segunda-feira, agosto 22, 2005

Fim

Este espaço chega hoje ao fim. Teve o seu tempo de vida e posso até dizer que me deu bastante gozo transformá-lo, a pouco e pouco, num repositório de coisas de que gosto. Só que, na verdade, eu não tenho capacidade, nem de tempo nem psicológica, para manter dois blogs e cumprir as consequentes obrigações impostas pela "etiqueta" da blogoesfera. Assim, para já, sacrifico este espaço. O outro vai continuando, até ver.
Agradeço a todos os que por aqui passaram e tiveram a paciência de ir conhecendo os meus gostos. Nenhum espaço na net tem sequer existência sem aqueles que lêem e connosco interagem. São, sempre, a mais valia de tudo o que aqui se deixa. Continuaremos a encontrar-nos, espero, lá na minha casa principal. Talvez abra uma categoria para este tipo de posts para intervalar com o intimismo chato que começa a ser a tónica, por lá.
Por agora, o blog não será apagado. Até a música continuará a tocar. Talvez a mude, de vez em quando. Passará a ser uma casa vazia mas de portas abertas.

Beijinhos e abraços a todos. Até já, lá do outro lado.

quinta-feira, agosto 18, 2005

Um poema de vez em quando (II)

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Do ciclo das intempéries

7.


Magoa ver a magnólia cair. Acredita.
O relâmpago vem
Sobre ela. A tempestade.
As plantas são tão frágeis como as cabanas dos homens.
Somos muito frágeis os dois neste poema
Com o relâmpago, a cabana, com a magnólia aos ombros
Sem nenhum terreno pulmonar intacto
Para depois de nos olharmos um de nós dizer
Plantemo-la aqui – aqui
É o meu pulso, a minha boca
É a retina com que procuras, é a madeira da porta
Com que te fechas em casa. Prometo-te
Eu nunca vou fechar os olhos
As mãos.



Daniel Faria, in Dos Líquidos

sexta-feira, agosto 12, 2005

Revendo... Moulin Rouge

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Em férias apetece-me sempre rever um ou outro filme, reler um ou outro livro. Há mais tempo, mais tranquilidade para apreciar e a pressão das estreias (no caso do cinema) é muito menor. Foi nesta onda que revi “Moulin Rouge”.
Imagino que muita gente não aprecia musicais. Imagino também que a exuberância quase barroca deste filme possa parecer, a muitos, exagerada. Eu confesso que gosto de musicais, que gostei deste na primeira vez em que o vi, comprei o DVD e já revi mais que uma vez, descobrindo sempre novos pormenores que me divertem.
A atmosfera é delirante, todo o cenário do filme nos leva a uma época que, de alguma forma, imaginamos e mitificamos. A época do can-can, das cortesãs dos cabarets de Paris, dos pobres poetas enamorados, da decadência “cultivada”. Misturar tudo isto com música actual muito conhecida, um argumento a um tempo divertido e cheio de clichés românticos propositadamente trazidos à acção para recrear aquilo que os romances da época nos impingem e para alternar sabiamente o riso com a lágrima, é genial. Falar dos intérpretes, nem sei se vale a pena. Juntar Nicole Kidman (que até canta) e Ewan McGregor (que canta bem) com outros que os secundam na perfeição, é uma escolha sem defeito.

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Para quem já viu e para quem não viu (vá ver, ora essa…) saliento as cenas no cabaret (extraordinária a primeira aparição de Satine, alternando canções como “Diamonds are a girl’s best friend” e “Material girl”), os duetos românticos (dois cantores profissionais não teriam feito melhor) e a cena que sempre me divertiu mais no filme, “Like a virgin”, perfeitamente hilariante.
A sugestão fica, bem como um “cheirinho” da música. Para ver ou rever.