Ora um dia que nhora Ninhinha se meteu perla bouça, “a catar pinhinhas” cruzaram-se seus caminhos. E em boa hora, pois foi uma lufada de vida e ar puro que adentrou a vida de Laidinha.
O relato que faço tenta ser fiel ao de nhora Nininha quando me contou como se fizeram amigas. Amigas mesmo. Uma amizade que veio a revelar-se como o mais forte factor de integração de Laidinha na vida e no mundo donde se alheara perante a dificuldade e, talvez desinteresse da família em lidar com ela por exigir cuidados e atenção para os quais não estavam aptos.
Não critico - nem nhora Ninhinha o fez ou faz - a atitude dos progenitores.
Como ela diz: “meu filho, todos temos os nossos atrasos!”
Ou seja: quem não tem falhas, quem não erra ? remetendo para a interpelação de Cristo: “Quem nunca errou que atire a primeira pedra”.
Voltemos ao encontro. Andava nhora Nininha a catar pinhas na bouça quando ouviu um cantarolar. Seguiu o som e lá estava Laidinha, meio reclinada num pedregulho ao sol, a cantar, enquanto vigiava, ou quem de fora visse a cena pensaria que sim, duas ovelhas que, mansas pastavam.
Sabedora dos modos da terra, parou a boa distância cumprimentando com um animado “bom dia”.
De imediato sentiu o sobressalto que se apoderou da moça cujo rosto se sombreou, como se em si recolhesse luz, cor e vida. Como um animal que se esconde na sua concha.
Não respondeu Laidinha, retesou-se-lhe o corpo, como que pronto para abalar em debandada.
Como disse a nossa velha e sábia amiga: “alembrou-me os elásticos da fisguinha quando os ganapitos os esticavam antes de disparar a pedrinhinha de tão tensa que ficou a pobrezinha…Parecia um passarito assutadinho...
Nhora Nininha estranhou a atitude, face a uma débil velha, mas, sábia, encontrou uma forma de a descansar.
Jogou as mãos aos rins, flectiu levemente as pernas e deixou escapar um gemido enquanto, sem dela, mas discretamente, despegar os olhos murmurava:
“ai valha-me o nosso meninhinho Jesus. Estou descadeirada, doem-me os quartos…, as perninhas já me não obedecem…
Muito sofre uma velhinha a apanhar umas pinhinhas para atiçar um luminho c’a aqueça…Aiiii se tivesse um filho comigo…"
E por aí foi indo, a conversar como se sozinha, mas a falar para Laidinha.
Era uma forma de a descansar.Logo que a viu não soube quem ela era, disse-me, mas enquanto falava associou-a à rapariguita franzina, filha de Rosa Elvira da Anunciação Salgueiro e de José Júlio Salgueiro - conhecido como o “Biscates” por agarrar todo o trabalho, mesmo de artes que não dominando “ajeitava” -que andara com os filhos a aprender as "letras".
Enquanto perurou observou-a de forma discreta e percebeu a solidão em que aquela “pobre criaturinha vivia” .
Logo ali decidiu ganhar uma amiga e restituir-lhe alegria e energia cuja falta sentiu.
- "Ai filho, parcia uma avezinha feridinha das duas asinhas... Fez doer o coração".
Deixo-vos com os trevos. Procurem com atenção, pois de vez em quando encontram-se de 4 folhas, bem camuflados nos restantes.Ñotícias: Estive ausente por falta de fichas de ligação do computador que não é de nacionalidade portuguesa....
O "Gato Brasa", está melhor, mas continua muito frágil e não dá as escapadelas que dava antes, seus recanto mágicos, ofertaram-
Muito aconchegado e muito caseiro cada vez parece mais um cão de guarda sempre a seguir-me ou bem juntinho a mim.
Adora enroscar-se ao Sol e logo que este se vai aninha-se na cama, ou pede um colo.
Tenta aninhar-se no Batalha, mas não resulta muito bem.
Amigas e amigos obrigado por vossa presença , generosidade e solidariedade. E hoje, ao visitar algumas casas me deram ainda tanta coisa mais. Ora vejam os prémios, de amizade, mais do que de mérito, atribuídos a este blogue:
Em resposta ao desafio da Sophiamar