domingo, dezembro 30, 2012

Li e gostei (mensagem de fim de ano)


Foto minha


Para você ganhar belíssimo Ano Novo...
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

(...)

Para ganhar um Ano Novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,


Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
dorme e espera desde sempre.



(autor desconhecido)

quinta-feira, dezembro 27, 2012

Um olhar


Foto minha


Inverno, tens peculiar beleza.
Não faltam enamorados com certeza:
lembram-se dos desportos e da caça?
Há germinação p'ra que a seguir nasça!
O pinheiro não se despe e o alegra;
candeeiro raro cenário integra:
um refresca o ar com sua cor,
d'outro, o frio ilude, a luz e calor.


Agostinho Fardilha (o meu pai)
Coimbra

domingo, dezembro 23, 2012

Li e gostei


Foto minha


(...) Quem alguma vez amou
e quem ainda sente o amor,
 sabe que ele é uma ALEGRIA

onde também palpita a dor.

Porque o abraço envolve dois.
Não se pode ABRAÇAR sozinho.

(...) Quanto às pessoas, a sua linguagem
dos abraços é muito multicor.
Porque é INFINITA a criatividade
que um abraço contém.

Por exemplo:
Há os que gostam de se abraçar de verdade,
corpo contra corpo,

e os que gostam de se abraçar,
leve, ao-de-leve, nas pontas dos dedos.

Há os que gostam de se abraçar à distância,
ATRAVÉS DOS OLHOS.
O abraço entre eles é discreto, subtil.

abraços tão  LONGOS
que conseguem alcançar os céus
e abraços que nos percorrem dos pés à cabeça.
Em certos abraços as mãos ficam inquietas.
abraços feitos de sorrisos e de risos
e um abraço que conforta e vence a solidão.
E há abraços de alegria
e também abraços onde receamos
a hora em que teremos de nos separar.

Depois de uma briga, é muito consolador e jamais magoa
aquele abraço de reconciliação onde se recupera a paz.

A luz invade o escuro, a noite procura o dia.
Eis o abraço que envolve os contrários.

Um abraço quando se dança,
um abraço dentro do abraço
e, súbito, o abraço de despedida.

Um abraço carinhoso a desejarmos "boa noite"
e um abraço especial que nos diz "olá"
e aquele que nos fala apenas de "adeus".

O abraço que vem de MUITO LONGE NO TEMPO,
repleto de saudades,
mergulha no nosso coração
e jamais o esqueceremos.


quarta-feira, dezembro 19, 2012

domingo, dezembro 16, 2012

Momento de poesia com Agostinho Fardilha

João de Deus

(João de Deus Ramos)

(1830-1896)

“Foi estudar Direito para Coimbra, onde levou dez anos a completar o curso e conheceu alguns componentes da Geração de 70, de entre os quais se ligou sobretudo a Antero e Teófilo Braga. Em Coimbra, tornou-se popular como poeta e improvisador à guitarra, consagrando-se no ambiente de boémia estudantil da época. Depois de casado, leva uma vida mais ordeira e dedica-se à pedagogia, criando a célebre CARTILHA MATERNAL, publicada em 1876, método racional de ensinar a ler que propicia uma campanha contra o analfabetismo e que foi adoptada em todo o País.
João de Deus pertence cronologicamente à segunda geração romântica, mas afasta-se do chamado ultra- romantismo, cujos excessos sentimentalistas e funéreos condena. Já então defende uma depuração do lirismo romântico, propondo, na senda de Garrett, um regresso às fontes do lirismo tradicional galaico- português, do romanceiro e de Camões, de que retoma a arte do soneto.
A poesia de João de Deus impõe-se imediatamente pela sua enorme simplicidade e beleza. Toda feita de palavras simples, num tom coloquial, ora irónico, ora melancólico e sentimental, ela consegue ainda hoje impressionar pela técnica segura,pelo grande domínio de todos os metros, nas mais variadas combinações.
A poesia de João de Deus não deixa, pela sua simplicidade, de revelar interesse por tudo o que o rodeava à sua volta, e, à sua maneira, não deixou de ser um poeta militante, militante da poesia.
Teófilo Braga, que tinha por ele uma enorme admiração, organizou uma colectânea das suas poesias, em 1893, a que foi dado o  nome de CAMPO DE FLORES.
Se houve poeta que fosse celebrado em vida e durante ela recebeu as maiores honrarias, este foi sem dúvida o imortal cantor de “ A Engeitadinha”, que nem as gerações mais modernas esquecem de saber de cor”.


Recordemo-lo com as modestas composições que se seguem



I

Até do céu caem lágrimas


          1
Quem no Céu chorou?
Talvez Deus- Menino:
frio suportou,
sendo pequenino.

          2
Cá na Terra viu
d’Herodes a maldade
e com Pais fugiu,
não sem piedade.

           3
Foram degolados
muitos inocentes,
agora sentados
em divos aposentos.

                4
Com tanta injustiça,
o pobre de fome
à Virgem castiça
pede que p’ra ele olhe.

              5
Rota, quase nua
vai esta criança.
Como a Terra é crua
e sem esperança!

           6
Olha os sem- abrigo.
Que dor d’alma vê-los!
Coração amigo,
p’r’eles faz apelos.

Vocabulário:
castiça= pura

II

Os teus beijos


           1
Um beijo dás;
lesta serás?
     Não?
Na minha face
uma flor nasce:
   quão?

          2
Que aconteceu?
Um Anjo desceu.
         Só?
P’ra nós olhou
e não corou.
      Oh!

        3
Mais beijos, Amor.
Tens outra cor.
     Dois?
Junto de ti
E sempre aqui.
       Pois!

            4
Quero mais um;
logo, nenhum.
         Vês?
Beijos dão vida.
Já são, querida,
         três.


Vocabulário
Quão= como?
Pois= sim


III

Os meus Namorados

         1
Namoro com três
de desigual cor
um de cada vez.
O branco é uma flor;
do preto o nariz,
em nada pequeno,
brilha c’o verniz.
O outro é moreno.

               2
Todos o casamento
pedem. Serei tola?
Em mim há assento:
destreza vou pô-la,
querendo o melhor.
Já provei os beijos:
nenhum tem bolor.
Tenho outros desejos:

             3
apertados abraços;
mas que mal há nisso?
Não furam os regaços,
nem causam o enguiço.
O calor dos corpos
dá-nos excitação,
porém não aos mortos.
Tudo entra em acção.

              4
Temos de gozar,
porque curta é a vida.
P’ra saborear
qual boa comida,
não façais asneiras:
dizei que os amais,
mas ficai solteiras:
forras valem mais.



 Vocabulário:
Bolor= velhice
Forra= livre
Destreza= sagacidade


IV

Os olhos são janelas do coração


1
És planta em flor que cuidei.
Serei
dela seu tronco e amparo;
de rosas e cravos conjuntos,
juntos
muitos faremos, pois claro.

2
Choras. Olha para mim;
assim
vejo que estás a sofrer.
No teu coração há dor,
amor
também. A qual vais ceder?

3
Comigo podes falar,
gritar
até, pois essa tua Alma,
cristalina e muito pura,
agrura
não quer, mas somente calma.

4
Compaixão de ti eu tenho,
            e venho
mui ligeiro em tua ajuda.
Quero que toda a ternura,
candura
se erga e nunca fique muda.

Vocabulário
pois claro= certamente


V
A Engeitadinha

Por que choras, queridinha?
“Quero comer e agasalho”.
Não tens medo de andar sozinha?
Acabada de nascer,
pareces-me uma avezinha
que descuidada caiu
do ninho, no alto instalado.
A mãe (e)stá no povoado?
“Nunca a vi. Ela fugiu”.
A minha inda me criou,
mas Deus p’ro Céu a levou.




                                                                                  VI
                                                               
Saudades de Coimbra


Já tenho as solas rotas de subir
e descer as ladeiras por dez anos,
tornando-me o mais velho dos decanos
do Curso de Direito a concluir.

(E)studar e da guitarra o seu tinir
das cordas eram inimigos veteranos.
Até pielas e bródios os ufanos
e façanhudos lentes punham a rir.

E as tricanas roliças, boa perna,
n’águas do Mondego eu ia ver;
porém, no final d’ano vem paterna

reprimenda por mais um chumbo haver.
O coração terá saudade eterna,
pois qual tu, ó Coimbra, outra não ser.


Vocabulário:
Façanhudo= mal-encarado


Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra


quinta-feira, dezembro 13, 2012

Um olhar


O Inverno bate à porta!
Há um prenúncio de "morte"!
Num último alento, os caducos ramos debruçam-se sobre o rio, tentando "beber" a vida!


segunda-feira, dezembro 10, 2012

Um Olhar




Embora o dia estivesse cinzento e melancólico, as flores iluminavam-no com a sua frescura, beleza e cor, sorrindo a quem por ali passava.

sexta-feira, dezembro 07, 2012

Um olhar




Percorro a estrada do meu Outono rumo ao  Inverno que não muito longe me acena.



segunda-feira, dezembro 03, 2012

Um olhar


Foto minha

Desalentada,  preferindo não se "erguer", qual imagem do nosso povo.

sábado, dezembro 01, 2012

Momento de poesia com Agostinho Fardilha


(Rei e Rainha nascidos neste mês)




Deram-te o cognome de o “Conquistador”
e bem o mereceste; és o fundador
zelante e sempre activo de Portugal:
em nossos corações serás imortal!
m (M) aria I era muito devota,
bom augúrio havia, mas logo se nota
ruim doença mental; Pedro auxilia:
obras e muitas Academias ela cria.

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra

Imagem : internet


terça-feira, novembro 27, 2012

sábado, novembro 24, 2012

Pelos caminhos de Portugal...

Englobado na zona do Chiado, encontra-se o Largo do Carmo, com seus jacarandás. Neste largo, residem as ruínas do Convento do Carmo, construído no séc. XIV, onde se encontra, actualmente, o Museu Arqueológico do Carmo.

Em frente ao convento, encontra-se o Chafariz  pombalino do Carmo, construído em 1711, abastecido pelo Aqueduto das Águas Livres.

Paredes meias com o convento, encontra-se o Quartel do Carmo, pertencente à Guarda Nacional Republicana que teve um papel muito importante aquando do 25 de Abril de 1974, por ter sido escolhido por Marcelo Caetano para se refugiar da revolução.

Para perpetuar este momento, encontra-se no chão do largo uma inscrição dedicada a Salgueiro 
Maia.














Alguns pormenores do Chafariz do Carmo





Fotos minhas

quarta-feira, novembro 21, 2012

Momento de poesia com Agostinho Fardilha

Soares de Passos

(1826 – 1860)

“ Se João de Lemos deveu muito da sua reputação ao poema A Lua de Londres, a de Soares de Passos, nascido no Porto, deveu-se e continua a deveu-a à celebérrima composição O Noivado do Sepulcro, poesia que foi tocada, recitada e cantada ao piano até bem dentro já do sec. XX, nos serões românticos que ainda iam sobrevivendo.
Mas o Noivado do Sepulcro foi pasto da voracidade alvar que a explorou das formas e processo mais extravagantes. Foi certamente a poesia culta que mais fundo calou na sensibilidade poética não educada do povo abandonado, por séculos de obscurantismo, à sua ignorância.
Quando chega a Coimbra para estudar Direito, andavam no ar os ecos de O Trovador de João de Lemos. Naquele ambiente pouco mais lhe restava do que explorar novos filões do ultra- romantismo, agora exacerbado de notas fúnebres, quando não necrófilas, embora o seu génio não caiba nesta classificação limitadora, para o que basta considerar as preocupações cientificistas e metafísicas que perpassam pela sua obra. Fundou, em Coimbra, O Novo Trovador”.

Lembremo-lo com as composições poéticas que se seguem e que respeitam a estrutura usada pelo Poeta, na sua poesia emocional.



I
Desânimo


                    1

Por que me deste vida, ó meu Senhor,
se o viver não passa de uma ilusão?
Tudo perpassa sem opositor
e apenas estaca na paz do caixão.

                          2

Que mundo é este onde o amor não existe?
Os vagidos, ao nascer, logo se calam.
Se pensa que à tormenta ele resiste,
louco é: do Universo os caos já o talam.

                 3

O homem nasce e ilusões acumula:
pouco a pouco desvanecendo vão,
porque a implacável morte o estimula
a buscar, depressa, o gelado chão.


II

Sou livre

           1

Em mim vive a liberdade
e nunca será calada;
unida à Humanidade,
é essência harmonizada.
Alguém poderá suster
do Oceano o seu mover?
Não poderei esconder
uma paixão desejada?

          2

A mente de curso muda
como astros no firmamento;
querer ser livre até ajuda
a renovar pensamento,
a rejeitar tirania,
a dominar a abulia,
a reprimir a euforia
e p’ro meu ser, mais talento.


III

Onde estás, Mãe querida?

                     1

Já adormeceste e não me deste teu beijo.
Estás gelada. Chamo e não me respondes.
Dos teus lábios sem cor nem um gracejo.
Algum segredo no coração escondes?

                 2

Não acabaste ontem o conto de Jesus.
Encaraste-me e logo os olhos cerraste.
Nessas mãos amarelecidas uma Cruz
puseram. Perguntei  e não me falaste.

                            3

Meu Pai e meus irmãos estão a chorar.
Disseram-me que para longe partiste.
Vem à tua caçula os olhos secar.
Onde moras agora? Volta. Estou triste.


IV

Ignoto Destino

                 1

Outono é sinal de despedida:
árvores de folhas despojadas,
flores às sepulturas destinadas.
Meu trabalho forçou-me a emigrar,
pensando só vir na Primavera.
Beijei  teus lábios em nosso adeus.
São testemunha os profundos céus
da minha ânsia em breve regressar.

                 2

Levo amargurado o coração,
não esquecendo os dias de alegria,
nossas juras de amor à porfia.
Se os fados me derem fria campa,
peço-te, meu Amor, que no Outono
cubras com pétalas de crisanto
o túmulo de quem te amou tanto
e nossos nomes grava na tampa.

V

Núpcias no Túmulo

                  1

Formosa Lua, o giro suspendeste
ao veres o desfecho do louco amor
que, sob a tua luz, favoreceste
e a dois seres causaste muita dor.

                     2          

Conta-nos breve o drama a que assististe:
“Abriu-se a campa e um fantasma se ergueu,
todo de branco; e o pio muito triste
do mocho o amplo cemitério encheu.

                    3                      

Deambulou e sentou-se num canto.
Aludiu à mulher que cá deixou;
chorando, disse tê-la amado tanto;
porém, com falsas juras, o enganou.

                   4             

Disse-lhe que há três dias ali estava
na terra  fria e nem uma só flor
dela. E talvez outro  amante beijava.
Minha paixão deu lugar ao rancor.

                    5

Mas d’outro lado uma voz de mulher,
coroada de flores e toda alvar,
respondeu: como ao vento o malmequer
se desfaz, sem ti este é o meu lugar.


                  6

Ela convidou o homem da sua vida
para seus corpos unirem abraçados”.
Raiou o dia. Vaga , uma jazida;
Noutra, dois cadáveres entrelaçados.



Vocabulário:
breve: depressa
jura: promessa
jazida: sepultura


VI

A Criação do Universo e sua Extinção

                  1

No Livro do Infinito está o nome
do Criador do Mundo.
Ele escondido vive, sem renome,
de ti aguardando, ao fundo,
que rompas do tabernáculo o véu,
e prostrada  O adores, ó minha Alma,
que ainda habitas a imensidão do Céu.
Não temas e diante Ele agita a palma.

                 2             

Estrelas alumiam Sua Morada.
Sol dirige o Cortejo
d’astros p’la Via Láctea dourada;
seu ardente desejo
é depressa alcançar Trono Divino,
donde Jeovah o Universo governa.
O Oceano, agora criado, o hino
modula para adoração paterna.

                   3           

À Sua Voz raiou a luz do dia
que desfez o escuro.
Novos mundos surgidos, em harmonia
substituem,ora, o muro
do silêncio em cânticos de louvor.
Uma pérola foi encastoada
no santo firmamento do Senhor,
logo que a Humanidade foi criada.

                      4

Homem , faz-te humilde e não arrogante;
em breve, cinzas tuas
serão dispersas à sorte, consoante
rigorosas leis Suas;
glorifica sempre teu Criador.
Gerado foste à Sua semelhança.
Terra, acarinha os filhos com amor.
Anima-os e dá-lhes esperança.

                       5

Não abandones,Terra, agora a rota
do amor, que é de agonia;
fá-lo em trovas que até lesta gaivota
o leva a quem queria
sobreviver ao caos que se aproxima.
Terra , do teu fim já foste avisada.
P’ra bola de fogo mudarás clima,
regressando à antiga caminhada.

                       6

Pouco a pouco o Sol calor perderá
e frio volta a haver.
Escuridão luz substituirá.
Casta luz volta a ter
somente Jeovah, o Sol dos sóis.
P’ra eternidade, do Universo o caos.
Criador da Humanidade depois
chamará os bons, afastando os maus.




Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra




                   

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