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27 setembro 2019

Paul Tillich era um cristão?

Por Ewerton B. Tokashiki


Eu li os livros de Paul Tillich. Li quando era estudante de teologia e, posteriormente, como professor de Teologia. Debrucei-me sobre seus escritos, bem como textos que avaliam o seu pensamento. As minhas leituras levaram-me à conclusão de que Tillich era um homem inteligente, original, e nada ortodoxo; embora, avalio paradoxalmente a sua teologia como obscura e irracional.

Os apreciadores de Tillich, em geral, desconhecem as imoralidades que persistiram durante toda a sua vida docente. Lecionei Teologia Contemporânea no primeiro Semestre de 2009 na Faculdade Metodista de Porto Velho, uma extensão da UMSP, e em conversa com os alunos pude denunciar Tillich, tão amado e lido ali [mencione-se a Sociedade Tillich de Estudos Teológicos]. E, pelo menos em Porto Velho alguns dos professores com quem comentei estes problemas de imoralidade, nenhum deles tinha sequer ouvido falar de sua vida dissoluta.

Relevante e também ignorada pelos teólogos brasileiros, apreciadores de Tillich, é a descrição sincretista de sua esposa Hannah Tillich quando o seu marido estava em seu leito de enfermidade. Ela diz
queria saber o que acontece ao seu próprio-eu centralizado após a morte; não haveria lembrança alguma da sua pessoa como pessoa. Procurei dizer-lhe que as imagens dos seus pensamentos estariam ali, que seus pensamentos, tendo mudado a substância do nosso cosmos, entrariam no círculo dos poderes espirituais, que criou as imagens do mundo. Falou acerca do Livro dos Mortos de Tibete. "Vai atrás da luz clara", eu disse, "a luz clara o guiará, e não qualquer imortalidade egocêntrica." Falávamos acerca dos poderes do Buda que têm a mesma união espiritual - se você olhar através de um cristal com muitas facetas, parece-lhe que vê muitas imagens do Buda, mas se você passar sem o cristal, há um só espírito do Buda, e, à medida que você é espírito, será juntado a ele. [Hannah Tillich, From Time to Time, 1973, p. 222].

Em outro lugar ela comenta sobre os momentos antecedentes à morte de Tillich. Conclui que
nada tinha trazido para o hospital desde que ficara doente, a não ser as Bíblias dele - um NT grego pequeno, uma Bíblia alemã, que tinha sido dele desde o primeiro ano de sua vida, e uma versão em inglês. Eu tinha esperado que pudesse ler a ele trechos da Bíblia quando se tornasse inquieto, se assim fosse a vontade dele, mas somente tocara na versão grega com sua mão frágil. Não quis ver as demais Bíblias, nem ouvir leituras bíblicas. Fiquei contente. Pertencia ao mundo, ao cosmos, e não a um só livro [Hannah Tillich, From Time to Time, 1973, p. 224].

Estas citações podem ser encontradas no livro Stanley Gundry, Teologia Contemporânea, Ed. Mundo Cristão, 1987, p. 104].

Este é Paul Tillich: um sincretista pagão que usou uma terminologia bíblico-teológico cristã para falar de sua filosofia da correlação. Não era um cristão, a não ser em sua tradição antecedente, que foi desprezada e reinterpretada à luz do paganismo até o seu último momento de vida.