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06 agosto 2009

Parla català?

Em Camp Nou, Bono chamou-lhe a “capital do surrealismo”. Na verdade esta expressão assenta-lhe como uma luva. Barcelona transpira cultura, modernidade, arte.. Movimenta-se ao seu próprio ritmo. Acorda frenética ao tráfego alucinante da cidade, ao passo acelerado dos seus habitantes, dos turistas que percorrem incansáveis cada ponto turístico mais recôndito.

Ao mínimo desvio de olhar perdemos peças do grande mosaico que é Barcelona. O disparar da máquina é ensurdecedor e em minutos captamos dezenas dos seus traços mais característicos.

Mas o que leva tanta gente a Barcelona, pergunto-me.. A Sagrada Família? As obras de Gaudi? Miró? As Ramblas? Os bairros? Obtive a resposta em 4 dias.

De mala às costas, máquina em punho e muitos mapas no bolso, percorremos ruas, avenidas, parques, museus, castelos, palácios, galerias, mercados, ramblas, cervejarias, restaurantes, lojas.. As pernas resistiam ao cansaço no ávido desejo em visitar tudo. Os autocarros turísticos e os metros facilitam o percurso. Só o catalão não quer entrar no ouvido.

Os cheiros, os sons e os sabores são marcantes e embriagantes. A Rambla fervilha de gente. De turistas que se atropelam para admirar as estátuas humanas; que devoram paellas confeccionadas industrialmente e que são vendidas a uma dezena e pouco de euros; que engolem cañas geladas ao fim da tarde; que entram e saem das lojas de souvenirs estrategicamente dispostas ao longo da avenida; que caçam pormenores com as suas máquinas fotográficas; que negoceiam pechinchas made in china com os vendedores de rua.

Ali mesmo ao lado, imponente, o
Mercado de la Boqueria é um paraíso para os sentidos que se despertam a cada passo com as suas cores e cheiros característicos. Perdemo-nos facilmente nas ruas de bancas cuidadosamente alinhadas, onde repousam, meticulosamente dispostos, frutos e legumes de todas as cores e feitios. Não há descrição possível. Ninguém se atreve a sair dali sem antes se deliciar com um pedaço de fruta fresca ou com um sumo natural acabado de fazer.

O roteiro segue e perto da hora de almoço procuramos um tasco para tapear. Por sugestão da Leonor chegamos à Cerveceria Catalana. O rebuliço de gente e empregados avisa que temos que esperar. Damos o nome para a lista e aguardamos impacientes. Os olhares perdem-se nas travessas de petiscos alinhadas na vitrine, nos pratos que voam nas bandejas dos empregados que percorrem a sala nos seus uniformes brancos de botões e dragonas douradas e reluzentes.

Sentamo-nos. Devoramos a carta com uma fome insaciável. Chanquetes, tortillas, boquerones, calamares, pulpo à la galega, chipirones fritos, jamon serrano, montaditos, queso machengo… tudo acompanhado por pan con tomate, uma bela sangria e rematado na perfeição com uma crema catalana acabada de queimar.

Carregamos a mochila às costas e enfrentamos o calor abafado de Barcelona por entre as ruas, ruelas e bairros. Barcelona é tudo isto. E foi assim nos quatro dias.

Percorremos os labirintos estilhaçados de mosaicos e azulejos pintados do
Parc Güel;

perdemos o olhar nos pormenores arrojados de La Pedrera ou da Casa Batlló que desafiam o nosso conceito de arquitectura convencional;

apanhámos um teleférico e subimos a Montjüic;

caminhámos pelas ruelas do Poble Espanyol;

passeámos na Rambla;

namorámos as lojas sui generis do Bairro Gótico; descemos a desafiante escadaria da Sagrada Família;

tapeámos; assistimos à primeira parada gay de Barcelona; e tanta tanta coisa mais...

E, por fim, vibrámos com a surreal abertura da U2 360º Tour, em Camp Nou. Uma despedida em grande!



... fins aviat Barcelona!!!

06 abril 2009

Para lá dos sentidos..

Saímos de casa perto da hora de almoço. A entrada é às 15h00 e vamos com calma. O aroma a eucalipto e a flor de esteva entra no carro e acompanha-nos durante toda a viagem.
Chegamos duas horas depois. Sentimo-nos perdidos no meio da ondulante paisagem que nos circunda. Uma pequena entrada murada de branco encaminha-nos para a Herdade e convida-nos a entrar. O laranja intenso das paredes e o azul-turquesa das portas e janelas quebra o verde bucólico da paisagem. Saio do carro e sou absorvida de imediato pelo silêncio que se faz sentir.

Dirijo-me à porta de entrada.

“Bom dia… Desculpe recebê-la assim…” diz-me enquanto ajeita a camisa que cai sobre as calças. “Isto aqui é sem cerimónias mas mesmo assim.. Desculpe lá..” e continua a passar as mãos pelas pontas da camisa.
“Não tem mal nenhum”, respondo. “Tenho uma reserva para o 6.º Sentido..”
“Ah sim..” (tira um pequeno papel do bolso manuscrito) “A Lu deixou-me aqui a indicação de que os senhores iam chegar.” “É a senhora…”
“Sou sim”, respondo.
“Se me quiserem acompanhar eu mostro-lhes já a casa.”
“Agradeço mas o meu marido fica no carro porque o bebé está a dormir.”
Ainda insiste que seria melhor ele ver também mas lá avançamos para a visita à casa que nos iria receber durante os próximos dois dias. Poucos minutos bastaram para percorrermos os espaços sui generis do Reguenguinho.

Na sala de estar, pequena e acolhedora, um grilo esboçado num enorme quadro de fundo amarelo preenche a parede quase na totalidade em conjunto com a lareira. Não consigo ancorar o olhar num ponto. Percorro as paredes, o chão, as janelas, os corredores.
Cantos e recantos criativamente decorados com peças de aqui e de acolá, com fotografias e telas pintadas, com tesouros herdados de família ou até mesmo com pequenas pechinchas que no conjunto completam as ambiências e cenários da herdade.

A mesa de refeições repousa no centro da sala comum, perto da lareira e junto a estantes com livros de decoração, arte e pintura, uma colecção de soldadinhos nazis e apetrechos de guerra, candelabros, carros e carrinhos, pesos e medidas. O pequeno-almoço serve-se até às 12h00 e a mesa arranja-se a rigor. As iguarias despertam-nos as papilas degustativas: sumos naturais, chás, queijo fresco e seco, marmelada e compotas caseiras, enchidos tradicionais, fruta fresca, pão e bolo caseiros e uma tarte de maçã que me atrevo a dizer que foi a melhor que já comi até hoje.

Da porta envidraçada conseguimos espreitar a piscina, os alpendres e páteos e as inúmeras espreguiçadeiras que convidam a um banho de sol ou a uma boa leitura. Mais uma vez se nota a imaginação e criatividade dos proprietários nos pequenos espaços que circundam a casa. Nada foi deixado ao acaso.

As plantas e flores crescem um pouco por todo o lado. Os morangueiros acompanham os degraus do pátio, feitos de travessas de madeira das ferrovias. A salsa, a hortelã e a hortelã-pimenta crescem livremente nos canteiros. Por todo o lado se houve os zunzuns das abelhas e abelhões que sugam o pólen sofregamente.

As portas dos outros quartos estão abertas. Sente-se um ambiente familiar. Sentimo-nos em casa e à passagem todos nos cumprimentam.

O conceito dos quartos baseia-se nos cinco sentidos. A decoração de cada um é alusiva a cada um dos sentidos, o tocar, o gusto, o vedere, o olor, o oir. A estes junta-se um loft, o 6.º sentido, e, mais acima, duas palafitas temáticas, água e terra.

O loft é místico. Sente-se o cheiro da lenha queimada no ar. Está decorado em tons cru, beije, bronze, quebrado por móveis rústicos de madeiras escuras. A sala, a pequena kitchenet e o wc completam o rés-do-chão. Uma estreita escadaria levam-nos ao sótão transformado num quarto simples e acolhedor.

Não há televisão ou computador. No loft há apenas um leitor de CD com uma cópia dos nouvelle vague. Ali o mundo parece parar. O vento a soprar nas cearas de trigo ainda verde, o som dos grilos a cantar e o por do sol são prenuncio do anoitecer que convida a uma boa leitura ou a um jogo de dominó.

No fim-de-semana que se torna sempre pequeno houve ainda espaço para a boa gastronomia alentejana. Não podia deixar de me deliciar com os petiscos da Tasca do Celso. A escolha desta vez recaiu sobre uns filetes de pampo com arroz de tomate, uns secretos de porco preto e uma sericaia acabada de sair do forno, generosamente polvilhada com canela e coroada por uma brilhante e doce ameixa de Elvas. Antes do regresso, uns frutos secos e um licor de bolota deixam na boca o desejo de voltar breve breve..

10 novembro 2008

Desafio literário, o fim-de-semana e as lagartas do quintal

A Canela do blog Sabores de Canela lançou-me o desafio de:
  • exibir 3 livros que gostamos
  • lançar o desafio a 5 amiga(o)s da blogosfera

Como ela também optei pelo tema do blog, principalmente por não me ser fácil nomear apenas 3 dos livros que fazem parte da minha biblioteca literária.


Escolhi 2 livros que já tenho há algum tempo na estante da cozinha e aos quais recorro habitualmente para sugestões, dicas e técnicas e ingredientes. Troquei o 3.º livro por duas revistas a que sou bastante fiel, que não dispenso nunca e que são uma excelente fonte de inspiração:


- O livro de Pantagruel, 62.ª edição, 2002

- Doçaria Tradicional Portuguesa do Chefe Silva, 1.ª edição, 2000

- Revista Saberes e Sabores, da Vaqueiro e Revista blue cooking


Passo este desafio às cozinheiras:


Ana, do Magic Flavours

Mari, do Mari's Kitchen

Téia, do Banquetes e Lanchinhos

Susana, do Menos Calorias, Mais Vida!

Liliana, do Surpresas Coloridas


Este fim-de-semana foi passado no norte, em Matosinhos. O marido teve uma prova de vela e nós lá fomos quase com a casa atrás. Sim porque ir passar o fim-de-semana fora com um bebé de 12 meses é assim.. O tempo estava frio e chuvoso e não deu para grandes aventuras. Mas deu para comer um leitãozinho na Mealhada e provar um excelente arroz de serrabulho acompanhado por rojões e as frituras de belouras. Divinal!


O arroz de serrabulho tem um sabor muito característico e é feito com o sangue do porcoe as carnes desfiadas. No seu tempero é bastante importante o
sumo de limão, louro, cravinho e cominhos do arroz. Os rojões são servidos em travessa à parte juntamente com as frituras de belouras e são acompanhados de batata alourada em banha de porco e cortadas em cubos. Aconselho vivamente!


O regresso a casa foi ontem por volta das 23h30, com muito cansaço e anseio por uma boa noite de sono. E hoje, quando fui ao quintal ver as minhas plantinhas e ervas aromáticas, deparo-me com um triste cenário.. Três verdes lagartas deram fim, literalmente, à minha hortelã que ainda na sexta-feira estava coberta de dezenas de folhas verdes. Fiquei capaz de comer as lagartas à dentada! E ainda houve uma que passou para o vaso do manjericão e furou duas folhas. Mas, ao que parece, a bicha não era fã destas ervas mais modernas e ficou por ali. O que vale é que elas não se lembraram de ir ao canteiro da salvia, dos coentros e da salsa porque há ums meses acabaram-me com a cultura.. Mas hoje já lhes trato da saúde, ai trato, trato!


Vejam lá como ficou..

Photobucket

23 agosto 2008

Pedaços de Nova Iorque e uma mala cheia de boas recordações

Quem conhece jamais esquece. Quem não conhece imagina uma cidade frenética, de ruas e ruelas a perder de vista, de fast food e subway's, de magia como no cinema e de tantas outras fantasias que o imaginário constrói.
Nova Iorque é um pouco de tudo isto e muito, muito mais. É a confusão mas é também a magia, sem dúvida. É muitos mundos num só. Uma miscelânea de culturas mas dona de uma cultura muito própria.
Não admira que cada vez que lá vá, venha mais fascinada e ao mesmo tempo muito cansada. A cidade não pára e em Manhattan o tempo voa e as pessoas correm. Estimam-se cerca de 1 540 000 habitantes. Nas ruas confundem-se cheiros, cores, raças e línguas.
Este ano os passeios foram mais curtos porque com um bébé não é fácil percorrer as ruas de Manhattan, muito menos andar no subway. Mas há sitios de visita obrigatória e que desta vez não foram excepção. Houve também tempo para matar as saudades dos bagels, das slices de pizza da Grand Avenue em Astoria, dos cafés do Starbucks, dos gelados da Cold Stone, dos hot dogs à boca do subway...
Enfim, foi bom voltar. E é sempre bom estar perto da familia que não vemos sempre. E no final, é gratificante trazermos uma mala (quero dizer.. 4..) carregada de boas recordações!

Manhattan by night e Triboro(ugh) Bridge ao final do dia

Grandes marcos de NY.. 5th AV, Empire State Building, Times Square, Estátua da Liberdade


Típico vendedor de hot dogs e pretzels, esquilo no Central Park e Jones Beach

Fantástico bolo de gelado da Carvel, slice de pizza da Grand Avenue, mocha e iced vanilla coffe do Starbucks, bagels simples, com sementes de sésamo e de canela e passas (que vieram na mala para Portugal) e banca de legumes do Trade Fair, em Astoria

Soube a pouco, como sempre! See you soon NY!

07 julho 2008

Cozinhas do mundo

Chegámos de carro com o guia. Não sei dizer onde estou nem como cheguei. Para trás só vejo o verde típico do Sri Lanka e um rasgo de terra batida. Entramos pela espécie de alpendre na frente da espécie de casa. A familia inteira espera por nós. Querem-nos mostrar como de um simples côco se faz de tudo um pouco. No final, havia tapetes, colheres de pau, cobertas para o telhado, vassouras, corda, leite de côco, água de côco, côco ralado, cinzeiros, açucareiros, cintos, e outros tantos objectos que nunca nos lembraríamos que poderiam ser feitos a partir deste fruto.

Antes de saír levam-nos à cozinha (na foto) para mostrar que nem mesmo a casca fibrosa que envolve o caroço é jogada fora. É utilizada como carvão. O carvão que alimenta este fogão de dois "bicos". Todas as panelas encaixam ali. Com o pau vão dando volta às brasas para que o fogo não se apague. É que ali, os fósforos nunca chegaram...