Amigas e amigos:
O meu computador bloqueia quando coloco todos os textos num único post pelo que estão desdobrados em dois.
A colocação dos textos foi totalmente aleatória.
Boa leitura e apreciem toda a riqueza criativa,e não só,que com simples doze palavras foi elaborada e aqui se apresenta.
Espero que gostem, se deliciem com o desafio e continuemos o nosso jogo lúdico de construir textos tão diversos, E POR ISSO MESMO TÃO RICOS, partindo das mesmas 12 palavras e do imaginário e questões mais sensíveis a cada uma/um.
I
Nem o
distanciamento me impede de
comungar desta paisagem agreste, desafio tão interessante que se renova em ciclos. Á minha volta penhascos que o tempo se encarregou de desfigurar, rendilhados,
erodidos, mas nem por isso menos atractivos....Na
fusão com o infinito,
mar imenso coberto de um
céu azul onde de quando em vez venho descarregar uma
tempestade de emoções....
Nesses momentos recorro a um guia, meu
farol, meu anjo da guarda, presença que torna a queda
amortecida num abraço
avassalador..Também nos corpos se nota a erusão própria de quem já atravessou desertos e se renova em cada primavera..Cada ano traz consigo o renascer do mundo, em cada gesto, em cada olhar, em cada sopro de brisa , em cada sorriso de criança...A vida em metamorfose constante, em cada ciclo ao sabor de ventos e tempestades..
Ell Alves II Sei que regressaste ao
farol da nossa memória. Sei que sim. Sei que buscas o refúgio naquele
mar, o nosso
imenso mar, berço da
fusão dos nossos corpos num dia
avassalador e numa noite longa que permaneceu na história como uma das maiores
tempestades de sempre.
Hoje tenho-te como em todos os dias. Em cada gesto da memória saio sempre mais amortecida, é infinita a saudade no meu coração já erodido pela passagem inevitável do tempo e pelo distanciamento que o fado nos pronunciou na sua dura sentença.
Que nos resta comungar? Nem tu, nem eu, nem nós. Apenas o mar, o céu e o nosso sonho azul...
Marta M.
III
Havia um tempo. Tempo de
Tempestade. E, apesar disso, com
céu e
mar azuis. O Simão e a Gatinha, fieis companheiros, com um imenso sentido crítico, já tinham alertado para o
distanciamento que adivinhavam nele. Ausente, não física mas espiritualmente, era
avassalador o seu silêncio. Ambos pediam, ele rosnando, ela miando, que os deixassem
comungar com ele os seus problemas.
E nesse tempo, em que se pressentia uma terrível tempestade, também havia um dia muito lindo, uma esperança, um
azul no céu que alegrava a alma. Tal como um
farol que nos guia, ele tinha que saber que as suas angústias eram passageiras. E um
imenso e lindo arco-íris, desenhava-se no horizonte. Era uma
fusão de luz e cor e também sons, que faziam com que ele,
amortecido até então, despertasse para a vida. Vida essa que, na vertigem de um mundo difícil, não o deixasse tão
erodido. Vida que ele agradecia diariamente. Porque, apesar de tudo, ele ainda tinha muito para dar e receber.
Zé-Viajante IV
O FAROLEIRO
Ela era o
farol da sua vida, a luz que o guiava por entre as tenebrosas noites de solidão.
A paixão que sentia no seu peito, dava-lhe coragem para transpor as barreiras daquele
distanciamento, daquele
mar sempre em
tempestade.
A dificuldade da sua vida era
amortecida pelo isolamento naquela ilha mas, quando os dois seres se encontravam deixavam transparecer na perfeita
fusão dos seus corpos todo o
imenso prazer e felicidade que só é sentida por quem se quer com um amor tão
avassalador..
Aquele sentimento profundo ajudava-o a
comungar com alegria nas duras tarefas do seu quotidiano e apesar de todas as dificuldades sentidas gostava de pensar nela olhando o
céu azul e sentir que, nada na sua existência, desde que a amava, se tinha
erodido ou danificado.
Tudo era perfeito quando a tinha nos seus braços e a felicidade existia!
Benó O Mar
Hoje um
mar diferente
Um mar em fúria
AvassaladorFico olhando-o
Mas, hoje não me apazigua,
a minha tristeza vai sulcando
erodido em mim
a solidão
E eu...
AmortecidaPercorro a distância
Que vai do
céuQue já não é
azulAo
farolQue o mar hoje não quer ver...
Eu...
no
imenso distanciamentoQue sinto entre mim e o meu mar
Deixo-me trespassar
pela
fusãoDa sua fúria em mim..
Mas avanço
Hoje sou eu
Que vou acalmar o meu mar,
E vou
comungar da sua dor,
Até que a
tempestade se vá...
Dair VI
Aquele
céu era
avassalador
De profunda cor
azul celeste
Distanciamento maior de amor
Com que o dia sempre se veste
Namorava às claras com o
mar
Fintando a
tempestade amortecidaAs plúmbeas núvens em
fusão de amar
Dando-se por inteiro à própria vida
Comungar o
imenso espaço celestial
Esquecendo o espaço sideral perdido
Em fusão com a energia primordial
Farol iluminando algo já
erodido
Ao
comungar tão intensa energia
Dá-se por inteiro, alma e coração
Transforma em passe de pura magia
Coragem de ser coração e pura razão
José AntónioVII
O
Céu abriu-se,
azul,
Após a
Tempestade...
Como se também fosse um
imenso mar...
Estendendo-se, ao infinito,
Canto, asa ou grito
Em busca da Verdade...
Frente ao meu olhar
Abriu-se a DISTÂNCIA,
Um risco, uma fragrância...
Paisagem
erodida
P'lo vento rugidor.
Avassalador,
Imagem
Agora
amortecida
Pelo
distanciamento das nuvens castelares
rolando com fragor
em simetria aos mares...
Céu e Mar...
Tu e eu...
Mar e Céu, revelando então
Sua
fusãoComo a memória de um respiro
A
comungar...
E, lá ao fundo,
Ergue-se um
Farol,
Testemunho mudo
Deste nosso inteiro olhar...
Isabel VIII
Sabor a mim, a nós… e a ti
Amanheceu um
céu avassaladorPrecipitei-me nas rochas
Daquela rua inexistente
Sem
mar, nem o sonho do
imenso amor
O declive
erodido salvou-me
E deleitei-me no
distanciamento do
azulEle, conforto de
farol,guia e senhor
À sombra das estrelas
Fugidias, fortes, luzidias
Sentiu a antítese do calor
De uma penetrante
fusãoPor fim, o lençol
amortecidoTestemunha os sonhos de furor
Assim, sem pequeneza, nem coração
De um
comungar sensual
Que não adivinhava o tal tremor
Impetuoso, o vento voltou aos teus cabelos
A
tempestade desceu nos telhados
Arrepiando todos os pêlos, sem pudor…
Eli Rodrigues IX
Partir de um Sonho
A noite foi escura e fria. Lá fora a chuva caiu intensamente, batendo com força nas vidraças provocando um concerto de sons ensurdecedores, que convidavam a paixões e loucuras inconfessáveis.
Tudo parou de repente. A
tempestade passou.
E como num passe de mágica, entrava agora pela janela uma brisa matinal, fresca, normal para uma manhã de Primavera.
Uns poucos e ténues raios de sol teimam em romper nuvens, mostrando pequenos retalhos de um
céu azul. O aroma que paira no ar é uma
fusão de cheiros inebriantes a esta hora do dia, num misto a terra molhada e [a]
mar que despertam sentidos. O oceano transformou-se num
imenso lago que vai lambendo o penedo
erodido pela força de outras tempestades, onde descansa o velho
farol.
Na cama, palco de um
avassalador bailado, onde os nossos corpos se fundiram em entregas sem reservas nem condições, dormes ainda.
Olho-te com carinho. É belo o teu semblante adormecido, alheio à dor que me trespassa o coração e me deixa
amortecida.
Em breve terei de partir. É inevitável este
distanciamento que adivinho. Porque a vida corre para lá deste quarto onde as cortinas esvoaçam numa dança sensual. Onde o sonho se fez real por momentos feitos de silêncios e sentires.
Vou partir, vou deixar crescer asas, e um dia... Um dia volto. Inteira.
Voltarei a este quarto, onde agora te deixo adormecido, para contigo
comungar o momento, tornando real o sonho que ambos partilhamos.
MicasX
Tempestade
Seriam as duas, naquela
imensa tarde
Imensa de cinza e ocre
Imenso nela o horizonte
No céu, deslizes de
tempestade
Pontas de setas
-Ou seriam facas brilhando-
Um delírio de dança
Quem pegaria os fios daquelas marionetas?
Dos dedos de que deus, aquele bailado?
(
Fusão dos elementos, diriam muitos)
Mais além do que era longe, um outro longe
Um
distanciamento assim como se fosse o espraiado de um
mar
Assim como se fosse o foco amarelado de um
farol Perdiam-se nossos olhos
Até onde o
céu dava, era cinzento
Depois azul
-De tom diverso do manto da Senhora
Morria Ele no seu colo-
Um misturado de azul de tempestade e azul de Primavera
Talvez a cor de céu no pino de Verão
Talvez o azul dos olhos de quem amo
Azul de Agosto sobre uma ceara
-A calma
amortecida num bafo de brisa-
(Um azul fosforescendo, diriam)
Alheias ao ser o céu cinzento
Alheias de que seja ele
azul de mar
Alheias de que fosse ele um céu de Agosto com ceara por baixo
-Ou que o cortasse a meio a descarga de um raio-
Elas
Nas lajes frias de igrejas
-
erodido granito de muitos tempos-
No sopé de montes
Na cabeceira de doentes
Trazendo gente ao mundo
-ou um bezerro-
Lavando, pendurando, cozinhando
-amando sempre-
Elas
Cabeças debruadas de uma luz que ofusca
-mais que os luminosos que cortam o horizonte-
Dobradas em seus frágeis corpos
(Ajoelhadas, diriam muitos)
Eruditas em outros saberes
-que nem escritos em livros
nem ditos nos salões
igrejas, sinagogas, mesquitas-
Solilóquios que são em suas bocas as palavras
-ritmadas, surdas-
Um
comungar em murmúrios a solidão dos mundos
(Rezam, diriam muitos)
Elas
Convocam deuses e duendes e fadas
-forças da natureza e demónios e faunos-
Murmuram a Palavra
-O poder
avassalador da Palavra-
Elas que sabem
Evocam- Na
Ecos de Céus e Mundos e Universos
Naquele imenso, pelas duas da tarde
McorreiaXI
A Revolta de Gaia
Avassaladora a
tempestade ergue-se
imensa, abrangendo, unificando
céu e
mar,
erodido o
azul de ambos,
amortecida a luz do
farol na
fusão das trevas.
Nuvens e turbulentas águas, na terra e no céu, anulam o
distanciamento entre eles fazendo-os
comungar da explosão dos elementos em fúria de Gaia.
Eremit@XII
A Senhora do Farol
Contavam, na povoação, que uma mulher vagueava, em noites de
tempestade, entre o velho
farol e o
mar imenso. A sua silhueta destacava-se no horizonte, sempre que a luz
azul iluminava a noite. Diziam que vivia longe, num
distanciamento propositado da população daquela vila e carregava com ela uma dor
amortecida pelo tempo, mas que lhe retirara o gosto de estar com os outros. Sempre só, naquele jeito de
comungar sentimentos apenas com as águas que lhe escutavam as palavras. Quando se revolviam e batiam nas rochas com um ruído
avassalador, só ela parecia fazer a
fusão entre o mar e o
céu. Encostada ao enorme rochedo
erodido pela fúria dos elementos, dizia o povo que era a ponte entre as gentes daquela terra e alguma divindade vingadora e que só ela tinha o poder de acalmar a tempestade. Por isso a chamavam de Senhora do Farol e lhe espiavam os passos, sempre que no ar ecoava o ruído atemorizador que conheciam das memórias sem tempo certo.
Vida de vidroXIII
Acordou
amortecida pela noite e, ao subir a persiana da janela do quarto no gesto habitual de abrir a manhã, sentiu-se perdida naquele
distanciamento azul onde mora o
céu imenso. Estremeceu. Tomava consciência, uma vez mais, da sua pequenez humana dentro do universo que lhe oferecia um novo dia. A ideia assustava-a, pois sabia que se nada fizesse ele lhe fugiria de entre as mãos, desinteressante e empobrecido como todos os outros dias cuja presença ultimamente ignorava. Olhou a praia ao longe e encostou a cabeça ao de leve na vidraça, como se procurasse conforto para as suas reflexões. Perguntou-se então o que fazia dos nadas com que esvaziava a vida, ou que
mar era o seu, onde flutuava como barco
erodido pela
tempestade dos pensamentos. Às vezes não sabia onde se encontrar para lá do mundo
avassalador das memórias e do sonho que já não tinha ou onde
comungar do que esvoaça sem que fosse capaz de agarrar essa
fusão indistinta do que conhecia e desconhecia.
Passado algum tempo abandonou devagarinho o canto da janela em que se mantivera absorta, olhou em redor como se procurasse alguém, e disse em palavras sumidas que às vezes desejava que os dias morressem depressa e que a luz de um
farol iluminasse as trevas que a perturbavam. Depois sentou-se no sofá onde habitualmente se aninhava e ali ficou até o dia se esvair no silêncio de si mesmo.
M