ao reler A Morte de Ivan Ilitch - grande escritor, Tolstói! - deparo-me com a questão do tédio. Ivan Ilitch desejava a rotina e tudo comme il faut. mas depressa a sentia insuportável. e tanto tanto que inventou uma dor. uma à qual deu o poder de se tornar real e fatal. é esta insatisfação radical humana assim tão incontornável? a rotina deste Ivan era uma rotina confortável - assim no-la descreve o escritor. era daquelas onde não faltava o conforto e a ilusão de ter alcançado o mais ambicioso projecto. ainda que oco e falso. sim será preciso existir completamente alienado na busca de alguma coisa e não ter tempo de sobra para pensar mais profundamente. pois será preciso tudo isso para escapar à mais cruel consciência. essa mesma que promete estragar todos os nossos devaneios.
o tédio pode ser perigoso. é do spleen que vem toda a espécie de artimanhas. provavelmente virão igualmente dele os grandes feitos humanos. e as grandes reflexões. como a de Ilitch perante a morte e a sua tão humana fragilidade.
mas enquanto o tédio nos domina e nos leva a mergulhar mais ou menos profundamente na voracidade do ser... enquanto isso há outros que instalados na rotina sem queixume dão continuidade ao seu plácido decurso. e assim conquistam os melhores lugares. Ivan Ilitch caiu no erro de querer ir mais além... para viver (e bem!) é preciso ficar à superfície. exactamente aí onde tudo permanece comme il faut.
o tédio pode ser perigoso. é do spleen que vem toda a espécie de artimanhas. provavelmente virão igualmente dele os grandes feitos humanos. e as grandes reflexões. como a de Ilitch perante a morte e a sua tão humana fragilidade.
mas enquanto o tédio nos domina e nos leva a mergulhar mais ou menos profundamente na voracidade do ser... enquanto isso há outros que instalados na rotina sem queixume dão continuidade ao seu plácido decurso. e assim conquistam os melhores lugares. Ivan Ilitch caiu no erro de querer ir mais além... para viver (e bem!) é preciso ficar à superfície. exactamente aí onde tudo permanece comme il faut.
3 comentários:
Lembrou-me The Dead, de Joyce. Viver placidamente sem deixar marcas espciais em vida ou apaixonada e intensamente, culminar em tragédia mas perpetuar-se na memória pela audácia. Muito bom, Ana Paula:)
... entretanto...
há quem tente e bem
colocar pauzinhos nas engrenagens
Um livro que adorei.
Uma visão da vida, antes da morte.
O tanto e o nada.
Um livro que vicia.
Uma boa escolha.
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