Acaso...

Chegaste de mansinho
Enchendo-me a alma de carinho
E num pressentimento de futuro
Viramos costas
E na ironia do acaso
Descruzamos caminhos
Não sei se a vida brincou
Com o acaso que escolheu
Se viveremos ainda horas de paixão
Ou batemos a porta
E aí sim
Cruzamo-nos com a solidão

...

[Não sei se o acaso quis brincar
Ou foi a vida que escolheu
Por ironia fez cruzar
O teu caminho com o meu]

Grito...

Eu sei, eu sei
Que nada dura para sempre
Que o punhado de areia
Que segurava na mão
Fugiu por entre os dedos
Deixando tatuadas na palma da mão
A dor e a saudade
Eu sei, eu sei
Que nada dura para sempre

...

Mas não me fales de solidão
Não me fales em companhias
Nem em dias cinzentos
Não me fales no desespero
De ver as horas passar
Não me fales em segredos
Guardados a sete chaves
Nem de saudade, nem de medos
Não me fales em dias preenchidos
Por sons de sorrisos
Nem de olhares perdidos
Não me fales em palavras mágicas
Substituidas por silêncios
Não, não me fales de solidão
Que outros me possam falar, sim!
Mas Tu, NÃO!

Samba...

Escolheu o vestido mais ousado
Na sua cor de carmim
Calçou os sapatos de sola de camurça
Prendeu os cabelos negros
E desceu...
Entrou no salão pela mão do seu par
Os holofotes começaram a brilhar
O samba começou a tocar
Sentiu-se tremer
E pediu aos santos para a acalmar
E numa noite de glória subiu ao pódium

...

A manhã solarenga do mês de Julho
Ficou enublada com a noticia
Turvando-lhe o olhar
O seu par tinha posto termo à vida

...

Há 5 anos que Ela
Sobe serenamente as escadas
Abre o baú das recordações
Onde guardou os vestidos
Os sapatos de camurça
As fotos de festivais gloriosos
E nunca mais dançou!


Para ti, que enquanto viveste encheste salões,
brilhando mais que os holofotes, um beijo

Bolero...

Um dois três
Num batimento de bolero
Em movimentos sensuais
Conjugados na cumplicidade
De expressões corporais e faciais
Recorda todos os ontens
E ao som do seu bolero
Vai trauteando
...

[Já não estás mais ao meu lado coração
E na alma só tenho a saudade]

Tango...

Ah...Bailemos esta noite
A promenade do sonho...

O tango iniciará os primeiros acordes
Tu enlaçarás delicadamente a minha cintura
Eu olhar-te-ei no fundo dos teus olhos
E num desnudar de almas
Ficaremos com a certeza
Que sempre estivemos juntos

...

[Ah...abraça-me esta noite
Acerca-te a mim
Abraça-me a ti por Deus
Entrega-te nos meus braços]

Rumba...

Quando os nossos
Olhares se cruzarem
Na rumba da vida
Desfolharemos estios
Papoilas irão curvar-se
À nossa passagem
Do céu veremos cair
Chuvas de estrelas
E no balancear de um passo
De um para cá e dois para lá
...

[Saberemos que existe todavia
Uma razão para ver
A luz do dia]

Se...

Se tu soubesses
Como em cada flor filtro o teu olhar
Se tu soubesses
Como em cada onda
Vejo o teu semblante a abraçar-me
Se tu soubesses
Como em cada estrela vejo um beijo teu
Se tu soubesses
Como em cada luar te sinto em mim
Se tu soubesses
Como em cada amanhecer
Vejo a esperança dos nossos olhares se encontrarem

Ah... Se tu soubesses...

Lembras-te...?

Lembras-te do tempo que era só nosso e corriamos nele esquecendo-nos do tempo?
Eu lembro-me!
Lembras-te da minha pele arrepiada quando ao toque da tua mão me fazias sentir única e amada?
Eu lembro-me!
Lembras-te das partidas e chegadas revoltas num mar de emoções que era só nosso?
Eu lembro-me!
Lembras-te das noites passadas na rede dos jardins da nossa memória, quando apenas eramos nós e só nós num mundo de imaginação que nos apuráva os sentidos?
Eu Lembro-me!

...

Lembras-te daquela tarde em que o sal das lágrimas nos molhou o rosto e num aceno nos dissemos adeus?
Eu lembro-me!
Hoje junto o tempo, a mão que não sinto mais, o mar de emoções, a rede dos jardins e o aceno, relembro o baú que serenamente coloquei no sotão e apenas lembro, que das lembranças que trago comigo, tu és a lembrança que nunca esqueci!
Saudade do futuro? Talvez...

Dedilho...

Dedilho o tempo
E perco-me em searas de trigo dourado
Dedilho o tempo
E tento encontrar em cada espiga esperança
Dedilho o tempo
E bailam-me porquês em palavras de até quando?

Lágrimas

O dia ficou cinzento
Quando olhei para ti
E te vi transfigurar-te.
O fio das lágrimas
Que nao pude soltar
Deixaram-me a alma
Empedernida de sal.
Não, não estava preparada!
Tentei agarrar a dor,
Mas ela foi entrando
Galopando-me os sentidos.
A raiva apodera-se de mim,
Quando percebo
Que tu estás assim por um erro,
Que não podia ter acontecido.
Olho no mais fundo de ti,
Trocamos olhares
Que sempre foram nossos.
Continuaremos a caminhada...
Lado a lado,
Unidas como sempre estivemos,
Até podermos gritar
Vencemos!

Rodopiando...

Chegas
Páras
E...,
Olhas-me.
Levanto-me
Olho-te
E...,
Sorrio-te.
Estendes-me
A mão,
Ofereço-te
A minha...
Compassados
Seguimos
A melodia,
E o mundo
É nosso...

Laços De Ternura

Será sempre difícil
Demonstrar por palavras
O Amor que vos tenho.
Será sempre difícil
Demonstrar-vos algum dia
O quanto vos sou grata.
Será de todo impossível
Arrancar-vos algum dia
Do meu coração!
E ainda que a amizade
Não se agradeça
Deixai que vos diga,
OBRIGADA!

À Mar Azul e ao Fio D'Água, com um beijo gordo...

Quando Se Desfez O Encanto

Lenta, muito lentamente desfez-se o encanto.
(Irremessivelmente tinha que passar.)
Não houve esgar nos lábios, não houve nos olhos pranto
nem sequer houve um fundo desejo de chorar...

Vagos pressentimentos que se transformavam em verdades,
verdades tristes, que eram, porém, já conhecidas.
Eu tive o desalento de quem vê solidões
que farão despertar a funda mágoa adormecida.

(Pablo Neruda)


No desencanto
Do meu e teu olhar
Apenas se percebe
Que permanecer
Não quer dizer ficar...

E...

E se nem disséssemos nada,
Se vivêssemos o Amor em toda a sua plenitude?
E se substituíssemos palavras...
Por olhares,
Promessas...
Por presenças,
E o muito e o pouco
Por sentidos?!

Arco-iris...

Peguei uma tela
Pincelei-a com o verde da esperança
Peguei uma outra
Pincelei-a com o rosa da ternura
A seguinte
Pincelei-a com o azul dos sonhos
Na tela vermelha
Pincelei o amor
E assim explodimos
Num arco-iris de cor...

Sussurros...

Muito, muito calmamente
A lua desceu até mim...
Sussurrando-me ao ouvido
Que tu chegarias assim -
Na boca um sorriso terno
Nos olhos um brilho sereno
E nas mãos um ramo de jasmim.

Silêncios...

Virei a página
Deixo-te a folha branca
Para que nela possas esculpir
Pedaços de vida.
Silencio as palavras...
O ontem é passado
O hoje é quase ontem
Amanhã é outro dia!

Sombras...

Caminhamos lado a lado...
E entre nós
Perpetuam-se sombras,
Angustias passadas
De um tempo esquecido
Onde somos tu e eu
Num ontem que fomos NÓS!

Atitude....

"É certo que quando estão envolvidas duas pessoas, há dois a vibrar e é raro que essas vibrações sejam correspondentes. Apesar de tudo nós somos os únicos e exclusivos criadores da nossa experiência, não é o nosso parceiro, não são os nossos pais..."

"Como tal, por mais difícil que isso seja de engolir, torna-se uma questão de olharmos para nós próprios, as nossas próprias reacções, a nossa própria concentração, o nosso próprio fluir de energia..."

..."porque enquanto continuarmos de olhos fixos noutro lado – passado ou presente – em todas as coisas de que não gostamos, não só estamos a atrair mais do mesmo, estamos também a bloquear todas as coisas boas que gostaríamos de ver em seu lugar".

"... O fundamental é que o nosso parceiro, ou qualquer outra pessoa que consideremos um relacionamento, tem alguns hábitos irritantes que nos aborrecem e nós concentramos a nossa atenção nisso, tudo o que estamos a fazer é perpetuar os hábitos irritantes que gostaríamos de suprimir, porque os estamos a incluir em nós"

"O espectáculo não é de mais ninguém, apenas seu, sempre o foi, sempre o será. Nunca ninguém o segurou pelas orelhas. Nunca ninguém fez com que a sua vida seguisse um curso e não outro. O espectáculo é seu desde o início, concebido pela forma como você flui a sua energia, concebido a cada momento de cada dia pela sua forma de sentir. Agora, tudo se resume àquilo que você quer fazer com o resto da sua vida e à sua vontade pôr em marcha os sentimentos necessários para o obter!"

Enxertos do livro
"Desculpe, mas... a sua VIDA está à sua espera"
Autor:Lynn Grabhorn

Farol...

E eu aguardava ansiosa os sinais
Que vinham de ti
E cada espera era um novo raiar
E cada olhar
Uma vontade de te esperar...
Perdeste-te nos faróis da vida
E eu voei tão alto
Onde o teu farol não me pôde alcançar...

Desilusão...

Um regresso de culpa presente
Desilusões vãs de anónimos sabores
Num despertar de manhãs
Pautado pela ausência
De te ter sem te ter.
Procuro até à exaustão toda a essência do meu ser
Desejo que vou amainando
Na revelação que te faço
Entre o tudo e o nada
Desta razão que é viver...