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Mostrando postagens de agosto, 2009

[152] Descartes e o medo de errar

Vou me dar um minuto de licença filosófica para dar uma martelada nietzscheana em Descartes: só um espírito muito medroso rejeita como falsas mesmo as opiniões mais prováveis. O objetivo de Descartes é muito mais apropriar-se da verdade com absoluta segurança do que obtê-la. Seu fim não é propriamente a verdade, mas um modo específico de achegar-se a ela. É muito mais provável que se obtenha mais verdades correndo riscos epistêmicos do que o contrário. Descartes, no entanto, tem horror a qualquer risco. Em sua defesa, poder-se-ia dizer que ele não quer propriamente muitas verdades, mas quer absolutamente pelo menos uma. Mas o que se aproxima mais da finalidade de obter a verdade, obter várias ou obtê-la absolutamente? Se há mais de um modo de obter a verdade, não há qualquer razão para que um modo específico sacie mais a finalidade de obter a verdade do que outros. Privilegiar um ou outro modo tem menos a ver com a satisfação da finalidade de obter a verdade e muito mais com a satisfaç

[151] Uso não-comparativo de "parecer"

"A lua parece do tamanho da tampa de uma garrafa". Esta frase pode se refraseada como: "o tamanho da lua vista da Terra tem a aparência do tamanho da tampa de uma garrafa vista a meio metro de distância". Ou seja, estamos comparando o modo como duas coisas se parecem. Chisholm chamou este uso do "parecer" de "uso comparativo". Para entender este uso do "parecer", não precisamos evocar dados dos sentidos, experiências privadas, impressões etc. Enunciados como "A lua parece do tamanho da tampa de uma garrafa" se limitam a comparar a aparência entre dois objetos ou entre instâncias de propriedades e esta aparência não é nada subjetiva. Qualquer um pode, em condições adequadas, observá-la. Para ver que a lua parece do tamanho da tampa de uma garrafa, tenho de estar na Terra. Se eu estiver na estratosfera, a lua terá outra aparência. Chisholm argumenta também que há um uso não-comparativo de "parecer". Quando digo, "