Há mais de um ano Clara-Lu, meu superego, me deu de presente “Mulheres que Correm com os lobos – Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem”, um livro que a inspirou de forma imensa, que clareou a sua idéia e que fez toda diferença.
Bem pra mim, nada aconteceu. Ao menos nas três vezes que tentei ler o desembestado livro! Como assim eu não entendia? Como assim eu não via a iluminação? Comentei com outra amiga sobre o tal livro e ela me racha a cara “vale por uma terapia de uma vida toda!” Pronto, tava feita à merda! Eu preciso enxergar tudo isto! Mas não adiantava, continuava maçante e chato, muito chato!
Isto até semana passada, quando finalmente a ficha caiu, finalmente as imagens embaralhadas ficaram nítidas e começou a fazer todo sentido. Ainda estou no início do livro, mas se minha mente continuar fervendo deste jeito tenho certeza que vale por uma terapia sim!
Não esperem grandes textos... Eis as primeiras linhas, paridas dolorosamente, porque é um livro que dói.
Tudo que esta vivo precisa morrer para então renascer. Acho que cheguei a este ponto, o ponto de que para continuar vivendo eu preciso morrer. Morrer e escolher o que deve continuar morto, podendo assim renascer e escolher os próximos passos. Mas se deixar morrer não é assim tão simples, porque para isto preciso olhar para dentro de mim e encarar tudo que não gosto, tudo aquilo que me faz mal, toda aquela coisa cotidiana que no fundo eu uso para justificar o meu “não fazer”. Eu preciso achar a minha verdade.
Cheguei aquele ponto que não posso mais fingir que a porta não esta diante do meu nariz, o anseio de me libertar é maior, então eu preciso abri-la, preciso deixar de lado toda a ingenuidade que eu finjo não ter, toda imaturidade e preciso atravessar a e ver que não podemos maquiar as coisas para que nos pareçam menos terríveis e mais ajustadas.
Pode ser que não existam respostas corretas, mas com certeza existem as perguntas certas! E esta é aquela que se faz impossível não ver a realidade da vida (da sua) escancarada. O que eu sei de mim que preferia não saber? O que tem atrás da porta? O que de mim preciso deixar morrer e o que preciso resgatar?
Como eu disse, não tenho a resposta (ainda) e isto não importa, o importante é que, enfim, eu estou a atravessar a minha porta. Posso não saber o caminho que farei, mas saber onde quero chegar já é metade do caminho.
É impossível esperar que alguém me compreenda sem antes eu me compreender. Sinto que vai ser uma viagem e tanto!