Quando todas as janelas se fecham
e não nos olhamos na sala.
Quando o corredor nos transpassa
enquanto passamos calados,
rostos duros, mal encarados,
cada um em sua direção.
Quando a cama é composta de espaços
e nela, mal cabemos, intactos,
cada um desocupando o centímetro
que mede a justa distância
em que cortamos os laços.
Quando tudo isso é
um corpo se inventando no escuro,
resvalando nos cacos de vidro,
sangrando por entre os muros
para que no final,
talvez reste algo a ser dito.
Talvez apenas estejamos
aprendendo que o amor
é um esquecimento desconstruído.