Ao mínimo desvio de olhar perdemos peças do grande mosaico que é Barcelona. O disparar da máquina é ensurdecedor e em minutos captamos dezenas dos seus traços mais característicos.
Mas o que leva tanta gente a Barcelona, pergunto-me.. A Sagrada Família? As obras de Gaudi? Miró? As Ramblas? Os bairros? Obtive a resposta em 4 dias.
De mala às costas, máquina em punho e muitos mapas no bolso, percorremos ruas, avenidas, parques, museus, castelos, palácios, galerias, mercados, ramblas, cervejarias, restaurantes, lojas.. As pernas resistiam ao cansaço no ávido desejo em visitar tudo. Os autocarros turísticos e os metros facilitam o percurso. Só o catalão não quer entrar no ouvido.
Os cheiros, os sons e os sabores são marcantes e embriagantes. A Rambla fervilha de gente. De turistas que se atropelam para admirar as estátuas humanas; que devoram paellas confeccionadas industrialmente e que são vendidas a uma dezena e pouco de euros; que engolem cañas geladas ao fim da tarde; que entram e saem das lojas de souvenirs estrategicamente dispostas ao longo da avenida; que caçam pormenores com as suas máquinas fotográficas; que negoceiam pechinchas made in china com os vendedores de rua.
Ali mesmo ao lado, imponente, o Mercado de la Boqueria é um paraíso para os sentidos que se despertam a cada passo com as suas cores e cheiros característicos. Perdemo-nos facilmente nas ruas de bancas cuidadosamente alinhadas, onde repousam, meticulosamente dispostos, frutos e legumes de todas as cores e feitios. Não há descrição possível. Ninguém se atreve a sair dali sem antes se deliciar com um pedaço de fruta fresca ou com um sumo natural acabado de fazer.
O roteiro segue e perto da hora de almoço procuramos um tasco para tapear. Por sugestão da Leonor chegamos à Cerveceria Catalana. O rebuliço de gente e empregados avisa que temos que esperar. Damos o nome para a lista e aguardamos impacientes. Os olhares perdem-se nas travessas de petiscos alinhadas na vitrine, nos pratos que voam nas bandejas dos empregados que percorrem a sala nos seus uniformes brancos de botões e dragonas douradas e reluzentes.
Sentamo-nos. Devoramos a carta com uma fome insaciável. Chanquetes, tortillas, boquerones, calamares, pulpo à la galega, chipirones fritos, jamon serrano, montaditos, queso machengo… tudo acompanhado por pan con tomate, uma bela sangria e rematado na perfeição com uma crema catalana acabada de queimar.
Carregamos a mochila às costas e enfrentamos o calor abafado de Barcelona por entre as ruas, ruelas e bairros. Barcelona é tudo isto. E foi assim nos quatro dias.
Percorremos os labirintos estilhaçados de mosaicos e azulejos pintados do Parc Güel;
perdemos o olhar nos pormenores arrojados de La Pedrera ou da Casa Batlló que desafiam o nosso conceito de arquitectura convencional;
apanhámos um teleférico e subimos a Montjüic;
caminhámos pelas ruelas do Poble Espanyol;
passeámos na Rambla;
namorámos as lojas sui generis do Bairro Gótico; descemos a desafiante escadaria da Sagrada Família;
tapeámos; assistimos à primeira parada gay de Barcelona; e tanta tanta coisa mais...
E, por fim, vibrámos com a surreal abertura da U2 360º Tour, em Camp Nou. Uma despedida em grande!
... fins aviat Barcelona!!!