quinta-feira, 28 de abril de 2011

Milagre quase impossível...




Sentia-se uma estranha magia no ar.
O calor de uma luz que não se via abraçava-nos.
Quando nada procurava, encontrei o que há muito perdera, redescobri uma fé desbotada pelo sol e a chuva dos tempos difíceis numa encruzilhada de complicações, em que sou peregrina!
Não sei que força era aquela que me sugava, o pestanejar lento denunciava o meu cansaço e mesmo no momento em que estava para ceder abriu-se uma janela, estava fechada por dentro e só eu tinha a chave e ainda que pequena encheu-me o coração de esperança.
Raios de sol plenos de paz levavam meus pensamentos, além fronteiras.
Assim à mistura de lágrimas e sorrisos levitava dos ombros o peso dos anos em feitio de cruz, símbolo de uma dor que não é só minha.
Enquanto as oliveiras cresciam no meio de ruínas e barro antigo, esvoaçavam pedaços de memórias em silêncio como folhas de Outono na mente!
Nunca estive tão perto de um lugar distante como naquele dia, o horizonte tinha o colorido de um quase milagre, nas vestes brancas de um homem diferente, agarrei-me ao voo das imagens, com a sede de quem está moribunda num deserto há muito tempo, tentando sobreviver na sombra dos cactos, arriscando resistir ao hálito próximo e acre dos abutres! (Falsas sentinelas, companhias rentes, e reles de dias e dias sem fim!)
A multidão em silêncio meditava. Com o olhar concentrado ou indiferente, mas olhando todos na mesma direcção, atravessando o ondular das bandeiras de várias pátrias. Deram-se as mãos não falando sequer o mesmo idioma.
Talvez fosse apenas um diálogo delicado entre surdos e mudos!
Enquanto o brilho breve de um outro espírito me emprestava a felicidade, caminhava na mansidão de gestos simples, esquecendo os passos perdidos, passos carcomidos de segredos, nos trilhos indicados em mapas indecifráveis.
Mas ao menos e por agora no final de mais uma etapa já sei quem sou EU no meio da multidão, ainda que espere o milagre quase impossível, não vou deixar nunca de o pedir!





Palavras e fotos


FlorAlpina

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Abril...



Abril...
Sacudi o pó dos cadernos,
Onde guardo poemas começados
À procura de um que fosse adequado
A esta data de liberdade, 25 de Abril.
Mas o lugar vazio que ficou na estante
Fez-me lembrar do meu país distante
Portugal
E dói-me ver esta pátria livre
Cada vez mais presa!
Basta estar atento e observar,
E a mesma liberdade que antes brotava nos cravos de Abril
É a mesma que hoje como um garrote apertado nos reduz a vontade!
As nuvens negras toldam o céu azul
As lágrimas derretem sorrisos, sabendo a maresia
E em Portugal no país do sal
O pão insonso dos dias sofridos já não tem o sabor de vitória
E as sombras não são de gloriosas bandeiras desfraldando-se ao sol
Mas das pétalas de confiança pisadas
Da cor dos cravos, apenas o sangue da mágoa!
E a dor do povo de novo verde, que geme e treme de medo
De um novo amanhã que tarda.
Morreram-me nos dedos as palavras!
E as esperanças na madrugada risonha
Foram-se perdendo aos poucos
As lembranças de um Abril
Onde o povo já não ordena!
Ouvem-se apenas as vozes daqueles cada vez mais loucos
Procurando luzes em becos sem saída
E já nada de novo ou tão pouco nos dizem!

Porque 25 Abril já não é o que era!
Já não é o que outrora foi!

Despertamos todos os dias e as noticias primeiras que nos chegam de longe são sempre as mesmas!
Crise, crise, crise!
E a única verdade transparente,
É um povo sem força e sem voz
Dissolvem-se assim nas brumas da memória
As lembranças deixadas pelos nossos egrégios avôs!



(Palavras da FlorAlpina

Lidas num jantar de comemoração do 25 de Abril, na APZ de Zurique)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Sei pelas árvores...

Sei pelas árvores que já é Primavera
Salivam a seiva desejosa de vida
Obedecendo á lei da natureza
Em rebentos que declamam poesia viva
Apareceu de mansinho
E eu dormia enquanto ela chegava!
[Estava aqui e tão longe]
Acordaram-me os raios de sol
Que brilhavam pelas nesgas das folhas novas!


Soube pelas flores que já é Primavera
Desabrocham serenamente
Numa doce explosão de cores
E o seu perfume, inalo-o devagar
Com medo de me asfixiar!
Às vezes peço trégua à falta de ar, para respirar de novo!
O pólen á deriva paira por ai ameaçando-me
E a memória das cores dos anos passados brilha como pérolas
Tingindo de mais azul o céu!


Soube pelos pássaros que já é Primavera
Transportando nas asas o amor
Pousando no rebordo dos ramos em danças acesas
Onde ficam suspensos os prazeres
Soletram cadências em voos ritmados
Sinfonias de cantos enigmáticos
Consumam o namoro veloz
Repenicam nas cúpulas das árvores
Gorjeios de um sentir absoluto
Como banda sonora de uma vida por acontecer! E os olhos presos de inverno
Na armadilha que a natureza me teceu
A inquietude do sol que tarda em aquecer-me
A sorte bateu-me à porta, abri,
Um sopro de saudades bravas
Silvou em redor de mim
E com um sorriso acanhado descobri finalmente,
Que tudo reaparece na altura certa,

Soube assim que já era primavera!





Palavras e fotos


FlorAlpina

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Beijos perdidos...

Beijos perdidos…
Guardamos em nós beijos perdidos
Quentes
Que trocamos na noite fria
No silêncio das bocas aflitas
Saudades dos mergulhos nas marés incertas
Num vai e vem ritmado dos hálitos
Dos beijos tatuados na pele suada
Arrepios de lábios sôfregos
Sem pudores
Instantes sedutores
Desejos num beijo imperfeito
Das vontades que em nos descobríamos
Dos segredos que saltam na garganta
Em palavras bambas
Desnudam os desejos
Em tom de melodia os nossos beijos
Crescem em nós, vontades roucas
A sussurrar segredos meus
Na liberdade dos lábios teus
Na corrida louca e doce de pés descalços
Pegadas que gemem baixinho
Num andar que não cansa
À espera do encontro final de braços sedentos
No limbo esquecido da fonte secreta
Onde transbordam fantasias
Um brilho de dedos atrevidos
Enquanto procuramos a cor certa dos olhos
Mais um beijo dado
Êxtase e silêncio!
E todas as palavras oficiais jamais conseguem prender um beijo roubado!


Imagem da net,


Palavras da FlorAlpina






domingo, 10 de abril de 2011

Nas margens de um rio transparente


No meu livro inacabado dos dias

Albergo as palavras de vento

Na vertigem das promessas

Sobram letras soltas

Escondem -se vontades no contorno dos sentimentos

E num bater de folhas

Acordam as vogais adormecidas

Correm libertinas

À procura de linhas livres

Desafiando beijos

Onde descansar os lábios

Nas margens de um rio transparente

Onde desaguam todos os poemas imundos que começo…


Palavras e foto

FlorAlpina

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Repuxos de alegria!

Como é bom receber ramos de palavras

Perfumados de carinhos!

Repuxos de alegria na força dos amigos!

E sentir os abraços nos poemas

Com a energia de um sorriso!


Foto e palavras

FlorAlpina


Obrigado!

Aos seguidores e amigos/as que não desistem de mim

E incentivam-me a viver com um sorriso cada vez mais forte!

sábado, 2 de abril de 2011

Lar doce lar!

A todos vocês que conheço realmente, A todos que só conheço virtualmente, A todos que não conheço, nem sei se virei a conhecer de outra forma a não ser pelas palavras! A todos vós, Pela força, Pela fé, Pelo carinho. Pelas palavras… O meu muito obrigado!


Lar doce Lar


De volta ao aconchego do lar

Um ninho pequenino

Onde tenho mais, muito mais, que dois braços á minha espera

Razões do meu acordar a cada dia

Segredos que levo comigo nos punhos fechados

Por no coração já não haver mais espaço

Para este amor de todas as cores

O brilho dos meus olhos não é só insónias

É o sentimento desalinhado

De querer beijar o destino

Agradecer ao universo

E desfrutar da oportunidade de regressar


Ao Lar doce lar

Onde viver é muito mais a cada voltar!

Palavras e foto

FlorAlpina