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- Não recrimino, nem me queixo do Brasil - diz Cecília, diante de uma pilha de pastas coloridas etiquetadas como "correspondências de Augusto".
- Mas este país é jovem e, apesar de estar progredindo, ainda não tem interesse em cultivar a memória de seus ícones. Em outros lugares do mundo, como nos Estados Unidos, o dinheiro destinado à cultura é bem maior, e fica tudo mais fácil.
Com a ajuda de amigos, Cecília descobriu recentemente que gastaria aproximadamente 500 mil dólares se quisesse limpar, catalogar e digitalizar no Rio os 20 mil textos, 300 horas de vídeo, 120 horas de áudio, 2 mil fotografias, 120 cromos e diversos desenhos (sim, Boal desenhava!) que o marido arquivou. Decidiu sair em busca de ajuda, mas não obteve sucesso em lugar algum.
Foi aí que recebeu um telefonema da New York University e resolveu: em Agosto, abrirá as portas a uma dupla de técnicos da universidade americana, que irão procurar entre caixas, pastas e prateleiras todas as preciosidades criativas do ensaísta, que teve obras traduzidas para mais de 70 línguas, além de ter sido indicado para o Nobel da Paz em 2008.
A princípio, a parceria com a NYU pode parecer estranha, mas, durante quatro décadas, o dramaturgo carioca frequentou a escola, dando aulas extracurriculares e recebendo no Rio alunos interessados em aprofundar suas técnicas. Eram, ao menos, 25 todos os anos, lembra Cecília.
Na coleção de Boal está a cassete original de "Meu caro amigo", que Chico Buarque e Francis Hime lhe enviaram quando ele estava exilado em Portugal. Estão também uma foto do dramaturgo com Maria Bethânia na época do show "Opinião" e cartas redigidas por Fernanda Montenegro e pelo escritor argentino Julio Cortázar, além de diversos textos ainda inéditos.
[A partir de uma notícia publicada pelo Jornal O Globo]