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Há momentos em que a inspiração (para escrever algo onde a beleza possa de alguma forma remanescer) fica estatelada no chão.  Assisto, incrédulo, às mais impossíveis reviravoltas do panorama global em termos de política internacional.  Vejo energúmenos a fazer a saudação nazista e... os mais religiosos seres que me rodeiam, a terem atitudes de tal forma afastadas da saudável espiritualidade que se confundem com os radicais e extremistas que tanto nos custaram, a nós, Humanidade.  Será que anda tudo louco?  Uns a apregoarem a multiplicidade de géneros e afins, outros a quererem repor ordem na casa, clamando valores xenófobos e perigosamente intolerantes.  Um país com um merdas a regulamentar sobre a deficiência classificando-a como imbecilidade, aparece-nos no panorama!!! Ninguém vê?  Será que vamos esperar que venha uma praga e nos varra a todos ???? ...  Será este o tempo das baratas? Baratas ao poder!!! ...  Uma coisa é certa:  Para já cheg...
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  Coziam o pão todas juntas.  O forno que acolhia as irmãs era grande o suficiente para a labuta da minha mãe, da minha madrinha, da tia Júlia, da tia Teresa, da tia Amélia, da prima Júlia e das cunhadas.  Cheirava a lenha e a monte o avental da minha  avó. Na época das flores reconhecia o cheiro a arçã, e a terra molhada na época das chuvas. Éramos muitos a correr pelas ruas, e poucos eram os que podiam ajudar, porque se pudessem, o campo reclamava a força dos braços já feitos. Assim eram passados os dias da cozedura fora do bairro dos Índios. De vez em quando lá íamos para a Fonte de Ordem lavar a roupa, completando as viagens que nos afastavam da terra batida do bairro do Calvário.  Os dias de emigração separariam algumas das irmãs. Ficariam de vigia ao Calvário a minha tia Teresa e a minha tia Júlia. As outras partiriam para as Franças, tal como tinha já partido o meu tio Carlos. O tio António que vinha de Angola, iria para o Canadá. Já o meu tio Chico viria...
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Ao meu cão poeta que partiu O meu cão já não morde os limões,  nem ladra aos mosquitos,  nem pula irrequieto  atrás dos meus acenos.  Passeia-se numa estrada sem carros,  abeirada pelas espigas  e a eternidade do trigo.  Levou parte da poesia do quintal  e aos pássaros perenes  recita os versos dizendo  Au! Au! ... Au!  Podia ter dançado  pelo caminho das Trigueiras  e descansar no Canouçado    Tinha medo ... Tinha medo da viatura que o levaria passear,  tal como levou o Gandulo e a Palhaça,  Meus eternos companheiros.  Confessava-me:  "é engenho dos infernos"  e... ficava-se pelo quintal.  O meu cão olhava-me com ar doce,  tão doce quanto as suas tropelias.    A nespereira do quintal, inquieta  perguntou pelo Mancha ao limoeiro que o acolhia   O limoeiro triste  e virado para o céu  Apontou ao firmamento...  e... chorou as folhas  que já ...
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 Poucos me conhecem como homem de fé. Verdade seja dita, não sou de frequentar as cerimónias religiosas. Pelos onze anos de idade, um domingo entre tantos outros, minha mãe perguntava-me se já estava preparado para ir à missa e eu, calmamente, respondia-lhe: " não me apetece ir ".  A minha mãe não ficou enfurecida, ficou apenas admirada. Pois era um menino que adorava ir à missa e cantar.  Perguntou-me qual o motivo, e, com a mesma convicção que me tem acompanhado ao longo vida, apenas lhe respondi que não queria ir pois estavam a contar a mesma história do ano anterior! E assim acabou a minha presença nas religiosas celebrações dominicais.  Claro que continuei a ter uma fé inquebrantável durante a maioria da minha idade juvenil e adolescente.  Essa fé viria a alterar-se com a chegada das questões científicas, alguns princípios filosóficos e a militância partidária.  As questões científicas vão e vêm, sempre com respostas e sempre com muitas outras questões...
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 Era um adolescente com uma forma peculiar de viver e ver o mundo, como muitos ( senão todos) adolescentes. Depois de uma passagem pelos Beatles, Lennon e as suas mensagens de paz, fixei-me durante algum tempo no Reggae.  Segui as regras do rastafári : nada de carne, lutar contra babilónia e meditar de gandja acesa. Foram tempos de momentânea paz louca.  Com algum custo cimentava no meu mais profundo ser os valores da paz e do humanismo necessário para uma sociedade onde a maldade crescia como doença ruim.  A minha revolta acabaria por levar a melhor e sairia dessa fase um pouco amargo na minha relação com a sociedade em geral. Tempos conturbados esperaram-me e foram naturalmente superados.  Hoje com a distância e a idade, mantenho essa chama revoltosa acesa como uma espécie de lareira, onde me vou aquecer em invernos passageiros. Sou um fruto amadurecido nas amargas tempestades, marcado na pele mas tendencialmente doce na carne (diz quem me prova) .  A alm...
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Não é o sol quente que se perfila no horizonte, são partidas ou esperas.  Pacientemente com o olhar descansado, desenhamos a curvatura no limiar do tangível.  Será esse o derradeiro ponto?  O adjetivo não faz sentido.  O imaginário  pauta a chegada eterna  na igualmente eterna partida.  Só o que parece pode ter advento  em círculo fechado que o tempo mensurável dita.  Já o resto... ainda não sei.  Abraço do Vale   
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Há momentos em que costumamos dizer isto: no melhor pano cai a nódoa. Aqui seria mais do género: na maior nódoa cai o pano!  Em alguns anos de democracia que já vivi ( já lá vão 55 … 19 em França e aproximadamente 1 em Espanha) nunca vi um cenário político tão ... faltam-me os adjetivos tão… sei lá… circense? apalhaçado? ( não… isto seria insultuosos para os artistas, animais incluídos).  Vou ser duro e vou falar de um cenário político abjeto!  Durante algum tempo, tivemos um corrupio de figuras eleitas pelo ato democrático a enfrentarem a Justiça e inclusivamente serem presas! Como é evidente, o clima de suspeição e desconfiança na classe foi crescendo. Chegamos ao ponto de a abstenção superar a maioria absoluta!!!  A menor taxa de abstenção desde 1995 foi a de 2024, com cerca de 33 %.  À falta de grupos políticos idóneos ( sem maçãs podres) e com um discurso político contemporâneo e devidamente adaptado às novas realidades, o povo acabaria por escolher.  ...
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No fundo o que mais importa são os laços.  Estreitos o suficiente mas nunca ao ponto de estrangular e estreitar os laços é cultivar o amor promovendo necessariamente harmonia.  Sem a harmonia o laço não passa de uma tentativa tosca de relação equilibrada.  Tem de haver espaço para coexistir na incandescência dos ocasos e na luz nova da aurora.  Todo o resto é dia e noite.  Duas faces da mesma moeda.  O círculo em perpétuo movimento e a viagem do ponto na sua infinita relação com a transversalidade canta o equilíbrio da equação chamada vida!  Duarte(ainda)noVale.