Bonito. O que é bonito? Namoro, praia, sol, sucesso? Acaba. Tudo acaba. Hoje você não é ninguém, amanhã é a manchete, positiva ou não, dos noticiários. E daí? Dois dias depois está morto. De que vale se sua infância foi boa ou terrível, se alcançou o sucesso com trabalho árduo ou sorte, se continua na monotonia dos últimos vinte anos ou na melhor fase de sua vida? Você vai morrer, mais cedo ou mais tarde. Qual é a vantagem de dizer “eu aprendi” se você sempre tem algo mais a aprender, se nunca saberá tudo e, se souber, bem, sua sabedoria acabará por ser apenas mais uma informação no seu epitáfio, ou não. Se eu morrer amanhã, quem se importará? Minha família, amigos? Podem lamentar, mas continuarão suas vidas que acabarão algum dia, o mundo não vai parar porque eu morri. Nem quando você morrer. Tudo que foi feito em uma vida inteira de esforços será apagado de uma hora pra outra, rapidamente esquecido, como um papel cheio de palavras jogado ao fogo.
Morrer agora, amanhã ou mês que vem, que diferença faz? Talvez seja melhor parar de enrolação, interromper essa pequena tragicomédia que chamamos de vida, e morrer. Agora. Ah, seria tão bom deitar e não levantar mais, não ter problemas, não ter saudades de momentos e pessoas que me fizeram felizes num passado distante, simplesmente esvaziar a cabeça, dormir e não acordar mais. Nos filmes parece tudo tão fácil... Gás do fogão, pular de prédio, cianureto? Demorado e complicado. Overdose. Remédios são drogas, calmantes são remédios... Ah, o que afinal estou fazendo? Talvez eu seja mesmo louco... Ah, mas agora está feito. Sem arrependimentos. De nada vale me arrepender, o intuito é justamente acabar de vez com o que chamam de consciência e coração. Ah, me sinto leve. Melhor deitar e sonhar meu sonho vazio, relaxar e esperar não acordar... E você, caro amigo, que lê as palavras loucas e, apenas aparentemente, sem sentido de um suicida, acredite, está é a coisa mais divertida que já fiz e, tudo que tenho pra lhe dizer é: Live and let die."
(Ana Seerig & Erica Ferro)
Eis mais uma da parceria Seerig & Ferro! Depois do sucesso estrondoso do poema feito por essa dupla, inúmeros e-mails pedindo outro poema/crônica/conto/bilhetinho, qualquer coisa, fosse escrito por essas meninas fantásticas, que dominam com maestria o mundo das letras. Elas aceitaram o desafio e está aí mais uma obra-prima do talento dessas promessas da literatura.
Cof, cof, cof... Parei com a palhaçada e as piadas nada modestas.
Seguinte: tava de bobeira no MSN falando com a gaúcha arretada da Ana Seerig, então ela falou que ia ler uns blogs e, talvez, postar algo no blog dela. Lembrei-me que há mil anos não postava nada no meu blog e, como a minha internet tá muito sacana nos últimos tempos, provavelmente demoraria um bocado para postar. Ela então me propôs um desafio: escrever algo, em um tempo estipulado por ela, para que, posteriormente, ela desse continuidade.
Me perdoem por estar tão ausente daqui, mas, acreditem: eu tenho mais saudade de escrever do que vocês de me lerem.
Um abraço da @ericona, a devaneada.