ESTRANHA

Dizem os indígenas
que, com todas estas maquinetas,
nos roubam a alma.
Talvez seja por isso que eu desapareci,
já que foi roubada a minha alma.
E o meu corpo?
Ficou preso
neste retrato a preto e branco.
Vejam as minhas vestes pretas e pesadas.
Estes olhos grandes, igualmente negros,
numa cara estranha, fora de moda,
com a pele muito branca.
O que seguro nas mãos?
Para quem olho?
Como me chamo?
Ai, que vontade,
como eu gostava que tudo fosse diferente,
fosse eu a olhar para este retrato e,
sobre ele,
escrevesse a minha história de fantasmas.


POEMA DE MINHA AUTORIA
DIREITOS DE AUTOR RESERVADOS



 IMAGEM DA NET

Comentários

Nilson Barcelli disse…
Belo poema, como sempre.
Marta, querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijo.
Emília Pinto disse…
Vivemos rodeados de maquinetas e concordo que muitas delas nos tiram a alma. Gostaria também que fosse diferente...se elas não existissem talvez o ser humano convivesse mais...conversasse olhos nos olhos e não aqui em frente a uma tela onde, apesar de tudo expomos um pouco da nossa alma, dos nossos sentimentos, das nossas experiências. Facilitam muito a nossa vida, estas maquinetas, mas tiram-lhe a cor...fica uma vida mais a preto e branco. Belo poema, Marta.Um beijinho e espero que tenhas uma excelente semana
Emília
Minha querida

Um poema entre o preto e branco da vida...o corpo e a alma do ser...adorei e deixo um beijinho com carinho.

Sonhadora
Sofá Amarelo disse…
Direi que quase tudo o que é moderno nos rouba a alma pois não é natural... natural era deixar que o preto e branco fosse colorido e que os fantasmas estivessem distraídos vagueando por outras paragens... natural era que o corpo e a alma pudessem ser livres!
Um lindo poema ,como os outros que estive a ler. Se quiseres entrar no meu blog o link é_

http://paixoeseencantos.blogs.sapo.pt/

E não o que vai aí ficar,obrigada

Carla Granja

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