Queria

Queria um dia saber
Se pensas tanto em mim
Como eu em ti,
Sempre te fui fiel
Tu sabes que no fundo
Nunca te menti.

Faria tudo por ti,
Tiveste-me na mão,
Só não entendo
Porque é que perdes tempo
Com palavras rascas
E te perdes no meio
Desta indecisão.

Estava tudo simplificado
Bastava seres tu próprio,
Mas tu teimas-te
Em complicar,
Deixa-te de esquemas
Só armas problemas
Há que arriscar!

Queria que fosses
Direto ao ponto
Da questão,
Que te deixasses
De rodeios,
Que abrisses o coração.

Mas por muito
Que queira,
Pouco ou nada
Posso fazer,
Está tudo nas tuas mãos
Tens de te mexer.

Pára

Pára com essa tua conversa
Que ninguém merece
A tua atenção,
Que são todos iguais
Que todos têm uma segunda intenção.

Parte de ti fazeres
Por seres diferente,
É de ti que tem
De partir a atitude,
Não esperes milagres,
Não esperes que alguém
Te mude,
Não tornes isto fácil
Porque de facto
É impossível,
É um caminho sem saída,
Tem tudo pra ser imprevisível.

Começa a mudança
Em ti, para um dia
Poderes moldares alguém,
Não aceites que te moldem a ti primeiro,
Isso não está bem.

Estou aqui

E agora,
Agora estou aqui
Numa estrada
Que não sei onde vai dar,
Com feridas nos pés
De tanto andar,
E com um vazio enorme
No peito
Porque sei que não vais voltar,
Por mais que tente,
Por mais que queira,
Tu não voltas
E a revolta é tanta
Que nem tu próprio
Consegues ter noção,
É de mais e dói…
Dói muito
Porque ao contrário
Do que pintas de mim, eu tenho coração.

Estou aqui
No fundo do caminho
Como no fundo da vida,
Estou sem rumo
Sem motivo para lutar
Não tenho nada
Onde me possa agarrar,
Não tenho uma pista
Para a saída
E nem este chão me quer aqui.

Estou aqui,
Mas de que me adianta
Se estou sem ti?

Estou perdida...

Ela

Ela é uma menina-mulher
E faz tudo o que ela quer,
Porque ela é dela
Como mais ninguém
Pode ser,
Á noite é Cinderela
Mas de dia…
De dia espera pra ver.

Ela é fogo
E não precisa de te tocar
Para te queimar,
Ela não é de ninguém,
É só de quem a souber respeitar.

Ela é brisa
Numa manhã de Verão,
Ela é a tua indecisão
E a certeza dela,
Sabe ser Ariel
Como também Cruella.

Ela é tudo
Tudo e mais alguma coisa;
Basta ela querer,
É dona do próprio nariz
Ninguém lhe diz
O que tem a fazer.

Ela é isso mesmo,
É ela…
Ela própria,
E isso é tudo o que ela
Deverá ser.

No teu ninho

No teu ninho
Encontro a harmonia,
No teu beijo
Um vício,
Necessito da tua companhia
Para que nada
Seja fictício.

Sou tudo em ti
Porque me regas
E me fazes florescer,
Se eu antes pensava
Ter visto tudo,
Agora sei que há mais
Para se ver,
E entender
Neste mundo de sonhos esvoaçantes.

Faço do teu ombro
A nuvem onde sei
Que posso repousar,
Dos teus braços
Faço a casa
Á qual irei regressar.

Do teu "não" faço
A minha salvação,
Do teu "sim"
Faço certezas,
Nas tuas palavras
Ganho coragem
Para abrir as asas
Que antes
Estavam presas.

Dia de Páscoa

O sol não vai brilhar
Como antes,
Os vales do Douro
Permanecerão mais distantes.

O badalar do sino
Já não vai vibrar no peito,
A mesa posta para a família
Fica sem efeito,
Páscoa sem pessoas especiais
Fica sem jeito.

O tio já não vai ser
Acordado à pressa,
O avô já não vai usar
A típica travessa,
E a conversa…
A conversa não será
A mesma.

A água benta
Já não vai molhar
A camisa passada,
E a alegria
Não será a mesma
De quando te tínhamos
Ao nosso lado,
Mas podia ser pior,
Há que aguentar
Mais um bocado.

É dia de Páscoa
Com um lugar vazio
Á mesa,
E dos mais importantes
Podem ter a certeza.

Fui

Fui proprietário do pomar

De maçãs plantado


Naquele rosto,
Mas quando as fui colher
Já fui tarde,
Já era Agosto.

Fui sapateiro
Na rua da esquina
Da casa dela,
Muitos sapatos lhe vendi
Era a minha Cinderela,

Fui oftalmologista
Daquele belo olhar,
Via tudo muito bem
Só em mim
É que nunca conseguiu reparar.

Fui massagista
Para poder sentir
Aquele corpo de musa do deserto,
Mas por muito bom que fosse
Ela não me queria mais por perto.

Fui ourives
E ainda consegui ornamenta-la,
Mas fui tonto,
Se viesse algum louco por aí
Ainda podia roubá-la,
E ela era tão frágil
Para se puder defender,
Por vezes sou imaturo
E acabo por não saber
O que estou a fazer.

Fui tanto
Para quem nunca me quis,
Fui tão pouco
Para quem sabia
Como me fazer feliz.

No dia a dia

No dia a dia
Tudo passa tão rápido
Que nem tens
A precessão de nada,
Mas mal chega
A noite sentes
A tua alma vazia
E desmotivada.

Mas quando o sol da rua
Resolver ir descansar,
Acende em ti uma vela
Que te consiga guiar,
Porque nem só de luz solar
É feita a vida,
E para todo e qualquer problema,
Há sempre uma saída.

Ergue a cabeça,
Respira fundo,
Mantém a calma
Que te for possível adquirir.

Descansa hoje,
Porque amanhã
Vais conseguir.