Há silêncios diferentes uns dos outros. Quase sempre desistências, nem isso os aproxima. Dois grupos, facilmente separáveis: os que calam por conveniência e os que calam por desinteresse.
No primeiro, e para não sair de Portugal (mesmo visto à distância), os que perguntavam pelo MIT; os que explicavam o génio de destruir Arafat e inventar a democracia pelas armas no Médio Oriente; os que gritavam contra Israel e o ocidente mas não se interessam pela nova guerra civil no Líbano apesar (até por causa) da «força» da ONU; os que falam em censura na RTP mas não clamam pela intervenção de quem de direito; os que percebiam imenso de futebol em Agosto e Setembro; os que não perdem tempo a saudar a «crítica» anónima ordinária até perceberem que não estão a gabar quem pensam; etc., etc. Precisam tanto do silêncio para continuar sempre na mesma, sempre a escrever mais depressa do que pensam, que até apagam as referências aos outros.
Os outros escreveram a tempo. E não precisam de se repetir.
Moral da história: quem precisa, cala-se, de preferência fazendo muito ruído para entreter e continuar. Quem não precisa, cala, por saber que em Portugal ter razão antes do tempo é o menos; não se pode é querer saber da razão, isso é insuportável para os que dispõem sempre da razão no tempo certo, o deles.
Mas escreva sempre, Cláudia
CL