A HUMANIDADE ESTÁ POUCO RESPEITADORA DOS SEUS DIREITOS
Public em O DIABO nº2448 de 01-11-2023, pág. 16, por António João Soares)
Actualmente, as pessoas não respeitam devidamente os direitos humanos, mesmo quando se encontram em ambiente familiar. É frequente encontrarmos na comunicação social notícias de variados crimes de violência doméstica. Há tempos vi uma notícia de senhora idosa que, vivendo isolada, sentiu vontade de juntar numa almoçarada filhos e netos para matar saudades e reforçar os laços familiares. A fotografia que a comunicação social publicou mostrava uma mesa comprida com muitos pratos por levantar, a senhora sentada na sua cadeira sem ninguém nas suas proximidades e, mais distantes, havia descendentes a lerem os seus telemóveis e fora da mesa havia outros a mexerem nos seus aparelhos e alguns a jogarem entre si passatempos electrónicos. Ninguém conversava com a senhora que, certamente, se encontrava frustrada e desiludida com a intenção que a levou a organizar este momento de convívio para seu conforto espiritual, para reforçar os laços familiares e para alimentar a ligação que devia unir a família. E que foi em vão.
Se as intenções desta avó deviam ser alimentadas por todos os familiares, a fotografia mostrava a realidade, como algo inesperado para ela e para grande parte das pessoas da sua geração. Hoje os jornais mostram notícias de crimes horríveis ocorridos entre familiares que era esperado serem unidos incondicionalmente por recíproca amizade. Por exemplo, na Irlanda, que é um País com exemplar desenvolvimento socioeconómico, tem havido casos graves de segurança, em que morrem pessoas inocentes sendo algumas de tenra idade. Tem havido ataques a escolas em que ferem e matam jovens estudantes, sem culpas.
Mas não se encontram perspectivas confiantes de recuperar esta perda de valores éticos, morais e sociais porque, do mais alto nível, saem exemplos execráveis como se vê em guerras e em actos de terrorismo. Segundo a filosofia actual, para responder a uma guerra, usam-se, em sentido contrário, ataques semelhantes de violência igual ou muito superior, sem olhar a que as vítimas do anterior voltam a sofrer iguais ou piores danos. Segundo a ética, a violência não deve ser combatida por maior violência, mas por negociação e pela Justiça que deve eliminar os maiores responsáveis pela violência inicial, impedindo-os de repetição de actos desumanos. Por exemplo, a guerra entre o Hamas e Israel entrou numa trégua de quatro dias em que ambas as partes concordaram, mas este Estado já disse que, após esta pausa, os combates serão retomados «com intensidade». Isto é muito grave, porque a população inocente tem sofrido baixas e muitos ferimentos.
Será que esta afirmação é mais uma falácia para aumentar as ajudas de países amigos levando-os a insistir com a vontade de cessarem totalmente as hostilidades que já têm causado tantas baixas e dado um mau exemplo contra a vontade de no mundo haver harmonia e paz internacional! Em vez de, na comunicação social, serem propalados casos de violência, deve haver bons exemplos de bom entendimento e de vontade de segurança e bons projectos de desenvolvimento económico, cultural e de segurança. Estes, sim, bem merecem ser publicitados como exemplos a seguir porque contribuem para um futuro mais risonho da humanidade.
Os direitos humanitários constituem um factor com interesse para todos, e também são um dever de cada pessoa seja qual for o seu grau de cultura ou de património pessoal. Devemos fazer tudo o for possível para evitar que o mundo entre em desmoronamento.