Talvez tenha razão quem escreveu que um
dia ainda chega ao erva príncipe e, em grande alarvidade (digo eu; que o será,
sem dúvida), tenho um poema pespegado na página (original, meu). Ainda que eu
mesma o não creia, quem sabe se acerta. Ressalvo: estou duvidosa qb. E
entrou-me esta dúvida a substituir a negação rotunda, por obra do volte face que
a seguir contarei.
Acontece
que não apreciava ver séries na tv. Faltava-me paciência para esperar o
episódio seguinte - em geral, só daí a oito dias -, entretanto esquecia-o e não
podia voltar atrás, como ora sucede. Por esses anos, tinha um amigo apologético
- ainda conto tê-lo - que afirmava taxativamente que hoje existem séries de
qualidade superior a muito filme e que os actores até são os mesmos. Como qualquer incréu que se preza, não
acreditava e nem sequer me dava ao descaso de ver um episódio dos recomendados.
Tinha as minhas certezas, filmes é que era. Mas, talvez pelo confinamento,
talvez por outras razões que não vêm ao caso, a rtp play serve-me algumas
séries que papo sem pestanejar. E outras que são apenas evasão. Bom, há ainda
outras que me recuso a ver. E mais umas que começo, dou-lhes entre 15 e 30
minutos de atenção, e zás, corto-as da lista. As séries são os meus folhetins.
Desejo que chegue a hora de me sentar a vê-las e “sigo o romance” qual velhota
de antanho a seguir o folhetim do Tide, cujo eu pensava ser um homem e quando
aprendi a soletrar descobri um detergente. Sempre as letras são grande coisa. Aliás,
todos os nomes masculinos desconhecidos, eram antropomórficos, homens de nome
estrambólico; e já está. Sempre resolvi os meus problemas do lado de lá, o mal
nunca está do meu lado. Os pensos modess eram homens que me baralhavam um
bocadinho porque nos Caprichos de minhas tias, a verve brasileira acrescentava,
“modess pétala macia”, coisa que eu não achava que ficasse bem a um homem e por
mais que procurasse, pétalas não havia por ali. Mas as garotas do anúncio apareciam
engalanadas e vestidas de festa, ou com as sainhas curtas do ténis. E a crer na
revista, “saíam seguras e confiantes com modess pétala macia”. Um daqueles
rapazes que aparecia a dar-lhes o braço era de certeza o modess (pétala macia).
E ficava satisfeita porque os nossos rapazes eram só Francisco, Zé Carlos,
António, João; não havia cá pétalas macias, ora essa.
Pronto,
já me perdi do assunto. Ora bolas. Pois, mas é que eu hoje tirei o lugar ao meu
amigo e vinha mesmo fazer a apologia de duas séries que acho uma maravilha. Uma
é diária (até agora) e nórdica; espero que não termine para já, gosto dela a
valer. Chama-se “A mulher do meu marido”. Só a vejo no lugar que sabem, mas
calculo que esteja na programação da rtp2 (é um cálculo); começou há pouco
tempo. A outra é espanhola e retrata a
vida numa escola, centrando-se no professor de filosofia - uma figura. Tem
o nome do professor, “Merli”. É muito actual e boa de ver; neste momento, passa apenas
uma vez por semana (já foi diária). Está na terceira temporada; no entanto, acredito
que se possam ver todos os episódios na rtp play (também me parece material da
rtp2).
Ficam
as sugestões. Propósito cumprido.