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Sem euforias, importa registar a importante vitória no referendo de ontem na Catalunha. E, não obstante as análises que se possam fazer do ponto de vista das contabilidades políticas e institucionais, é claro que a vitória que tem o sentimento de identidade e independência na sua base é inegável. E isso é de monta.
É um sinal promissor, especialmente porque foram várias as técnicas de condicionamento dos resultados. Fosse por parte do governo central espanhol, fosse pela elite dos tecnocratas europeus.
Ameaças de vária ordem visaram disciplinar esta vontade de mudança: fosse o congelamento de depósitos dos catalães pelo Banco Central espanhol, fossem as declarações e a conduta dúbia de instituições europeias. Ou a ameaça por parte do ministro dos negócios estrangeiros de que, caso o sim ganhasse, os catalães perderiam a nacionalidade espanhola.
Esta última é o exemplo de como, perante uma necessidade de mudança, quem tem medo de perder o poder o exerce de forma gratuita, neste caso mostrando como trunfo de negociação, como algo irrecusável e inquestionável, aquilo mesmo que importa questionar.
Nem a suspeita (entretanto negada) de que o Banco de Espanha teria retirado o ouro da Catalunha na última semana, chegou para perturbar a mente dos votantes.
Nada neste processo parece ter perturbado os democratas de causas nobres, sempre prontos a manifestar a sua indignação perante uma violação das liberdades democráticas.
A esses mestres do politicamente correcto importa perguntar: esta vontade, eleitoralmente confirmada, de secessão é democrática?