sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Recandidatura de Cavaco Silva...
Ontem toda a gente ficou a saber o que toda a gente já sabia: que Cavaco Silva se recandidata ao cargo de Presidente da República. Se, enquanto associação e movimento de professores, não nos compete tomar posição na refrega eleitoral que aí vem, podemos, no entanto, fazer uma leitura e um balanço do que foi o mandato de Cavaco Silva face à recente luta dos professores e às políticas de ensino adoptadas nestes últimos cinco anos.
E aí há que dizer que o saldo da actuação deste Presidente da República é francamente negativo.
De facto, perante o assalto sem precedentes à qualidade da Escola Pública, com a multiplicação do fabrico de falso “sucesso escolar” , quer através da degradação dos níveis de exigência nos exames nacionais, quer através dessa enorme e dispendiosa fraude chamada «Novas Oportunidades», Cavaco Silva optou sempre pelo silêncio cúmplice ou pelo refúgio em palavras vagas e lugares-comuns inócuos.
Perante o ataque assanhado às condições laborais e à dignidade profissional da classe docente, perante um discurso governativo apostado em fragilizar e rebaixar publicamente a imagem dos professores, perante a introdução de divisões espúrias e de um mal-estar generalizado no seio das escolas, Cavaco Silva manteve o mesmo silêncio e a mesma indiferença.
É, de resto, certo e sabido que Maria de Lurdes Rodrigues, a pior e a mais ofensiva ministra da Educação das últimas décadas, contou sempre com a aprovação e o apoio tácito do actual Presidente da República. Nem o silêncio deste último quis dizer outra coisa.
Não esperávamos, naturalmente, que Cavaco Silva tomasse um partido claro no conflito que opôs (e opõe) os professores ao Ministério da Educação. Mas, da nossa parte, era legítimo desejar que a «magistratura de influência» que ele tanto gosta de referir se manifestasse, ao menos, através de uma palavra de apreço pelo trabalho e pela relevância dos professores na sociedade portuguesa.
Essa palavra, se proferida no momento certo, teria sido um sinal da maior importância para os professores deste país, agredidos que estavam pela sistemática arrogância e pelo mais entranhado desprezo com que Sócrates e a equipa de Lurdes Rodrigues entenderam brindá-los.
E essa palavra, que Cavaco Silva nunca teve a hombridade de pronunciar, teria constituído também uma chamada de atenção para o Governo de que este teria de refrear o seu frenesim de rebaixamento dos professores.
Essa palavra, porém, nunca existiu, e nem sequer tardiamente chegou a ser articulada.
No dia 24 de Janeiro de 2009, os vários movimentos independentes de professores, entre os quais a APEDE, promoveram uma concentração em frente do Palácio de Belém, justamente para que os professores fizessem ouvir a sua indignação junto do Presidente da República. Apesar de, no final dessa iniciativa, terem sido recebidos por uma sua assessora, tudo indica que o protesto embateu, uma vez mais, na indiferença ”coerentemente” demonstrada por Cavaco Silva.
Por tudo isto, temos de ser claros: não nos regozijamos com o anúncio que agora foi feito (sem surpresa para ninguém) da sua recandidatura. Confrontado com a luta dos professores, Cavaco Silva soube apenas dar provas de uma monumental vacuidade.
Só não é uma carta fora do baralho, porque nem sequer chegou a lá estar.
Retirado do Blog APEDE
sábado, 16 de outubro de 2010
Bibliotecários vão ser obrigados a dar aulas.
No documento publicado hoje, pode ler-se que no âmbito da redução das despesas de funcionamento do Ministério da Edução, passará a haver a “obrigatoriedade dos bibliotecários leccionarem uma turma”.
Esta é apenas uma das várias medidas apresentadas, além da de “redução de docentes no ano lectivo de 2010/2011”. No total, com estas alterações, o Governo prevê uma poupança equivalente a 0,2% do PIB.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
SOCRATÍADAS
Aos grandes e aos varões sacrificados
Que nesta ocidental praia lusitana
Em tempos quase sempre conturbados
Ajudaram a que passasse a caravana
Contra traidores, gatunos e drogados,
Livrem-nos, por favor, deste sacana.
É o que ardentemente hoje vos peço
E, se o conseguirem, muito agradeço
Nos tempos em que Guterres governava
Vivia-se até melhor que hoje em dia.
E o Sócrates Pinto de Sousa militava
lá nas fileiras da Social-Democracia.
Desse Zé Ninguém não se espr’ava
O vil trafulha em que ele se transformaria.
E venho eu, Camões, da língua o Pai
Explicar-vos com “isto” por cá vai…
Estavas , jovem Zé, muito contente,
Com o teu Diploma já adquirido
Nessa tal Universidade Independente,
Com fraudes e artimanhas conseguido,
Assinando projectitos de outra gente
Pois que, para nada mais foste intruído.
Mas sendo um refinado vigarista,
Logo te inscreves no Partido Socialista.
Com muita lábia, peneiras, arrogância,
Depressa ousou chegar a Deputado,
E mesmo apesar de tanta ignorância
P’ra Secretário de Estado foi chamado.
E nas burlas, trafulhices e jactância,
Em que esteve nesses tempos embrulhado,
Terá sido nesse ambiente assaz sinistro
Que obteve competências p’ra Ministro.
E TU, sábio Cavaco, agora me ensina
Como posso tirar este gajo do poleiro
Pois não passa de uma ave de rapina
Mas já é segunda vez nosso Primeiro.
Mandai-o p’ra bem longe, África ou China
Já que o não podes mandar p’ró Limoeiro.
É que eu estive lá, e aquilo que acho
É que ele só sairá com um Grande Tacho!
Que seja pelos pecados deste Povo,
Teimoso no seu votar sempre às cegas,
P’ra depois implorar p’ra ter de novo
Alguém que seja outro João das Regras
Que o leve sem receios a votar
Num émulo do Oliveira Salazar!
Luis Vesgo de Camões
Retirado do blog Paulo Guinote
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
terça-feira, 5 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
Um dia a república vem abaixo
por EURICO DE BARROS
Esta semana, deu aos incansáveis comemoradores oficiais dos 100 anos da República para irem hastear uma enorme bandeira portuguesa no arco da Rua Augusta. A funçanata teve a presença de vetustos adornos republicano-socialistas como Mário Soares, de alguns governantes de segundo plano e figuras camarárias, e da fanfarra da GNR, e ainda direito a cobertura dos telejornais.
No dia seguinte, os cabos que seguravam a bandeira deram de si e ela caiu (a televisão não estava lá, claro). A bandeira foi hasteada de novo, mas algumas horas depois já tinha uma das pontas a esvoaçar. No Facebook, nos murais das pessoas que seguem de perto os assuntos relativos a Lisboa, o ridículo da bandeira do arco da Rua Augusta era abundantemente comentado e até já se faziam apostas sobre quanto tempo demoraria até o pano verde-rubro voltar a cair.
Este episódio da bandeira que é pomposamente hasteada com a presença de individualidades sortidas, charanga e comunicação social, e depois é deixada a sofrer tratos de polé porque o trabalho ficou mal feito, é bem demonstrativo do caricato destas dispendiosas e mal-amanhadas comemorações, que não despertam um farrapo de entusiasmo na esmagadora maioria da população, passando no meio da indiferença quase geral.
A III República esperneia no meio de uma crise como Portugal só viu no tempo da I República, e este episódio da bandeira do arco da Rua Augusta é também simbólico do estado a que chegou o regime, e como que premonitório do futuro nacional. Por este andar, os republicanos nem os 110 anos do 5 de Outubro comemorarão.