Viajando no tempo, apreciem a beleza histórica da cidade do Porto de então e, se a visitarem ,comparem-na com a degradação com que hoje se depara.
Porto Sentido
Quem vem e atravessa o rio,
junto à serra do Pilar,
vê um velho casario
que se estende até ao mar.
Quem te vê ao vir da Ponte
és cascata Sanjoanina
erigida sobre um monte,
no meio da neblina,
por ruelas e calçadas,
da Ribeira até à Foz,
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
Esse teu ar grave e sério
dum rosto de cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria.
Ver-te assim abandonado
nesse timbre pardacento,
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento…
e é sempre a primeira vez,
em cada regresso a casa,
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa.
(Carlos Tê)
(Fotos:recebidas por e-mail)
(Vídeo meu)
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
terça-feira, fevereiro 10, 2009
História dos Lenços dos Namorados
Os lenços dos namorados existem em todo o país, com maior incidência no Minho. Apresentam-se como a mais pura forma poética e artística utilizada pelas moças do Minho, em idade de casar.
Supõe-se que a origem dos “lenços dos namorados”, também conhecidos como “lenços dos pedidos”, esteja nos lenços senhoris dos séculos XVII e XVIII, e que foram adoptados e adaptados pelas mulheres do povo, com o fim de conquistar o seu namorado.
A moça, quando estava próximo da idade de casar, fazia o seu lenço bordado a ponto de cruz, num pano de linho fino ou de um lenço de algodão.
Era bordado com as simbologias que irrompiam da sua imaginação. Neste trabalho eram valorizados sentimentos humanos como a fidelidade, dedicação, amor…
Eram semanas ou meses de trabalho na elaboração de um lenço que poderia firmar ou não o início de um namoro.
Depois de bordado, o lenço ia ter às mãos do” namorado” ou “conversado” e conforme a atitude deste de o usar publicamente ou não, decidia-se o início do namoro.
Inseri algumas fotos dos lenços.
Supõe-se que a origem dos “lenços dos namorados”, também conhecidos como “lenços dos pedidos”, esteja nos lenços senhoris dos séculos XVII e XVIII, e que foram adoptados e adaptados pelas mulheres do povo, com o fim de conquistar o seu namorado.
A moça, quando estava próximo da idade de casar, fazia o seu lenço bordado a ponto de cruz, num pano de linho fino ou de um lenço de algodão.
Era bordado com as simbologias que irrompiam da sua imaginação. Neste trabalho eram valorizados sentimentos humanos como a fidelidade, dedicação, amor…
Eram semanas ou meses de trabalho na elaboração de um lenço que poderia firmar ou não o início de um namoro.
Depois de bordado, o lenço ia ter às mãos do” namorado” ou “conversado” e conforme a atitude deste de o usar publicamente ou não, decidia-se o início do namoro.
Inseri algumas fotos dos lenços.
Entrega dos Grammy's 2008
No passado dia 8, ocorreu a cerimónia da entrega dos Grammy's, os "Óscares" da música, no Staples Center, em Los Angeles.
De entre os vencedores, destaco o prémio "Música do Ano", atribuído aos Coldplay com a canção "Viva La Vida".
Considero-a uma canção alegre, da qual gosto bastante.
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
Centenário de nascimento...
Carmen Miranda, nasceu a 9 de Fevereiro de 1909 em Marco de Canaveses, Portugal.
Foi para o Brasil apenas com 10 meses de idade.
Foi uma cantora e actriz luso-brasileira. A sua carreira transcorreu no Brasil e nos Estados Unidos.
Fez carreira na rádio, teatro de revista, cinema e televisão.
O seu estilo era uma envolvente mistura de graça e” ingénua “malícia.
Inseri vídeo de uma das suas canções de que gosto.
domingo, fevereiro 08, 2009
Continuando com poesia...
Se tu viesses ver-me…
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesse toda nos teus braços…
Quando me lembra: esse sabor que tinha,
A tua boca…e o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte…os teus abraços…
Os teus beijos…a tua mão na minha…
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…
(Florbela Espanca)
(Foto:internet)
sábado, fevereiro 07, 2009
Momento de Poesia
O que há em mim é sobretudo cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
(Fernando Pessoa)
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
(Fernando Pessoa)
(Foto:internet)
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
Nasceu em Lisboa a 6 de Fevereiro de 1608
Padre António Vieira: A arte no púlpito
A obra de Vieira anda como poucas estreitamente ligada ao seu tempo e à vida.
Padre António Vieira, destacou-se pela sua luta na libertação dos índios da escravização na Amazónia, pela libertação dos judeus e cristão novos das garras da Inquisição e pela criação de um Quinto Império Universal.
Escreveu mais de quinhentas cartas e cerca de duzentos sermões. Destaco “O Sermão de Santo António aos Peixes”, pregado em S. Luis do Maranhão em 17 de Junho de 1654, pela sua imaginação e poder satírico notáveis.
A obra de Vieira anda como poucas estreitamente ligada ao seu tempo e à vida.
Padre António Vieira, destacou-se pela sua luta na libertação dos índios da escravização na Amazónia, pela libertação dos judeus e cristão novos das garras da Inquisição e pela criação de um Quinto Império Universal.
Escreveu mais de quinhentas cartas e cerca de duzentos sermões. Destaco “O Sermão de Santo António aos Peixes”, pregado em S. Luis do Maranhão em 17 de Junho de 1654, pela sua imaginação e poder satírico notáveis.
(foto:internet)
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Só mesmo vinda de uma criança...
Definição de AvóArtigo redigido por uma menina de 8 anos e publicado no Jornal do Cartaxo. Uma delícia!
“Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem 'Despacha-te!'. Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior. As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes. As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.
Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver Televisão”
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Recordando
Almeida Garrett, escritor, dramaturgo, poeta, orador, político, nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 17799, há 210 anos.
Impulsionador do teatro em Portugal, foi uma das maiores figuras do romantismo, sendo o seu poema “Camões” a primeira obra romântica em português.
Editou a sua primeira obra “O Retrato de Vénus”, em 1821.
Da sua imensa obra, destaco algumas das mais conhecidas.
· “O Alfageme de Santarém”
· “Frei Luís de Sousa”
· “Flores sem Fruto”
· “Viagens na Minha Terra”
· “Folhas Caídas”
Inseri um poema de que gosto.
Os Cinco Sentidos
São belas-bem o sei, essas estrelas,
Mil cores- divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão-a ti- a ti!
Divina- ai! Sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
Será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto a harmonia
Senão- a ti- a ti!
Respira- n’aura que entre as flores gira,
Celeste- insenso de perfume agreste,
Sei…não sinto: minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti -de ti!
Formosos- são os pomos saborosos,
É um mimo- de néctar e racimo:
E eu tenho fome e sede…sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão- mas é de beijos,
É só de ti- de ti!
Macia- deve a relva luzidia
Do leito- ser por certo em que me deito.
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão- em ti!- em ti!
A ti! ai, a ti só os meus sentidos
Todos num confundidos
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti.
Almeida Garrett in “ Folhas Caídas”
Foto:internet)
terça-feira, fevereiro 03, 2009
A " Turma da Mónica Jovem "
A versão adolescente em estilo mangá (palavra usada para designar história aos quadradinhos, feita no estilo japonês), de Mónica, Magali, Cebolinha e Cascão, o êxito mais recente de Maurício de Sousa, já está disponível em Portugal.
O autor quis chegar ao público adolescente. Assim, os heróis da turma rondam os 15/16 anos e sofreram algumas mudanças, como as poses sensuais de Mónica e Magali (que continua a comer muito, mas de forma equilibrada), Cebolinha, agora “Cebola”- que troca os “rr” pelos “ll” (quando está nervoso) e Cascão que já toma banho.
Esta colecção terá os desenhos a preto e branco e abordará temas importantes para os jovens numa perspectiva educativa e didáctica.
Pesquisa: internet
Foto: internet
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
Janelas de Lisboa
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quarta entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho
que as vigias são redondas.
E o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humidade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia.
E a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
(António Gedeão)
(Fotos:recebidas por e-mail)
(vídeo meu)
domingo, fevereiro 01, 2009
Origem do mês de Fevereiro
O nome deste mês provém do latim Februarius que deriva, por sua vez, das festas que os romanos celebravam em honra de Juno ou Februa, deusa das purificações. Durante essas festas era costume imolarem-se animais em sacrifícios expiatórios.
Era também neste mês que os romanos homenageavam Pan, o protector dos campos, dos rebanhos em geral e sobretudo dos pastores, bem como outros deuses – como era o caso de Termino ou Termo, divindade tutelar dos marcos e balizas dos campos.
Não existindo no primitivo calendário, só nele veio a ser introduzido com a reforma de Numa Pompílio, segundo rei de Roma.
Fevereiro era simbolizado por uma figura vestida de azul com uma ave aquática na mão e um vaso transbordante de água na cabeça.
(Pesquisa: internet)
(imagem:internet)
Era também neste mês que os romanos homenageavam Pan, o protector dos campos, dos rebanhos em geral e sobretudo dos pastores, bem como outros deuses – como era o caso de Termino ou Termo, divindade tutelar dos marcos e balizas dos campos.
Não existindo no primitivo calendário, só nele veio a ser introduzido com a reforma de Numa Pompílio, segundo rei de Roma.
Fevereiro era simbolizado por uma figura vestida de azul com uma ave aquática na mão e um vaso transbordante de água na cabeça.
(Pesquisa: internet)
(imagem:internet)
sábado, janeiro 31, 2009
Morreu há 20 anos
Fernando Namora, escritor, poeta, médico, morreu há 20 anos a 31 de Janeiro de 1989.
Estreou-se com “Relevos” (1938), livro de poesia.
Será homenageado, hoje, no auditório da Ordem dos Médicos, em Lisboa, onde serão lidos textos da sua obra “Retalhos da Vida de um Médico”.
Amanhã, será exibido no cinema S. Jorge o filme baseado na sua obra “Domingo à Tarde”, realizado por António Macedo.
Poema de Amor
Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.
E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.
Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.
Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada ,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.
Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz.
...Quero-me só, a sofrer e arrastar
a minha cruz.
Fernando Namora, in”Relevos” (1938)
sexta-feira, janeiro 30, 2009
Os desenhos de Henrique Monteiro
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Reconhecem Luanda ???
Olhando estas fotografias, nem acredito no que vejo! … mesmo sendo imagens dos arredores (musseques). Luanda transformou-se numa cidade do terceiro mundo…uma lixeira…
…e eu que leccionei durante 6 anos em escolas do “musseque”….
O que fizeram à “minha” LUANDA?!!!
…e eu que leccionei durante 6 anos em escolas do “musseque”….
O que fizeram à “minha” LUANDA?!!!
quarta-feira, janeiro 28, 2009
Faria 93 anos
Vergílio Ferreira, escritor, ensaísta, poeta, professor, nasceu a 28 de Janeiro de 1916.
Foi galardoado em 1992 com o Prémio Camões.
A sua obra “Manhã Submersa”, foi adaptada ao cinema pelo realizador Lauro António.
Inseri uma breve passagem de uma das suas obras “Aparição” e um poema (de que gosto).
“Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro. Uma lua quente de Verão entra pela varanda, ilumina uma jarra de flores sobre a mesa. Olho essa jarra, essas flores, e escuto o indício de um rumor de vida, o sinal obscuro de uma memória de origens. No chão da velha casa a água da lua fascina-me. Tento, há quantos anos, vencer a dureza dos dias, das ideias solidificadas, a espessura dos hábitos, que me constrange e tranquiliza…”. “Ah, ter a evidência amarga do milagre que sou, de como infinitamente é necessário que eu esteja vivo, e ver depois, em fulgor, que tenho que morrer.”
Foi galardoado em 1992 com o Prémio Camões.
A sua obra “Manhã Submersa”, foi adaptada ao cinema pelo realizador Lauro António.
Inseri uma breve passagem de uma das suas obras “Aparição” e um poema (de que gosto).
“Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro. Uma lua quente de Verão entra pela varanda, ilumina uma jarra de flores sobre a mesa. Olho essa jarra, essas flores, e escuto o indício de um rumor de vida, o sinal obscuro de uma memória de origens. No chão da velha casa a água da lua fascina-me. Tento, há quantos anos, vencer a dureza dos dias, das ideias solidificadas, a espessura dos hábitos, que me constrange e tranquiliza…”. “Ah, ter a evidência amarga do milagre que sou, de como infinitamente é necessário que eu esteja vivo, e ver depois, em fulgor, que tenho que morrer.”
Vergílio Ferreira “Aparição"
Que há para lá de sonhar?
Céu baixo, grosso, cinzento
e uma luz vaga pelo ar
chama-me ao gosto de estar
reduzido ao fermento
do que em mim a levedar
é este estranho tormento
de me estar tudo a contento,
em todo o meu pensamento
ser pensar a dormitar:
Mas que há para lá do sonhar?
Vergílio Ferreira, in “Conta-Corrente 1”
Foto:internet
terça-feira, janeiro 27, 2009
Ok! Do you want something simple?
Hoje, há pouco veio-me o título desta música à memória, assim meio do nada.
Esta letra fascina-me pela veracidade do que é proferido, escrito, pensado, sentido.
Do you want something simple? The love,the friends, the sex, the words,the job, the life, the family,the money,the songs,the cloths,the looks, the fun...
Há uma constante ambiguidade no que muitas vezes pensamos, sentimos e na forma como agimos. Queremos atingir o amor perfeito, encontrar O homem ideal, aquela pessoa com quem temos tudo o que não teríamos com outra pessoa, o êxtase da paixão, a cumplicidade, a química, a sintonia, o companheirismo.
Não queremos o simples, o banal, o atingível mesmo de sempre, a repetição de todas as histórias do passado, de todas as experiências falhadas...queremos ter a love story improvável, a intensidade desmedida, a relação inabalável, a felicidade indescritível e duradoura, a certeza de um sempre.
Passamos a vida a medir, a quantificar, a comparar com o que já tivemos, com o que poderíamos ter tido e não tivemos, com os «ses» que nos esmagam e nos imobilizam; pensamos e não agimos, agimos sem pensar, pensamos em demasia e vivemos a conta-gotas.
Exigimos a perfeição sem que nós próprios alcancemos essa perfeição, vivemos em harmonia com os nossos defeitos, falhas, mas queremos a antítese no resto, nos namorados que tivemos e nos que ainda iremos ter, nos amigos que temos e nos que já tivemos, na realização profissional pela qual esperamos, mas nem sempre lutamos; nas escolhas que fazemos, mas pelas quais nem sempre damos a cara.
Vivemos na busca constante de um estado zen constante, de um equilíbrio estável entre nós e todas as pessoas que fazem o nosso mundo girar e esquecemo-nos de simplificar o que parece complexo e de viver livres e despidos da nossa própria complexidade.
Joana Pargana
(uma amiga)
Esta letra fascina-me pela veracidade do que é proferido, escrito, pensado, sentido.
Do you want something simple? The love,the friends, the sex, the words,the job, the life, the family,the money,the songs,the cloths,the looks, the fun...
Há uma constante ambiguidade no que muitas vezes pensamos, sentimos e na forma como agimos. Queremos atingir o amor perfeito, encontrar O homem ideal, aquela pessoa com quem temos tudo o que não teríamos com outra pessoa, o êxtase da paixão, a cumplicidade, a química, a sintonia, o companheirismo.
Não queremos o simples, o banal, o atingível mesmo de sempre, a repetição de todas as histórias do passado, de todas as experiências falhadas...queremos ter a love story improvável, a intensidade desmedida, a relação inabalável, a felicidade indescritível e duradoura, a certeza de um sempre.
Passamos a vida a medir, a quantificar, a comparar com o que já tivemos, com o que poderíamos ter tido e não tivemos, com os «ses» que nos esmagam e nos imobilizam; pensamos e não agimos, agimos sem pensar, pensamos em demasia e vivemos a conta-gotas.
Exigimos a perfeição sem que nós próprios alcancemos essa perfeição, vivemos em harmonia com os nossos defeitos, falhas, mas queremos a antítese no resto, nos namorados que tivemos e nos que ainda iremos ter, nos amigos que temos e nos que já tivemos, na realização profissional pela qual esperamos, mas nem sempre lutamos; nas escolhas que fazemos, mas pelas quais nem sempre damos a cara.
Vivemos na busca constante de um estado zen constante, de um equilíbrio estável entre nós e todas as pessoas que fazem o nosso mundo girar e esquecemo-nos de simplificar o que parece complexo e de viver livres e despidos da nossa própria complexidade.
Joana Pargana
(uma amiga)
Inscrição para uma lareira
A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida…
(Mário Quintana)
(Foto:internet)
segunda-feira, janeiro 26, 2009
Comemoração
D. Vicente da Câmara, de 80 anos de idade, personagem incontornável da história do fado, comemora hoje e amanhã no Tivoli, em Lisboa, os seus 60 anos de carreira. Tudo começou em 1948, quando ganhou o prémio da Emissora Nacional.
“ A Moda das Tranças Pretas”, foi o seu principal cartão de visitas.
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