemplo, na estrada de Alcabideche para Birre, ao descer para a ribeira, há um sinal que limita a velocidade a 30 Km/h. Ninguém sabe nem compreende porquê. Há umas curvas que impedem que se desça a 90 Km/h, mas várias pessoas têm ali passado a 70 sem o mínimo risco de acidente. Casos destes existem às dúzias pelo país, o que resulta na descredibilização dos sinais. E, um dia num local em que o sinal esteja ajustado à realidade nada impede um susto ou mesmo um despiste.

Porém, a competência do condutor deve permitir-lhe avaliar as condições de segurança, por forma a viajar com o mínimo grau de perigo e a necessária segurança para si, os seus companheiros e os outros utentes da via, evitando tornar-se um homicida rodoviário.

E enquanto, o grau de civismo e prudência dos condutores não atingir níveis convenientes, é imperioso que se intensifique a acção das forças policiais, com intervenções frequentes e a publicidade das coimas resultantes, a fim de que as festas dos Santos populares e as férias não sejam um drama para as famílias.

Velocidade «ascensional» 060422

(Publicada no Expresso em 22 de Abril de 2006, p. 26)

A quadra festiva da Páscoa em vez de alegria e esperança num futuro melhor, foi para muitas famílias de luto pelos seus entes queridos falecidos na estrada e de sofrimento e desilusão para aqueles que ficaram feridos e seriamente deficientes. Infelizmente, com números estatísticos mais ou menos gravosos, o cenário de dor era esperado e temido. Pouco tem sido feito com racionalidade e seriedade para que este drama não se repita nos momentos emocionalmente menos adequados para tais factos.

Se ainda havia dúvidas, veio verificar-se que não há senso na cabeça do Sr. Ascenso que tem perdido energias e agravado o problema ao desviar as atenções dos cidadãos e da Comunicação Social para aspectos marginais, pouco relevantes, como a taxa de alcoolemia e o perigo dos idosos, em vez de se concentrar nos factores essenciais do problema. Tal metodologia não é a forma mais sensata de resolver qualquer assunto importante e complexo. Não são necessárias alterações ao Código, bastando fazê-lo cumprir com uma fiscalização mais intensa e decisões judiciais mais rápidas.

A velocidade excessiva, isto é, aquela que não permite ao condutor dominar o carro com eficiência está, na causa de muitos acidentes. Ser um ás na condução não significa atingir altas velocidades – essas dependem da potência do motor – mas, sim, fazer a viagem com segurança para si, os seus acompanhantes e os outros utentes da estrada.

E não deve esquecer-se que a prevenção de acidentes nas épocas festivas que se aproximam, deve ser feita a partir de agora, com mais frequentes operações «stop», visto não haver resultados rápidos a obter com a seráfica intenção de melhorar o civismo dos condutores.

sábado, 15 de agosto de 2009

Alcoolemia e obsessão legislativa. 060411

(Publicada no Diabo em 11 de Abril de 2006)

Já há muito que os cidadãos mais atentos se aperceberam que os políticos padecem da mania obsessiva de que as leis, só por si, resolvem qualquer situação indesejável. É uma fé fundamentalista nas virtualidades da legislação. Quando uma situação se torna demasiado incómoda, fazem uma lei que agrava as penalizações anteriores e... vão dormir descansados por terem cumprido o seu dever. Mas a realidade passa-se num mundo diferente da nuvem celestial em que eles pairam, e tudo continua tal como anteriormente. O caso mais visível é o do Código da Estrada que demonstra que não há senso, nem não tem havido. Agora ameaçam com mais uma descida da taxa de alcoolemia máxima permitida. Mas os argumentos soam a anedóticos. Dizem que a maior parte dos mortos em acidentes que tinham excesso de álcool apresentavam taxas superiores a 1,2gr/l. E isso não é o pior, pois os recordes de Norte a Sul são múltiplos desse valor. Para que tais taxas fossem puníveis bastava que o máximo permitido fosse de 1,0gr/l. Ora ficou provado que o Estado não conseguiu fazer cumprir a taxa de 0,4gr/l. Será que alguém acredita que fará cumprir a taxa de 0,2gr/l? Alguém com senso terá a ousadia de nos convencer de que as altas taxas detectadas desaparecerão? Porquê?

A realidade é que essas taxas encontradas nos mortos e em muitos condutores vivos não ocorreram por falta de lei, mas sim por a falta de civismo não ser compensada por eficaz fiscalização e repressão, policial e criminal, que exerça poder dissuasor e obrigue a respeitar a lei existente. Sem isto, a lei pode ter as maiores restrições que nada resolve, como tem sido demonstrado nas estradas. A decisão governamental devia, por esta lógica, criar condições para operações frequentes e eficazes de inspecção e fiscalização, seguidas de decisões judiciais rápidas e publicitadas. É notório que os acidentes e as vítimas têm sido um pouco menos numerosos desde que as polícias intensificaram a sua actuação, criando dissuasão.

Poderá desta forma concluir-se que a redução da taxa permitida não é necessária nem resulta, por si só, em qualquer eficácia, traduzindo apenas uma tendência sádica dos políticos e mostrando que nem sempre há senso.

Insegurança nas estradas

(Publicada no Destak 30 de Março de 2006, p. 19)

Fala-se agora, com intensidade, no código da estrada e nas suas virtualidades técnicas. A última alteração veio, passado um ano, dar razão aos seus críticos, pois o número de acidentes e de vítimas não melhorou sensivelmente. Os detractores das alterações evidenciaram que as versões anteriores não foram eficazes por não conterem os parâmetros convenientes, mas sim porque não houve fiscalização rigorosa que obrigasse ao seu cumprimento. Sem fiscalização, qualquer novo código obteria idêntico resultado. Com efeito, as operações stop, quando realizadas de surpresa quanto à hora e ao local, têm evidenciado grande quantidade de graves infracções e produzido efeito dissuasor nos dias seguintes. São operações dessas que fazem falta até que um dia (não se prevê quando) o grau de civismo torne as nossas estradas tão seguras como as dos parceiros europeus.

E, ao falar no código, sobressai logo a fobia aos idosos, só porque uns poucos entraram na auto-estrada em contramão, o que aliás não tem acontecido apenas aos idosos e talvez se deva a sinalização deficiente. Querem tornar mais rigorosos os exames para renovar a carta? É uma medida aceitável, mas como a maior percentagem de acidentes é provocada por condutores com idades entre os 20 e os 30 anos, pergunto que medidas deverão ser adoptadas para este nível etário? Convinha que os governantes aprendessem um pouco de estatística e gerissem os recursos do Estado de forma mais lógica, matemática, racional, com prioridades bem estabelecidas.

Talvez se trate de carinho dos jovens para proteger os seus avós. Mas, nesse caso e atendendo a que todos os idosos estão sujeitos a mais doenças e todos morrem, seria mais lógico e estatisticamente justificado que os idosos fossem mais apoiados em saúde e medicamentos, sem terem de morrer enquanto esperam uma consulta ou uma intervenção cirúrgica.

Afinal, o que é que faz mover os jovens políticos?

Carros com prioridade nos passeios? 051102

(Enviada aos jornais em 2 de Novembro de 2005)

É frequente depararmos com os passeios pejados de carros ao ponto de os peões terem de sair para o alcatrão onde, aí com lógica, os carros não lhes dão prioridade. E o que é mais grave é que essa utilização do alcatrão é a única solução para carrinhos de bebé e cadeiras de rodas de deficientes, que têm de recuar para encontrar abertura por onde sair do passeio e, com todos os riscos, poderem avançar no sentido desejado.

Mas, além desta falta de civismo dos automobilistas, há a filosofia dos técnicos camarários que parece usarem o lema «o espaço público é para os carros e os peões que se lixem». É certo que sinais de trânsito, outra sinalética, postos de iluminação, etc, têm que ser instalados nos passeios. Mas o que não é aceitável é que não haja o cuidado de os localizar de forma a causarem o mínimo incómodo aos peões. Muitas vezes nascem mesmo no meio do passeio; outras vezes dois obstáculos seguidos, em vez de paralelamente ao eixo do passeio, são colocados perpendicularmente a este, ou em xadrez causando quase total obstrução dificultando ou até impedindo a passagem de deficientes. Provas destes casos podem ser observadas, por exemplo, nos primeiros 500 metros da Av. 25 de Abril em Cascais.

Os peões também são desprezados e prejudicados com o duche de água suja projectada pelos carros, quando esperam nas paragens de autocarros ou nas passadeiras, devido à água da chuva acumulada pelo facto de as sarjetas não estarem colocadas no local de cota mais baixa. E os técnicos municipais ainda não repararam que a água continua a teimar em correr para os locais mais baixos, onde era suposto estar a sarjeta. Não é a primeira vez que refiro estes factos e, para vergonha de todos nós, possivelmente, isto continuará a ser o retrato das autarquias.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sangue na estrada. 050909

(Publicada no Diário de Notícias em 9 de Setembro de 2005)

Os números vindos a público referem 600 mortos na estrada desde o início do ano. Se juntarmos a este número as centenas de deficientes para o resto da vida, dependentes da caridade do Estado ou de familiares, e os dias de trabalho perdidos pelos feridos ligeiros, temos de concordar que o País está perante uma guerra permanente de desgaste no potencial humano, além dos materiais com o consequente agravamento da balança comercial.

Não será de estranhar que surjam mais associações, fundações e institutos a pedirem subsídios para combater este flagelo. Porém, espera-se que os governantes, com a sua visão global devidamente esclarecida, não se deixem seduzir pelo canto das sereias e não percam a noção daquilo que é essencial, não o confundindo com a fumaça e o ruído embriagador. Associações desse género já existem em grande número, ficando caras ao erário público, sem produzir resultados visíveis. A tragédia tem permanecido em números preocupantes.

Perante a ineficácia desses organismos, parece que o esforço de contenção deve ser exercido numa eficaz conjugação das acções policiais e judiciais, traduzida numa fiscalização intensa que torne menor a probabilidade de o infractor ficar impune, e numa decisão judicial rápida e severa que tenha efeito dissuasor. Um homicídio praticado com um automóvel causa maior mal , devido aos danos colaterais, do que um homicídio com arma de fogo. Quando os habituais causadores de acidentes começarem a ver o resultado daquela conjugação de acções, certamente passarão a arriscar menos. Nestas condições, é desejável que os ministérios respectivos tomem as medidas mais adequadas a fim de estancarem esta sangria que corre do corpo de muitos inocentes, por incúria de condutores criminosos e de autoridades pouco eficazes.

Um alerta aos motoristas. 050902

(Publicada no 24 Horas em 2 de Setembro de 2005)

Os motoristas de «altas» entidades públicas merecem ser alertados para o perigo a que são expostos pelos seus «patrões». Basta olhar para a primeira página de um jornal diário de 30 de Agosto para concluir que, apesar de serem instigados a infringir o Código da Estrada por a entidade ter saído tarde mas querer chegar a horas, se houver qualquer acidente ou incidente por excesso de velocidade, aquela atribui a responsabilidade exclusivamente ao motorista.

Já há mais de duas dezenas de anos, o então primeiro-ministro, ao receber em Sacavém os batedores da GNR disse-lhes que ia com pressa e tinha de estar em Aveiro às x horas, que era 30 minutos depois! Dessa vez, não houve acidente nem incidente. Agora, foi a vez do juiz conselheiro do Tribunal Constitucional, Artur Maurício dizer coisa parecida ao seu motorista, o qual, inocentemente e com vontade de ser prestável e colaborante com o seu «patrão», carregou no acelerador e foi caçado a 200 Km/h. O juiz, que por profissão é hábil no uso das palavras e na interpretação da responsabilidade, sacudiu a água do capote, considerando-se inocente de qualquer culpa. Que grande exemplo de moralidade! Que grande lição para os motoristas em geral! A partir de agora, não se esqueçam: a pressa não é vossa; é do «patrão». Nunca excedam a velocidade nem infrinjam o Código, porque depois, se for a doer, serão vocês a sofrer. Se o «patrão» insistir em aumentar a velocidade por ter pressa, recusem obedecer e convidem-no a ser ele a conduzir e vocês irem no banco ao lado.

Quando fui militar no activo, o passageiro mais graduado na viatura – chefe de viatura – era responsável por qualquer excesso de velocidade, entre outras coisas. Isso passava-se naquela escola de virtudes que dá pelo nome de Exército, mas o juiz rege-se por outros valores, aqueles que são comuns a grande parte dos homens do Direito, que alguém considera o maior mal do País, com a agravante de a maior parte dos políticos beberem da mesma água.

E assim vai o País real. Quando o mar bate na rocha, quem se trama é o mexilhão. Por isso alerto: abram os olhos motoristas e outros servidores de «altas» entidades. Mantenham-se na legalidade.

Idosos não são o perigo rodoviário. 050715

(Publicada no Metro em 15 de Julho de 2005)

No início de Novembro de 2003, um dos secretários de Estado do MAI atribuiu enorme gravidade ao perigo dos idosos na segurança rodoviária e o ministro da Saúde, quatro meses depois, dava elevada prioridade ao rigor dos exames sanitários dos idosos para efeito de renovação da carta de condução. Deduzia-se que, na opinião pretensamente abalizada destes políticos, os idosos eram o maior perigo nas estradas. Estas reacções impulsivas, insensatas, despudoradas de pessoas que, ou não tinham nada de importante a ocupar-lhes o tempo ou tinham o tempo tão ocupado que não lhes restavam uns minutos para pensar com bom senso, eram devidas ao facto de um idoso ter entrado numa auto-estrada em contramão, talvez devido a sinalização confusa e pouco eficiente.

Nas duas datas, em cartas publicadas em vários jornais, permiti-me sugerir que devia, em primeiro lugar, ser elaborada uma estatística das idades dos intervenientes e causadores dos acidentes ocorridos durante um largo período, porque me parecia que o grande perigo na estrada, não vem dos idosos, mas sim dos mais jovens, talvez da idade do referido secretário de Estado.

O tempo passou e a verdade vem à superfície, como o azeite na água. Hoje (12 de Julho) vi num jornal que «o grupo etário entre os 20 e os 30 anos é aquele que mais acidentes de viação sofre. Porque corre demasiados riscos e ultrapassa os próprios limites ao volante» «É a faixa dos 24 aos 29 que lidera nos óbitos». O artigo assentava no estudo de um conhecido antropólogo que se tem interessado a fundo pelos problemas rodoviários.

A insensatez dos referidos governantes e a ânsia de mediatismo, precipitaram a sua posição errada, desviando as atenções da verdadeira essência da sinistralidade e, portanto, atrasaram a pesquisa no sentido correcto da busca de soluções. Não devemos generalizar, mas infelizmente é frequente os políticos emitirem opiniões precoces e não fundamentadas, e depois teimarem em mantê-las, desviando as atenções dos verdadeiros problemas. Não é de esperar, por inútil, que o referido secretário de Estado venha dar a mão à palmatória, mas, sim, que os actuais governantes orientem os esforços dos organismos com responsabilidades na segurança nas estradas no sentido de ser encontrada uma solução que reduza a gravidade da tragédia a que o País tem estado sujeito.

Tragédia rodoviária. 050627

(Publicada no Metro em 27 de Junho de 2005)

Os acidentes nas estradas continuam com uma intensidade arrepiaste, apesar de os legisladores terem aumentado as sanções para as infracções ao código mais frequentes Houve quem tivesse mostrado optimismo, esperando que a tragédia rodoviária diminuísse. Puro engano. Os legisladores não conhecem o mundo real e cada gesto seu faz lembrar o náufrago que não sabe a que se agarrar e esbraceja. Lêem-se os mais diversos comentários contra as estradas, o código, as polícias, mas raramente se encontra uma análise convincente das causas do fenómeno. Porém, há tempos, um sociólogo apontava, como causa fundamental, o comportamento de risco instalado na camada jovem. A apetência pelo perigo leva muito jovem a ultrapassar os limites da segurança, para além dos quais o domínio do carro se torna impossível perante a mínima dificuldade de aderência, força centrífuga, equilíbrio, etc.

Por seu lado a PRP gasta um orçamento considerável em cartazes teoricamente bonitos, mas, na prática, completamente inócuos, sem qualquer efeito. No entanto, há slogans que ficam na memória e mantêm validade. Cito o velho «vale mais perder um minuto na vida do que a vida num minuto». Há dias, recebi por e-mail um outro muito interessante «mais vale chegar atrasado neste mundo do que adiantado no outro».

Mas, a melhor lição veio do piloto de fórmula 1 Tiago Monteiro que, interrogado sobre o objectivo da corrida, respondeu que desejava chegar ao fim. E tem sabido chegar ao fim, m todas as corridas, tendo já batido o recorde dos novatos com mais corridas sem desistências. «Chegar ao fim» deve ser o objectivo de todo o condutor quando inicia uma qualquer viagem. É de acrescentar: chegar ao fim com segurança, com comodidade para os passageiros e com economia da mecânica e do combustível. Conseguir isto é elogioso para o condutor, mas atingir alta velocidade apenas é virtude da potência do motor e não denota competência de quem conduz. Acreditar e levar a sério o Tiago Monteiro é vantajoso par cada condutor, para a sua família e para a sociedade em geral. É preciso querer e saber chegar ao fim da viagem.