Há uns três meses que sinto uma ansiedade contínua. Há uns dias que consigo me sentir um pouco
melhor. Há outros em que a ansiedade é tão grande, que sinto isso no meu físico:
sinto dores e pressões na cabeça; a respiração fica prejudicada, falta ar; bate um desânimo, uma tristeza de as coisas estarem assim e me sinto
perdida, porque não há a possibilidade de vencer isso de uma vez (e logo!).
Não sei bem como isso começou
e por quê. Lembro que no mês que antecedeu o ENEM eu passei a estudar
freneticamente, passava quase o dia todo estudando. Isso deve ter causado um
desgaste mental muito grande. Quando chegou a véspera do primeiro dia de prova
do ENEM, fiquei meio ansiosa, meio nervosa, meio... receosa. Ainda na véspera,
depois que almocei, senti que algo tinha ficado preso na minha garganta. E esse
algo me incomodou terrivelmente, ainda mais à noite. Mas, mesmo assim, eu
pensei que era melhor fazer os dois dias de prova do ENEM e só depois procurar
um médico pra ver o que era na minha garganta. Não consegui dormir praticamente
nada na véspera do primeiro dia de prova e nem no segundo dia de prova. Eu
estava cansada mentalmente pela falta de sono e ainda muito ansiosa quanto pela
prova tanto pela "coisa entalada" na garganta. Na madrugada de
segunda, eu passei muito mal com "a coisa entalada" na garganta.
Passei mal como nunca tinha passado antes. Eu estava com muito sono, muito
mesmo e não conseguia dormir há umas três noites. Então comecei a sentir uma
ameaça de desmaio, senti uma vibração no meu pescoço, como se os músculos todos
dele estivessem se contraindo, comecei a ficar sem ar. Meus pais me levaram
para um hospital e, no caminho, meus braços começaram a adormecer e eu achei
mesmo que ia morrer ali, no carro mesmo. E, obviamente (porque estou escrevendo
isso aqui ~risos~), não morri. Foi feito uma endoscopia digestiva alta. A
médica que fez o exame disse que não havia nada preso na minha garganta, mas
também não falou do resultado do exame. Mas, chegando em casa, vi que tinha
dado no exame que eu tinha esofagite, o grau mais leve. Alguns dias depois
procuramos um médico especialista e ele passou remédios pra tratar da tal
esofagite. Ah, e disse que eu não poderia mais comer chocolate, café, alimentos
gordurosos e refrigerantes. Sinto saudade de chocolates e de um café bem
gostoso. Café descafeinado não é lá muito bom.
Tomei os remédios pelo tempo
pedido pelo médico, mas a sensação de bolo na garganta não passava e ainda não
passou. Há dias em que sinto menos esse tal bolo, mas há outros que a sensação
é terrivelmente incômoda e a ansiedade aumenta ainda mais.
Sinceramente, eu não sei bem o
que causou essa ansiedade excessiva. Suspeito que um dos fatores pra que eu me
tornasse ansiosa e com medo foi devido ao estresse causado pelos sintomas da
esofagite. E, claro, juntou também com a apreensão com o resultado ENEM.
Confesso que senti medo de não passar na UFAL, porque, puxa, pensava cá com
meus botões “Estou ficando velha! Preciso estudar, ter uma carreira, não posso
ficar nessa inercia pra sempre...”. Admito que me coloquei muita pressão e isso
me fez um mal enorme.
Depois de descobrir a
esofagite, comecei a ter muitos sintomas chatos, mas não decorrentes da
esofagite, e sim do estresse, da ansiedade. Antes eu não sabia que eram
sintomas de estresse e da ansiedade. Tive umas três crises que eu julgo ter
sido de pânico. A primeira foi depois do ENEM, na madrugada de uma segunda. A
segunda foi pela manhã de um dia de quarta. E a terceira foi no dia do
aniversário da minha mãe (sim, que belo presente dei a minha mãe!), à noite. E
todas as vezes foram os mesmos sintomas: pressão na cabeça, falta de ar,
formigamento nos braços e taquicardia. Nessa terceira vez, fiquei internada por
quatro dias. Durante a minha internação, fiz vários exames e todos eles deram
normais. Fiz tomografia e ressonância magnética com contraste pra saber o que
tinha de errado com a minha cabeça, porque desconfiei de mil e uma coisas
(tumor, aneurisma, etc) devido às sensações que eu tinha de pressão na cabeça,
dores e outras coisas estranhas na minha cabecinha. Não deu nada, absolutamente
nada. Nenhuma coisinha de anormal. Tudo apontou para uma única coisa: problemas
de cunho emocional.
Há pessoas que acham que quem
sofre com problemas emocionais é fraco e acomodado. E, cara, não é assim. Ter
síndrome do pânico (ou qualquer outra coisa do gênero) não é uma escolha. A
batalha contra um problema psicológico é muito mais difícil do que um problema
físico. É uma luta contra um inimigo invisível. E ainda tem gente que fala que
quem sofre disso é fraco? Muito pelo contrário, todos os dias é uma luta
constante contra uma ansiedade implacável. Não é fácil viver com um medo
ininterrupto de sair de casa e passar mal. E é preciso ser muito forte pra não
desistir de viver. É preciso ser forte pra acreditar que essa agonia um dia vai
acabar, que é só uma fase ruim e que a vida não será sempre assim. É preciso
procurar ajuda de um profissional, seja um psicólogo ou psiquiatra. É preciso
arrostar os medos. É preciso ter força, muita força. E nunca desistir. Nunca
fugir.
Há três meses que eu não
nadava. Por quê? Porque da última vez que nadei, passei mal, deu uma tontura,
um medo estranho. E, depois disso, eu meio que fiquei com medo de voltar a
nadar e passar mal de novo.
Quem me conhece, sempre soube
da minha paixão pela natação, sempre soube do bem que a natação me fazia. E, de
uma hora pra outra, a coisa que eu mais amava fazer estava me causando medo? A
vida é irônica. Mas, depois de pensar, concluí que não era a piscina que me
amedrontava. É o medo de ter medo. É o medo de passar mal. É um medo irracional
de que as coisas vão dar errado e que eu vou sentir a pressão na cabeça de novo
e que o coração vai acelerar e de que o ar vai faltar. Isso é angustiante. E me
dói profundamente quando as pessoas insinuam que isso que eu sinto é fraqueza e
comodismo. Hoje eu enfrentei os meus medos. Saí de casa sozinha como não fazia
há meses. Fui a piscina. Nadei. A primeira volta na piscina foi algo muito estranho.
Eu estava muito desacostumada a nadar e eu estava com medo de algo dar errado
também. Eu senti a pressão da água e isso foi meio desconcertante no começo,
mas, no decorrer das voltas na piscina, a sensação foi passando e eu comecei a
me sentir em casa. Não como antes, porque fazia muito tempo que eu não me
exercitava e a ansiedade não foi embora. Mas foi bom, de uma maneira diferente.
Foi maravilhoso vencer o medo e conseguir nadar. Eu sei que será cada vez
melhor à medida que eu for mais vezes. Eu sei que vou voltar a me sentir em
casa como era antes. Eu sei que, ao longo do tratamento com a psicóloga, as
coisas vão melhorar e essa ansiedade, pouco a pouco, vai me deixar. Eu sei que
é só uma fase. Eu sei que eu vou vencer isso. Eu sou FERRO.
Continuarei lutando todos os
dias contra esses meus inimigos invisíveis. Permanecerei arrostando essa
ansiedade desgraçada que não quer me largar. Ela vai ter que desistir de mim,
porque eu não vou desistir de expulsá-la da minha vida.
Eu pensei muito se eu deveria
ou não escrever esse post. Acho que eu nunca fui tão clara aqui no blog. Falei
exatamente o que eu sinto e da maneira que eu sinto. Esse post está digno de um
diário, mas eu precisava postar isso aqui.
O objetivo do post?
Conscientizar as pessoas, aquelas leigas e aquelas que são maldosas mesmo. Um
problema psicológico não é frescura e nem é fraqueza. Não é só "pensar
positivo" pra sair da merda. Se fosse só pensar positivo, eu já teria
saído dessa há muito tempo. É mais que pensar positivo. É um mais que eu não
descobri ainda o que é, mas vou descobrir e vou usar esse mais pra derrotar
essa ansiedade. E outra coisa: qualquer um pode ser vítima de uma depressão, de
uma síndrome do pânico ou de qualquer outra coisa do tipo. Nunca se sabe quando
a nossa mente vai cair numa cilada.
Hoje eu estou feliz, meio cansada
porque nunca mais tinha me exercitado, mas bem. Estou feliz com a minha vitória
sobre o medo. Medo, o placar de hoje foi 1 x 0 pra mim, hein?
* * *
Por hoje, é isso. Eu precisava desabafar, precisava dar esse recado a vocês e precisava registrar a minha ida a piscina.
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Um abraço da @ericona.
Hasta la vista!