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sábado, 2 de maio de 2009

O Velho que lia romances de amor

Sinopse: "Antonio José Bolívar Proaño vive em El Idilio, um lugar remoto na região amazónica dos índios shuar, com quem aprendeu a conhecer a selva e as suas leis, a respeitar os animais que a povoam, mas também a caçar e descobrir os trilhos mais indecifráveis. Um certo dia resolve começar a ler, com paixão, os romances de amor que, duas vezes por ano, lhe leva o dentista Rubicundo Loachamín, para ocupar as solitárias noites equatoriais da sua velhice anunciada. Com eles, procura alhear-se da fanfarronice estúpida desses gringos e garimpeiros que julgam dominar a selva porque chegam armados até aos dentes, mas que não sabem enfrentar uma fera a quem mataram as crias. Descrito numa linguagem cristalina e enxuta, as aventuras e emoções do velho Bolívar Proaño há muito conquistaram o coração de milhões de leitores em todo o mundo, transformando o romance de Luis Sepúlveda num "clássico" da literatura latino-americana."

Comecei a ler este romance ontem à noite e acabei-o... durante a noite, a verdade é que se lê muito facilmente. A história que Luis Sepúlveda nos relata, prende-nos do início ao fim.
Logo na terceira página, fiquei fascinada e pensei para mim "vou de certeza gostar deste livro" e querem saber porquê...
"Na minha mochila, na aldeia shuar, tinha As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, de Pablo Neruda, e La Linares, do escritor equatoriano Ivàn Egüez, mas não olhara para eles durante todo este tempo, ocupado como estava em aprender a ler a selva." p.9

Primeiro porque fala de Pablo Neruda e deste livro fantástico de poemas, do qual já fiz um post e que continua na minha mesa de cabeceira... ainda ando a digerir cada poema, cada verso, cada palavra. Depois porque adorei a expressão "aprender a ler a selva".

Uma história diferente de um velho que lia romances de amor; género literário que "verdadeiramente desejava" como diz na página 64 após ter experimentado outros géneros...

A nossa querida amiga Lídia dizia há dias, numa formação sobre o prazer da leitura, que temos de deixar as nossas crianças ler tudo, experimentar vários tipos de textos até elas descobrirem realmente aquele que mais lhes convém.

Pois bem Lídia, aqui tem mais um exemplo dessa verdade: aconteceu o mesmo com António José... Leu, leu e leu tudo o que podia ler no meio da selva, até escolher os romances de amor, mas nem todos... mas isso não vou contar... Vão ter de ler o romance e descobrir qual os ingredientes secretos dos romances de amor que ele realmente ansiava por ler.

Nota: 8/10
:O)

domingo, 26 de abril de 2009

Firmin

Sinopse: "Nascido na cave da Pembroke Books, uma livraria da Boston dos anos 60, Firmin aprendeu a ler devorando as páginas de um livro. Mas uma ratazana culta é uma ratazana solitária. Marginalizado pela família, procura a amizade do seu herói, o livreiro, e de um escritor fracassado.À medida que Firmin desenvolve uma fome insaciável pelos livros, a sua emoção e os seus medos tornam- se humanos. É uma alma delicada presa num corpo de ratazana e essa é a sua tragédia.Num estilo ora sarcástico ora enternecedor, Firmin é uma história sobre a condição humana em que a paixão pela literatura, a solidão e a amizade, a imaginação e a realidade, fazem parte de um mundo que acarinhava os seus cinemas de reprise, os seus personagens únicos e a glória amarelada das suas livrarias. Firmin é divertido e trágico. Como todos nós."
Li este livro num abrir e fechar de olhos. Adorei.
"Uma história para todos aqueles que sentem paixão pelos livros e que não perderam a capacidade de amar".
Um livro indicado para todos nós, amigos e amantes de livros, de letras, de histórias...
Quando comecei a ler esta obra de Sam Savage, associei-o a outro livro lido há muito pouco tempo: O incrível rapaz que comia livros. Na verdade, em termos de mensagem são bastante idênticos; ambos se referem ao prazer de comer livros (literalmente) que se transforma no prazer de "ler", devorando (metaforicamente) livros.
É uma história de vida, que facilmente se transpõe para a vida de qualquer um de nós; somos seres solitários, que procuram o amor, a amizade, uma vida em sociedade... os livros fazem parte dessa vida que procuramos, são o nosso refúgio, são as nossas viagens, são as nossas aprendizagens!
Firmin, é uma ratazana com um aspecto "nojento"; mas achei-o delicioso depois de o conhecer... podia ser qualquer um de nós.
Uma fábula para adultos que adoram ler! :O)
Nota: 9/10

sábado, 11 de abril de 2009

O Pássaro da Alma

Sinospe: "Desta obra pouco se poderá dizer pois é pura e simplesmente belíssima. Um livro para todas as idades que nos explica de forma poética e única o que é a alma. É um texto essencial num mundo que muitos criticam pela crescente falta de valores e de uma moral. Este livro apela a um conhecimento do nosso mais íntimo e profundo sentir, explicando por via desse pássaro, clara metáfora, aquilo que sentimos, como o sentimos e porque o sentimos. Pela singeleza do conteúdo e pela estética do arranjo dos desenhos de Naama Golomb, é uma obra que tem ganho, desde a sua publicação em 1993, uma reputação internacional que levou a que fosse traduzida em mais de vinte cinco línguas, e em todos os países recebeu prémios e veio a tornar-se best-seller. O livro recebeu o primeiro Prémio Internacional, da Fundação Espaço Crianças em Genebra."
Sobre a autora: "Michal Snunit, autora israelita, atingiu a fama com esta obra e, daí para cá produziu dezenas de livros dentro do mesmo estilo que receberam inúmeros prémios em todo o mundo. Tem sido considerada uma das melhores escritoras infantis contemporâneas e a sua obra originalmente destinada aos mais pequenos tem vindo a ser lida por adultos com o mesmo prazer."

"No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
Mas todos sabem que existe.
E não só sabem que existe,
Como também sabem o que lá tem dentro.
Dentro da alma,
Lá bem no centro,
Pousado numa pata,
Está um pássaro.
E o nome desse pássaro é o pássaro da Alma.
E ele sente tudo o que nós sentimos:
Quando alguém nos magoa, o pássaro da alma agita-se para lá e para cá
Em todos os sentidos dentro do nosso corpo, sofre muito.
Quando alguém nos ama,
O pássaro da alma dá pulinhos
De contente,
Para trás e para a frente,
Vai e vem.
Quando alguém nos chama,
O pássaro da alma põe-se logo à escuta da voz,
A fim de reconhecer que tipo de apelo é.
Quando alguém se zanga connosco,
o pássaro da alma recolhe-se dentro de si,
Tristonho e silencioso.
E quando alguém nos abraça, o pássaro da alma
Que mora no fundo, bem lá no fundo do nosso corpo,
Começa a crescer, crescer,
Até encher quase todo o espaço dentro de nós,
Tão bom para ele é o abraço.
Dentro do corpo, no fundo, bem lá no fundo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
Mas todos sabem que ela existe.
E ainda nunca,
Nunca veio ao mundo alguém
Que não tivesse alma.
Porque a alma entra dentro de nós no momento em que nascemos
E não nos larga
- Nem uma só vez –
Até ao fim da vida.
Como o ar que o homem respira
Desde a hora em que nasce
Até à hora em que morre.
Decerto querem também saber de que é feito o pássaro da alma.
Ah, isso é mesmo muito fácil:
É feito de gavetas e mais gavetas.
Mas não podemos abrir as gavetas de qualquer maneira,
Pois cada uma delas tem uma chave para ela só!
E o pássaro da alma
É o único capaz de abrir as gavetas dele.
Como ?
Pois isso também é muito simples:
Com a segunda pata.
O pássaro da alma está pousado numa pata,
E com a outra – que em descanso está dobrada sob a barriga –
Roda a chave da gaveta que quer abrir,
Puxa pelo puxador, e tudo o que está dentro dela
Sai em liberdade para dentro do corpo.
E como tudo o que sentimos tem uma gaveta,
O pássaro da alma tem imensas gavetas.
A gaveta da alegria e a gaveta da tristeza.
A gaveta da inveja e a gaveta da esperança.
A gaveta da desilusão e a gaveta do desespero.
A gaveta da paciência e a gaveta do desassossego.
E mais a gaveta do ódio, a gaveta da cólera e a gaveta do mimo.
A gaveta da preguiça e a gaveta do vazio.
E a gaveta dos segredos mais escondidos,
Uma gaveta que quase nunca abrimos.
E há mais gavetas.
Vocês podem juntar todas as que quiserem.
Às vezes uma pessoa pode escolher e indicar ao pássaro
As chaves a rodar e as gavetas a abrir.
E outras vezes é o pássaro quem decide.
Por exemplo: a pessoa quer estar calada e diz ao pássaro para abrir
A gaveta do silêncio. Mas ele, por auto-recriação,
Abre-lhe a gaveta da fala,
E ela desata a falar, a falar sem querer.
Outro exemplo: a pessoa quer escutar pacientemente
- E em vez disso ele abre-lhe a gaveta do desassossego
Que faz com que ela se enerve.
E acontece que a pessoa tenha ciúmes sem qualquer motivo.
E que estrague justamente quando mais quer ajudar.
Porque o pássaro da alma nem sempre é disciplinado
E às vezes dá-lhe trabalhos...
Agora já compreendemos que cada homem é diferente do seu semelhante
Por causa do pássaro da alma que tem dentro de si.
O pássaro que em certas manhãs abre a gaveta da alegria,
E a alegria jorra para dentro do corpo
E o dono dele fica feliz.
E quando o pássaro lhe abre
A gaveta da raiva,
A raiva escorre de dentro dela e
Domina-o totalmente.
E até que o pássaro
Volte a fechar a gaveta
ele não pára
De se zangar.
E quando o pássaro está de mau humor
Abre gavetas que dão mal-estar.
E quando o pássaro está de bom humor
Escolhe gavetas que fazem bem.
E o mais importante – é escutar logo o pássaro.
Pois acontece o pássaro da alma chamar por nós, e nós não o ouvirmos.
É pena. Ele quer falar-nos de nós próprios.
Quer falar-nos dos sentimentos que estão encerrados nas gavetas
Dentro de nós.
Há quem o ouça muitas vezes.
Há quem o ouça raras vezes,
E há quem o ouça
Uma única vez na vida.
Por isso vale a pena
Talvez tarde pela noite, quando o silêncio nos rodeia,
Escutar o pássaro da alma que mora dentro de nós,
No fundo, lá bem no fundo do corpo."
Cópia na íntegra.
Fui convidada para uma sessão de leitura do livro O Pássaro da Alma. Foi algo memóravel...
Não foi fácil adquiri-lo mas já está comigo... só posso dizer que agradeço do fundo do coração a leitura que foi feita; obrigado Miguel...
Abriram-se novas gavetas na minha alma, recomendo para pequenos e grandes: uma verdadeira obra de arte.
Nota: 10/10

domingo, 29 de março de 2009

Cartas de Amor de Grandes Homens

Sinopse: "A ideia para este livro surgiu com o filme "Sexo e a Cidade", onde aparece um livro romântico com cartas escritas por Beethoven, Byron e Napoleão. Essa colecção nunca existiu, mas as cartas eram genuínas. Agora já existe, e reúne algumas das cartas mais românticas alguma vez escritas, por homens como Mark Twain e Mozart, Robert Browning e Nelson. Para alguns, o amor é um delicioso veneno (William Congreve), para outros, uma mulher delicada e amável, num sofá à lareira, com livros e música (Charles Darwin). Às vezes o amor queima como o Sol (Henrique VIII), ou penetra no coração como gotas de chuva (Flaubert). Encontramos nestas cartas todas as "nuances" possíveis, desde a requintada eloquência de Oscar Wilde até à devoção simples de Robert Browning, passando pela tristeza, tão contemporânea, de Plínio, o Novo, que mergulha no trabalho para não pensar nas saudades que sente de Calpurnia, a sua mulher."
Num post anterior sobre o tema do Amor, a nossa cara Isilda falava deste livro devido a uma carta de Eça de Queiroz à sua esposa... Sendo apaixonada por este autor e confiando cegamente nas sugestões da Isilda, comprei, li de um só trago e ADOREI.
O livro tem uma qualidade estética fantástica, capa dura com título em relevo, romantíco e sóbrio no seu interior, Ursúla Doyle teve a excelente ideia de recolher num só livro, cartas fantásticas escritas a mulheres (como todas nós) por homens loucamente apaixonados.
A leitura deste livro é muito fácil e deliciosa, cada carta tem uma pequena biografia do seu autor que permite ao leitor situar-se no tempo. Recomendo vivamente a todos os que estão apaixonados... aos que não estão também...
Nota: 10/10

quinta-feira, 19 de março de 2009

O caminho para uma grande paixão...


O caminho da felicidade…
A luz que ilumina os meus passos
Indica-me o melhor percurso para fugir de lugares devassos
Os meus passos dou e na vida deambulo
Tentando quebrar todas as barreiras escapando a todo e qualquer obstáculo
Passo a passo estou-me a aproximar
Do quê, não sei mas a algum lugar hei-de ir dar
Sinto-me uma pessoa deambulante
Sinto-me um ser errante
Caminho guiado por um pressentimento
Por um feeling que me conduzirá a um sentimento
Sentimento esse meu desconhecido
Continuo a caminhar, vou cansado e entristecido
Já distante, avisto algo e quedado fiquei
A reflectir nas voltas que dei, naquilo que palmilhei
Até a este lugar chegar e… sentir algo em mim a pulsar
Me encaminha para uma porta, que me atenta a puxar
Porta aberta, sortes ao vento, entro pronto a arriscar
E algo lá dentro fui encontrar
Encontrei paz, amor, carinho, compreensão
Encontrei também alguém a estender-me a mão
E me disse, deixa-te habitar no meu coração
Assim o fiz, assim surgiu algo… assim, nasceu uma paixão…
João Paulo S. Félix

Onde reside o amor

Sinopse: "Onde reside o amor é uma viagem às histórias das vidas de todos nós. Aqui estão os retratos fiéis dos nossos dias, dos anjos que nos protegem e dos demónios que nos desafiam. Margarida Rebelo Pinto volta, neste livro, às relações entre as pessoas e, de uma forma sincera, fala-nos directamente ao coração. Atravessa o amor e o sexo, interpreta a linguagem dos afectos e lança um olhar sobre o papel da família, dos valores que se perdem na voragem dos dias. Homens e mulheres; príncipes encantados; as eternas diferenças entre os dois sexos (mais próximos do que se julga); afectos, histórias de família, ou o retrato de um país… Tudo conduz os leitores para o secreto lugar onde reside o amor."

Começamos a gostar de um livro pela sua capa, não é verdade? Pois eu acho que comecei a gostar deste livro pelo lindo laço que o envolvia... e comprei-o!

Onde reside o amor é um livro dividido em vários pequenos capítulos que nos fazem o retrato do amor visto pelas mulheres e pelos homens em circunstâncias diferentes. É mais um daqueles livros para ler descontraidamente, num domingo à tarde, aproveitando o sol da primavera com uma leitura fluída.

Deixo-vos aqui algumas das frases que mais me marcaram ao longo deste livro, como "entrada" para quem quiser ler e como reflexão...
"As escolhas afectivas não são racionais: não escolhemos nem os nossos pais, nem os nossos filhos, e até podemos viver na ilusão de que fomos nós que elegemos a pessoa para estar ao nosso lado, mas para isso é preciso que ela também nos escolha a nós e que essa escolha tenha critérios bem diversos da razão. Camões, que sabia muito disto, é que tinha razão quando escrevia que o amor tem razões que a razão desconhece. Não sabermos porque amamos tanto aquela pessoa é bom e está certo. Nem tudo vem nos livros, nem tudo depende da razão e esta por vezes também se engana " p.78
"A pessoa certa para nós só o pode ser se, ao olhar para nós, vir a pessoa certa para ela." p.88
"(...) o segredo de bem tratar uma mulher está no savoir-faire. (...) O savoir-faire é irmão do charme e filho da inteligência." p.101/102
Nota: 8/10

domingo, 8 de fevereiro de 2009

E depois de tudo, só resta o AMOR...

A propósito do dia de S. Valentim, data que todos os alunos apreciam e fazem questão de participar, resolvi dar-vos a conhecer as belas palavras de um cantor francês que descobri quando lia algo relacionado com a cultura francesa e aspectos civilizacionais de França. Nada mais apropriado para nos deliciarmos com a finesse e o bom gosto dos franceses. Espero que gostem tanto como eu gostei. É um sucesso em França e recebeu mesmo um prémio que se costuma atribuir às boas músicas actuais.

Se não gostarem, não leiam mais que uma vez. Se gostarem, reflictam e releiam, pois merece a pena. Nos dias que correm esta palavra Amor está muito deturpada, mas este jovem regenera-a. Aqui está.

Il y a je t'aime et je t'aime

Certains disent tout leur amour
Leur envie que ça dure toujours
C'est un crime comme on embrasse
Un défi au temps qui passe.
D'autres sont jetés au vent
N'importe comment
Ils ne comblent que le silence
Et retombent dans tous les sens.
Il y a je t'aime et je t'aime
Je t'aime trop, je t'aime bien
Il y a je t'aime et je t'aime
Je ne t'aime plus que je t'aime loin.
Certains parlent du lendemain
Ils font mal ou font du bien
On les chante ou les murmure
S'ils nous mentent ils nous rassurent.
D'autres n'osent pas dire qu'ils cachent
Tant de choses qui se détachent
Ils demandent et toi tu aimes
Ils attendent qu'on les retiennent
Je t'aime 6x
Je t'aime et je t'aime
Il y a ceux qui brûlent et blessent
Et puis ceux qui hurlent et cessent.
Il y a ceux qu'on n'oublie pas
Surtout ceux que tu dis toi.
Je ne t'aime plus
Je t'aime loin
Je t'aime
Je t'aime trop
Je t'aime bien
(Je t'aime trop
Je t'aime bien).
Il y a je t'aime et je t'aime
(Et je t'aime 6x
Je ne t'aime plus
Je t'aime loin).

Quentin Mosimann
É um verdadeiro hino ao Amor e àqueles que sabem o verdadeiro significado do verbo amar. Daí que, não quero deixar de vos dar a conhecer, ainda relacionado com o Amor, uma obra acabada de sair, publicada pela Bertrand, "Cartas de Amor de Grandes Homens", onde estão incluídas algumas cartas dos nossos expoentes máximos da literatura, como é o caso de Eça de Queirós, Fernando Pessoa, etc. Aquela que me seduziu foi mesmo a do nosso eterno Eça, actualíssimo e verdadeiro. Reparem na forma como é escrita, a beleza do discurso, a cortesia das palavras para com a sua amada. Além disso, o conhecimento que este escritor tinha do mundo das línguas e a capacidade de jogar e brincar com os idiomas, não alterando o sentido do discurso e transmitindo a beleza, o frisson que devem provocar as cartas de amor. Desfrutem desta preciosidade da literatura epistolar e como se escreve uma carta (coisa que hoje está a cair em desuso)!

"Minha Adorada Noiva,
Ontem, depois de lhe escrever, tornei a ler a sua carta - e não fiquei pouco surpreendido ao verificar que ela não continha a single little loving word. Reli-a novamente. Sacudi o papel pensando que the little word teria ficado emaranhada nas linhas entrecruzadas; rebusquei sobre a mesa, que ela não se tivesse extraviado entre os papéis; procurei pelo tapete; olhei o tecto que, ao abrir o envelope, ela não tivesse voado e pousado no estuque; esquadrinhei os cantos do sofá; voltei para fora o bolso do peito, não a tivesse eu distraidamente guardado no coração - Hélas! The poor little loving word was not to be found! (...).

Estou esperando outra carta sua, possa ela chegar e trazer-me the little loving word.

My little word é sempre a mesma - que a amo e que, quanto mais penso neste amor, nais sinto a sério e grande. Il mérite un peu de retour. Não que isso seja necessário para que ele viva, e mesmo para que cresça - mas enfim, como recompensa de ser verdadeiro, num mundo e num tempo em que quase tudo é postiço. São sempre difíceis de acabar as minhas cartas - porque não ouso escrever os finais como os sinto.

J'ai peur de vous effaroucher. E depois a sua proud reserve assusta-me um pouco. E assim só digo que te adoro, meu querido amor."
Eça de Queirós (1845-1900) para Emília de Castro (sua noiva e futura mulher)

Isto é um must, simplesmente delicioso! Hoje já não há cartas de amor? Parece que existe assim uma canção... O que é certo é que sabe bem ler mensagens destas. A literatura conjuga-se muito bem com os sentimentos e tudo o que há de puro e irónico num povo.

Tinha de partilhar tudo isto convosco. Mas há mais. Leiam o livro!