Ficou de
fora o melhor time
Goleada sobre o Bazar Mimo e virada contra o All
Blacks podem ter eliminado o Expresso
Nós ganhamos. Fizemos a nossa
parte ao longo de toda a competição. Depois de um início difícil, chegamos, no
último final de semana, à marca de 7 vitórias nos últimos 9 jogos, ou seja, o
segundo melhor aproveitamento entre todos os times no período, atrás apenas do
Mônaco, equipe mais qualificada do certame.
Dependendo de resultados
paralelos, fruto da derrota na rodada inicial do quadrangular decisivo, o
Expresso precisava de uma vitória simples sobre o ABC e torcer por um empate,
no mínimo, do All Blacks, que enfrentaria, no jogo final, a segunda melhor
campanha da primeira fase, derrotada uma única vez, e de goleada, pelo
Expresso.
Mobilizado e consciente de suas
possibilidades, o time entrou em campo para conquistar seu objetivo contra um
oponente qualificado, e que também possuía chances de classificação, o que
tornou o jogo ainda mais disputado e vibrante, com ambos os lados dando o sangue
em busca da vitória. Há boatos de que no outro jogo a história foi diferente,
mas no Expresso ninguém acredita nisso.
O ABC começou melhor. Trocando
passes com categoria no meio, chegando fácil pelos lados e contando com erros
de passe do Expresso na saída de bola, a equipe negro-esmeraldina criou ótimas
oportunidades para abrir o placar: Anderson cabeceou livre atrás da zaga e
jogou pela linha de fundo; e Larry Bird ganhou de cabeça duas vezes, quase
batendo Araldo Neto, que numa delas fez defesa magistral.
O time, após 10 minutos,
conseguiu retomar seu ritmo de jogo, e saía com bons toques entre André Silva e
José Staudt, os avanços de Nathan Silva e a aparição surpresa de Vinícius
Guimarães. Carlos Fernandez também desprendia-se ocasionalmente para apoiar o
ataque.
Após jogada individual de Silva,
que levou dois adversários em velocidade e se preparava para invadir a área
quando foi derrubado, José Staudt cobrou falta com perigo, cortada para
escanteio pelo guarda-metas. Mas na segunda infração cometida nas proximidades
da área pelo ABC... Staudt novamente colocou-se para
a cobrança, e a força aérea dirigiu-se para tentar o cabeceio na frente. O
capitão do time bateu forte em direção ao gol, no intuito de criar problemas
para a defesa. Ela passou alta, em curva, caindo, violenta, no ângulo! Golaço
do Expresso! No outro jogo, Bazar Mimo 1x0 All Blacks. O empate já seria o
suficiente.
O ABC não desistiu de jogar o seu
futebol, forçando os boêmio-ferroviários a darem o seu melhor na defesa da
meta. Escanteios, faltas laterais e arremates de fora da área sempre mantinham
certa pressão sobre os expressanos, que se defendiam como podiam e buscavam
eventualmente um contragolpe para tentar matar o jogo. Por pouco não foi o que
aconteceu: Felipe Pacheco cortou de cabeça tentativa ofensiva contrária e a
bola caiu nos pés de José Staudt, no mano a mano com o zagueiro. Ele carregou a
redonda por alguns metros e rolou-a à feição para Leandro Silveira. Na saída do
goleiro, o avante deu um leve toque, salvo sensacionalmente pelo goleiro
tricolor, que manteve, assim, sua equipe no jogo e o resultado em aberto para a
segunda etapa.
O Expresso vencia, 1x0 no
intervalo. A chuva torrencial obrigava os jogadores a manter o aquecimento
enquanto traçavam a estratégia para os últimos 45 minutos, definitivos sob
todos os ângulos. O ABC estava vivo, viria para cima. Há boatos de que no outro
jogo os times caminhavam em campo, trocando passes desinteressadamente enquanto
iam anotando, uma vez um, outra vez o outro, gols sem nenhuma emoção. Mas no
Expresso ninguém acredita nisso.
A partida tornou-se franca.
Aberto, o ABC forçava o empate enquanto cedia espaços atrás. Cada ataque, de
ambos os times, poderia resultar em gol. Especialmente do ABC, que tinha mais
posse de bola e cavava faltas e escanteios próximos à área. Araldo Neto,
monumental, mantinha a cidadela impenetrável, e com defesas espantosas ajudava
o restante do sistema defensivo, o melhor da competição, a segurar o resultado.
O Expresso não aproveitava como
devia a bola parada, que era sempre rechaçada pela defesa. Do meio para a
frente conseguia segurar a redonda com mais qualidade, mas tinha dificuldades
em sair jogando de trás.
Após lance de combinação, o ótimo
centroavante abeceense invadiu a área pela direita e, livre, bateu forte, para
defesa inexplicável de Araldo Neto. Ela voltou para o meio, sem goleiro, e nos
pés de outro atacante, que atirou. Neto, em recuperação inacreditável,
conseguiu ainda defender parcialmente, ela subiu e enganou Rodrigo Dresch, que
havia corrido para a linha para tentar evitar o gol. 1x1.
O empate não interessava. All
Blacks e Mimo empatavam no outro confronto, 2x2, 3x3, não importa. Empatavam.
Era vencer ou vencer para o Expresso, que teria que usar toda a força do seu
elenco. Fábio Jorge, lesionado, aguardava no banco e era poupado da partida,
com possibilidades de agravar a lesão. Com o empate, foi lançado ao sacrifício.
Entrou com prazer.
Carlos Fernandez afastou o perigo
que rondava a área azulada com um balão direcionado para o atacante que entrara
segundos antes. Foi sua primeira participação no jogo, esta de Fábio Jorge.
Dominou escondendo a esfera do zagueiro, partindo para cima dele com a gana do
gol. Correu em linha reta, o adversário achou-o no corpo, mas a finta seca, da
esquerda para a direita, deixou-o para trás. Continuou avançando, agora apenas
o arqueiro pela frente. Ameaçou bater e ele caiu, seguiu correndo, tocou para
as redes! Coruja sensacional! 2x1 mágico, no sufoco, a la Expresso!
O time já estava cansado, mas a
perspectiva de vitória o impulsionava mesmo sem forças. Logo na saída o ABC
quase empatou, petardo da entrada da área e maravilhosa defesa de Araldo Neto,
bola que ainda explodiu no travessão. Mais pressão do ABC, e Larry Bird, a esta
altura de centroavante, apara cruzamento de testa, indefensável para qualquer
ser normal, menos para Araldo Neto, que salva, e ela vai entrando até que
Nathan Silva escolta-a até quase a linha, gira e sai jogando sem nenhuma
preocupação aparente. Era o dia da conquista.
Mesmo com um a menos, já que
Rodrigo Dresch foi expulso depois de cometer falta próxima à área, o time
estava compactado, e os 3 pontos não escapariam. Marciel Hein, que entrara
minutos antes, deu lugar a Ângelo Zanetti para que o resultado pudesse ser
mantido.
Mas no outro jogo, vencendo por
3x2, o Bazar Mimo, talvez assustado com a possibilidade de o Expresso, único
adversário a batê-lo na competição, avançar para a fase de matas, onde se
notabiliza pela tenacidade e agigantamento, foi cedendo gols ao rival. 3x3,
3x4. Em nenhum dos gols, note-se, houve comemoração. As evidências eram grandes
demais, mas no Expresso ninguém acredita que uma equipe amadora pode entregar
um jogo para outra. Provavelmente o placar fosse reflexo de falta de tradição
dos times em disputar jogos decisivos e conquistar títulos, igualando-os por
baixo apesar das campanhas desproporcionalmente diferentes. Ou mesmo um temor
inconsciente de enfrentar o Expresso, que bateu a ambos no campeonato e já se
preparava para adentrar, como sempre, o grupo dos 4 melhores.
Aos 40 minutos do segundo tempo,
resistindo a um terrível bombardeio, o Expresso encaixou contragolpe pela
esquerda e Nathan Silva serviu Cristiano de Souza, que deslocou o goleiro do
ABC para encaminhar a vitória! 3x1, sensacional! Mas era pouco! O time sabia
que dificilmente poderia aumentar a vantagem, que deveria ser grande demais
para eliminar os gols abundantes e incomuns para partidas decisivas do jogo
paralelo. Mas o ABC se abateu com o resultado. Sentiu que não conseguiria a
vaga, que poderia ser sua com uma vitória sobre os boêmio-ferroviários. Logo na
saída, André Silva partiu área adentro batendo a linha de impedimento
contrária, formada após perda da esfera quando tentavam um último movimento
para buscar o escore. Foi derrubado pelo goleiro, pênalti que José Staudt
converteu e que dava ainda mínimas possibilidades para o time de avançar. Aos
48, lançamento para Cristiano de Souza atrás da zaga aberta deixou-o em
condições vivas de ampliar, mas este foi novamente atingido na área. Staudt,
outra vez, anotou. 5x1! O gol da classificação mais improvável da história,
segundo um dos regulamentos enviados! A comemoração, entretanto, foi comedida,
uma vez que ninguém tinha a confirmação dos critérios de desempate. Pairava no
ar a dúvida, que se abatera sobre o regulamento tipicamente duvidoso, sempre
com grande número de alterações enviadas aos clubes, e reenviadas, e revistas,
e retificadas, e ratificadas. Bazar Mimo e All Blacks, ambas as equipes,
uniram-se para analisar o documento, mas nenhum expressano estranhou. E após
confirmação de alteração da ordem dos critérios de desempate, os azulados
retiraram-se com a sensação de dever cumprido do campo, enquanto os outros dois
elencos que se classificaram com o placar ocorrido no seu jogo comemoravam
juntos.
A UEFA continua na próxima semana
e Ipanema e Mônaco enfrentarão os dois times classificados no grupo do
Expresso. Os jogos serão a valer. Que vençam os melhores. E assim não teremos
surpresas.
Expresso da Madrugada 5x1 ABC
PT = 1x0
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 01/12/2012
Horário: 12h
Copa UEFA
Escalação: Araldo de Souza Neto –
Vinícius Guimarães, Rodrigo Dresch, Felipe Pacheco e Nathan Silva; Marco Viola,
Carlos Fernandez, José Staudt(C) e André Silva; Leandro Silveira e Fernando
Gutheil. (André Maders, Angelo Zanetti, Cristiano de Souza, Fábio Jorge e
Marciel Hein). DT: Martin Both.
Gols: José Staudt(3), Cristiano de Souza e Fábio Jorge.