sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

"Um dia, você chega lá."

Pensei em escrever milhões de coisas para este último texto do ano. Uma poesia, algumas rimas, talvez uma outra carta. Pensei um pouco mais e percebi que vale mais a pena ser objetivo e dizem em poucas linhas 3 conselhos breves. Afinal, menos é sempre mais.

Só poderemos viver junto de alguém quando percebermos que somos individuais. Não importa o tamanho da intimidade, no final, o que importa é a liberdade.

Não contente-se com pouco. Não tenha piedade de si mesmo e nunca se compare com quem já perdeu na vida. Ver telejornais com histórias de pessoas que não tem o que comer e dizer "Poxa, estou melhor do que ele" não vai te levar a lugar algum. Isso é cômodo demais. No final do dia, pergunte-se: "O que eu fiz hoje para realizar meus sonhos?".

Persiga a excelência. Você nunca será perfeito em nada, isso é fato. Mas busque ser bom em tudo. Entenda que faz tempo que o talento perdeu para a dedicação. Não importa o que faça, se fizer, que seja com muito amor e muito carinho. Um dia, você chega lá.

Guilherme Vilaggio Del Russo.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sobre vencer na vida e um pouco mais

Pai,

4 anos. Passaram-se 4 anos desde a nossa última conversa que serviu como alicerce para minhas decisões que culminaram na escolha da faculdade tradicional como conhecemos hoje. Nela, concordei com você quando disse que aquele momento era de construir realidade e de não pleitear sonhos. Troquei palcos por salas de aula, o texto pelo giz, o improviso pelo politicamente correto.

Durante esses 4 anos, confesso que tecnicamente, pouco aprendi. Mas, mais importante do que isso, percebi o quanto meus 17 anos em suas costas tinham sido fundamentais para o crescimento de alguém despreparado e surdo para as lições que a vida gostaria, e viria depois, a dividir comigo. Aprendi a ser homem e mais do que isso: percebi que a vida é feita de escolhas.

De apaixonado doentio a realista sólido, de condizente inerce a ativista incessante em busca sempre do melhor. Em todos os sentidos, intelectual, financeiro, pessoal. Passei inúmeras transformações durante todo esse tempo que me fizeram perceber que crescia dentro de mim uma vontade louca de vencer. De mostrar que era capaz de caminhar só, mesmo que isso significasse andar de ônibus.Confesso que, deste mesmo tempo, surgiu um de meus maiores defeitos: o de não se contentar com nada e buscar hoje o que só poder ser conquistado amanhã ou depois. Um orgulho insensato grudado ao meu corpo.

Passei por amores, desencontros, bebidas, pessoas que passaram tão rápido quanto as aulas de planejamento que eu sempre atentantamente ouvia. Foram tantas as vezes que tive que voltar para casa pois no bolso não havia nada. Olhava pro lado e a juventude classe A se esbaldando em valores duvidosos. Mas na diversão que eu também sempre quis. Sem querer, essas mesmas pessoas tornavam-se meu combustível para seguir adiante e um dia reencontrá-las para dizer: "Eu também cheguei. E melhor: cheguei sozinho."

Venho mostrar minha gratidão por você não ter pago nenhum centavo deste passo importante para a evolução de um homem. Deixei para trás momentos que senti raiva e desprezo por não utilizar o que ganhava com meu suor para lazer, mas sim para pagar despesas, tão cruas quanto este que vos fala. Isso já faz parte do passado, mas acredite, esse sentimento de vitória pessoal é tao presente e assim será para sempre.

A faculdade termina, mas a vida começa. Agora sim, é tempo de sonhar.

Seu filho,
Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Treze (Cálice!)

Os meios se alteram. A mordaça é a mesma. O silêncio obtido por meio de incertezas e falso moralismo. Somos todos iguais pero no mucho. O trabalho sim, este é igual a todos. Vivemos no século 21 mas ainda bebemos do vinho servido em 64.

O suor permanece. Ele gruda e cheira para não esquecermos de que, perante a lei, temos todos os mesmos direitos como cidadãos. E o de opiniar, com certeza, é o primeiro deles. Por deus, se não seguimos a Constituição, para que a temos? Rasguem essa merda! Eu vou continuar falando, só para ir contra a corrente. Os mesmos que me julgam e me pregam, concordam na causa. Então porque não estão deste lado? É melhor esquecer do que ouvir o justo.

O termo Ousadia aparecendo no dicionário daqueles que omitiram a força dos pequenos. Que falam inglês mas que se esqueceram de que bancamos suas aulas. De uns grandes apoiados em nós, que "engolimos a labuta". Que gostam de abafar porque sabem que a luta é quente e que se incendeia quanto mais se bebe dela. Eu respeito o organograma, mas não sou mudo perante o mesmo. É hora de não pedir muito, mas sim o digno.

É, devo estar ouvindo muito Chico Buarque. Perdoai Pai, eles não sabem o quanto pagam.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

domingo, 8 de novembro de 2009

Carta ao governador, Sérgio Cabral.

Caro governador,

é com imenso prazer e satisfação imensa que quero, antes de tudo, lhe dar os parabéns. Ver a bandeira olímpica tremulando em terras brasucas realmente foi um feito incrível. Imagino pelo trabalho que o senhor deve ter passado para ter essa honra que se estende pelas fronteiras brasileiras. Colocar uma pitada de orgulho, nesse país de muito sol e pobreza hereditária, correto? Acabar de vez com o rótulo de "república de bananas e tiros", palavras ousadas dos periódicos internacionais.

Imagine o senhor se ainda tivéssemos tiroteios nas favelas?Brigas de gangues rivais lutando pelo melhor "point" de vendas de drogas. Qual seria o pânico que se estabeleceria? Sem contar o nosso desgaste perante o cenário mundial. Seria uma vergonha, mas graças a deus, isso é passado. Indo um pouco mais longe, seria um tanto quanto desagradável ver helicópteros caindo pelas mãos de traficantes, não é? Ver artilharia pesada, nas mãos erradas. Assaltos a bancos, chacinas costumeiras, linha vermelha. Vermelha mesmo, de sangue. Mas, isso já não assusta, parece coisa de outro mundo. Isso acabou. Ufa!

Beirando o ridículo, imagine se nós tivéssemos gasto quase o triplo que o previsto no Pan de 2007 (esculachando, com obras super faturadas, vai!) e que tivéssemos que ter uma comissão (repito, comissão) para investigar nossos próprios gastos para esta olimpíada? Lembra dos arrastões que tínhamos nos nossos cartões-postais? Da corrupção de uma polícia mantenedora de arsenal inimigo? Péssima fiscalização de trânsito, pessoas bêbadas dirigindo em alta velocidade, enfim... ah, chega! São só más recordações de uma passado pra lá de distante.

Acordar e ver que que acendeu-se o fogo no Rio de Janeiro (e que não era a tocha) parece cena de um cotidiano que já é passado, não é governador? Você não deixaria nós, brasileiros, passar por tamanha vergonha perante tudo e todos. Me sinto tão aliviado de ver um Rio de Janeiro calmo, tranquilo, sereno, de lindas e belas moças e praias.

Para não tomar-lhe mais tempo, imagine o senhor que tive a petulância de imaginar, num tempo atrás, que seria necessário escrever-lhe uma carta pedindo mais segurança e um pouco mais de respeito e ética com os brasileiros? De gritar para que você pare de gastar verba pública nas calçadas de Copacabana e que levante os olhos pras casas de tijolos que circulam o Cristo? De pedir honestidade e dignidade para com esta que será a casa de todas as nações logo menos. De abrir-lhe os olhos e ver que nem tudo se resolve com a música "O Rio de Janeiro continua lindo..." Ah, como fui estúpido. Essa carta é só para lhe agradecer realmente. Belo serviço, meu caro Cabral!

Um grande abraço,

Guilherme Vilaggio Del Russo, diretamente da Terra do Nunca.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Para que os chocolates não se façam necessários

A cada um de vocês divido este pedaço de chocolate da velha moça na porta de acesso ao metrô. A cada um de vocês, divido esta culpa velada de ver esta situação e não poder oferecer nada em troca, e não ser um texto. "Aceita troco em moeda?". Não, minha senhora. Eu que estou em débito contigo. Como antes pude reclamar do ar condicionado onde ganho a vida, no Itaim?

Sua opinião sobre mim deve piorar se lhe dizer que pensei em passar reto e só lhe encaminhar um pensamento distante de pena. É um pena sentir pena. Pior deve ser sentir fome. É no mínimo engraçado pensar que, apesar de vender chocolates, eu tenha saído um tanto quanto amargurado do nosso encontro. Em um país que não se previne (se redime), resolvi apontar dedos e nos denunciar culpados por você não estar vendo a chata novela das 7. Funciona no Distrito Federal, pelo menos. Quem sabe dessa maneira, os chocolates não se façam mais necessários.

Essa sua voz sussurante que, mesmo quase sendo abafada, foi oníssona em me contar que esta cidade respira egoísmo. Na saída, ela me lembra para não esquecer o que comprei. O Suflair é só detalhe, moça. Não vou esquecer de você, nem de suas rugas que me sinalizam dessa experiência que já deveria ter sido recompensada. E não com 2 reais.

Guilherme Vilaggio Del Russo

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Protesto

Sinto uma crônica falta de ar. Uma dose inútil de banho gelado pra quem, de tão cansado, se revira ao lado da insônia. Quero um tempo para fazer fazer coisas sem valor algum. Só brevivo. Para escurecer lá fora é um pulo. Migalho alguns minutos para sorrir, só por osmose. Por esses caminhos tortos, busco os sonhos que não tem tanta afinidade com estas manhãs de cinza claro que não serão assunto para meus filhos. Não ando fazendo ações sociais, mas transpiro boa vontade como de costume. Um eterno doador de si mesmo que não sabe a hora de parar. E de respirar. Essa mania estúpida de querer o perfeccionismo, que me faz perder o bom humor.

Já não sei mais o caminho da faculdade. É nessas horas que, pensar que ninguém é insubstituível, dói mais. Dói também saber que o ser humano só reconhece defeitos e é míope para acertos. Onde estão meus amigos? Onde está aquele violão? Cadê meu papel e caneta que sempre tão bem me fizeram? Devo tê-los perdido, nestas tardes que eu não consigo ver. E viver.

Guilherme Vilaggio Del Russo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Epifania

Eu nunca vou saber se será melhor assim. Preciso crer que eu tenho sorte. E se não tiver, vou encontrar a força. Estou saindo de onde, por 21 anos, me alienei da necessidade. Espero encontrar suas broncas somente em cartas e alguns abraços a esmo em datas festivas. Não repare se meu tênis não estiver mais espalhado pela casa. A toalha molhada, posicionada estrátegicamente sobre minha cama, também estou levando. Esse nosso amor, de sempre e de sangue está guardado em algumas fotos que enfeitarão um mural que nunca tive.

Passei dos meus 12 anos, mesmo querendo que o tempo parasse naquela época. Você não viu e ainda hoje questiona notas onde você só vai encontrar tcc. Ficam-se seus sonhos de advogado, médico ou embaixador. Na mala, joguei um bocado de admiração, noites na sua cama (sim, com medo de trovões) e uma nostalgia daquele strogonoff, que me enche de lágrimas antes mesmo de por os pés pra fora.

Eu não sei o que vou encontrar lá fora e é justamente por isso que estou indo. Prometo ser mais razão e trilhar o caminho do amor, apesar de conhecer o da dor, de cor. Guarde sua lembrança do menino que sonhava muito e que, por vezes, era motivo de advertências na escola. Hoje ele só sonha e a vida mesmo trata de dar suas advertências. Das coisas que sempre quis ter, do carro que nunca consegui pegar, do quarto único que não passou de desejo, das namoradas que você nunca gostou, da insistência em pegar seu violão, da vergonha da minha marmita, fica o meu muito obrigado. Tudo isso me leva adiante.

Nesta saída, uma única certeza: a de lhe escrever, sempre.Você não precisa chorar agora se tudo que passamos juntos nos faz sorrir.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Faz Cena

Olho para cima e nada. Essa chuva que já deu o ar da graça mas que entre outra e uma, insiste em ficar por cima. Sempre tão afinada quando cai. Mas toda chuva traz chiado, traz chuvisco. Traz rabisco também. Cheiro de chuva que traz lembranças de momentos que eu provavelmente não estaria dando a mínima para ela. Mas cá estou eu, de vontade louca de fazer uma porção de coisas, indo fazer justamente o que não quero.

Só essa chuva para lembrar dos guarda-chuvas que abandonei pelo caminho. Das pessoas com as quais eu o dividi, também. Tudo é questão de e do tempo. E hoje chove como nunca, me trazendo o sono de sempre. Cai logo! Pra me trazer esse desejo de esquecer tudo que faço por obrigação. Você, que foge das explicações racionais dos dicionários. Você, a qual encaro diferente, de frente. Você que, pra mim, é muito mais que condensação de um dia cansativo. É um eufemismo na hora de encarar a vida.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pai nosso, que estás na esquina.

A décima-primeira peste. Algo que se espalha na velocidade da luz, com a intenção de levar-nos até a mesma. Em toda esquina, em cada ex-bar, uma fé que só muda de nome. As mentiras são as mesmas. Enriquecimento barato em cima da humildade da reza. Não importa se estás de joelhos, mas se estás disposto a abrir mão do seu sustento, daquilo que você reza para não perder em vão. Peço que, se alguém que olhe por nós esteja aí em cima, que peça para aqueles que acreditam tão piamente em ti, que acreditem ainda mais em si mesmos. Somos capazes de enfrentar sozinho o que vier. E de cuidar daquilo que, por sinal, ganhamos com suor. O peso nas costas é o mesmo que o dEle, só muda o objeto levado por ela.

Nunca fui de acreditar a primeira vista e não vai ser agora que, esses falsos pregadores de esperança, vestidos de terno vão me fazer desistir de mim e jogar na mão de Deus.Qual dos deuses? Aquele que converso todos os dias como amigo ou daquele inventado por discursos capitalistas que faz do Céu um open-bar de felicidade mediante pagamento? Uma mão que deveria oferecer ajuda, mas que só pede cheque calção para a redenção. Até quando vamos nos deixar enganar por gritos que chamam quem deveria estar perto? Até quando nos colocaremos em segundo plano e nos cegaremos para um fanatismo que não abre mares, mas sim sua conta bancária? A fé que deveria mover montanhas, movendo milhões. De dinheiro. Por Deus, de onde vem essa fé?

Guilherme Vilaggio Del Russo.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cadeira de praia, um Martini e duas pedras de gelo.

Movimento-me em cores vivas porque estou cansado do cinza matinal. Pauso e questiono minha inabalável fé, dividida em discursos engessados das igrejas e no meu pescoço. Esta fé que mais parece uma bexiga, tamanho que depende de quanto esforço faço para acreditar nela. Invento planos e decido com quem vou dividir essas mentiras. Escolho a mim, já que jurei sinceridade ao resto do mundo.

Lembro-me de todos meus amores e de nossas fotos tiradas juntos. Pena que eram polaroids que hoje são só papel branco, servindo como alicerce de textos como esse. Todas as noites ensaio falas de um texto chamado felicidade. Pena que eu ainda não decorei. O mundo não me ensinou muita coisa e, das que lembro, metade falava sobre amor. A outra metade, eu fiz questão de esquecer.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Daqui de cima

Estava perto, tão perto de descobrir o que eu queria ser.
Embarquei em um sonho e talvez eu não venha a descer.
Por detrás de sorrisos, castelos eu encontrei,
guarde com vocês estas fotos para que não precise esquecer.

Olha, estão vindo de lá! Não fique com medo de onde vou ficar...

Com sombra de princesa,
sei que deixo a tristeza.
Mas entenda, eu só queria brincar.
Ele fez um convite e não pude recusar.

Daqui de cima, vejo
o contraste entre respostas que só eu sei dar
e no caminho perto do céu
percebi que ali, era meu lugar.

A vida é engraçada
e as idades já não importam mais.
Quem diria hein, pai?!?!
Que um dia eu fosse te esperar...

Guilherme Vilaggio Del Russo
(em memória a Jackeline Ruas)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mal passado

Não vou fazer tanta questão de você, até porque você sempre foi dúvida. Olhe para frente pelo menos uma vez, e veja que o poste está vindo para separar as mãos. Faz algum tempo que estou tentando te resgatar mas você parece estar andando para trás, se afundando em um passado que mistura saudade e lágrimas. Um passado triste que você insiste em ver de novo.
Gosto o suficiente para te chamar algumas vezes. Mas não faça disso minha obrigação. Antes de tudo, éramos parceiros em uma caminhada que tinha tudo para destoar deste passado tão escuro. Do que adianta falar para quem simplesmente não quer ouvir?

Eu, peito aberto para o futuro, sorriso largo para esse presente. Vacinado contra expectativas, contra amores utópicos, obviamente, não por falta de tentativas. A paixão é o retrato do nosso fracasso. Um leite-moça, delicioso no começo, mas que enjoa. Isso porque que você nunca fui um doce de pessoa, convenhamos. Não sei se quero lembrar dos nossos planos mais, e estou pulando suas músicas nos cds. Eu sou o novo que você não quer experimentar. Não posso te esperar tanto tempo, tô cansado de comer este seu fast-food de paixões inventadas. Já mudei meu interior para que ele pudesse mudar o que está ao meu redor, mas você anda a mesma. Não quero ser lembrança, quero ser sua realidade.

Não sou o vilão desta história, então não me peça nada se não tiver nada para me dar em troca. Não posso gostar por nós dois. E você sabe que eu não vou te ligar. Se você se for, será mais do mesmo. Quem não está comigo, só tem a perder. E já está ficando tarde. Ou acorde ou se arrependa.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 23 de julho de 2009

21

Ainda sinto o cheiro do café fresco pela manhã. Acordar e ver que sua família está a dois passos de ti e que sua mãe ainda lhe acorda com certo mau humor, é saber que "independência" é só questão de atitude. Algumas espinhas persistem e um bom ovo frito é digno de aplausos. Saber que dá tempo de muita coisa na vida é como um analgésico para mim. Nunca serei tão velho quanto imagino ser. É questão de saber se enganar bem.

Você aprende algumas verdades universais. Pessoas boas sempre vão embora cedo e as que ficam, moram longe. Seus pais sempre acharão a juventude de hoje, completamente perdida e que você sempre conseguirá aquilo que não fizer tanta questão. Tive a certeza que você deve se dar sim, o direito de ficar triste por um ou dois dias. Não muito mais do que isso. Ser feliz o tempo inteiro é fingir bem.

Com 21, você vê que todas as músicas farão sentido para você, um dia. Só depende do contexto onde elas são aplicadas. Cada vez mais sua casa será um albergue de luxo e veja que seus amigos já começam a variar discussões entre plásticas e problemas financeiros mundias. A vida te ensina a viver o hoje porque dá muito trabalho prever o amanhã. E, entre nós, se você for prever, com certeza terá um grande retrabalho.

Não espero que eu tenha mais 50 anos de vida. Se eu realmente viver (e não sobreviver) mais uns 40, já é mais do que suficiente. Tempo o bastante para fazer tudo que planejo, errar alguns pontos, tentar ajustar os mesmos, decidir, sorrir com dentes mais escuros e claro, aprender a aceitar que os outros são tudo de ruim e de bom que você sonhou para o mundo. Basta peneirar qualidades e aceitar certas lições da vida. Maioridade civil é só nome para aquilo que chamo de juventude de carácter.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 20 de julho de 2009

tenha fé.

Eu bem que poderia inventar um monte de besteiras para dizer que gosto de estar só. Eu poderia mentir para mim mesmo e dizer que é necessário passar por isso. Mas não. É só tempo para refletir. Não quero conselhos, mas se me permitem, peço-lhes algo (e alguém) no que pensar. Quando coisas que nos trazem lágrimas se repetem é porque algo de ruim ainda persiste em nós, e não nos outros. E não adianta recorrer a parques ou coisas do gênero. Momentos cults que só existem em livros. Estarei nos mesmos lugares onde gosto de estar, pensando em como não transpirar emoções. Sinto-me pronto para uma viagem de aventura. Eu só não sei o caminho.

Frustro-me com ligações perdidas que eu só ousei sonhar. Um sonho onde eu, ironicamente, não estaria só. A verdade é que a vida não passa de uma comédia romântica que não tem a mínima graça. Acho que posso ser egoísta e me dar esse tempo. Um tempo para acordar terrivelmente tarde e ver que ainda está frio lá fora. E aqui dentro, se é que me entendem. Talvez um tempo para me enganar de novo. Queria sentir bem menos. Estou cansado de viver inteiro e deixar coisas (e pessoas), pela metade.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 11 de julho de 2009

Rouquidão

5 minutos de fúria. Um pequeno intervalo de tempo de atividade incessante. Um louca vontade de gritar mesmo sabendo que todos estão surdos. Os segundos antes das palavras parecem eternidade. Não penso, logo faço. E falo também. Percebo que ainda não tenho nada, só coisas a fazer. Do que adianta sonhar se tento me convencer que estou no lugar certo? Uma vida de reuniões discutindo um futuro do qual não quero fazer parte.

Nunca fui bom em pedidos de desculpas formais. Prefiro mentir honrademente e novamente estar apto na segunda pela manhã. Distribuir sorrisos e alguns cartões. Um comprometimento com datas quando não me comprometo comigo. Perco a fé, o tato. Me envolvo em uma espessa fumaça de obrigações que me torna cego, atropelando tudo e todos, porque sei que estou atrasado para a vida. Viver? Ah, viver mesmo deve ser em uns 5 minutos por dia. O restante, eu vou só levando.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ponto de Vista

O mundo é uma grande roda-gigante. Ora cá, estamos no topo, ora lá, tocamos o chão. É um pavor também gigante, mas aceitável. Ás vezes levo como se fosse uma grande brincadeira, daquelas de mau gosto. Daquelas que, quanto maior a altura, maior a queda e o credo. Mas não vou me lembrar se eu der um pulinho qualquer. Tenho afeição por essa dúvida (e dívida) eterna de amanhã. Não uso das melhores roupas, não falo no melhor tom. Sei que essa vida parece uma onomatopéia chata. Pego e a transformo em canção, apesar da conta corrente há tempos não estar bicolor. Antes estivesse azul como este céu que gira, que distancia e se aproxima dos meus olhos..

Ok, isso não tira o meu bom humor e o ar que enche os pulmões. Esse porre diário de esperança que tomo lado a lado ao pão com manteiga de ontem. Há tempos espero mudanças, há tempos uso o mesmo ônibus. Ah, como eu odeio ônibus. São 7 ao dia o que quer dizer que, todo dia eu morro uma semana! É, não dá pra se orgulhar muito, mas aguardo futuros, e não guardo rancores. Me sinto tão homem mas essa letra é tão de menino... Caligrafia é um detalhe, o importante é continuar escrevendo. E injetando essas doses homeopáticas de otimismo. Que faz tudo girar, não faz com que me preocupe com nada, que me deixam ainda menino.

Daqueles que acham que a rotina é parque de diversões, onde você varia entre o medo e o belo. Pois é, isso é a vitória de um par de all-star sujo num mundo moldado de sapatos de couro engraxados. A vista é tão linda daqui de cima que eu me esqueci de olhar para baixo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Entre Churumelas e Trejeitos

Se é para fazer que seja bem feito. E parece que pra esse nosso tempo, tudo foi pensado algum tempo atrás, visando a perfeição. Das nossas conversas estúpidas, sinto falta pela manhã, do seu all-star branco, sinto falta pela tarde, do seu (do nosso!) Trejeito, falta pela noite. Não se trata de um último romance qualquer. A distância que nos separa é meramente ilustrativa, baseada em um par de kilômetros que pensam que podem nos afastar. É, pensam. A única coisa que me traz é lembrança de te ver_de perto e a vontade de te perturbar no seu encontro semanal com o repórter mais feio da TV.

Sua voz, ás vezes rouca e medonha, me disse que você estava de alma inteira para mim. E como eu já estava, entramos em sintonia. Aliás, alguma vez saímos? Pequena, que se agiganta na intenção de ser mulher. Acho que somos um pouco mais do que a bolacha de água, sal e gergelin que eu, erroneamente, nos comparei. Somos fruto da sinceridade, companheirismo, dos opostos que teimam em se completar. Frutos do palco que levamos como hobbie mas que traz marcas ( e pessoas) que jamais esquecemos. Bem vinda, você faz parte desta categoria! Para que você não se esquece nunca e como promessa, um texto seu. E para que você se lembre sempre, estou aqui, em meio a beijos e torcicolos.

Pra nós, o tudo, pros outros, o passado, pra saudade, um abraço, pro nosso caminho, o para sempre. Isso não é apenas o fim. É só o começo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pra não dizer que não falei das flores

Me repreendi, quando novamente me peguei a escrever sobre a beleza imperceptível aos olhos da vida. Estupidamente, me vi com caneta e papel rabiscando sobre a senhora no vagão, anotando receitas e sonhando paixões de um passado. Algo, "bem passado", dizia ela. Ao lado dela, a criança suja e descalça me olhava com cara de "Porquê nao eu?". Sempre foi um problema meu, levar os olhos à essência pura e linda, para a realidade fantasiosa e obscura de certos momentos. Como olhar uma rosa e nao perceber seus espinhos (salve Vinícius!).

Me senti no dever, na obrigação e com certo atraso para falar da menina dos olhos de pedidos perdidos. Quando ela me fitou, me senti um inútil a repetir a mesmice entoada em canções de amor. Toda essa melação que um poeta escreve quando seu caderno está vazio. Uma menina que talvez gostasse deste texto, se soubesse ler. Acho que qualquer rascunho de escritor, deveria abrir mão das rimas ricas e falar desta realidade pobre que nos cerca. Não precisa pensar muito ou ir distante. Visite o metrô, o lugar mais democrático do mundo. E mais contrastante.

Mil perdões, eu não tinha um puto no bolso a te dar, menina. Resolvi te dar um texto. Sei que soa cômodo, mas entenda como um band-aid enquanto eu peço o Methiolate. Desculpe usá-la como tela inicial, mas voce é o retrato de um país que fala de tudo e todos, menos de si mesmo. Um retrato preto e banco. E sujo. Talvez, com essas palavras, eu encontre outros que possam suprir esses seus desejos. Tirar novas fotos, arquivar textos e lhe dar um par de sapatos.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Bifurcação

Sei lá, estúpida mania de sempre achar que tem algo errado. Não sei, mas não me contento em me sentir bem. Sempre busco nas superações, um modo de vida. Percebo-me em perfeita sintonia com a intenção do amanhã. Um mentira bem contada. Visto-me com essa cara de socialmente correto, quando na verdade quero que me apontem sinais de fraqueza. Eu ainda quero ser melhor. Você tem tudo que deseja, mas não o que precisa. Por isso, acabo me viciando em drogas pesadas chamadas finais-de-semana. Já não consigo ficar longe de onde eu sempre deveria estar perto: dos palcos. Toda sexta é igual: cai a máscara do publicitário de futuro e entra o sonhador de estado presente. A vida se dilata, tornando-se incomparável.

É dessa bagunça organizada que tiro forças para me sentir tímido durante a semana. É triste ter que se imaginar de verdade na hora do banho. E só ali. Pensem em um pássaro que sabe como escapar da gaiola, mas que opta por ficar um pouco mais. Já não culpo oportunidades, digo que é o medo mesmo. Sei lá, estúpida mania de sempre achar que tem algo errado...

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 15 de maio de 2009

vidarejo

e nessas horas inversamente proporcionais a saudade
mantendo a forma eu vou mentindo,
em torno de alguns relâmpagos de questões mal-resolvidas

em algum lugar dessa vida,
eu canto em algum canto e mantenho a obsessão pelo não-óbvio, esse carinho pelo simples, rodiado a verbos e sujeitos irregulares com algum sentido literal.

tudo se nota, tudo se anota e é passível de nota. Por quê? Pra quê? Paro e bocejo a mesmice ao mesmo tempo que respito insensatez. Renomeio o medo, e rasgo contratos de pudor. Sou o fruto maduro da Terra do Nunca. E do pra sempre.

canetas roubadas, tão companheiras em uma sexta perdida substituindo mulheres e seus problemas de meninas. Pontuo-me e finjo não ver luz no fim do túnel. Te dou razão porque isso eu nunca tive. Grito quase sozinho, irreverente e irritado: "Independência ou ônibus!"

abraço o mundo bem forte para ele não escapar! Um mundo onde nada se apega, mas tudo se apaga. De um mundo que é tudo. Menos meu. Tudo isso com pinta de ser concreto, quando era pra ser sonho. Toda essa grandiosidade com o tamanho da nossa intenção dentro de um lugar chamado, vidarejo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 7 de maio de 2009

As praças públicas estão vazias.

As cortinas se abrem e eu não consigo ver. Busco pela arte e encontro filas. Vejo ingressos nas mãos de poucos quando não deveria haver ingresso. Livre arbítrio da cultura que nos foi roubado. Pra uma pátria que se diz democrática, vejo poucos livros. Ou quase não os vejo, estão presos dentro de vitrines. Os atores, em palcos onde nunca pude estar. Eu quero ver para creer, mas não me deixam. O acesso a arte neste país não passa de uma grande comédia de mau gosto. A Divina Comédia! Palhaços e artistas do dinheiro que se vanglorizam ao esfarelar alguns restos de uma cultura cheio de retalhos bons. Não existe show de graça. Existem impostos. Brasil, mistura da dança rio grandense com a pintura indígena, Brasil de arte que eu só conheço por nome. Acesso negado aos muitos que não querem ser mais leigos.

As praças públicas estão vazias. Como vamos protestar se nem ao menos nos dão a oportunidade de saber que temos que protestar? Certas lições não se aprendem na escola. Perceptível apenas no acorde do músico, na risada do palhaço, na improvisação do ator, no guaxe do pintor. Parece se tratar de "conteúdo impróprio" para os brasileiros. Logo nós, donos da arte de engolir sapos, não podemos nos dar ao luxo de aprender sem precisar de lápis e caneta? A arte traz isso. Mas, onde ela está?

Liberdade de expressão, acesso, livros, palcos, ilusão, fantasia, esperança. Tudo isso sem precisar de papel moeda. Eu quero estar na primeira fila da vida. A arte de sobreviver, a gente já conhece. Quero experimentar outras. Para um povo de pouco pão, nada mais justo que nos permitir, o circo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 2 de maio de 2009

eu procuro um herói.

E no meio de tanto desemprego, suor e lágrimas, tanta injustiça, tanta crise, tanta gripe, está aberta a vagas a heróis. Raça em extinção. É tanta gente, tanta sujeira, traços de corrupção em todos os estados. Alguém que me faça sentir orgulho. Um espelho de idéias e ideais. Alguma frase para se pensar, uma morte em razão da vida do mundo. O mundo está cheio. E estou cheio dele. Eu procuro um herói.

Como antes na história desse país, uma história de tantos vilões? E só vilões. Eu só não acho heróis como acho que a concepção desta palavra esteja um tanto quando equivocada. Me corrija se eu estiver errado, mas ser herói é ganhar 1 milhão de reais? O que ele fez por mim, por você? Pra essa brava gente de cada dia falta alguém que os olhe com devida atenção, entenda-os e esbraveje ao mundo pão e leite. O mínimo se tornando essencial. Alguém que lute contra essa miopia social que nos cega diante dos fatos e fotos, que nos mostra que a batalha está sendo vencida pelos vilões. Estamos longe de um final feliz e por isso, eu procuro um herói.

Palavras e ações que substituam super poderes. Iniciativas que entrem no lugar do choro de brasileiros cansados de se reerguir. Eu não quero me dar ao luxo de acreditar de que estamos jogados a mercê da nossa própria sorte. Deve haver alguém que seja o megafone da fome que passamos hoje. A solução destes dias de crise, a vacina destes dias de gripe. Deve ser falta de sorte. Talvez eu não esteja procurando no lugar certo. Como disse o outro, já "Não há 3 mosqueteiros". Nos sobrou nós. Não posso desistir, preciso acreditar em alguém. Eu ainda procuro um herói em um país onde, segundo o dicionário, "Herói" é o cara que não teve tempo de correr.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mas há sonhos que não podem ser.

Inconscientemente, acordo no ponto certo. Olho pro relógio que me indica estar impecavelmente no horário. Com essa gravata, pareço insubstituível. Pareço. Robótico é pensar que ainda é hoje e que amanhã vou pensar da mesma forma. Não esqueci de engraxar meus sapatos e o plano de hoje é: não-ter-planos. A rotina, essa doença crônica, começa a mostrar seus sintomas em mim, o que me deixa deveras preocupado. Faz algum tempo que estou gritando pelo diferente. Em vão. O que me preocupa é que a cada dia fico mais sem voz. E mais constante.

Tudo é replay de ontem e dejavú de amanhã. Odeio esse sincronismo entre o viver e o esperar. Sempre dá tempo para tudo e eu continuo sendo um nada. "Você já deixou a sua marca no mundo hoje?" O problema não é responder a pergunta. É saber a resposta de cor. De segunda a segunda, penso estar caminhando em linha reta, quando no final, trata-se sempre de um círculo. Um círculo de tantas e tantas voltas e, ao mesmo tempo, sem volta. Continuo caminhando, isso é fato. Mas, já passei por aqui.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Inimiga Secreta

Todos os dias estou com ela. Têm certos dias que ela é tão fria, mas é do tipo gostosa, convenhamos. Gosta das coisas em "pratos limpos". De um lado para o outro, sempre está em minha companhia. Admito que me sustenta, ás vezes. Não tenho muito orgulho de estar ao lado dela. Não é algo a se apresentar. Enfim, preferiria que fosse só lembrança de momentos que passamos juntos. A atual situação exige que eu a ature e vice-versa. Um peso a mais nas minhas costas. Mais de uma vez torno a esquecê-la, deixá-la de canto enquanto estou com meus amigos. Normal. Até minha mãe tem certa afinidade com ela. Sempre pergunta por ela e confesso, isso me irrita.

Apesar de não estar muito contente, creio que ela seja o símbolo de quem quer ir mais longe, daqueles que abrem mão do imediatismo. Sonho com dias em que ela seja só mais um motivo de risadas em conversas familiares. De um passado construído com ela e por quem não se conforma com o pouco. É óbvio demais pensar que ela não deixará saudades, mas inegável dizer que nela não há amor e esperança de um futuro bom.

Lá está ela. Vejamos o que ela traz de bom hoje. Hum...
Arroz, feijão e bife. De novo.

Guilherme Vilaggio Del Russo

ps: ver nota do autor nos comentários.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

uma vida inteira.

Certas noites me pego pensando em tudo aquilo que já conquistei. Materialmente e mais do que isso, falando. Nesse tempo fui me misturando entre vitórias e noites em claro, no sabor de abraços e na solidão do meu sofá também. Absorvi amargos conselhos que as derrotas me trouxeram. Quanta gente eu tive que deixar no meio do caminho, quantas coisam tive que fazer por... fazer. E por impulso. As pessoas não se separam, elas se abandonam. Aprendi categoricamente a dizer não para certas coisas. Sei que minha previsível rebeldia da juventude me trouxe conflitos, mas muito mais do que isso me trouxe a chance de ver com outros olhos. E também humildade para pedir perdão, pedir mais uma vez. Apesar do passado, quem me conhece sabe a lista de planos que ainda tenho que cumprir. Até meus 26 anos, ou antes. Não vou me permitir que esta lista fique vazia nunca. É meu oxigênio de todos os dias.

É grande o número de vezes que cai. Maior ainda é o número que me refiz, ainda melhor. Sei que parte do que tenho hoje devo agradecer à algo maior, que me mostrou caminhos e deixou que eu caminhasse. Mas a maior parte consegui com 2 mãos, uma voz e as amidalites que me perturbam. Não se trata de ser arrogante. Trata-se de ser, sonhador.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ridiculamente bom

Se hoje eu pudesse lhe dar um conselho, pediria a você para ser ridículo. Ridículo mesmo, sempre. Ridículo ao ponto de acreditar nas pessoas, de ter fé para esperar dos outros mais e mais.

Não existe pessoa melhor do que aquela que se permite fugir à razão, mesmo que às vezes. Sorrir sem um puto no bolso. Ser do contra só pelo prazer de ser.

Há quanto tempo você ensaia sorrisos em fotos?

Imagine bancar o idiota e não saber de cor o hit do momento, se confundir do nome do novo galã das 9, não ir a festas badaladas. Seria demais? Seria muito ridículo pedir a você para ficar em casa em uma sexta-feira à noite e pôr seus pais a par da sua semana?Não quero ser o retrato falado da mesmice. Não sou meu vizinho. Vou ser ridículo para não saber o que vem depois do verbo querer. Ridículo sendo eu mesmo, só para sacanear. Ou então, cantar bem alto quando perceber que o mal sempre vai existir, protestar contra a inércia de sentimentos bons, me arriscar a ser completamente plausível em ações contraditórias!

Buscamos ser compreensíveis quando, na verdade, o ser humano é antítese pura.

Ridículo rezando para que eu não seja o único... e pedir justiça em um mundo onde todos se julgam, perfeitamente sãos.

Nunca um defeito foi tão qualidade. Isso não é ridículo? Que bom.

Guilherme Vilaggio Del Russo

domingo, 29 de março de 2009

É proibido falar alto

Procuro estar em equilíbrio com o que digo. Nunca estou muito bem, muito menos das pessoas, eu falo muito mal. Sempre em sintonia com a intenção da palavra. Se não tenho certeza do que digo, busco o silêncio que, ás vezes, muito mais do que uma resposta, é um estilo de vida. Não deixo de falar, mas prefiro nunca me arrepender. Quem nunca ensaiou frases em conversas (ridículas, é fato) com si mesmo. Conversas que talvez nem saiam do campo das suposições. Mas que se existirem, evitam certas bobagens jogadas a esmo. Falar sem pensar é uma doença crônica.

Em meio a essa quietude, decido que é hora de trilhar sozinho e fazer o que é socialmente errado. Acho que comecei a entender que a felicidade, muito mais do que um estado de espírito, é uma questão de tempo. Estou com frases guardadas na garganta já faz algum tempo. Direi-as quando for a hora e se ainda tiver sentido. Sentido este que muitas vezes é somente complemento, o que vale mesmo é continuar andando. Quem quiser me acompanhar que me dê a mão, pois em meio a esse silêncio premeditado, eu já não consigo mais parar. Seguir em 1 ou 2 é só questão aritmética, mostrando que não importa estar junto, mas sim estar em constante pensamento.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

sábado, 21 de março de 2009

15 pras 4 e já está tarde.

E porque não? Porque eu não posso buscar a perfeição nas coisas simples que faço? Porque preciso me contentar todos os dias com o mesmo café da manhã? Eu quero e vou muito mais longe do que pensam como meu provável futuro. Só depende se uma pessoa acreditar em mim: eu mesmo. Não se trata de querer tudo e agora. Se trata de ser espontaneamente independente. Odeio ter que abrir mão de alguma coisa para conseguir outra. Ou alguém. Me deixem com o sonho utópico de que posso ser tudo! Eu abraço o mundo, sim. E busco nele o que a minha semana não me dá: esperança. Maldito sistema de troca que inventaram. "Trabalhe e seja próspero com esse sonho injetado que a sociedade lhe impõe". Já cansei de avisar minha mãe que não quero ser doutor ou engenheiro de sucesso. A vida está muito mais além do que o limite do meu cartão de crédito. Tudo ao alcançe de todos. Sempre foi assim, nós que colocamos vendas em nossos olhos para nos distanciarmos do que acreditamos ser felicidade. O mundo tornou-se cheio de mesquinhos e sensatos que desde que nascem já tem um futuro predestinado. Nascem para ser mais um número de certidão de óbito. Aquela mesmice imposta. Eu? Ah, eu quero a incerteza dos próximos 15 minutos. Mas com objetivo. Me faço acreditar que estou sempre atrasado pro que quero. Assim, corro mais e pra mais longe. Olho pra Deus e lhe peço um dia a mais na minha vida. Quero ter tempo de cumprir o que me prometi. E isso vai muito mais aquém do que minha cadeira estofada no escritório.

Guilherme Vilaggio Del Russo

domingo, 15 de março de 2009

Ampliando Possibilidades

Pessoa esta que estás no céu
santificado seja este dia e somente ele,
venha a nós as alegrias mais impossíveis
seja feita a nossa escolha,
aqui na Terra ou um pouco mais distante.
O tropeço-nosso-de-cada-dia nos dai para aprender,
perdoai o nosso choro
Assim como nós sorrimos a cada vitória
E não nos deixei optar pelo mais cômodo,
livrai-nos de crenças impostas e orações pré-fabricadas,
amém.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Pra nunca deixar de acreditar

Deixe que o tempo passe e que passe rápido. Deixe-o com o direito de não voltar mais. A partir de hoje, grite para o mundo que suas lágrimas estão oficialmente aposentadas. Faça do futuro seu maior presente. Pare de escolher os advérbios de tempo e comece a simplesmente entender o contexto. Abra mão da chatisse da certeza de tudo, dos relógios pontuais (afinal, existe melhor hora que o agora?) e não generalize nada. Nem ninguém. Faça o seu melhor e será da melhor maneira recompensado. Viva em excesso, embriague-se de esperança e fique bem porque ainda é hoje. Pare de questionar quandos e porques, é hora de somar em busca de um resultado positivo. Não importa a ordem ou quais são os fatores. Enquanto você se preocupa, eu já estou resolvendo. Ser prático é ser mais feliz. Vou de encontro ao "não sei", mas a luz-no-fim-do-túnel-nossa-de-cada-dia nunca foi tão clara e objetiva, como se querendo me dizer "basta acreditar em si mesmo e que existo". Nunca foi tão fácil abrir um sorriso.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 28 de fevereiro de 2009

De Bandeja

e essa hora a poesia é engraçada
porque fica linda se feita com tristeza
parece que perde a beleza
dependendo do porquê de ser usada

onde está aquela estrela?
que eu escolhi pra me seguir
ter dor de tanto, juntos, rir
cadê ela? cadê ela?

quando você é uma piscina de vontade
quando você quer e não sabe o que vai dar
o momento dela, só posso respeitar
vou embora pra sentir saudade

vou continuar seguindo o caminho
do que acredito ser a verdade
e aquela nossa sinceridade
vou usar desta vez, sozinho.

tô te olhando de longe
tô querendo que você vença
pra nunca perder essa crença
que meu gostar não é pouco, é de monte

e dessa nossa caminhada
sobraram pedaços de você em casa, em tudo
mostrando que talvez só seja o futuro...
"não há de ser nada, não há de ser nada"

Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Sobre o viver

14 de fevereiro, São Paulo, dos bares da Paulista para o Alto da Vila das Mercês.

Caro Amigo,

cá estou eu no bar fazendo um brinde a todos vocês, amigos. Sozinho, mas estou feliz. Sei bem que a tendência é que a vida cada vez nos dê menos brechas para compartilhar momentos juntos. Tudo bem, nosso passado já diz muito, se não diz o suficiente sobre essa cumplicidade. É por essas e muitas outras que vão de vir, que digo que achei sua ligação meio estúpida ontem a noite.

Você veio com aquele papo de que não tem sorte, que nada dá certo, de que a vida não tem mais sentido e blablabla. Algo como um aviso prévio de alguém já derrotado. Que grande bobagem! E desde quando a vida teve sentido? Ela realmente não tem sentido algum. E muito provavelmente, deva ser esta, a sua maior qualidade. Ela é de mão única, placa sem sentido e sem retorno, a ligação mais concreta com o agora. Se você não fizer valer a pena, quem vai? Ela é para uns poucos que se atrevem a simplesmente não entendê-la. Você deu risada quando disse a você que o viver é como um estranho que pede a sua mão para caminhar juntos. Cabe a você escolher o destino.

Sei que nestes momentos de angústia, este viver lhe parece só mais um verbo de 2ª pessoa, nesse seu infinitivo irregular. Então lhe dê sentido sendo o contexto. Meu amigo, não sei se é este meu signo ascendente em Leão ou umas geladas a mais que vos digo que o mundo ainda é, apesar de tudo e todos, dos otimistas. Encare com naturalidade o que de mais estranho acontecer. Entendo o seu dia de tristeza mas que ele não seja o amanhã. No mais, espero que sua próxima ligação seja para me avisar que você está vindo para me acompanhar e impedir que eu continue profetizando e poetizando a vida em alguns parágrafos. Hora de pensar que a vida é muito mais do que chorar (e beber) por ela e sim sorrir por ser, o hoje.

De seu amigo hoje, amanhã e depois,
Guilherme Vilaggio Del Russo

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O Pinheiro do meu quintal

Então, num lampejo de criatividade, olhando pela janela de casa, percebi o quanto queria ser o pinheirinho do meu quintal. O pinheirinho, e não qualquer pinheirinho. Talvez eu fosse o mais resistente. Impressionante como eles precisam simplesmente da caótica chuva para viver. Ou seja, fazendo da dificuldade, um estilo de vida. Pinheiros não devem ter muitas aspirações. Muito menos uma vida agitada. Estão num eterno estado vegetativo de ser. Mas, o que é a minha segunda-à-sexta pelas manhãs senão exatamente isso? Uma mesmice de trajetos e lugares que eu não queria conhecer de cor. Não importa! Se eu pudesse ser alguém hoje, seria um pinheiro. Discreto, simples mais importante. Não deixaria me abater com qualquer vento que tentasse me derrubar.

Pacato, de um verde radiante. Seria o melhor dos pinheiros. Ah, e como seria feliz! É a típica felicidade barata da qual pouco se vê hoje. Uma pequena dose de gás carbônico, uma terra molhada e o sol na cara. Pronto, sou um pinheiro saudável. É reconfortante saber que existem pinheiros. Eles não ajem, só esperam acontecer. Mais um ponto em comum entre nós. Na verdade, não importa também! Se eu pudesse ser alguém hoje, seria um pinheiro. O melhor deles.

Seja um pinheiro. Ou seja o que você quiser, mas seja. Dê a si mesmo cinco minutos para mergulhar num infinitivo de possibilidades. E verá que é muito mais fácil transformar sua quinta-feira cinza num tom um pouco mais assim, digamos, esverdeado.


Guilherme Vilaggio Del Russo

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Faça tudo à caneta.

A vida não dá mais do que dois caminhos a serem escolhidos. Não há espaço para indefinição nos dias de hoje. Oportunidades, pessoas e momentos que só acontecem uma vez. Cabe a nós optarmos com sinceridade. Acho egoísmo estar no meio do caminho e não trilhá-lo até o fim. Você interefe e fere o sentimento (e futuro) de muitos. Se quer algo e quer de verdade, esforce-se para ter e assuma responsabilidades. Odeio pessoas na minha vida que optaram por ser um "sei-lá", coadjuvantes de si mesmas. Que vão pelo caminho mais fácil e não tem nem a curiosidade de conhecer o outro, aqueles que optam pelo lápis à caneta. Não existe o errado. O que existe é a possibilidade de ver diferente, um outro ponto de vista. Quem tira proveito disso, tira proveito da vida.

Fortes são os que repetem seus princípios do início ao fim. Veja bem, princípios e não opiniões. Respeite sua personalidade.É preciso ser homem pra se definir. E definir prioridade e arcar avalanches de consequências. É aquela velha e conhecida dúvida do Agora ou do Pra Sempre. Que você escolha agora o que vai ser (e viver), pra sempre.

Guilherme Vilaggio Del Russo

sábado, 31 de janeiro de 2009

Substituindo champagne por cerveja

Olha lá ele, subindo as escadas de novo. Parece meio exausto. Olhar meio distante, andando devagar para se andar adiante. Um rosto barbado, uma alma de garoto. Costuma esconder as constantes discussões que tem no trabalho, com este sorriso discreto. Provavelmente ele saiba que hoje é mais um dia comum, que terminará em casa, lá pelas 11 e meia. E que também não consiga ficar acordado no sofá. Mas insiste em perguntar qual a programação do dia. Todos os dias são iguais. Deve ser um fardo pra ele, logo ele, tão agitado. Cuidar do próprio futuro já é o bastante, mas ele sempre quis ir além. Quantas vezes não abriu mão das noites estreladas dos sábados para diversão alheia. Só não abre mão do mate quente e do mais tradicional ainda, jogo noturno às quartas-feiras. Perfecionista, deve estar se perguntando se a torneira do banheiro estava fechada pela manhã. Ou talvez, simplesmente, se tudo está bem. Sempre foi um cara que pouco demonstrou, mas que sempre sentiu. Aquele que buscava a alegria própria somente se a alegria estava nos outros. É como vestir a roupa de palhaço todos os dias mesmo não querendo. A vida deve dar poucos prazeres a ele hoje, mas pode crer, não é por falta de procura. Sofrendo do mal hereditário de abraçar e querer ser todo mundo. Isso inclui ser eletricista. Ninguém liga. É só ele continuar sendo este abraço gostoso e esse olhar de orgulho. Pegue 2 cervejas no freezer e abra a porta...
- Feliz aniversário, pai.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

365 dias

1 ano na soma das palavras, na diferença do ontem, na divisão de pensamentos, na multiplicação de conquistas, na igualdade de opiniões. São 7.861 pessoas em busca do bem em progressão geométrica. 74 postagens misturando metáforas e mentiras, incontáveis parágrafos, mais incontáveis ainda erros ortográficos e a certeza de que isso não importa. A vida de todos contada por um. Um autor e seus erros de concordância verbal e de tomada de decisões.

Uma busca com 81 resultados, e o resultado não nulo em mim. Com alguma certeza, umas vinte canetas, 16 lápis, trocentas folhas, um moleskine. Centenas de frases de efeito e a grande maioria sem nexo. Poucas rimas ricas, a certeza que não sou feito para poesia, poucos rascunhos. Tantos ônibus, o mesmo metrô, diferentes pessoas em muito pouco tempo de olhar. Muitas madrugadas e a certeza de que isso não importa.

Pausas e um sem número de perguntas. Outras tantas exclamações. 2 pontos finais e, por enquanto, um ponto de reticências. Nenhuma vergonha, pouco receio, muita coragem em 365 dias de filosofia barata e para poucos. Milhares de palavras mas só uma que se encaixa perfeitamente neste momento: obrigado. E a certeza de que vocês e somente vocês, a mim, muito me importa.

Guilherme Vilaggio Del Russo.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

"Hay que provenir las cosas de la vida.."

Que terra imensa, meu Deus! Ando percorrendo kilômetros para ampliar horizontes em um país que só conheço por livros e provas de Geografia. Em cada canto encontro pessoas e conversas interessantes. É fácil buscar lições de vida quando nosso cartão de visitas é um sorriso largo. E desta maneira surgem sonhos, aprendizados, caminhos e escolhas que lhe fazem repensar no grau de dificuldade dos problemas cotidianos. E como sou da opinião de que nada é por acaso, lhes dou sempre atenção redobrada, me perguntando: "Porque esta pessoa apareceu em minha vida? Que mensagem veio me trazer?". Trechos de vidas que se encontraram em um determinado ponto e que agora caminham juntas.

Além de conhecer outros, busco me conhecer. Aprender a olhar sem ter que estar com olhos abertos é uma arte. Chego a inúmeras conclusões, mas poucas definitivas. Gosto de mudanças desde que eu esteja na frente delas. E sou o braço a torcer quando digo que a felicidade está na capacidade de esquecer certos momentos com facilidade (as rimas sempre aparecem em horas como essa).

De concreto, acho que este ar puro nos pulmões reacende um espírito quase revolucionário e o desejo por novidades em minha vida e no conhecimento do meu papel (e das minhas palavras) diante do mundo. Não foram poucas às vezes que quis largar isso e correr para outro lugar. Mas quando estou a mais de 200 kilômetros da minha cama e veja a garota ao lado, me contando que faz este trajeto todo final de semana, tentando unir pais e faculdade, vejo que sonho é igual a renúncia, sorrio e me conformo. Você define o quão longe estão seus objetivos pela qualidade dos seus pensamentos. De fato, viajar é bom.

Guilherme Vilaggio Del Russo

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Um dia para o Pessimismo

É quase robôtico pra mim achar que o mundo gira ao meu redor. Tem vezes que me sinto tão egoísta mas ao mesmo tempo tão culpado, na mesma proporção. Reflexo de uma vida de aparências. E Deus sabe (minto, ele não sabe) que eu não suporto as mais doces mentiras. Nem as mais ácidas verdades. Pago pelos erros alheios mesmo não cobrindo os meus. É como herdar uma luta perdida. Longa e em vão... Sei que autoconfiança é um problema pra mim. Mas, e o que dizer da covardia? Se a vida é incerta, é justo esperar por um caminho mais seguro?

O problema é que eu não sei mensurar. Não sei estar dividido. Conheço somente o estar do lado ou estar distante. Um semáforo que não sabe o que é a cor amarela. E é nessas horas onde o mundo parece ser chato que, infelizmente, eu venho escrever ao invés de falar, de agir. Achar que todo o tempo é tempo perdido. Triste esperar por sonhos. Mais triste é reconhecer fraquezas, adversidades e esperar que o tempo resolva. Ou que de uma vez por todas, acabe.

Guilherme Vilaggio Del Russo

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Presente que indica, indicativo.

Sou um grande rascunho de idéias boas. Embora não definitivas e feitas a lápis. Resolvi ser do contra porque ser a favor já basta. Ninguém é perfeito e eu não sou quadrado. Menino, me viro a cada minuto. Na vida e na cama. Apto da idéia de que cada um carrega um pedaço de tecido e que juntos somos um retalho de qualidade. Fujo do convencional, mas sabe como é... ainda prefiro Nescau a Toddy. Escrevo para se me sentir parte integrante e ativa de um sociedade onde isso hoje me dia, infelizmente, tornou-se diferencial. Busco no meu pai o que ainda não pude ter.

Orgulho-me de ser orgulhoso. Você não imagina a vontade de estourar um champagne a cada conta paga. Misture caras e bocas e me encontre. Mas não sou um personagem. Sou vários em um mas sou mais eu. Se a alegria está em fazer o impossível, a felicidade plena está em mantê-lo. Gosto de marcas. Das que tenho e das que deixei. Abuso do presente porque odeio o pretérito imperfeito. Talvez seja o contrário do que um dia entendi por ser tranquilo. Perguntas idiotas me visitam com frequência: "Quantas pessoas iriam ao meu funeral?". Adoro falar do eu, mas sou muito mais feliz se formos nós.

Enfim, sou o menino do óculos, do coração a mil, do 102%, da conta inadimplente, do sorvete de kiwi, que adora o grupo mas odeia o "coletivo", o menino das histórias. Mas não sou homem de contá-las. Quero somente, vivê-las. E você, quem é?

Guilherme Vilaggio Del Russo