A pareceria Bilal / Christin deu-me uma das melhores bd's políticas que já li: A Caçada. Neste álbum duplo, que reúne A Feira dos Imortais (1980) e O Sono do Monstro (1998), o autor sérvio está a solo como abordagens s-f- aos temas do totalitarismo e das guerras nacionalistas da antiga Iugoslávia como referência remota da narrativa.
http://littleblackspot.blogspot.pt/2003/10/enki-bilal-belgrado-1951-como-por.html |
A ficção científica não é bem my cup of tea, na BD e na literatura tout court, mas Bilal desembaraça-se a contento enquanto argumentista. Como desenhador, a sua personalidade artística é muito vincada e reconhecível.
Um dos aspectos mais interessantes desta co-edição reside, fruto da junção de duas narrativas que distam dezoito anos entre si, permitindo verificar a evolução estilística do artista -- como, de resto, é destacado na nota de apresentação: a um traço mais realista sucede-se um outro, mais elíptico e esfumado.
Enki Bilal, A Feira dos Imortais e O Sono do Monstro, tradução de Catarina Labey e Pedro Cleto, Porto, Edições Asa / Público, 2008.