Para ti, Alberto
Foto de Fernando Pedroso aqui
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não
Sophia de Mello Breyner Andersen
Como homenagem a um grande amigo que partiu, mas cuja memória ficará para sempre bem viva entre aqueles que o conheceram, deixo este poema que poderia ter sido escrito para ele.