Filmes pouco originais muitas vezes funcionam por uma direção ágil, atores interessantes ou trama envolvente. Não é o caso desse horror em cartaz no Netflix
Um pai com o casamento em crise se muda para um condomínio em uma cidade pequena após ser demitido da universidade em que dava aula. Com duas filhas adolescentes, uma mais "rebelde" e outra tímida, a família se adapta à sua nova vida quando uma estranha infecção, causada por parasitas, se alastra pelo planeta, chegando à pacífica Shadow Canyon.
Por essa sinopse você já deve achar "hum, já vi histórias parecidas antes". Pois é, mas os clichê não vão parar por aí. E se existem algumas histórias-padrão que acabam agradáveis de assistir por terem um ritmo e uma direção envolventes — neste caso, a película é co-dirigida por Henry Joost e Ariel Schulman, de Atividade Paranormal 4 —, por um roteiro diferenciado e/ou por atores que se sobressaem, nada disso se aplica a Viral (2016). O filme é um gigantesco mais do mesmo que não comove, não dá sustos e só surpreende pela existência de incongruências gritantes.
Como pano de fundo, o filme pode remeter a uma crítica às tentativas usuais de se isolar dos problemas do mundo atual ou das questões que incomodam no dia a dia, ideia que os condomínios representam tão bem. Mas é difícil pensar que uma trama tão mal acabada possa traduzir isso de uma forma interessante. Ainda mais pensando que um clássico como Calafrios, de David Cronenberg, já fez isso de forma magistral, inclusive com a epidemia se propagando por meio de um parasita.
Ok, mas mesmo assim o filme poderia ser razoável. Como, se o roteiro é quase infantil ao ligar uma situação e outra, com passagens pouco críveis. No meio de um toque de recolher, por exemplo, há uma festa organizada por adolescentes. As duas adolescentes conseguem ir até lá porque o pai (Michael Kelly, o Doug Stamper de House of Cards) ficou preso em um bloqueio ao ir buscar a mãe no aerporto. A cidade está militarizada, mas todos os jovens conseguem ir tranquilamente à festa. Provavelmente todos os pais ficaram presos no dito bloqueio também...
Obviamente, como natural em muitos filmes de terror em que a "rebeldia" é punida, a ousadia dos jovens trará consequências. e entre as duas irmãs, fácil saber quem vai se dar mal primeiro. Como já dito, a previsibilidade não é um problema tão grande quando a história é interessante, mas, quando não é, o desastre representado pelo filme só aumenta.
Viral (2016)
Estados Unidos, 1h25
Direção: Henry Joost, Ariel Schulman
Elenco: Sofia Black-D'Elia, Analeigh Tipton, Travis Tope, Michael Kelly.
Cotação: 2/10
Disponível no Netflix
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domingo, 11 de junho de 2017
Viral (2016) - zumbis, epidemia e um amontoado de clichês
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terça-feira, 23 de maio de 2017
Ludo (2015) - filme de terror indiano é sangrento, confuso e irregular
Quem vê a primeira parte do filme Ludo (2015), do diretor indiano Qaushiq Mukherjee, vai ter a impressão de que se trata de uma história contando as dificuldades de ser jovem na Índia, mesmo em uma cidade grande como Calcutá.
Ali, quatro jovens, dois homens e duas mulheres, personificam o conflito de um país que tem uma cultura patriarcal e uma forte tradição religiosa que ocupa a maioria de seus espaços convivendo com uma crescente influência do mundo ocidental. Tais diferenças são mostradas no filme de forma pouco sutil, como, por exemplo, quando os jovens passeiam de moto em meio a charretes.
Os quatro buscam um lugar para fazer sexo, mas os motéis exigem que sejam casados para abrigá-los. Antes, são extorquidos por dois policiais ao sair de um restaurante, uma cena tão evidentemente feita para espectadores estrangeiros quanto sua intenção de associar o ato de corrupção a um cenário terceiro-mundista. Não conseguindo encontrar nenhum motel que os aceite, vão parar num shopping center, aguardando para que feche e eles possam usufruir do local.
Até esse momento, o filme é um. Banal, sem surpresas, feito para turistas. Mas quando encontram um casal de velhos (aqui você vai ter que acreditar na narrativa da obra, já que a maquiagem tosca que remete a personagens do Chico Anysio não permite achar que os atores são velhos realmente), tudo muda. Os quatro são introduzidos a um jogo, o ludo do título do filme, que segue as regras daquele mesmo a que você está acostumado a ver.
É nessa virada que o terror começa. E se a narrativa era insossa, agora ela se torna confusa, frenética e muito, muito sangrenta. A história logo mais passa a ser narrada pela suposta idosa, para contar a origem dos dois monstros, meio vampiros, meio canibais, e o que está de fato em jogo no ludo.
Explorar a sexualidade de jovens, eventualmente punida por monstros, maldições, psicopatas e quetais não é propriamente uma novidade em termos de filme de horror. Mas a forma como a história, pobre, é contada não empolga. A segunda metade do filme privilegia cenas pretensamente impactantes, com imagens que deveriam ser fortes, mas que não atingem o objetivo. Mesmo a parte que deveria apresentar ao espectador um pouco da cultura indiana e as contradições vividas pelos jovens do país é simplista e estereotipada.
Se você quiser conhecer o cinema indiano, passe longe de Ludo. Tem muitos melhores por aí.
Ludo (2015)
Índia
Duração: 1h30
Direção: Qaushiq Mukherjee
Elenco: Joyraj Bhattacharya, Soumendra Bhattacharya, Ranodeep Bose e Ananya Biswas.
Disponível no Netflix
Cotação: 2/10
Ali, quatro jovens, dois homens e duas mulheres, personificam o conflito de um país que tem uma cultura patriarcal e uma forte tradição religiosa que ocupa a maioria de seus espaços convivendo com uma crescente influência do mundo ocidental. Tais diferenças são mostradas no filme de forma pouco sutil, como, por exemplo, quando os jovens passeiam de moto em meio a charretes.
Os quatro buscam um lugar para fazer sexo, mas os motéis exigem que sejam casados para abrigá-los. Antes, são extorquidos por dois policiais ao sair de um restaurante, uma cena tão evidentemente feita para espectadores estrangeiros quanto sua intenção de associar o ato de corrupção a um cenário terceiro-mundista. Não conseguindo encontrar nenhum motel que os aceite, vão parar num shopping center, aguardando para que feche e eles possam usufruir do local.
Até esse momento, o filme é um. Banal, sem surpresas, feito para turistas. Mas quando encontram um casal de velhos (aqui você vai ter que acreditar na narrativa da obra, já que a maquiagem tosca que remete a personagens do Chico Anysio não permite achar que os atores são velhos realmente), tudo muda. Os quatro são introduzidos a um jogo, o ludo do título do filme, que segue as regras daquele mesmo a que você está acostumado a ver.
É nessa virada que o terror começa. E se a narrativa era insossa, agora ela se torna confusa, frenética e muito, muito sangrenta. A história logo mais passa a ser narrada pela suposta idosa, para contar a origem dos dois monstros, meio vampiros, meio canibais, e o que está de fato em jogo no ludo.
Explorar a sexualidade de jovens, eventualmente punida por monstros, maldições, psicopatas e quetais não é propriamente uma novidade em termos de filme de horror. Mas a forma como a história, pobre, é contada não empolga. A segunda metade do filme privilegia cenas pretensamente impactantes, com imagens que deveriam ser fortes, mas que não atingem o objetivo. Mesmo a parte que deveria apresentar ao espectador um pouco da cultura indiana e as contradições vividas pelos jovens do país é simplista e estereotipada.
Se você quiser conhecer o cinema indiano, passe longe de Ludo. Tem muitos melhores por aí.
Ludo (2015)
Índia
Duração: 1h30
Direção: Qaushiq Mukherjee
Elenco: Joyraj Bhattacharya, Soumendra Bhattacharya, Ranodeep Bose e Ananya Biswas.
Disponível no Netflix
Cotação: 2/10
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