G. I. Williamson
Ninguém pode ser um ministro, presbítero regente ou diácono na Igreja Presbiteriana Ortodoxa (OPC, na sigla em inglês) sem, primeiro, responder afirmativamente à seguinte pergunta:
“Você sinceramente recebe e adota a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja como contendo o sistema de doutrina ensinado nas Sagradas Escrituras?”
Todos estamos familiarizados com este voto, mas o que ele significa? Segundo Charles Hodge, nossos votos têm sido entendidos de três diferentes maneiras na história do presbiterianismo. “Primeiro”, diz Hodge, “para alguns eles significam que cada proposição contida na Confissão de fé se inclui na profissão feita na ordenação. Segundo, outros dizem que eles significam apenas aquilo a que as palavras se referem. O que se adota é o ‘sistema de doutrina’. O sistema das Igrejas Reformadas é um esquema de doutrina conhecido e admitido, e é esse esquema, nem mais nem menos, que nós professamos adotar. A terceira visão do assunto é esta: por sistema de doutrina contido na Confissão deve-se entender as doutrinas essenciais do cristianismo, e nada mais” (ênfase do editor).
I
A primeira, diz Hodge, nunca foi a visão sequer entre os presbiterianos da Velha Escola. Sempre houve liberdade para se afirmar o pensamento de que esta ou aquela palavra (ou frase) não seja a melhor forma de expressar o ensino bíblico. E, com isso, estou de pleno acordo. Para explicar por que, quero citar dois exemplos. (1) No capítulo VII, seção 4, da Confissão de Westminster, lemos que “este pacto da graça é frequentemente apresentado nas Escrituras pelo nome de testamento [...]”. O problema é que, embora tudo o mais nesta afirmação seja verdade, eu não penso que a palavra “frequentemente” seja precisa. Será então que não tenho a liberdade de asseverar esse fato sem que alguém me acuse de discordar da doutrina do pacto? (2) Ou tome a afirmação do capítulo XXI, seção 8, no qual a Confissão explica como o Dia do Senhor deve ser santificado. Aqui somos informados de que os homens não apenas estão obrigados a guardar “durante todo o dia um santo descansos das suas obras, palavras e pensamentos a respeito de seus empregos seculares e de suas recreações, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto [a Deus] [...]”. O meu problema aqui não é discordar da doutrina, mas pensar que esta não seja a melhor forma de afirmá-la. Eu não penso que nós possamos nos envolver com empregos ou recreações “seculares” em qualquer dia da semana mais do que no Dia do Senhor. Penso que, aqui, um termo melhor seria “diários” ou “cotidianos”. O outro termo que eu gostaria de poder ver aperfeiçoado seria a palavra “exercícios”. Essa palavra me parece invocar a ideia de um tipo de espiritualidade mecanizada, como passar o domingo inteiro lendo a Bíblia ou orando. Em alguns momentos, penso, a melhor coisa que eu posso fazer num domingo é tirar um breve cochilo (o que dificilmente poderia ser chamado de um exercício)!
Poderíamos dar outros exemplos. Mas o meu ponto é que o texto da Confissão não é perfeito como o texto inspirado da Bíblia o é. Então, tem de haver o direito de discordar de uma expressão específica aqui e acolá, contanto que a discordância de fato seja com o fraseado, não com as doutrinas.
II
A outra visão à qual Charles Hodge se opôs foi o que se pode chamar de “visão da substância da doutrina”. E, também aqui, estou de pleno acordo com ele. Se há uma coisa que eu aprendi na história recente da igreja, é a devastação que essa perspectiva trouxe sobre as igrejas presbiterianas ao redor do mundo.
Em 1879, a Igreja Presbiteriana Unida na Escócia inventou o que ficou conhecido como Ato Declaratório (ou Resolução Declaratória). Outras igrejas rapidamente seguiram o exemplo (a Igreja Livre em 1892 e a Igreja Presbiteriana na Nova Zelândia (PCNZ) em 1901). Por essa resolução, a PCNZ estabeleceu que “a diversidade de opinião é admitida naqueles pontos da Confissão que não envolvem a substância da fé reformada, sendo da igreja a competência privativa para determinar que pontos se enquadram nessa descrição”. Qualquer que tenha sido a intenção de se adotar esse ato, como observou o Rev. Jack Sawyer, “o notório efeito histórico desse ato foi possibilitar que os concílios da igreja admitissem desvios cada vez mais sérios das proposições doutrinárias expressas na Confissão de Westminster, até o ponto em que a Confissão de Westminster, na verdade, deixou de ter qualquer autoridade vinculante como um padrão subordinado da igreja”.[1]
Como o próprio Dr. Hodge afirmou, “a substância da doutrina não é a doutrina, assim como a substância do homem não é o homem”. Dizer “Eu adoto a Confissão de Fé e os Catecismos desta igreja como contendo o sistema de doutrina ensinado nas Escrituras” é uma coisa. Dizer “Eu adoto a substância do sistema de doutrina contido nos ensinos da Confissão de Fé e dos Catecismos” é outra coisa.
O erro fatal dessa visão é que não existe nenhuma definição do que seja a substância do sistema de doutrina. Nós sabemos o que é o sistema de doutrina, porque ele está claramente (conquanto não perfeitamente) expresso nos Padrões de Westminster. Mas ninguém sabe o que significa falar numa “substância” dessa doutrina.
III
Então, segundo o Dr. Hodge, a única visão aceitável é a adoção da Confissão de Fé e dos Catecismos como contendo o sistema de doutrina ensinado na Bíblia. E, a esse respeito, o Dr. Hodge diz: “o candidato não tem nenhum direito de atribuir o seu próprio sentido às palavras que lhe são propostas. Ele não tem nenhum direito de escolher, de todos os significados possíveis dessas palavras, o sentido particular que se amolde aos seus propósitos, ou aquele que ele acredite poder salvar sua consciência. É bem sabido que esse caminho tem sido abertamente defendido, não apenas pelos jesuítas, mas por homens desta geração, neste país e na Europa. Diz-se que a ‘química do pensamento’ pode tornar iguais todos os credos. Os homens se orgulham em afirmar que poderiam subscrever qualquer símbolo de fé ou credo. Para um homem num balão a terra parece uma planície, perdendo-se de vista, na distância, todas as irregularidades de sua superfície. E eis aqui uma elevação filosófica a partir da qual todas as formas de crença humana parecem indistintas. Elas se sublimam em fórmulas genéricas, as quais incluem tudo e nada distinguem. O Professor Newman, pouco antes de sua apostasia declarada, publicou um tratado no qual defendia seu direito de permanecer na Igreja da Inglaterra, mesmo sustentando as doutrinas da Igreja de Roma. Ele reivindicava subscrever os Trinta e Nove Artigos em um “sentido não-natural”; isto é, no sentido que ele próprio escolhia atribuir às palavras. Isso é uma afronta ao senso comum e à honestidade comum aos homens. Não é preciso arrazoar sobre a matéria. A torpeza de tal princípio é vista com muito mais clareza intuitivamente do que discursivamente”.
“São dois os princípios que, pelo consenso comum de todos os homens honestos, determinam a interpretação de juramentos e profissões de fé: primeiro, o significado natural e histórico das palavras; e, segundo, o animus imponentis, isto é, a intenção da parte que impõe o juramento ou exige a profissão. Portanto, as palavras ‘sistema de doutrina ensinado nas Sagradas Escrituras’ devem ser tomadas em seu sentido natural e histórico. Um homem não tem a liberdade de entender as palavras ‘Sagradas Escrituras’ como significando todos os livros escritos por homens santos, pois, embora tal interpretação possa estar de acordo com a significação das palavras, ela é inconsistente com o sentido histórico da frase. Tampouco ele as pode entender como se incluíssem os apócrifos, como fariam os romanistas, porquanto as palavras usadas por uma igreja protestante devem ser tomadas num sentido protestante. Também não pode o candidato dizer que entende por “sistema de doutrina” o cristianismo em oposição ao islamismo, nem o protestantismo em oposição ao romanismo, nem o evangelicalismo em contraste com a teologia das igrejas reformadas (isto é, calvinistas), porque as palavras usadas por uma igreja reformada devem ser entendidas no sentido que aquela igreja, sabidamente, lhes atribui. Se um homem professa receber a doutrina da Trindade, a palavra deve ser tomada em seu sentido cristão; o candidato não pode substituí-lo por aquela ideia sabeliana de uma trindade modal, nem pela tricotomia filosófica do panteísmo. O mesmo pode ser dito de todas as demais expressões que possuem um significado histórico fixo. Mais uma vez, no que se refere ao animus imponentis, deve-se entender não a mente ou intenção do bispo que ordena, na Igreja Episcopal, nem do presbitério que ordena, na Igreja Presbiteriana; e sim a mente ou intenção da Igreja, da qual o bispo ou presbitério é o órgão ou agente. Ainda que um bispo da Igreja da Inglaterra, simpatizante da doutrina romanista, atribuísse um significado “não-natural” aos Trinta e Nove Artigos, o sacerdote que os subscrevesse em tal sentido não seria inocente do crime de perjúrio moral; e ainda que um presbitério atribuísse um significado totalmente errôneo à Confissão de Westminster, isso não justificaria que um candidato à ordenação adotasse aquele sentido. A Confissão deve ser adotada no sentido da Igreja, a cujo serviço o ministro, em virtude dessa adoção, é recebido. Esses são princípios básicos de honestidade, e nós presumimos que eles são universalmente aceitos, ao menos no que se refere à nossa Igreja”.[2]
A história presbiteriana e reformada demonstra o fato de que não existe salvaguarda absoluta em nenhuma forma de subscrição. Isso não significa que nenhum aperfeiçoamento seja possível. Quando as Igrejas Reformadas da Nova Zelândia adotaram a Confissão de Fé de Westminster ao lado das Três Formas de Unidade, elas também modificaram o texto da fórmula de subscrição. A frase “todos os pontos de doutrina” foi substituída por “todo o sistema de doutrina”. E a minha opinião é que esse foi um modesto aperfeiçoamento. Mas, seja como for, permanece o fato de que nada protegerá a igreja do erro senão a diligência da parte daqueles que administram esse juramento.
Em outras palavras, os homens que já são ministros e presbíteros regentes devem ser diligentes e zelosos ao examinarem outros homens que aspirem aos ofícios bíblicos. Eles devem fazer isso a fim de descobrir, com a maior clareza possível, o que tais homens de fato querem dizer ao afirmar que sinceramente recebem e adotam a Confissão de Fé e os Catecismos como expressões fiéis (conquanto não infalíveis) do ensino bíblico. Na minha opinião, é isso – mais do que tudo – que tem permitido à Igreja Presbiteriana Ortodoxa continuar alinhada com aqueles homens que tanto sacrificaram, em 1936, por crerem nessas doutrinas.
Nós, como oficiais da OPC, precisamos ser homens de integridade. Precisamos examinar nossos próprios corações diante do Senhor, a fim de nos certificarmos de que somos fieis a nossos compromissos. E um desses compromissos é o dever de verificar se aqueles a quem ordenamos dão evidências convincentes de sua plena concordância com o sistema de doutrina contido nos Padrões de Westminster.
NOTAS:
[1] D. G. Vanderpyyl, Trust and Obey: A forty year history of the Reformed Churches of New Zealand, p. 453.
[2] Todas as citações de Hodge são da sua obra Church Polity, recentemente republicada por Westminster Discount Books of Scarsdale, N.Y..
“… o credo é o vínculo de comunhão... e um instrumento para a preservação tanto da pureza como da paz. Os que subscrevem ao credo se obrigam a devotar-se ao seu ensino, ao mesmo tempo em que desfrutam dos privilégios decorrentes daquela subscrição e da comunhão que ela promove. Eles devem renunciar tais privilégios tão logo não sejam mais capazes de confessar os princípios expressos no credo.” (John Murray)
Tradução: Pb. Vinícius Silva Pimentel
Revisão Rev. Ewerton B. Tokashiki
O labor teológico de quem se preocupa em oferecer a sistematização e aplicabilidade das Escrituras para a proclamação do Reino de Deus
30 dezembro 2017
O que significa subscrever os Padrões de Westminster?
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
28 dezembro 2017
O que é Escolasticismo Reformado?
por Willem J. Van Asselt
Por que Escolasticismo Reformado?
Este livro é uma introdução ao método teológico conhecido, geralmente, como Escolasticismo Reformado. Esta reflexão e exposição sobre as doutrinas da Igreja cristã é considerada forçada na maioria das vezes, fazendo vir à mente imagens de teólogos rígidos do século XVII que, após Calvino, colocaram a mensagem cristã em formas aristotélicas, de modo que nada da mensagem pura e original que os reformadores tivessem lhes passado ainda existisse. Os estudantes da Divindade foram enviados às igrejas com um sistema morto e inflexível usado para punir a congregação a partir do púlpito a cada domingo. O resultado foi uma fé fatiada e seca, desprovida de uma vida e de uma teologia, direcionadas para um caminho de morte ou, ainda pior, presas nas garras do racionalismo.
Os escritores deste livro acreditam que essa imagem se baseia em uma gama de desentendimentos históricos e sistemáticos. Em primeiro lugar, o escolasticismo não era algo praticado somente por teólogos reformados “rígidos”; autores luteranos e católicos também se usaram amplamente desse método depois da Reforma. Desse modo, o escolasticismo era uma atividade ecumênica. Em segundo lugar, o escolasticismo não era utilizado somente no século XVII. Toda a Igreja ocidental havia criado uma teologia escolástica desde o século XI. Uma aproximação escolástica também era aplicada em outras disciplinas acadêmicas. O termo “escolasticismo”, portanto, não deveria estar tão associado assim com o conteúdo, mas sim com o método, uma forma acadêmica de argumentação e disputa.
Tudo isso, de forma alguma, significa a única visão sobre o escolasticismo. A nossa perspectiva positiva é combatida por aqueles que argumentam que afirmações de fé não devem tolerar qualquer tipo de método escolástico de pensamento, ou de que o escolasticismo envolve uma distorção racionalista do testemunho bíblico. Outros ponderam sobre como o escolasticismo se relaciona aos reformadores. Será que eles não tinham rompido com o escolasticismo? E quanto aos seus seguidores que, uma vez mais, bebiam dos escritores medievais? Será que isso não era simplesmente um retorno às “trevas” da Idade Média? Outros questionam o valor do escolasticismo para o presente. Será que não estaríamos lidando apenas com uma relíquia do passado, ou será que poderia ajudar a se navegar pelo emaranhado de diversos impasses teológicos e ecumênicos? Essas são questões que serão tratadas neste livro. Esta introdução, assim, se resume às questões de continuidade e descontinuidade. Será que houve um rompimento radical entre a mensagem dos reformadores e a teologia da Idade Média? E será que a teologia da ortodoxia protestante teria sido, então, uma traição da mensagem original da Reforma? Ao se cuidar desses assuntos, este livro abre caminho para os dois lados do debate. Sem saltar para as conclusões do nosso estudo, queremos tocar no motivo de consideramos o estudo do escolasticismo reformado ser muito importante: primeiramente, a universalidade do escolasticismo reformado; em segundo lugar, o seu sentido histórico-teológico e, finalmente, a sua relevância teológica- sistemática. Pela universalidade do escolasticismo reformado, nós queremos dizer que aqueles que o praticaram buscaram, de forma explícita, permanecer dentro da tradição de toda a Igreja. Eles não tinham pretensão alguma de promover uma originalidade ou de desenvolverem uma “verdadeira doutrina”. Como estudantes dos reformadores, eles queriam desenvolver uma teologia na qual houvesse uma vasta reflexão sobre o âmago do Evangelho, com todas as suas implicações. Eles se colocaram em linha com a teologia de todos os tempos, e se engajaram em uma reflexão teológica “juntos com todos os santos”. Eles não olharam somente para o passado, mas também para o futuro. Os escolásticos reformados pretenderam contribuir para a existência contínua da Igreja no futuro. É necessário prestar atenção ao escolasticismo reformado a partir de uma perspectiva histórica-teológica, conforme o interesse tem apenas recentemente sido mostrado na história da teologia reformada de depois da época da Reforma. Diferentes abordagens podem ser tomadas, tanto históricas, como sistemáticas.
A tarefa do historiador é a de mergulhar em autores e em seus respectivos escritos em termos do relacionamento que eles tiveram com eventos anteriores, contemporâneos ou posteriores. A análise e a avaliação do conteúdo e da intenção, como também da coerência de vários pontos de doutrina, são mais sistemáticos em sua natureza. Os autores desta introdução creem que uma combinação dessas duas abordagens é algo desejável, e, diversas vezes, até mesmo necessário. Esse período na história do protestantismo reformado conecta a teologia reformada do presente com a da Reforma e com a teologia de todos os tempos. Finalmente, estamos convencidos de que a teologia sistemática atual é aprimorada por um conhecimento profundo da teologia desse período. Nós mencionamos três importantes fatores: primeiro, a tentativa de unir a teologia sistematicamente com a prática de fé, por ser o mais importante de tudo como, por exemplo, na reforma posterior holandesa (Nadere Reformatie). Segundo, nós apontamos a qualidade argumentativa da teologia reformada. Como veremos, os teólogos orientados de modo sistemático colocavam ênfase grande na argumentação sistemática e ordenada, e tinham como alvo uma definição clara dos termos que utilizavam. Com grande cuidado, eles explicavam em suas teses os termos que eles usavam e percebiam os diversos significados que um único termo poderia ter. Os escolásticos reformados não se limitavam à apenas um aspecto da teologia, mas viam cada parte em relação ao todo. Respostas para uma única questão não poderiam conflitar com as de outra. O que era argumentado em conexão com a doutrina de Deus não poderia conflitar com o que já havia sido exposto para a doutrina da Providência. Terceiro, a teologia escolástica era praticada em conexão íntima com outras disciplinas, tais como filologia, exegese, filosofia e assim por diante. As posições tomadas neste contexto eram exaustivamente defendidas. Não bastava simplesmente que se reproduzisse a visão de uma outra pessoa. Era dado espaço para contra-argumentações e objeções. Isso era um reconhecimento explícito ou implícito de que diferentes métodos poderiam ser seguidos para se explicar diferentes pontos teológicos de doutrina. A teologia escolástica não era nem uma roupagem rígida de doutrina, tampouco uma caça às bruxas de heresias, mas sim apontando para a análise da posição de alguém, assim como para as de outros e clarificando as consequências de um determinado ponto de vista. Esses três fatores – prática de fé, qualidade argumentativa e relacionamento com outras disciplinas – podem, da mesma maneira, serem proveitosas para a prática da teologia sistemática nos dias atuais.
[Acesse o TEXTO COMPLETO AQUI]
Por que Escolasticismo Reformado?
Este livro é uma introdução ao método teológico conhecido, geralmente, como Escolasticismo Reformado. Esta reflexão e exposição sobre as doutrinas da Igreja cristã é considerada forçada na maioria das vezes, fazendo vir à mente imagens de teólogos rígidos do século XVII que, após Calvino, colocaram a mensagem cristã em formas aristotélicas, de modo que nada da mensagem pura e original que os reformadores tivessem lhes passado ainda existisse. Os estudantes da Divindade foram enviados às igrejas com um sistema morto e inflexível usado para punir a congregação a partir do púlpito a cada domingo. O resultado foi uma fé fatiada e seca, desprovida de uma vida e de uma teologia, direcionadas para um caminho de morte ou, ainda pior, presas nas garras do racionalismo.
Os escritores deste livro acreditam que essa imagem se baseia em uma gama de desentendimentos históricos e sistemáticos. Em primeiro lugar, o escolasticismo não era algo praticado somente por teólogos reformados “rígidos”; autores luteranos e católicos também se usaram amplamente desse método depois da Reforma. Desse modo, o escolasticismo era uma atividade ecumênica. Em segundo lugar, o escolasticismo não era utilizado somente no século XVII. Toda a Igreja ocidental havia criado uma teologia escolástica desde o século XI. Uma aproximação escolástica também era aplicada em outras disciplinas acadêmicas. O termo “escolasticismo”, portanto, não deveria estar tão associado assim com o conteúdo, mas sim com o método, uma forma acadêmica de argumentação e disputa.
Tudo isso, de forma alguma, significa a única visão sobre o escolasticismo. A nossa perspectiva positiva é combatida por aqueles que argumentam que afirmações de fé não devem tolerar qualquer tipo de método escolástico de pensamento, ou de que o escolasticismo envolve uma distorção racionalista do testemunho bíblico. Outros ponderam sobre como o escolasticismo se relaciona aos reformadores. Será que eles não tinham rompido com o escolasticismo? E quanto aos seus seguidores que, uma vez mais, bebiam dos escritores medievais? Será que isso não era simplesmente um retorno às “trevas” da Idade Média? Outros questionam o valor do escolasticismo para o presente. Será que não estaríamos lidando apenas com uma relíquia do passado, ou será que poderia ajudar a se navegar pelo emaranhado de diversos impasses teológicos e ecumênicos? Essas são questões que serão tratadas neste livro. Esta introdução, assim, se resume às questões de continuidade e descontinuidade. Será que houve um rompimento radical entre a mensagem dos reformadores e a teologia da Idade Média? E será que a teologia da ortodoxia protestante teria sido, então, uma traição da mensagem original da Reforma? Ao se cuidar desses assuntos, este livro abre caminho para os dois lados do debate. Sem saltar para as conclusões do nosso estudo, queremos tocar no motivo de consideramos o estudo do escolasticismo reformado ser muito importante: primeiramente, a universalidade do escolasticismo reformado; em segundo lugar, o seu sentido histórico-teológico e, finalmente, a sua relevância teológica- sistemática. Pela universalidade do escolasticismo reformado, nós queremos dizer que aqueles que o praticaram buscaram, de forma explícita, permanecer dentro da tradição de toda a Igreja. Eles não tinham pretensão alguma de promover uma originalidade ou de desenvolverem uma “verdadeira doutrina”. Como estudantes dos reformadores, eles queriam desenvolver uma teologia na qual houvesse uma vasta reflexão sobre o âmago do Evangelho, com todas as suas implicações. Eles se colocaram em linha com a teologia de todos os tempos, e se engajaram em uma reflexão teológica “juntos com todos os santos”. Eles não olharam somente para o passado, mas também para o futuro. Os escolásticos reformados pretenderam contribuir para a existência contínua da Igreja no futuro. É necessário prestar atenção ao escolasticismo reformado a partir de uma perspectiva histórica-teológica, conforme o interesse tem apenas recentemente sido mostrado na história da teologia reformada de depois da época da Reforma. Diferentes abordagens podem ser tomadas, tanto históricas, como sistemáticas.
A tarefa do historiador é a de mergulhar em autores e em seus respectivos escritos em termos do relacionamento que eles tiveram com eventos anteriores, contemporâneos ou posteriores. A análise e a avaliação do conteúdo e da intenção, como também da coerência de vários pontos de doutrina, são mais sistemáticos em sua natureza. Os autores desta introdução creem que uma combinação dessas duas abordagens é algo desejável, e, diversas vezes, até mesmo necessário. Esse período na história do protestantismo reformado conecta a teologia reformada do presente com a da Reforma e com a teologia de todos os tempos. Finalmente, estamos convencidos de que a teologia sistemática atual é aprimorada por um conhecimento profundo da teologia desse período. Nós mencionamos três importantes fatores: primeiro, a tentativa de unir a teologia sistematicamente com a prática de fé, por ser o mais importante de tudo como, por exemplo, na reforma posterior holandesa (Nadere Reformatie). Segundo, nós apontamos a qualidade argumentativa da teologia reformada. Como veremos, os teólogos orientados de modo sistemático colocavam ênfase grande na argumentação sistemática e ordenada, e tinham como alvo uma definição clara dos termos que utilizavam. Com grande cuidado, eles explicavam em suas teses os termos que eles usavam e percebiam os diversos significados que um único termo poderia ter. Os escolásticos reformados não se limitavam à apenas um aspecto da teologia, mas viam cada parte em relação ao todo. Respostas para uma única questão não poderiam conflitar com as de outra. O que era argumentado em conexão com a doutrina de Deus não poderia conflitar com o que já havia sido exposto para a doutrina da Providência. Terceiro, a teologia escolástica era praticada em conexão íntima com outras disciplinas, tais como filologia, exegese, filosofia e assim por diante. As posições tomadas neste contexto eram exaustivamente defendidas. Não bastava simplesmente que se reproduzisse a visão de uma outra pessoa. Era dado espaço para contra-argumentações e objeções. Isso era um reconhecimento explícito ou implícito de que diferentes métodos poderiam ser seguidos para se explicar diferentes pontos teológicos de doutrina. A teologia escolástica não era nem uma roupagem rígida de doutrina, tampouco uma caça às bruxas de heresias, mas sim apontando para a análise da posição de alguém, assim como para as de outros e clarificando as consequências de um determinado ponto de vista. Esses três fatores – prática de fé, qualidade argumentativa e relacionamento com outras disciplinas – podem, da mesma maneira, serem proveitosas para a prática da teologia sistemática nos dias atuais.
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Teologia Reformada
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
05 dezembro 2017
Resenha de Synopsis Purioris Theologiae
por Dr. Ryan M. McGraw
Esta tradução apresenta um texto da ortodoxia reformada historicamente importante para o mundo de língua inglesa. Quatro professores da Universidade de Leiden (Walaeus, Polyander, Thysius e Rivetus) produziram esse texto em 1625 para apresentar uma alternativa "mais pura" em relação à teologia dos arminiano, recentemente expulsa daquela instituição. Este volume atual é o primeiro de três volumes planejados, que incluem o texto paralelo em latim e em inglês. Como este texto permaneceu importante no mundo reformado por pelo menos até o final do século XIX, estudantes modernos de teologia reformada deveriam usá-lo como meio de conectá-los ao histórico ensino reformado.
Este trabalho possui muitas qualidades úteis. É inerentemente importante como um resumo da teologia reformada daquele período. Hoje em dia, os estudantes de teologia começam a surpreender ao saber que a maioria dos autores reformados no passado escreveram as suas principais obras teológicas em latim. Isso significa que muitos leitores modernos são limitados do que é, indiscutivelmente, o período mais significativo no desenvolvimento da teologia reformada. Algumas seções na sinopse, como a Disputa vinte e um acerca do Sábado, expressam debates em grande parte de questões entre os holandeses. No entanto, a maioria dos capítulos ajudará os leitores a compreenderem melhor a substância e a estrutura da ortodoxia reformada a partir da doutrina do conhecimento de Deus e da Escritura, através da criação, do homem e do pecado, às relações e diferenças entre o Antigo e o Novo Testamento. As notas de rodapé dispostas ao longo deste volume também ajudarão muitos leitores a entender melhores referências as filosóficas, teológicas e históricas no texto original.
O Leiden Synopsis, no entanto, tem algumas deficiências surpreendentes. Muitas discussões estão incompletas ou qualificadas de forma inadequada. Por exemplo, Thysius mencionou, mas largamente omitiu, a suficiência da Escritura em seu tratamento da perfeição das Escrituras, a favor de combater a visão papal da tradição não escrita (107). As definições de teologia, que ocuparam um lugar tão proeminente em outros sistemas na época, são declaradas e aprovadas nas primeiras páginas do livro, a fim de desenvolver a doutrina das Escrituras com mais rapidez. O pecado é descrito como a ausência do bem sem a realidade metafísica. No entanto, este ponto pode enganar os leitores sem explicar que os autores reformados geralmente tratavam o pecado como uma ação direcionada a uma extremidade errada em vez de não ser. Outros tópicos, como artigos fundamentais, os decretos de Deus (subordinados e renomeados sob a providência), e a aliança de redenção, são omitidos inteiramente. A teologia da aliança vem diretamente na Disputa vinte e três, que aborda a relação entre o Antigo e o Novo Testamento. A terminologia não é explicada o suficiente para ser uma boa fonte para entender as nuanças do desenvolvimento reformado da aliança. Muitos tratamentos doutrinários nesta obra são muito breves para ajudar os leitores modernos a entender a teologia que está por trás dessas declarações. Várias posições são simplesmente declaradas sem argumentação da Escritura. Esses pontos, surpreendentemente, contrastam com o mais curto Compendium Christianae Theologiae do mesmo período de tempo de Johannes Wollebius.
O Synopsis Purioris Theologiae[1] é um trabalho, historicamente, muito importante da teologia reformada. Embora seja um texto de leitura obrigatória daquele período, provavelmente, não será o melhor ponto de partida para os leitores novatos em ler fontes primárias na ortodoxia reformada. É uma sinopse de uma tradição teológica mais ampla. O seu principal valor consiste em ensinar aos leitores quais as perguntas a foram feitas e onde procurar a expansão teológica em outras publicações reformadas.
Ryan M. McGraw
Greenville Presbyterian Theological Seminary
Te Velde, Dolf (ed.). et al. Synopsis Purioris Theologiae / Synopsis of a Purer Theology: Latin Text and English Translation. Vol. 1, Disputations 1-23. Translated by Riemer A. Faber. Studies in Medieval and Reformation Traditions 187; Text and Sources, 5. Leiden: Brill, 2014.
NOTAS:
[1] O título original é Synopsis purioris theologiae: disputationibus quinquaginta duabus comprehensa ac conscripta per Johannem Polyandrum, Andream Rivetum, Antonium Walaeum, Antonium Thysium, S. S. theologiae doctores et professores in Academia Leidensi.
Esta tradução apresenta um texto da ortodoxia reformada historicamente importante para o mundo de língua inglesa. Quatro professores da Universidade de Leiden (Walaeus, Polyander, Thysius e Rivetus) produziram esse texto em 1625 para apresentar uma alternativa "mais pura" em relação à teologia dos arminiano, recentemente expulsa daquela instituição. Este volume atual é o primeiro de três volumes planejados, que incluem o texto paralelo em latim e em inglês. Como este texto permaneceu importante no mundo reformado por pelo menos até o final do século XIX, estudantes modernos de teologia reformada deveriam usá-lo como meio de conectá-los ao histórico ensino reformado.
Este trabalho possui muitas qualidades úteis. É inerentemente importante como um resumo da teologia reformada daquele período. Hoje em dia, os estudantes de teologia começam a surpreender ao saber que a maioria dos autores reformados no passado escreveram as suas principais obras teológicas em latim. Isso significa que muitos leitores modernos são limitados do que é, indiscutivelmente, o período mais significativo no desenvolvimento da teologia reformada. Algumas seções na sinopse, como a Disputa vinte e um acerca do Sábado, expressam debates em grande parte de questões entre os holandeses. No entanto, a maioria dos capítulos ajudará os leitores a compreenderem melhor a substância e a estrutura da ortodoxia reformada a partir da doutrina do conhecimento de Deus e da Escritura, através da criação, do homem e do pecado, às relações e diferenças entre o Antigo e o Novo Testamento. As notas de rodapé dispostas ao longo deste volume também ajudarão muitos leitores a entender melhores referências as filosóficas, teológicas e históricas no texto original.
O Leiden Synopsis, no entanto, tem algumas deficiências surpreendentes. Muitas discussões estão incompletas ou qualificadas de forma inadequada. Por exemplo, Thysius mencionou, mas largamente omitiu, a suficiência da Escritura em seu tratamento da perfeição das Escrituras, a favor de combater a visão papal da tradição não escrita (107). As definições de teologia, que ocuparam um lugar tão proeminente em outros sistemas na época, são declaradas e aprovadas nas primeiras páginas do livro, a fim de desenvolver a doutrina das Escrituras com mais rapidez. O pecado é descrito como a ausência do bem sem a realidade metafísica. No entanto, este ponto pode enganar os leitores sem explicar que os autores reformados geralmente tratavam o pecado como uma ação direcionada a uma extremidade errada em vez de não ser. Outros tópicos, como artigos fundamentais, os decretos de Deus (subordinados e renomeados sob a providência), e a aliança de redenção, são omitidos inteiramente. A teologia da aliança vem diretamente na Disputa vinte e três, que aborda a relação entre o Antigo e o Novo Testamento. A terminologia não é explicada o suficiente para ser uma boa fonte para entender as nuanças do desenvolvimento reformado da aliança. Muitos tratamentos doutrinários nesta obra são muito breves para ajudar os leitores modernos a entender a teologia que está por trás dessas declarações. Várias posições são simplesmente declaradas sem argumentação da Escritura. Esses pontos, surpreendentemente, contrastam com o mais curto Compendium Christianae Theologiae do mesmo período de tempo de Johannes Wollebius.
O Synopsis Purioris Theologiae[1] é um trabalho, historicamente, muito importante da teologia reformada. Embora seja um texto de leitura obrigatória daquele período, provavelmente, não será o melhor ponto de partida para os leitores novatos em ler fontes primárias na ortodoxia reformada. É uma sinopse de uma tradição teológica mais ampla. O seu principal valor consiste em ensinar aos leitores quais as perguntas a foram feitas e onde procurar a expansão teológica em outras publicações reformadas.
Ryan M. McGraw
Greenville Presbyterian Theological Seminary
Te Velde, Dolf (ed.). et al. Synopsis Purioris Theologiae / Synopsis of a Purer Theology: Latin Text and English Translation. Vol. 1, Disputations 1-23. Translated by Riemer A. Faber. Studies in Medieval and Reformation Traditions 187; Text and Sources, 5. Leiden: Brill, 2014.
NOTAS:
[1] O título original é Synopsis purioris theologiae: disputationibus quinquaginta duabus comprehensa ac conscripta per Johannem Polyandrum, Andream Rivetum, Antonium Walaeum, Antonium Thysium, S. S. theologiae doctores et professores in Academia Leidensi.
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
04 dezembro 2017
Arquivo de textos de teologia reformada
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Boa leitura.
Pr Ewerton B. Tokashiki
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Boa leitura.
Pr Ewerton B. Tokashiki
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
24 novembro 2017
Remédios preciosos contra as artimanhas do Diabo - Capítulo 2
Por Thomas Brooks
Originalmente publicado em 1652 na Inglaterra
Neste capítulo trataremos de duas formas como Satanás procura desviar o crente para o pecado. Uma maneira é tornando-o muito atraente e outra é persuadindo aos crentes de que os seus pecados são pequenos e sem importância.
Primeiro, o diabo engana aos crentes fazendo do pecado algo atrativo, natural e de aparência normal e aceitável. O pecado quase sempre se disfarça com esta aparência. Talvez muitos crentes se apeguem demasiadamente em sua própria aparência, suas roupas, seus pertences, em sua reputação. O diabo lhes diz que isto não é orgulho, que é algo normal, que todos fazem isto. Talvez alguns crentes são cobiçosos e Satanás lhes sussurrará que isto é justo, que é normal, que consigam e atesourem tudo o que puderem, afinal, todo mundo o faz. Talvez uma pessoa tenha a tentação de beber. Então o diabo lhe dirá que não é pecado embriagar-se. Simplesmente lhes dirá que é uma diversão saudável, uma forma de convivência e de ser amistoso com os demais. Depois lhes dirá que merecem e fará com que o vício lhe pareça muito atrativo, acrescentando-lhes uma posição social, um prestígio, lindas mulheres, prosperidade, simpatia, etc.
Quando Satanás se dedica a seduzir-nos desta forma, então temos que recordar de quatro fatos importantes:
Primeiro, o pecado não é menos vil e abominável quando é apresentado numa forma mais atraente. O diabo gosta de esconder a verdade acerca do pecado. O Novo Testamento diz que o diabo pode transfigurar-se num anjo de luz (2 Co 11.14) que o lobo pode se disfarçar com pele de ovelha. Mas Satanás e o pecado continuarão sendo “Satanás e o pecado”; não importa como se disfarcem.
Segundo, quanto mais atrativo se apresenta o pecado, resulta em maior perigo. O veneno mais perigoso se encontra, frequentemente, nas flores mais bonitas. A roupa mais cara, em geral, é usada para cobrir os corpos mais indignos e o corpo mais perfeito cobre a alma mais vil. Do mesmo modo, os nomes mais sofisticados e os títulos mais elevados são usados para falar dos vícios mais horríveis e dos pecados mais abomináveis.
Terceiro, é necessário que vejamos o pecado tal como o veremos no dia do juízo. Nesse dia todos verão a verdadeira face do pecado. Quando todos os povos estiverem reunidos diante do Grande Juiz do universo, então apreciarão a pecaminosidade do pecado. Nesse momento o pecado será desmascarado e será despojado de sua atrativa vestimenta; aparecerá mais sujo e mais desprezível que o próprio inferno. O que antes parecia formoso e atraente, se manifestará feio e repugnante. A Bíblia descreve o pecado comparando-o com várias coisas: o vômito de um cão, uma ferida apodrecida, a lepra, o esterco, a espuma do mar, etc. Também compara os pecadores com os porcos que se revolvem no lodo, bestas embrutecidas, animais irracionais (cabras, cães, bois), agitadas ondas do mar, estrelas errantes, árvores desarraigadas, etc. É necessário ver o pecado tal como o veremos no dia da morte. A consciência pode estar adormecida por um longo tempo, mas no dia da morte e do juízo se despertará e nos mostrará o dano e amargura do pecado. Então devemos aprender a ver o pecado não como é apresentado pelo diabo, senão como o veremos na eternidade.
Quarto, os pecados que parecem mais atrativos provocaram a morte de nosso Senhor Jesus Cristo. Somente podemos avaliar o pecado à luz da crucificação de Cristo. Devemos ver a Cristo em sua paixão e sofrimento pelo pecado: afligido, chicoteado, ferido, humilhado, angustiado, suando grandes gotas de sangue, seu corpo desfigurado, seu sangue derramado, o Juiz do universo condenado, o Senhor de vida morto, sua cabeça que levava a coroa de glória, coroada de espinhos. Seus ouvidos que recebiam o louvor celestial, agora recebem o desprezo e as blasfêmias da multidão. O rosto mais formoso dos filhos dos homens é cuspido e desfigurado. As mãos que sustentavam o cetro agora são cravadas numa cruz. Tudo isso foi originado pelos pecados que o diabo procura apresentar de modo tão atrativo. Quando os crentes veem a Cristo sofrendo e morrendo pelo pecado, percebem o quão mau ele é, e eles lhe viram as costas e lutam contra ele. Outra maneira como Satanás seduz os crentes ao pecado é dizer-lhes que os seus pecados são “pecadinhos”, ou seja, que seus pecados são pequenos e sem importância. Quando Satanás age assim, quer que os crentes passem desapercebidos de certos pecados e que se acostumem com eles. Ele intenciona que classifiquem os seus próprios pecados como ínfimos em comparação com os pecados dos demais. Deseja que os crentes pensem do pecado como se houvessem apenas pecados grandes e escandalosos, para que evitem apenas estes últimos.
O primeiro remédio contra essa tática é percebermos que os pecados que parecem pequenos atraem a ira de Deus. Mesmo o menor pecado é uma transgressão contra a santa lei de Deus. Os pecados que parecem “pequenos” são ofensas contra a glória e a bondade de Deus. Um único pecado arruinou toda a raça humana. Por pecados que aos homens parecem pequenos, Deus derramou o inferno sobre Sodoma e Gomorra.
Segundo, os pecados pequenos inevitavelmente conduzem a pecados maiores. O pecado se contamina a vida pouco a pouco. Os que continuam vivendo em pecados pequenos, terminarão vivendo completamente em pecado. Quando cometemos um único pecado, nunca saberemos até que ponto nos levará. O rei David começou desejando a Bate-Seba e terminou adulterando e assassinando a Urias, o heteu, seu marido. Os que começam com pequenos pecados não podem deter-se, e normalmente terminam em grandes pecados.
Terceiro, é algo triste afastar-se de Deus devido a um pecado pequeno. Podemos dizer que por menor força seja a tentação, maior é o pecado; os pecados menores deveriam ser os mais fáceis de se evitar. Quando alguém é tentado numa coisa pequena e cede, demonstra o quão mau é. Indica que prefere gozar um poco do pecado, do que se satisfazer em Deus. Quando nos desgostamos com um amigo acerca de uma coisa pequena, isto demonstra nossa necessidade e nossa falta de humildade. Do mesmo modo é tolice e perversidade pecar contra Deus e afastar-nos dele por causa de um pecado pequeno.
Quarto, frequentemente há um perigo enorme no pecado menor. Os pecados pequenos podem influenciar-nos por longos períodos de tempo até que nos causem muitos danos. Um pequeno furo num barco permite a passagem da água até que finalmente o afunde. Assim, um pequeno pecado pode afetar-nos paulatinamente até arruinar a nossa vida.
Quinto, ao longo da história sabemos que os crentes escolheram sofrer os piores tormentos do que participar dos pecados pequenos. Daniel e seus amigos puderam pecar facilmente, mas estavam dispostos a sofrer. De igual forma muitos crentes sofrem por se negarem a participar da idolatria, do mundanismo, dos erros doutrinários, etc.
Finalmente, quando Deus mostra aos homens quão poderoso é o pequeno pecado, não poderão manter-se de pé diante da culpa do menor deles. Os egípcios consideravam a praga das moscas como o “dedo de Deus”. E mesmo sendo criaturas pequenas se tornaram poderosas quando foram usadas por Deus para juízo. Então, quando Deus mostra aos crentes o mal e o grande poder dos pecados pequenos, não poderão pensar superficialmente neles.
Originalmente publicado em 1652 na Inglaterra
Neste capítulo trataremos de duas formas como Satanás procura desviar o crente para o pecado. Uma maneira é tornando-o muito atraente e outra é persuadindo aos crentes de que os seus pecados são pequenos e sem importância.
Primeiro, o diabo engana aos crentes fazendo do pecado algo atrativo, natural e de aparência normal e aceitável. O pecado quase sempre se disfarça com esta aparência. Talvez muitos crentes se apeguem demasiadamente em sua própria aparência, suas roupas, seus pertences, em sua reputação. O diabo lhes diz que isto não é orgulho, que é algo normal, que todos fazem isto. Talvez alguns crentes são cobiçosos e Satanás lhes sussurrará que isto é justo, que é normal, que consigam e atesourem tudo o que puderem, afinal, todo mundo o faz. Talvez uma pessoa tenha a tentação de beber. Então o diabo lhe dirá que não é pecado embriagar-se. Simplesmente lhes dirá que é uma diversão saudável, uma forma de convivência e de ser amistoso com os demais. Depois lhes dirá que merecem e fará com que o vício lhe pareça muito atrativo, acrescentando-lhes uma posição social, um prestígio, lindas mulheres, prosperidade, simpatia, etc.
Quando Satanás se dedica a seduzir-nos desta forma, então temos que recordar de quatro fatos importantes:
Primeiro, o pecado não é menos vil e abominável quando é apresentado numa forma mais atraente. O diabo gosta de esconder a verdade acerca do pecado. O Novo Testamento diz que o diabo pode transfigurar-se num anjo de luz (2 Co 11.14) que o lobo pode se disfarçar com pele de ovelha. Mas Satanás e o pecado continuarão sendo “Satanás e o pecado”; não importa como se disfarcem.
Segundo, quanto mais atrativo se apresenta o pecado, resulta em maior perigo. O veneno mais perigoso se encontra, frequentemente, nas flores mais bonitas. A roupa mais cara, em geral, é usada para cobrir os corpos mais indignos e o corpo mais perfeito cobre a alma mais vil. Do mesmo modo, os nomes mais sofisticados e os títulos mais elevados são usados para falar dos vícios mais horríveis e dos pecados mais abomináveis.
Terceiro, é necessário que vejamos o pecado tal como o veremos no dia do juízo. Nesse dia todos verão a verdadeira face do pecado. Quando todos os povos estiverem reunidos diante do Grande Juiz do universo, então apreciarão a pecaminosidade do pecado. Nesse momento o pecado será desmascarado e será despojado de sua atrativa vestimenta; aparecerá mais sujo e mais desprezível que o próprio inferno. O que antes parecia formoso e atraente, se manifestará feio e repugnante. A Bíblia descreve o pecado comparando-o com várias coisas: o vômito de um cão, uma ferida apodrecida, a lepra, o esterco, a espuma do mar, etc. Também compara os pecadores com os porcos que se revolvem no lodo, bestas embrutecidas, animais irracionais (cabras, cães, bois), agitadas ondas do mar, estrelas errantes, árvores desarraigadas, etc. É necessário ver o pecado tal como o veremos no dia da morte. A consciência pode estar adormecida por um longo tempo, mas no dia da morte e do juízo se despertará e nos mostrará o dano e amargura do pecado. Então devemos aprender a ver o pecado não como é apresentado pelo diabo, senão como o veremos na eternidade.
Quarto, os pecados que parecem mais atrativos provocaram a morte de nosso Senhor Jesus Cristo. Somente podemos avaliar o pecado à luz da crucificação de Cristo. Devemos ver a Cristo em sua paixão e sofrimento pelo pecado: afligido, chicoteado, ferido, humilhado, angustiado, suando grandes gotas de sangue, seu corpo desfigurado, seu sangue derramado, o Juiz do universo condenado, o Senhor de vida morto, sua cabeça que levava a coroa de glória, coroada de espinhos. Seus ouvidos que recebiam o louvor celestial, agora recebem o desprezo e as blasfêmias da multidão. O rosto mais formoso dos filhos dos homens é cuspido e desfigurado. As mãos que sustentavam o cetro agora são cravadas numa cruz. Tudo isso foi originado pelos pecados que o diabo procura apresentar de modo tão atrativo. Quando os crentes veem a Cristo sofrendo e morrendo pelo pecado, percebem o quão mau ele é, e eles lhe viram as costas e lutam contra ele. Outra maneira como Satanás seduz os crentes ao pecado é dizer-lhes que os seus pecados são “pecadinhos”, ou seja, que seus pecados são pequenos e sem importância. Quando Satanás age assim, quer que os crentes passem desapercebidos de certos pecados e que se acostumem com eles. Ele intenciona que classifiquem os seus próprios pecados como ínfimos em comparação com os pecados dos demais. Deseja que os crentes pensem do pecado como se houvessem apenas pecados grandes e escandalosos, para que evitem apenas estes últimos.
O primeiro remédio contra essa tática é percebermos que os pecados que parecem pequenos atraem a ira de Deus. Mesmo o menor pecado é uma transgressão contra a santa lei de Deus. Os pecados que parecem “pequenos” são ofensas contra a glória e a bondade de Deus. Um único pecado arruinou toda a raça humana. Por pecados que aos homens parecem pequenos, Deus derramou o inferno sobre Sodoma e Gomorra.
Segundo, os pecados pequenos inevitavelmente conduzem a pecados maiores. O pecado se contamina a vida pouco a pouco. Os que continuam vivendo em pecados pequenos, terminarão vivendo completamente em pecado. Quando cometemos um único pecado, nunca saberemos até que ponto nos levará. O rei David começou desejando a Bate-Seba e terminou adulterando e assassinando a Urias, o heteu, seu marido. Os que começam com pequenos pecados não podem deter-se, e normalmente terminam em grandes pecados.
Terceiro, é algo triste afastar-se de Deus devido a um pecado pequeno. Podemos dizer que por menor força seja a tentação, maior é o pecado; os pecados menores deveriam ser os mais fáceis de se evitar. Quando alguém é tentado numa coisa pequena e cede, demonstra o quão mau é. Indica que prefere gozar um poco do pecado, do que se satisfazer em Deus. Quando nos desgostamos com um amigo acerca de uma coisa pequena, isto demonstra nossa necessidade e nossa falta de humildade. Do mesmo modo é tolice e perversidade pecar contra Deus e afastar-nos dele por causa de um pecado pequeno.
Quarto, frequentemente há um perigo enorme no pecado menor. Os pecados pequenos podem influenciar-nos por longos períodos de tempo até que nos causem muitos danos. Um pequeno furo num barco permite a passagem da água até que finalmente o afunde. Assim, um pequeno pecado pode afetar-nos paulatinamente até arruinar a nossa vida.
Quinto, ao longo da história sabemos que os crentes escolheram sofrer os piores tormentos do que participar dos pecados pequenos. Daniel e seus amigos puderam pecar facilmente, mas estavam dispostos a sofrer. De igual forma muitos crentes sofrem por se negarem a participar da idolatria, do mundanismo, dos erros doutrinários, etc.
Finalmente, quando Deus mostra aos homens quão poderoso é o pequeno pecado, não poderão manter-se de pé diante da culpa do menor deles. Os egípcios consideravam a praga das moscas como o “dedo de Deus”. E mesmo sendo criaturas pequenas se tornaram poderosas quando foram usadas por Deus para juízo. Então, quando Deus mostra aos crentes o mal e o grande poder dos pecados pequenos, não poderão pensar superficialmente neles.
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
23 novembro 2017
5 teólogos batistas que todo pastor deveria ler
por Jeff Robinson
Irmão pastor, se você não leu profunda e amplamente no registro da história do batista, coloque esses gigantes em sua lista de leitura.
Alguns anos atrás, eu tinha um amigo que partia do convívio batista para se juntar a Presbyterian Church in America. Quando discutimos seu raciocínio para a mudança, ficou claro que tinha menos a ver com o batismo do que a herança teológica. Em sua opinião, a ascendência confessional e teológica dos batistas não era bem igual à dos presbiterianos.
Não há dúvida, nossos amigos presbiterianos - dos quais eu tenho muitos - possuem uma forte herança confessional com uma lista conhecida de nomes que vão de Calvino e Knox a Hodge, Warfield e Machen. Mas os batistas têm uma linhagem teológica robusta também. Como pastores, devemos estar lendo e envolvendo figuras notáveis do nosso passado e, como surge a oportunidade, devemos conscientizar nossas congregações de nosso rico legado confessional, teológico e de púlpito.
Para esse fim, aqui estão cinco teólogos batistas do passado, eu recomendo como uma leitura necessária para cada pastor batista.
1. BENJAMIN KEACH (1640-1704)
Keach serviu como pastor da igreja Horse-lie-down em Southwark, na Inglaterra. Ele adotou a soteriologia reformada depois de inicialmente subscrever o Arminianismo. Keach estava entre os signatários da Segunda Confissão de Londres de 1689, escreveu talvez o catecismo batista mais amplamente utilizado, e argumentou com sucesso em favor do cântico de hinos no culto congregacional.
As principais áreas de contribuição de Keach incluem a teologia da aliança em sua expressão batista e justificação pela fé. Ele escreveu 43 obras, várias das quais permanecem impressas. Leitura recomendada de Keach: o Catecismo de Keach, A Pregação dos Tipos e Metáforas da Bíblia, As Viagens da Verdadeira Divindade, A Essência da Verdadeira Justificação e Exposição das Parábolas.
2. JOHN GILL (1697-1771)
Muitas vezes, John Gill é acusado de hipercalvinista. Enquanto esse ponto é discutível (Tom Nettles lida com isso neste livro clássico), durante muitos anos ele pastoreou a igreja Horsleydown, a congregação que foi pastoreada por Keach e mais tarde Charles Spurgeon (que eventualmente se tornaria Tabernáculo Metropolitano). Ele debateu com o famoso fundador do Metodismo, John Wesley, sobre a predestinação e resistiu acusações de que sua teologia da soberania de Deus equivalia ao Antinomianismo.
As principais áreas de contribuição de Gill incluem uma defesa das doutrinas da Graça, da Lei e do Evangelho, teologia sistemática e da exposição das Escrituras. Leitura recomendada de Gill: Compêndio Completo de Teologia Prática, Uma Exposição do Antigo e do Novo Testamento, A Causa de Deus e a Verdade, A Aliança Eterna.
3. ANDREW FULLER (1754-1815)
Fuller poderia ser considerado o pai do movimento das missões modernas junto com seu colega mais famoso, William Carey. Convertido sob a pregação de um pastor hipercalvinista chamado "Sr. Eve", Fuller foi convertido e batizado em 1770 em Soham, Inglaterra, onde mais tarde serviu como pastor de 1775 a 1782. Mudou-se para Kettering em 1782, onde permaneceu como pastor até a sua morte em 1815. Fuller forneceu o fundamento teológico para missões globais com seu livro Evangelho Digno de Inteira Aceitação, em que ele respondeu - em resposta às críticas do hipercalvinismo - o que era então conhecido como "A Questão Moderna:" Cada pessoa tem o dever de se arrepender dos pecados e acreditar em Cristo? Fuller respondeu afirmativamente e enviou Carey para a Índia.
Fuller foi um firme defensor do calvinismo experiencial e evangélico e participou de várias controvérsias teológicas importantes, incluindo debates com Robert Sandeman sobre uma forma de crença fácil. Ele debateu com o batista geral Dan Taylor sobre a extensão da expiação. Fuller foi o pai fundador da Baptist Missionary Society e serviu como seu secretário por 23 anos, até o fim de sua vida. Ele produziu muitas obras e é uma leitura extremamente frutífera. De muitas maneiras, Fuller e Spurgeon brilham como exemplos bíblicos preeminentes do pastor-teólogo. Os trabalhos de Andrew Fuller permanecem disponíveis hoje em três volumes.
4. JOHN LEADLEY DAGG (1794-1884)
Dagg foi o primeiro teólogo escritor entre os batistas do sul. Nascido em Loudon County, Virgínia, Dagg foi pastoreado na Filadélfia e, posteriormente, mudou-se para a Geórgia, onde atuou como presidente da Mercer University. Os seus escritos exalam como o doce aroma de Cristo ao articular um robusto calvinismo evangélico.
A sua magnum opus foi o Manual de Teologia, publicado em 1857, a primeira teologia sistemática abrangente escrita por um Batista na América. A Nova Enciclopédia da Geórgia escreve brilhantemente acerca do maior teólogo do Estado de Peach: Dagg é talvez a figura teológica mais representativa entre os batistas antebellum nos Estados Unidos.
Para os seus contemporâneos, ele era “o venerável Dr. Dagg”, um homem de intelecto e piedade, de honestidade e integridade, de clareza em pensamento e discurso. A sua gentileza e cortesia foram frequentemente observadas. Uma pessoa escreveu: “Se alguma vez houve um grande homem que não conhecia, ou conhecendo, não se importava com isso, esse homem é o Dr. Dagg”.
Juntamente com o seu Manual de Teologia, em 1858, ele escreveu um tratado sobre a ordem da igreja, um volume complementar do Manual sobre eclesiologia batista. Ambos permanecem impressos e são necessárias leituras para pastores batistas.
5. JAMES P. BOYCE (1827-1888)
Como presidente fundador do Southern Seminary, Boyce estabeleceu uma visão confessional para a educação do seminário com suas "Três Mudanças nas Instituições Teológicas" que permanecem firmes até hoje. Boyce, um nativo da Carolina do Sul, foi pioneiro na educação teológica batista do sul. Ele serviu como pastor da Primeira Igreja Batista de Columbia, S.C., e também passou um breve período como editor do jornal denominacional na Carolina do Sul. Ele era filho de um comerciante influente, e foi educado na Brown University e na Princeton University, onde foi influenciado pelos famosos teólogos de Princeton. Boyce escreveu um catecismo, mas a sua maior contribuição escrita foi o seu Resumo de Teologia Sistemática, que permanece impresso. Como os dois volumes de Dagg, a teologia de Boyce é uma leitura prazerosa do caloroso e experiencial Calvinismo.
Obviamente, isso deixa no banco dois gigantes que se destacam na paisagem batista, John Bunyan e C. H. Spurgeon. Não há dúvida de que ambos se classificariam no topo de qualquer lista de famosos batistas (se você concebe que Bunyan era um batista, e eu estou disposto a aceitá-lo) pastores-teólogos. Eu os omiti da minha lista dos cinco melhores, simplesmente, porque queria incluir homens que talvez fossem menos conhecidos de alguns. Vou assumir que a maioria dos leitores conhecem a posição de importância de Bunyan e Spurgeon na leitura essencial para todos os pastores - quer sejam batistas ou, de outros grupos. A maioria dos livros de Spurgeon permanecem impressos, assim como a maioria dos seus sermões, e as obras de Bunyan estão disponíveis em três volumes, bem como em edições críticas individuais.
Irmão pastor, se você não leu profunda e amplamente o registro da história batista, coloque esses gigantes em cima de sua lista de leitura.
Extraído de http://equip.sbts.edu/article/5-baptist-theologians-every-pastor-read/
Traduzido por Rev. Ewerton B. Tokashiki
Irmão pastor, se você não leu profunda e amplamente no registro da história do batista, coloque esses gigantes em sua lista de leitura.
Alguns anos atrás, eu tinha um amigo que partia do convívio batista para se juntar a Presbyterian Church in America. Quando discutimos seu raciocínio para a mudança, ficou claro que tinha menos a ver com o batismo do que a herança teológica. Em sua opinião, a ascendência confessional e teológica dos batistas não era bem igual à dos presbiterianos.
Não há dúvida, nossos amigos presbiterianos - dos quais eu tenho muitos - possuem uma forte herança confessional com uma lista conhecida de nomes que vão de Calvino e Knox a Hodge, Warfield e Machen. Mas os batistas têm uma linhagem teológica robusta também. Como pastores, devemos estar lendo e envolvendo figuras notáveis do nosso passado e, como surge a oportunidade, devemos conscientizar nossas congregações de nosso rico legado confessional, teológico e de púlpito.
Para esse fim, aqui estão cinco teólogos batistas do passado, eu recomendo como uma leitura necessária para cada pastor batista.
1. BENJAMIN KEACH (1640-1704)
Keach serviu como pastor da igreja Horse-lie-down em Southwark, na Inglaterra. Ele adotou a soteriologia reformada depois de inicialmente subscrever o Arminianismo. Keach estava entre os signatários da Segunda Confissão de Londres de 1689, escreveu talvez o catecismo batista mais amplamente utilizado, e argumentou com sucesso em favor do cântico de hinos no culto congregacional.
As principais áreas de contribuição de Keach incluem a teologia da aliança em sua expressão batista e justificação pela fé. Ele escreveu 43 obras, várias das quais permanecem impressas. Leitura recomendada de Keach: o Catecismo de Keach, A Pregação dos Tipos e Metáforas da Bíblia, As Viagens da Verdadeira Divindade, A Essência da Verdadeira Justificação e Exposição das Parábolas.
2. JOHN GILL (1697-1771)
Muitas vezes, John Gill é acusado de hipercalvinista. Enquanto esse ponto é discutível (Tom Nettles lida com isso neste livro clássico), durante muitos anos ele pastoreou a igreja Horsleydown, a congregação que foi pastoreada por Keach e mais tarde Charles Spurgeon (que eventualmente se tornaria Tabernáculo Metropolitano). Ele debateu com o famoso fundador do Metodismo, John Wesley, sobre a predestinação e resistiu acusações de que sua teologia da soberania de Deus equivalia ao Antinomianismo.
As principais áreas de contribuição de Gill incluem uma defesa das doutrinas da Graça, da Lei e do Evangelho, teologia sistemática e da exposição das Escrituras. Leitura recomendada de Gill: Compêndio Completo de Teologia Prática, Uma Exposição do Antigo e do Novo Testamento, A Causa de Deus e a Verdade, A Aliança Eterna.
3. ANDREW FULLER (1754-1815)
Fuller poderia ser considerado o pai do movimento das missões modernas junto com seu colega mais famoso, William Carey. Convertido sob a pregação de um pastor hipercalvinista chamado "Sr. Eve", Fuller foi convertido e batizado em 1770 em Soham, Inglaterra, onde mais tarde serviu como pastor de 1775 a 1782. Mudou-se para Kettering em 1782, onde permaneceu como pastor até a sua morte em 1815. Fuller forneceu o fundamento teológico para missões globais com seu livro Evangelho Digno de Inteira Aceitação, em que ele respondeu - em resposta às críticas do hipercalvinismo - o que era então conhecido como "A Questão Moderna:" Cada pessoa tem o dever de se arrepender dos pecados e acreditar em Cristo? Fuller respondeu afirmativamente e enviou Carey para a Índia.
Fuller foi um firme defensor do calvinismo experiencial e evangélico e participou de várias controvérsias teológicas importantes, incluindo debates com Robert Sandeman sobre uma forma de crença fácil. Ele debateu com o batista geral Dan Taylor sobre a extensão da expiação. Fuller foi o pai fundador da Baptist Missionary Society e serviu como seu secretário por 23 anos, até o fim de sua vida. Ele produziu muitas obras e é uma leitura extremamente frutífera. De muitas maneiras, Fuller e Spurgeon brilham como exemplos bíblicos preeminentes do pastor-teólogo. Os trabalhos de Andrew Fuller permanecem disponíveis hoje em três volumes.
4. JOHN LEADLEY DAGG (1794-1884)
Dagg foi o primeiro teólogo escritor entre os batistas do sul. Nascido em Loudon County, Virgínia, Dagg foi pastoreado na Filadélfia e, posteriormente, mudou-se para a Geórgia, onde atuou como presidente da Mercer University. Os seus escritos exalam como o doce aroma de Cristo ao articular um robusto calvinismo evangélico.
A sua magnum opus foi o Manual de Teologia, publicado em 1857, a primeira teologia sistemática abrangente escrita por um Batista na América. A Nova Enciclopédia da Geórgia escreve brilhantemente acerca do maior teólogo do Estado de Peach: Dagg é talvez a figura teológica mais representativa entre os batistas antebellum nos Estados Unidos.
Para os seus contemporâneos, ele era “o venerável Dr. Dagg”, um homem de intelecto e piedade, de honestidade e integridade, de clareza em pensamento e discurso. A sua gentileza e cortesia foram frequentemente observadas. Uma pessoa escreveu: “Se alguma vez houve um grande homem que não conhecia, ou conhecendo, não se importava com isso, esse homem é o Dr. Dagg”.
Juntamente com o seu Manual de Teologia, em 1858, ele escreveu um tratado sobre a ordem da igreja, um volume complementar do Manual sobre eclesiologia batista. Ambos permanecem impressos e são necessárias leituras para pastores batistas.
5. JAMES P. BOYCE (1827-1888)
Como presidente fundador do Southern Seminary, Boyce estabeleceu uma visão confessional para a educação do seminário com suas "Três Mudanças nas Instituições Teológicas" que permanecem firmes até hoje. Boyce, um nativo da Carolina do Sul, foi pioneiro na educação teológica batista do sul. Ele serviu como pastor da Primeira Igreja Batista de Columbia, S.C., e também passou um breve período como editor do jornal denominacional na Carolina do Sul. Ele era filho de um comerciante influente, e foi educado na Brown University e na Princeton University, onde foi influenciado pelos famosos teólogos de Princeton. Boyce escreveu um catecismo, mas a sua maior contribuição escrita foi o seu Resumo de Teologia Sistemática, que permanece impresso. Como os dois volumes de Dagg, a teologia de Boyce é uma leitura prazerosa do caloroso e experiencial Calvinismo.
Obviamente, isso deixa no banco dois gigantes que se destacam na paisagem batista, John Bunyan e C. H. Spurgeon. Não há dúvida de que ambos se classificariam no topo de qualquer lista de famosos batistas (se você concebe que Bunyan era um batista, e eu estou disposto a aceitá-lo) pastores-teólogos. Eu os omiti da minha lista dos cinco melhores, simplesmente, porque queria incluir homens que talvez fossem menos conhecidos de alguns. Vou assumir que a maioria dos leitores conhecem a posição de importância de Bunyan e Spurgeon na leitura essencial para todos os pastores - quer sejam batistas ou, de outros grupos. A maioria dos livros de Spurgeon permanecem impressos, assim como a maioria dos seus sermões, e as obras de Bunyan estão disponíveis em três volumes, bem como em edições críticas individuais.
Irmão pastor, se você não leu profunda e amplamente o registro da história batista, coloque esses gigantes em cima de sua lista de leitura.
Extraído de http://equip.sbts.edu/article/5-baptist-theologians-every-pastor-read/
Traduzido por Rev. Ewerton B. Tokashiki
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
22 novembro 2017
Remédios preciosos contra as artimanhas do Diabo - Capítulo 1
Por Thomas Brooks
Originalmente publicado em 1652 na Inglaterra
Neste capítulo trataremos com uma das maneiras que Satanás procura conduzir aos crentes ao pecado. Este método consiste em mostrar-lhes que há prazer em pecar, ocultando-lhes a tristeza e as consequências que o pecado lhes trará. O pecado pode parecer muito prazeroso e Satanás quer que os crentes pensem acerca dele desta maneira. O diabo sabe que se cairmos no erro de pensar assim, o pecado nos parecerá muito atrativo e nos esqueceremos da verdade que o pecado é cruel e danoso. Deus disse a Adão e Eva que não comessem do fruto da árvore ou morreriam, além disso Satanás falou à mulher que comendo do fruto seriam como deuses. Satanás fez que a desobediência parecesse atrativa e prazerosa. Satanás continua fazendo o mesmo até hoje. Por exemplo, no deserto tentou a Jesus da mesma forma. Ele apresentou a Jesus todos os reinos e sua glória, oferecendo-lhes sob a condição de que Jesus lhe adorasse. Quão formoso e sedutor apresentou o pecado. Todavia, Jesus não foi seduzido pela astúcia do diabo.
Como os crentes conseguirão resistir a Satanás, quando faz com que o pecado seja tão atrativo? Há quatro remédios que podem nos ajudar para não sermos atraídos pelo pecado desta maneira. Primeiro, os crentes devem manter-se afastados do pecado tanto quanto consigam (1 Ts 5.22, Pv 5.8). Uma pessoa que caminha à beira do precipício, pode cair a qualquer momento. Se o crente caminha próximo do que é pecaminoso, não deve surpreender-se se é preso pelo pecado. Paulo disse aos cristãos que odiassem a maldade e que a odiassem intensamente (Rm 12.9).
Segundo os crentes devem recordar que o prazer do pecado prontamente se converterá em amargura (Jó 20.12-14). O pecado pode celebrar o prazer por um instante e parecer-nos fácil no início (Hb 11.25); mas ao fim, a dor produzida é maior que o prazer que se recebe. É como a comida com veneno, tem bom sabor, mas se não é descartada é mortal. O pecado que se come na terra, terá que se digerir no inferno.
Terceiro, os crentes devem recordar que o pecado lhes fará perder aquilo que é realmente bom. Os que cedem ao pecado perdem o favor de Deus. O seu gozo espiritual se desvanece e perdem a paz em seu coração. O Espírito Santo é entristecido e sua influência vivificadora diminuí. O pecado lhes faz perder estas boas coisas. Então, o diabo lhes está enganando porque o pecado não é realmente prazeroso (o seu conforto sempre é temporal).
Quarto, os crentes devem fixar-se bem na forma como o pecado engana. O pecado é o maior enganador e é a causa de todo o engano que há no mundo. Em si mesmo, o pecado é sobremaneira pecaminoso. (Hb 3.13) Quando o pecado os engana, os crentes frequentemente se negam a admiti-lo e, pelo contrário, pensam que estão bem. O pecado lhes faz crer que o mal é bom. Basta pensar no que aconteceu com Faraó, Balaão e Judas, para percebermos que uma pessoa pode conduzir-se pecaminosamente pensando que está agindo bem. Em tais exemplos podemos observar como é que uma pessoa pode estar disposta a perder a Deus, o céu, Cristo e ainda a sua própria alma porque não quer deixar os seus pecados. Não há nada tão enganoso como o pecado.
Recorde-se de que o pecado não é prazeroso, pelo contrário, ele é amargo, e não importa que tão agradável lhe pareça. Não deixe que Satanás lhe afaste de Deus com um engano como este.
Originalmente publicado em 1652 na Inglaterra
Neste capítulo trataremos com uma das maneiras que Satanás procura conduzir aos crentes ao pecado. Este método consiste em mostrar-lhes que há prazer em pecar, ocultando-lhes a tristeza e as consequências que o pecado lhes trará. O pecado pode parecer muito prazeroso e Satanás quer que os crentes pensem acerca dele desta maneira. O diabo sabe que se cairmos no erro de pensar assim, o pecado nos parecerá muito atrativo e nos esqueceremos da verdade que o pecado é cruel e danoso. Deus disse a Adão e Eva que não comessem do fruto da árvore ou morreriam, além disso Satanás falou à mulher que comendo do fruto seriam como deuses. Satanás fez que a desobediência parecesse atrativa e prazerosa. Satanás continua fazendo o mesmo até hoje. Por exemplo, no deserto tentou a Jesus da mesma forma. Ele apresentou a Jesus todos os reinos e sua glória, oferecendo-lhes sob a condição de que Jesus lhe adorasse. Quão formoso e sedutor apresentou o pecado. Todavia, Jesus não foi seduzido pela astúcia do diabo.
Como os crentes conseguirão resistir a Satanás, quando faz com que o pecado seja tão atrativo? Há quatro remédios que podem nos ajudar para não sermos atraídos pelo pecado desta maneira. Primeiro, os crentes devem manter-se afastados do pecado tanto quanto consigam (1 Ts 5.22, Pv 5.8). Uma pessoa que caminha à beira do precipício, pode cair a qualquer momento. Se o crente caminha próximo do que é pecaminoso, não deve surpreender-se se é preso pelo pecado. Paulo disse aos cristãos que odiassem a maldade e que a odiassem intensamente (Rm 12.9).
Segundo os crentes devem recordar que o prazer do pecado prontamente se converterá em amargura (Jó 20.12-14). O pecado pode celebrar o prazer por um instante e parecer-nos fácil no início (Hb 11.25); mas ao fim, a dor produzida é maior que o prazer que se recebe. É como a comida com veneno, tem bom sabor, mas se não é descartada é mortal. O pecado que se come na terra, terá que se digerir no inferno.
Terceiro, os crentes devem recordar que o pecado lhes fará perder aquilo que é realmente bom. Os que cedem ao pecado perdem o favor de Deus. O seu gozo espiritual se desvanece e perdem a paz em seu coração. O Espírito Santo é entristecido e sua influência vivificadora diminuí. O pecado lhes faz perder estas boas coisas. Então, o diabo lhes está enganando porque o pecado não é realmente prazeroso (o seu conforto sempre é temporal).
Quarto, os crentes devem fixar-se bem na forma como o pecado engana. O pecado é o maior enganador e é a causa de todo o engano que há no mundo. Em si mesmo, o pecado é sobremaneira pecaminoso. (Hb 3.13) Quando o pecado os engana, os crentes frequentemente se negam a admiti-lo e, pelo contrário, pensam que estão bem. O pecado lhes faz crer que o mal é bom. Basta pensar no que aconteceu com Faraó, Balaão e Judas, para percebermos que uma pessoa pode conduzir-se pecaminosamente pensando que está agindo bem. Em tais exemplos podemos observar como é que uma pessoa pode estar disposta a perder a Deus, o céu, Cristo e ainda a sua própria alma porque não quer deixar os seus pecados. Não há nada tão enganoso como o pecado.
Recorde-se de que o pecado não é prazeroso, pelo contrário, ele é amargo, e não importa que tão agradável lhe pareça. Não deixe que Satanás lhe afaste de Deus com um engano como este.
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Thomas Brooks
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
21 novembro 2017
Remédios preciosos contra as artimanhas do Diabo - Prefácio
Escrito por Thomas Brooks
Originalmente publicado em 1652 na Inglaterra
Introdução
Este livro trata com as estratégias usadas por Satanás para induzir aos crentes a pecar. Satanás é o inimigo de Cristo e de todos os seus discípulos. Satanás quer desviá-los da vontade de Deus e que se afastem dele. Satanás é muito sútil em seu propósito. Deseja que os crentes sejam seduzidos sem que eles percebam. Quer que pequem, mas não quer que creiam, ou percebam que estão pecando.
Há quatro assuntos acerca dos quais os crentes devem aprender. Devem aprender de nosso Senhor Jesus Cristo, acerca da Bíblia, a respeito de si mesmos e acerca da astúcia de Satanás em seus intentos de afastá-los de Deus.
Satanás é um inimigo cruel. Ele demonstra o seu desprezo contra Deus e o seu povo em todas as formas que lhe seja possível. Satanás quer que o povo de Deus seja miserável e cheio de amargura. Sabe que não há nada que lhes faça mais miseráveis do que fazer-lhes cair em pecado. Satanás utiliza muitas maneiras enganosas para conseguir que os crentes pequem. Satanás é um inimigo forte, mais forte do que a nossa capacidade. Satanás pode ferir e causar muitos danos aos crentes. Em sua astúcia não quer que os crentes se informem de quão forte ele é, e, portanto, é necessário advertir a cada crente: Satanás é um inimigo forte e cruel. Desejo adverti-los de que maneiras Satanás procurará daná-los. Desejamos que todos os que lerem este livro sejam fortalecidos a fim de que possam resistir a Satanás em todas as suas conspirações.
Por isso não é suficiente apenas ler este livro, há que aprender e praticá-lo. Todo ensino cristão não é simplesmente para ajudar aos crentes que aprendam a verdade. Os crentes devem não somente entender a vontade de Deus, como também cumpri-la. Jesus disse, “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis se as fizerem.” (Jo 13.17)
Há muitos textos na Bíblia que nos advertem acerca da sutileza de Satanás. Os crentes necessitam ser fortalecidos para resistirem a Satanás. Em seguida citaremos alguns textos da Bíblia que nos advertem acerca de Satanás. O primeiro texto é 2 Co 2.11: “Para que Satanás não obtenha vantagem alguma sobre nós; pois não ignoramos os seus desígnios”. O apóstolo disse que sabe bem acerca das maquinações satânicas para danar aos crentes. Paulo estava consciente das distintas formas que Satanás usa para prejudicar aos crentes.
O segundo texto é Ef 6.11: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus para poderdes estar firmes contra as ciladas do diabo”. Paulo disse aos crentes que fossem como soldados, colocando a sua armadura para protegerem-se de seu inimigo. Paulo sabia que Satanás atacaria aos crentes de muitas maneiras diferentes. Às vezes fará armadilhas para atacá-los de repente, sem advertência. Em outras ocasiões buscará desviar-lhes do caminho e os atacará quando estiverem confusos. Também lhes tentará com uma armadilha de falsa segurança, para que depois lhes ataque quando estiverem desprevenidos. Satanás em todas estas maquinações deseja ferir o povo de Deus e conseguir que deixem de trabalhar e pelejar na causa de Deus. Os crentes necessitam da armadura e da força de Deus para lutar contra Satanás.
O terceiro texto é 2 Tm 2.26: “livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele, para cumprirem a sua vontade”. Aqui o apóstolo Paulo se refere a pessoas que estão sendo levadas cativas como prisioneiras de guerra. Os prisioneiros sentem-se desesperados, sem nenhum poder para livrarem-se e estão sujeitos à vontade de outro. Do mesmo modo Satanás quer conseguir que os crentes sejam seus prisioneiros. Esta palavra é usada também para referir-se às aves quando são presas numa gaiola. Satanás quer que os crentes se sintam assim.
Tenham muito cuidado com as artimanhas de Satanás. Não se esqueçam de que Satanás é um inimigo forte e cruel, que se opõe a todos os verdadeiros crentes. Ele quer prejudica-los e fazer com que se tornem inúteis para o reino de Deus.
Originalmente publicado em 1652 na Inglaterra
Introdução
Este livro trata com as estratégias usadas por Satanás para induzir aos crentes a pecar. Satanás é o inimigo de Cristo e de todos os seus discípulos. Satanás quer desviá-los da vontade de Deus e que se afastem dele. Satanás é muito sútil em seu propósito. Deseja que os crentes sejam seduzidos sem que eles percebam. Quer que pequem, mas não quer que creiam, ou percebam que estão pecando.
Há quatro assuntos acerca dos quais os crentes devem aprender. Devem aprender de nosso Senhor Jesus Cristo, acerca da Bíblia, a respeito de si mesmos e acerca da astúcia de Satanás em seus intentos de afastá-los de Deus.
Satanás é um inimigo cruel. Ele demonstra o seu desprezo contra Deus e o seu povo em todas as formas que lhe seja possível. Satanás quer que o povo de Deus seja miserável e cheio de amargura. Sabe que não há nada que lhes faça mais miseráveis do que fazer-lhes cair em pecado. Satanás utiliza muitas maneiras enganosas para conseguir que os crentes pequem. Satanás é um inimigo forte, mais forte do que a nossa capacidade. Satanás pode ferir e causar muitos danos aos crentes. Em sua astúcia não quer que os crentes se informem de quão forte ele é, e, portanto, é necessário advertir a cada crente: Satanás é um inimigo forte e cruel. Desejo adverti-los de que maneiras Satanás procurará daná-los. Desejamos que todos os que lerem este livro sejam fortalecidos a fim de que possam resistir a Satanás em todas as suas conspirações.
Por isso não é suficiente apenas ler este livro, há que aprender e praticá-lo. Todo ensino cristão não é simplesmente para ajudar aos crentes que aprendam a verdade. Os crentes devem não somente entender a vontade de Deus, como também cumpri-la. Jesus disse, “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis se as fizerem.” (Jo 13.17)
Há muitos textos na Bíblia que nos advertem acerca da sutileza de Satanás. Os crentes necessitam ser fortalecidos para resistirem a Satanás. Em seguida citaremos alguns textos da Bíblia que nos advertem acerca de Satanás. O primeiro texto é 2 Co 2.11: “Para que Satanás não obtenha vantagem alguma sobre nós; pois não ignoramos os seus desígnios”. O apóstolo disse que sabe bem acerca das maquinações satânicas para danar aos crentes. Paulo estava consciente das distintas formas que Satanás usa para prejudicar aos crentes.
O segundo texto é Ef 6.11: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus para poderdes estar firmes contra as ciladas do diabo”. Paulo disse aos crentes que fossem como soldados, colocando a sua armadura para protegerem-se de seu inimigo. Paulo sabia que Satanás atacaria aos crentes de muitas maneiras diferentes. Às vezes fará armadilhas para atacá-los de repente, sem advertência. Em outras ocasiões buscará desviar-lhes do caminho e os atacará quando estiverem confusos. Também lhes tentará com uma armadilha de falsa segurança, para que depois lhes ataque quando estiverem desprevenidos. Satanás em todas estas maquinações deseja ferir o povo de Deus e conseguir que deixem de trabalhar e pelejar na causa de Deus. Os crentes necessitam da armadura e da força de Deus para lutar contra Satanás.
O terceiro texto é 2 Tm 2.26: “livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele, para cumprirem a sua vontade”. Aqui o apóstolo Paulo se refere a pessoas que estão sendo levadas cativas como prisioneiras de guerra. Os prisioneiros sentem-se desesperados, sem nenhum poder para livrarem-se e estão sujeitos à vontade de outro. Do mesmo modo Satanás quer conseguir que os crentes sejam seus prisioneiros. Esta palavra é usada também para referir-se às aves quando são presas numa gaiola. Satanás quer que os crentes se sintam assim.
Tenham muito cuidado com as artimanhas de Satanás. Não se esqueçam de que Satanás é um inimigo forte e cruel, que se opõe a todos os verdadeiros crentes. Ele quer prejudica-los e fazer com que se tornem inúteis para o reino de Deus.
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08 novembro 2017
O ofício de presbítero - por Geerhardus Vos
Nós chegamos aos ofícios ordinários. Aqui diferentes questões devem ser discutidas:
(a) A relação que os ofícios de ancião (presbítero) e bispo ou superintendente (episkopos) mantêm um com o outro, e se é um e o mesmo ofício.
(b) A relação em qual o ofício de pastor (poimēn) é nos dois mencionados (a); isto é, se dentro do presbiterato há uma distinção entre aqueles que são pastores e aqueles que não são pastores. (c) A questão relativa ao ofício de mestre e se este era um ofício particular, distinto do ofício de pastor. (d) A questão concernente ao ofício de diáconos e diaconisas. (e) A questão acerca do chamado aos ofícios e a forma como alguém é investido no ofício.
a) A relação entre o episcopado e o presbiterato. Os que advogam o sistema episcopal dizem que os dois ofícios de bispo e presbítero são diferentes. Os bispos são superiores aos presbíteros. Eles têm o poder de ordenar e governar os presbíteros. Estes não podem se ordenar. Há quem vá mais longe, como vimos, e faz dos bispos os sucessores dos apóstolos. Em antítese, postulamos a tese: o bispo e o presbítero, o superintendente e os anciãos indicam plenamente o mesmo ofício. Um superintendente é um ancião e um ancião é um superintendente. Se houvesse uma distinção no presbiterato e no ofício de supervisão, isso não teria nada a ver com o duplo nome. Nomeiam-se os dois tipos de anciãos tanto para os supervisores como os presbíteros. É relatado que Paulo (Atos 20:17) convocou os anciãos da igreja de Éfeso e depois, referiu-se a eles como superintendentes (20:28). Em Filipenses 1:1, os supervisores aparecem ao lado dos diáconos, como em outros lugares os anciãos estão ao lado dos diáconos (veja também 1 Tm 3: 2 com 3: 8); “Que você deve nomear anciãos de cidade em cidade” (Tt 1: 5) e “um superintendente deve ser reprovado” (1:7). Consequentemente, nada é mais claro do que a identidade desses dois ofícios. A única diferença reside nesses dois pontos: ancião (presbítero) é um termo judaico derivado da sinagoga, e que foi administrada pelos homens mais velhos; o supervisor (episkopos) é um termo grego. Ancião refere-se à dignidade do ofício, supervisor é o seu trabalho.
b) A segunda das questões acima diz respeito à distinção dentro do próprio presbiterato. Havia dois tipos de anciãos? Parece que em 1 Timóteo 4:14, havia uma pluralidade de anciãos numa mesma igreja, e que eles formavam uma equipe, um colegiado, um “presbitério”, eram “anciãos”. Em 1 Timóteo 5:17, parece que havia anciãos que trabalhavam na Palavra e no ensino, e também anciãos que não estavam ocupados com tal trabalho. A distinção entre anciãos docentes e anciãos regentes baseia-se nisso.
Teremos que pensar sobre o assunto da seguinte forma. Originalmente toda a ênfase acerca do ancião recaiu sobre o governo, mantendo a supervisão. A razão para isso foi que o ofício extraordinário de profecia e o extraordinário dom (charismata) em geral, bem como a presença contínua dos apóstolos e evangelistas tornaram a necessidade de um ofício ordenado de mestre menos visível. Os anciãos podiam ensinar e falar a Palavra, mas havia outros além destes que também ensinavam e profetizavam na congregação. Mais tarde, quando os dons extraordinários diminuíram, surgiu a necessidade de um ofício normativo de mestre. Nas epístolas pastorais de Paulo, isso aparece como uma estrutura estabelecida. Ainda assim, parece-nos que isso deriva muito das informações que argumentam que todos os anciãos não eram livres para atuarem no ensino na congregação. Somente tem-se esta certeza: havia um número de anciãos que tinham o dever específico de ensinar. Os outros poderiam a liberdade, mas eles não teriam o dever. Por isso, de fato, a distinção reformada entre dois tipos de anciãos é legitimada em princípio.
Para leitura do texto completo veja AQUI.
(a) A relação que os ofícios de ancião (presbítero) e bispo ou superintendente (episkopos) mantêm um com o outro, e se é um e o mesmo ofício.
(b) A relação em qual o ofício de pastor (poimēn) é nos dois mencionados (a); isto é, se dentro do presbiterato há uma distinção entre aqueles que são pastores e aqueles que não são pastores. (c) A questão relativa ao ofício de mestre e se este era um ofício particular, distinto do ofício de pastor. (d) A questão concernente ao ofício de diáconos e diaconisas. (e) A questão acerca do chamado aos ofícios e a forma como alguém é investido no ofício.
a) A relação entre o episcopado e o presbiterato. Os que advogam o sistema episcopal dizem que os dois ofícios de bispo e presbítero são diferentes. Os bispos são superiores aos presbíteros. Eles têm o poder de ordenar e governar os presbíteros. Estes não podem se ordenar. Há quem vá mais longe, como vimos, e faz dos bispos os sucessores dos apóstolos. Em antítese, postulamos a tese: o bispo e o presbítero, o superintendente e os anciãos indicam plenamente o mesmo ofício. Um superintendente é um ancião e um ancião é um superintendente. Se houvesse uma distinção no presbiterato e no ofício de supervisão, isso não teria nada a ver com o duplo nome. Nomeiam-se os dois tipos de anciãos tanto para os supervisores como os presbíteros. É relatado que Paulo (Atos 20:17) convocou os anciãos da igreja de Éfeso e depois, referiu-se a eles como superintendentes (20:28). Em Filipenses 1:1, os supervisores aparecem ao lado dos diáconos, como em outros lugares os anciãos estão ao lado dos diáconos (veja também 1 Tm 3: 2 com 3: 8); “Que você deve nomear anciãos de cidade em cidade” (Tt 1: 5) e “um superintendente deve ser reprovado” (1:7). Consequentemente, nada é mais claro do que a identidade desses dois ofícios. A única diferença reside nesses dois pontos: ancião (presbítero) é um termo judaico derivado da sinagoga, e que foi administrada pelos homens mais velhos; o supervisor (episkopos) é um termo grego. Ancião refere-se à dignidade do ofício, supervisor é o seu trabalho.
b) A segunda das questões acima diz respeito à distinção dentro do próprio presbiterato. Havia dois tipos de anciãos? Parece que em 1 Timóteo 4:14, havia uma pluralidade de anciãos numa mesma igreja, e que eles formavam uma equipe, um colegiado, um “presbitério”, eram “anciãos”. Em 1 Timóteo 5:17, parece que havia anciãos que trabalhavam na Palavra e no ensino, e também anciãos que não estavam ocupados com tal trabalho. A distinção entre anciãos docentes e anciãos regentes baseia-se nisso.
Teremos que pensar sobre o assunto da seguinte forma. Originalmente toda a ênfase acerca do ancião recaiu sobre o governo, mantendo a supervisão. A razão para isso foi que o ofício extraordinário de profecia e o extraordinário dom (charismata) em geral, bem como a presença contínua dos apóstolos e evangelistas tornaram a necessidade de um ofício ordenado de mestre menos visível. Os anciãos podiam ensinar e falar a Palavra, mas havia outros além destes que também ensinavam e profetizavam na congregação. Mais tarde, quando os dons extraordinários diminuíram, surgiu a necessidade de um ofício normativo de mestre. Nas epístolas pastorais de Paulo, isso aparece como uma estrutura estabelecida. Ainda assim, parece-nos que isso deriva muito das informações que argumentam que todos os anciãos não eram livres para atuarem no ensino na congregação. Somente tem-se esta certeza: havia um número de anciãos que tinham o dever específico de ensinar. Os outros poderiam a liberdade, mas eles não teriam o dever. Por isso, de fato, a distinção reformada entre dois tipos de anciãos é legitimada em princípio.
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04 novembro 2017
Uma orientação cristã - por Samuel Rutherford
1. Que algumas horas do dia, em menor ou maior tempo, com a Palavra e a oração, sejam separadas para Deus; não evitando a duodécima hora, ou o meio do dia, mas que seja, então, dedicado um período mais curto.
2. Em meio as atividades mundanas, deve-se ocupar com alguns pensamentos sobre o pecado, morte, julgamento e eternidade, com pelo menos uma ou duas palavras de oração espontâneas a Deus.
3. Tenha cuidado com a inconstância do coração na oração privada.
4. Não se deixe dominar pela má vontade, se ao terminar a oração você se encontre sem o sentimento de alegria. A contrição, sentimentos de culpa e a ansiedade, são muitas vezes melhores para nós.
5. Que o Dia do Senhor, da manhã até a noite, seja sempre ocupado com o culto público ou privado.
6. Que as palavras sejam observadas, os pensamentos fúteis e ociosos sejam evitados, bem como a raiva repentina e desejos de vingança, mesmo que por causa da perseguição da verdade. Guarde-se contra tais pensamentos, pois muitas vezes misturamos nosso zelo com nosso fogo selvagem.
7. Que os pecados conhecidos, descobertos e revelados, que são contra a consciência, sejam evitados, prevenindo-se contra os mais perigosos meios para a dureza do coração.
8. Que ao lidar com os homens a fé e a verdade em acordos e negócios sejam consideradas, para que lidemos com todos os homens com sinceridade; que a consciência evite palavras vazias e mentirosas; e que nossa conduta seja tal, que os que a vejam, falem honradamente de nosso doce Mestre e do nosso testemunho de fé.
2. Em meio as atividades mundanas, deve-se ocupar com alguns pensamentos sobre o pecado, morte, julgamento e eternidade, com pelo menos uma ou duas palavras de oração espontâneas a Deus.
3. Tenha cuidado com a inconstância do coração na oração privada.
4. Não se deixe dominar pela má vontade, se ao terminar a oração você se encontre sem o sentimento de alegria. A contrição, sentimentos de culpa e a ansiedade, são muitas vezes melhores para nós.
5. Que o Dia do Senhor, da manhã até a noite, seja sempre ocupado com o culto público ou privado.
6. Que as palavras sejam observadas, os pensamentos fúteis e ociosos sejam evitados, bem como a raiva repentina e desejos de vingança, mesmo que por causa da perseguição da verdade. Guarde-se contra tais pensamentos, pois muitas vezes misturamos nosso zelo com nosso fogo selvagem.
7. Que os pecados conhecidos, descobertos e revelados, que são contra a consciência, sejam evitados, prevenindo-se contra os mais perigosos meios para a dureza do coração.
8. Que ao lidar com os homens a fé e a verdade em acordos e negócios sejam consideradas, para que lidemos com todos os homens com sinceridade; que a consciência evite palavras vazias e mentirosas; e que nossa conduta seja tal, que os que a vejam, falem honradamente de nosso doce Mestre e do nosso testemunho de fé.
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23 outubro 2017
O Pacto Nacional da Igreja da Escócia (1638)
Em fevereiro de 1638, os presbiterianos na Escócia enfrentavam acusações de traição pelo rei, por causa de seus protestos contra os bispos, o Livro dos Cânones e o Livro da Oração Comum. Eles decidiram que precisavam de um meio de se unirem para que pudessem permanecer firmes contra esses ataques em sua religião.
Eles concordaram em renovar a "Confissão do Rei", de 1581, com duas seções extras. Esta era uma seção legal que incluía mais de sessenta atos do Parlamento (muitos contra o catolicismo romano) que apoiavam a causa presbiteriana e uma aplicação prática. A seção legal foi escrita por Archibald Johnston de Wariston e a aplicação prática por Alexander Henderson.
O Pacto Nacional comprometeu aqueles que juraram defender a verdadeira religião contra inovações, como as que foram recentemente introduzidas, que eram contra a Bíblia, os ensinamentos dos Reformadores e os atos do Parlamento listados - e que levariam ao catolicismo romano . A intenção deste oacto era manter "a verdadeira adoração de Deus, a majestade do nosso Rei e a paz do reino", pela felicidade daqueles que juraram e seus filhos. Eles também prometeram terem vidas que mostrariam que estavam em aliança com Deus e serem bons exemplos para os outros.
O Pacto foi assinado pela primeira vez no cemitério de Greyfriars, em Edimburgo, em 28 de fevereiro de 1638, depois de ouvidas e respondidas quaisquer objeções. Dentro de dias fora assinado pelo povo de Edimburgo e cópias foram enviadas ao redor do país para que outras pessoas assinassem. Em algumas semanas fora assinado por pessoas em toda a região baixa [sul] da Escócia, incluindo quase todos os nobres. O Pacto fez um progresso mais lento no norte da Escócia, mas muitos finalmente o assinaram. Assinar o Pacto não era rebelião, mas um apelo à lei da terra contra a tirania do rei. Assinar era dizer que Jesus Cristo era o único chefe da Igreja, e assim deveria ser livre de qualquer controle do rei ou do governo. A primeira Assembleia Geral livre por 36 anos foi realizada em Glasgow, em novembro.
Traduzido do site Reformation History
Eles concordaram em renovar a "Confissão do Rei", de 1581, com duas seções extras. Esta era uma seção legal que incluía mais de sessenta atos do Parlamento (muitos contra o catolicismo romano) que apoiavam a causa presbiteriana e uma aplicação prática. A seção legal foi escrita por Archibald Johnston de Wariston e a aplicação prática por Alexander Henderson.
O Pacto Nacional comprometeu aqueles que juraram defender a verdadeira religião contra inovações, como as que foram recentemente introduzidas, que eram contra a Bíblia, os ensinamentos dos Reformadores e os atos do Parlamento listados - e que levariam ao catolicismo romano . A intenção deste oacto era manter "a verdadeira adoração de Deus, a majestade do nosso Rei e a paz do reino", pela felicidade daqueles que juraram e seus filhos. Eles também prometeram terem vidas que mostrariam que estavam em aliança com Deus e serem bons exemplos para os outros.
O Pacto foi assinado pela primeira vez no cemitério de Greyfriars, em Edimburgo, em 28 de fevereiro de 1638, depois de ouvidas e respondidas quaisquer objeções. Dentro de dias fora assinado pelo povo de Edimburgo e cópias foram enviadas ao redor do país para que outras pessoas assinassem. Em algumas semanas fora assinado por pessoas em toda a região baixa [sul] da Escócia, incluindo quase todos os nobres. O Pacto fez um progresso mais lento no norte da Escócia, mas muitos finalmente o assinaram. Assinar o Pacto não era rebelião, mas um apelo à lei da terra contra a tirania do rei. Assinar era dizer que Jesus Cristo era o único chefe da Igreja, e assim deveria ser livre de qualquer controle do rei ou do governo. A primeira Assembleia Geral livre por 36 anos foi realizada em Glasgow, em novembro.
Traduzido do site Reformation History
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
14 outubro 2017
William Greenough Thayer Shedd (1820-1894)
por M. A. Noll[1]
William Shedd foi o maior sistematizador, depois de Charles Hodge, da teologia calvinista americana entre a Guerra Civil e a Primeira Guerra Mundial. O seu pai foi um ministro congregacional que encorajou a sua educação na Vermont University e no Andover Theological Seminary. Em Vermont, Shedd estudou aos pés de James Marsh, que o encorajou a ler Platão, Kant e Coleridge, um trio de autores que mantiveram uma influência em sua teologia pelo resto de sua vida. Shedd serviu, por um breve período, como ministro congregacional em Vermont. Ensinou inglês na Vermont University, retórica sagrada no Auburn Theological Seminary e história da igreja em Andover, antes de assumir o serviço ministerial, como pastor-auxiliar na Brick Presbyterian Church, em Nova Iorque. Em 1863 ele se tornou um professor de Bíblia e teologia no Union Theological Seminary, em Nova Iorque, onde permaneceu por mais de trinta anos.
A obra mais conhecida, dentre as muitas de Shedd, foi a Dogmatic Theology,[2] publicada originalmente em três volumes, entre 1888 a 1894. Como a Teologia Sistemática[3] (1872–73) de Hodge, o manual de teologia sistemática de Shedd defende o “alto Calvinismo” da Confissão de Westminster contra o arminianismo, o catolicismo romano e o racionalismo moderno. Shedd não foi tão abrangente quanto Hodge no tratamento das várias divisões da teologia, mas ele incorporou aspectos do pensamento moderno em sua obra mais do que Hodge ou quase qualquer outro conservador de sua geração, especialmente ideias de desenvolvimento histórico. Novamente ele foi incomum em sua confiança sobre a história do Cristianismo como um antídoto para os ensinos medíocres, quer antigos, quer modernos. Para ele, Atanásio sobre a Trindade, Agostinho sobre a natureza do pecado, Anselmo sobre a existência de Deus e os reformadores sobre a salvação, eram mais do que capazes de delinear os contornos da ortodoxia. Ele sabia que a tradição agostiniana-calvinista carregava amplos recursos bíblicos, teológicos e filosóficos para suportar o teste do tempo.
Os interesses de Shedd se estenderam bem além da teologia, abrangendo a literatura, a história da igreja, a homilética e o comentário bíblico. Ele publicou obras em cada uma dessas áreas. Testificou o seu interesse na ideia do desenvolvimento histórico orgânico ao publicar Lectures on the Philosophy of History, em 1856, e editando as obras completas de Samuel Taylor Coleridge, publicada em sete volumes, em 1853.
NOTAS:
[1] J. De Witt, “William Greenough Thayer Shedd,” PRR 6:295–332. Traduzida por: Felipe Sabino de Araújo Neto e revisada por Ewerton B. Tokashiki.
[2] Encontra-se disponível uma nova edição com notas, num único volume. Alan W. Gomes, ed., William G.T. Shedd, Dogmatic Theology (Phillipsburgh, P&R Publishing, 3ª ed., 2003). Nota do revisor.
[3] Publicada pela Editora Hagnos. Nota do revisor.
William Shedd foi o maior sistematizador, depois de Charles Hodge, da teologia calvinista americana entre a Guerra Civil e a Primeira Guerra Mundial. O seu pai foi um ministro congregacional que encorajou a sua educação na Vermont University e no Andover Theological Seminary. Em Vermont, Shedd estudou aos pés de James Marsh, que o encorajou a ler Platão, Kant e Coleridge, um trio de autores que mantiveram uma influência em sua teologia pelo resto de sua vida. Shedd serviu, por um breve período, como ministro congregacional em Vermont. Ensinou inglês na Vermont University, retórica sagrada no Auburn Theological Seminary e história da igreja em Andover, antes de assumir o serviço ministerial, como pastor-auxiliar na Brick Presbyterian Church, em Nova Iorque. Em 1863 ele se tornou um professor de Bíblia e teologia no Union Theological Seminary, em Nova Iorque, onde permaneceu por mais de trinta anos.
A obra mais conhecida, dentre as muitas de Shedd, foi a Dogmatic Theology,[2] publicada originalmente em três volumes, entre 1888 a 1894. Como a Teologia Sistemática[3] (1872–73) de Hodge, o manual de teologia sistemática de Shedd defende o “alto Calvinismo” da Confissão de Westminster contra o arminianismo, o catolicismo romano e o racionalismo moderno. Shedd não foi tão abrangente quanto Hodge no tratamento das várias divisões da teologia, mas ele incorporou aspectos do pensamento moderno em sua obra mais do que Hodge ou quase qualquer outro conservador de sua geração, especialmente ideias de desenvolvimento histórico. Novamente ele foi incomum em sua confiança sobre a história do Cristianismo como um antídoto para os ensinos medíocres, quer antigos, quer modernos. Para ele, Atanásio sobre a Trindade, Agostinho sobre a natureza do pecado, Anselmo sobre a existência de Deus e os reformadores sobre a salvação, eram mais do que capazes de delinear os contornos da ortodoxia. Ele sabia que a tradição agostiniana-calvinista carregava amplos recursos bíblicos, teológicos e filosóficos para suportar o teste do tempo.
Os interesses de Shedd se estenderam bem além da teologia, abrangendo a literatura, a história da igreja, a homilética e o comentário bíblico. Ele publicou obras em cada uma dessas áreas. Testificou o seu interesse na ideia do desenvolvimento histórico orgânico ao publicar Lectures on the Philosophy of History, em 1856, e editando as obras completas de Samuel Taylor Coleridge, publicada em sete volumes, em 1853.
NOTAS:
[1] J. De Witt, “William Greenough Thayer Shedd,” PRR 6:295–332. Traduzida por: Felipe Sabino de Araújo Neto e revisada por Ewerton B. Tokashiki.
[2] Encontra-se disponível uma nova edição com notas, num único volume. Alan W. Gomes, ed., William G.T. Shedd, Dogmatic Theology (Phillipsburgh, P&R Publishing, 3ª ed., 2003). Nota do revisor.
[3] Publicada pela Editora Hagnos. Nota do revisor.
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William G.T. Shedd
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
13 outubro 2017
Honestidade e honra denominacional - William G.T. Shedd
A honestidade é tão importante na teologia como nos negócios e no comércio, numa denominação religiosa como em um partido político. A honestidade confessional consiste, em primeiro lugar, em uma clara e inequívoca declaração de uma Igreja acerca de sua crença doutrinária; e, segundo, numa adoção inequívoca e sincera por parte de seus membros. Ambas as coisas são necessárias. Se uma denominação particular faz uma declaração ampla de sua crença, que é possível de ser interpretada em mais de um sentido, ela é desonesta. Se o credo da denominação é bem estruturado e elaborado, mas os membros que subscrevem com reserva mental e falta de sinceridade, a denominação é desonesta.[1]
A honestidade e a sinceridade são fundamentadas numa clara convicção e uma clara convicção é firmada no conhecimento e no reconhecimento da verdade. A heresia é um pecado e é classificada por são Paulo entre as “obras da carne”, juntamente com “adultério, idolatria, assassinato, inveja e ódio”, que excluem do reino de Deus (Gl 5:19-21). Mas a heresia não é um pecado tão grande quanto a desonestidade. Pode existir uma heresia honesta, mas não uma honesta desonestidade. Alguém que reconhece ser um herege, é um homem melhor do que aquele que finge ser ortodoxo enquanto subscreve um credo que despreza, e que ele finge sob pretexto de melhorá-lo e adaptá-lo ao tempo presente. O herege honesto deixa a igreja com a qual ele não concorda, mas o subscritor insincero permanece dentro dela para realizar o seu plano de desmoralização.
As discussões recentes na Igreja Presbiteriana revelaram uma diferença de sentimento em relação ao valor da honestidade denominacional. Alguns dos jornais seculares atribuem intolerância e perseguição aos presbiterianos, quando os desvios do credo da igreja são objeto de inquérito judicial e quando indivíduos são exigidos a conformar o seu ensino do púlpito ou da cátedra com os padrões denominacionais. Desta forma, uma parte da imprensa pública está em consonância com a desonestidade confessional. Isso permitiria aos oficiais da igreja subscreverem um credo e obter as vantagens da subscrição sob a forma de reputação ou benefícios, enquanto trabalham contra ele.
O credo de uma igreja é um contrato solene entre os membros da igreja, muito mais do que a ideologia de um partido político é entre políticos. Parte da imprensa parece não perceber a imoralidade de violar um contrato quando se trata de uma denominação religiosa, mas quando um partido político é o grupo a ser afetado pela violação de uma promessa, ninguém é mais preciso do que ela em discernir e nenhum deles é mais veemente em denunciar a dupla negociação.
Deveria surgir um grupo dentro do Partido Republicano, por exemplo, e se esforçar para alterar a plataforma, mantendo os escritórios e os salários garantidos por professar fidelidade ao partido e prometendo adotar os princípios fundamentais sobre os quais foi fundado, e pelos quais difere do Partido Democrático e demais partidos políticos, a acusação de desonestidade política poderia prejudicar a posição social e histórica do Republicanismo. Quando esses divergentes se desviam do cargo, sendo disciplinados pelo partido, e talvez, sejam expulsos da organização política, se a queixa de heresia política e a perseguição fossem oferecida, a única resposta concedida pela imprensa republicana seria a do desprezo. Quando alguns políticos desonestos reivindicam a tolerância, sob a desculpa de políticas mais “liberais” do que as aceitas pelo partido, preservando-se o pagamento do partido, enquanto defende diferentes sentimentos da maioria do partido, o fato é que ninguém é obrigado a unir-se ao Partido Republicano, ou permanecer nele, mas se uma pessoa se juntar a ele ou ficar nele, deve adotar estritamente o credo do partido e não fazer tentativas, seguras ou abertas, de alterá-lo. Que um credo republicano pertence aos republicanos e a nenhum outro, parece ser a concordância por todos. Mas que um credo calvinista é para calvinistas e de nenhum outro, parece suscitar dúvidas de alguns.
Há defensores de uma visão de igreja confessional e de uma subscrição confessional que argumentam que é apropriado introduzir melhorias num credo denominacional. Que o progresso na física e no espírito da nossa época exigem novas declarações de ética e religião. E isso justifica o surgimento dentro de uma denominação de um grupo para fazê-los, e exige que a denominação atente e analise com calma. Isto significa, por exemplo, que uma igreja que adota a escatologia histórica é obrigada a permitir que os seus membros pensem que o restauracionismo[2] é uma melhoria, e que poderiam introduzi-lo nos artigos de fé. Ou que uma igreja que adota o arminianismo wesleyano é obrigada a permitir que seus membros pensem que a eleição incondicional seja preferível a eleição condicional, esforçando para torná-la calvinista, introduzindo esse princípio doutrinário.
Mas se uma liberdade correspondente fosse exigida na esfera política, não haveria nenhuma aceitação. Se dentro do Partido Democrata surgisse um grupo que reivindicasse o direito, enquanto membros no partido, para converter o corpo em princípios e medidas republicanas, se diria que o lugar apropriado para tal projeto está fora do Partido Democrata, e não nele. O direito do grupo divergente às suas próprias opiniões não seria contestado, mas seria negado o direito de mantê-las e espalhá-las com os recursos financeiros e a influência do Partido Democrata. Os democratas poderiam usar a ilustração de Lutero num exemplo semelhante: “Não podemos evitar que as aves voem sobre nossas cabeças, mas podemos impedir que elas façam seus ninhos nos nossos cabelos”. Eles diriam aos mal-intencionados: “Não podemos impedir que vocês tenham suas próprias visões peculiares e indesejáveis, mas vocês não têm o direito de ventilá-las em nossa organização”. Se os executivos da Alfândega de New York ou dos Correios insistissem em usar os salários dessas grandes instituições na transformação da política do partido que os colocou lá, nenhuma acusação de “perseguição” impediria o partido de cobrar imediatamente a sua coerência. No entanto, alguns da imprensa secular, bem como alguns religiosos, afirmam que é apropriado para os subscritores da Confissão de Westminster fazerem uma alteração radical na teologia denominacional dentro da denominação, e que estão reprimindo o livre pensamento e o direito de juízo privado, quando o sete-oitavos de representantes da Igreja Presbiteriana vetou sobre tal tentativa em seu tribunal da Assembleia Geral.
Nesta ação eclesiástica não há negação do direito de juízo privado e de livre pensamento sobre qualquer sistema de doutrina. Apenas afirma que aqueles que discordam do credo aceito pela denominação, se forem minoritários, devem sair dela, se desejarem construir um novo esquema doutrinário. A maioria satisfeita tem o direito de exercer o livre pensamento e o juízo privado, bem como a minoria insatisfeita, mas na sua prática permanece o credo como está. Consequentemente, se o descontentamento com o padrão denominacional surgir na mente de alguns, o lugar apropriado para seus novos experimentos em teologia, está dentro de uma nova organização e não na antiga que não concorda com as suas especulações. Por esta razão, desde tempos imemoriais, uma denominação religiosa sempre reivindicou o direito de expulsar pessoas que são hereges, conforme julgados pelo credo denominacional. Só assim pode uma denominação viver e prosperar. Não seria útil para a sociedade ou a religião derrubar os limites doutrinários da denominação e convertê-la numa “terra de ninguém” para que todas as variedades de crenças divaguem.
Aqui surge a questão: quem deve interpretar o credo da igreja e dizer se um esquema proposto de doutrina concorda com ele, ou o contradiz? Quem poderia dizer o que é heresia do ponto de vista do sistema denominacional? Certamente a denominação, e não o indivíduo ou o grupo que é acusado de heresia. Este é um ponto de grande importância. Para aqueles que são acusados de heterodoxia, comumente definem a ortodoxia a seu modo e afirmam não se afastarem do que eles consideram como os elementos essenciais do sistema denominacional. O partido arminiano na controvérsia do Sínodo de Dort alegou que as suas modificações na doutrina eram moderadas e não antagônicas aos credos reformados. Os semiarianos na Igreja Inglesa afirmaram que a sua concepção da Trindade não diferia essencialmente da dos pais nicenos. Em cada uma dessas instâncias, o acusado queixou-se de que suas declarações foram erroneamente interpretadas por seus oponentes, afirmando que a Igreja estava equivocada ao supor que sua heterodoxia não poderia ser harmonizada com a fé herdada. A mesma afirmação de ser mal interpretada e a mesma reivindicação de ser ortodoxa, marca o julgamento existente na Igreja Presbiteriana.
Ao determinar qual é o verdadeiro significado da fraseologia em uma proposta de alteração do credo denominacional, e qual será a influência natural dela se for permitido ensiná-la, é óbvio de que é a denominação quem decide. No caso de uma diferença na compreensão e interpretação de um documento escrito contendo mudanças propostas no credo da igreja, a regra da lei comum aplica-se, que o acusado não pode ser o juiz final do significado e disposição do seu próprio documento, mas sim o tribunal. A denominação é o tribunal. Não há dificuldades ou injustiças nisso. Um julgamento denominacional é correto para ser equitativo, ocorra ele na Igreja ou no Estado. A história da política mostra que as decisões dos grandes partidos políticos respeitando o verdadeiro significado de suas ideologias e a conformidade dos indivíduos a elas, geralmente, foram corretas. A história da religião também mostra que os julgamentos dos grandes grupos eclesiásticos agiram corretamente em relação aos ensinos de seus padrões, e o acordo ou desacordo das escolas particulares de teologia com eles. Os indivíduos e os partidos foram declarados heterodoxos, política ou teologicamente, pelo voto deliberado do corpo ao qual pertenciam. É raro que a maioria estivesse errada e correta minoria.
A honestidade confessional é intimamente relacionada com a honra denominacional. As igrejas que foram as mais francas em anunciar o seu credo, bem como as mais rigorosas em insistir numa interpretação honesta e a sua adoção por parte de seus membros, caracterizaram-se por uma escrupulosa consideração pelos direitos de outras igrejas. Estando satisfeitos com sua própria posição doutrinária e confiantes da verdade de seus artigos de fé, eles não invadiram outras denominações para alterar seu credo ou obter seu prestígio. A este respeito, os calvinistas da cristandade se comparam favoravelmente com alguns de seus oponentes que os acusam de obscurantismo e intolerância. É verdade que, nos tempos em que a união da Igreja e do Estado era universal, e a propagação de qualquer outra religião, exceto a do Estado, era considerada ameaçadora para o bem político, os calvinistas como todos os outros partidos religiosos tentaram suprimir todos os credos senão o estabelecido.
Mas os calvinistas estavam na vanguarda a favor da separação da Igreja e do Estado e pela tolerância religiosa que resultaria naturalmente. Desde que a tolerância religiosa se tornou o princípio da cristandade e tornou-se dominante o direito protestante do juízo privado, o calvinismo não foi intolerante ou disposto a interferir nos credos, instituições e benefícios de outros grupos. A este respeito temos um bom exemplo. Não há exemplos registrados, que nos lembremos, de que calvinistas secretamente adulteraram o credo de outro corpo eclesiástico e tentaram seduzir os seus membros de sua lealdade aos artigos de crença por eles adotados publicamente. De sua própria posição calvinista aberta e declarada, eles, naturalmente, criticaram e se opuseram a outros credos, porque acreditavam que eles eram mais ou menos errôneos, mas nunca adotaram a estratégia de se infiltrar noutra denominação, subscrevendo os seus artigos e, em seguida, a partir dessa posição, revolucionar o grupo que professou sinceramente se juntar. Nenhuma parte da cristandade foi mais livre de hipocrisia e dissimulação do que as igrejas calvinistas.
NOTAS:
[1] Os parágrafos foram subdivididos para facilitar a compreensão dos argumentos. Nota do tradutor.
[2] O termo em seu uso teológico pode referir-se a premissa histórico-teológica de que o cristianismo se apostatou em pontos essenciais de sua identidade doutrinária, sendo necessário restaurá-lo. Steven L. Ware, de modo confuso, define “restauracionismo é um complexo de ideias que, implícito e comum a todo o protestantismo (...) é essencialmente sinônimo de primitivismo”. Veja “Restorationism in Classical Pentecostalism” em New Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements (Grand Rapids, Zondervan, 2002). Neste sentido, em parte, a reforma protestante foi restauracionista, mas a sua reivindicação é de um retorno ao ensino da Escritura Sagrada e não ao modelo da igreja primitiva. A igreja no primeiro século passou pela transição da aliança, dentro dum processo que culminou na cessação dos agentes e modalidades revelacionais, bem como da transmissão de novas revelações. A igreja primitiva não foi o modelo final, tanto pelos diferentes problemas e imperfeições Sitz im Leben que evidenciava, como também ela não poderia ser considerada madura até que se consumasse a transição. O fechamento do cânon do Novo Testamento, o fim do apostolado e a consumação da estrutura da nova aliança, somente ocorreram no fim do primeiro século. Por isso, o modelo de igreja é determinado por princípios bíblicos e não por um exemplarismo histórico. Shedd usa o termo restauracionismo, em seu sentido negativo, para se referir a grupos heréticos que surgiram em sua época como o adventismo, o mormonismo e as testemunhas de Jeová. O pentecostalismo surge no início do século XX como uma proposta restauracionista. Nota do tradutor.
William G.T. Shedd, Calvinism: Pure and Mixed – A Defense of the Westminster Standards (Edinburgh, The Banner of Truth Trust, 1986), pp. 152-158.
Tradução e notas por Ewerton B. Tokashiki
A honestidade e a sinceridade são fundamentadas numa clara convicção e uma clara convicção é firmada no conhecimento e no reconhecimento da verdade. A heresia é um pecado e é classificada por são Paulo entre as “obras da carne”, juntamente com “adultério, idolatria, assassinato, inveja e ódio”, que excluem do reino de Deus (Gl 5:19-21). Mas a heresia não é um pecado tão grande quanto a desonestidade. Pode existir uma heresia honesta, mas não uma honesta desonestidade. Alguém que reconhece ser um herege, é um homem melhor do que aquele que finge ser ortodoxo enquanto subscreve um credo que despreza, e que ele finge sob pretexto de melhorá-lo e adaptá-lo ao tempo presente. O herege honesto deixa a igreja com a qual ele não concorda, mas o subscritor insincero permanece dentro dela para realizar o seu plano de desmoralização.
As discussões recentes na Igreja Presbiteriana revelaram uma diferença de sentimento em relação ao valor da honestidade denominacional. Alguns dos jornais seculares atribuem intolerância e perseguição aos presbiterianos, quando os desvios do credo da igreja são objeto de inquérito judicial e quando indivíduos são exigidos a conformar o seu ensino do púlpito ou da cátedra com os padrões denominacionais. Desta forma, uma parte da imprensa pública está em consonância com a desonestidade confessional. Isso permitiria aos oficiais da igreja subscreverem um credo e obter as vantagens da subscrição sob a forma de reputação ou benefícios, enquanto trabalham contra ele.
O credo de uma igreja é um contrato solene entre os membros da igreja, muito mais do que a ideologia de um partido político é entre políticos. Parte da imprensa parece não perceber a imoralidade de violar um contrato quando se trata de uma denominação religiosa, mas quando um partido político é o grupo a ser afetado pela violação de uma promessa, ninguém é mais preciso do que ela em discernir e nenhum deles é mais veemente em denunciar a dupla negociação.
Deveria surgir um grupo dentro do Partido Republicano, por exemplo, e se esforçar para alterar a plataforma, mantendo os escritórios e os salários garantidos por professar fidelidade ao partido e prometendo adotar os princípios fundamentais sobre os quais foi fundado, e pelos quais difere do Partido Democrático e demais partidos políticos, a acusação de desonestidade política poderia prejudicar a posição social e histórica do Republicanismo. Quando esses divergentes se desviam do cargo, sendo disciplinados pelo partido, e talvez, sejam expulsos da organização política, se a queixa de heresia política e a perseguição fossem oferecida, a única resposta concedida pela imprensa republicana seria a do desprezo. Quando alguns políticos desonestos reivindicam a tolerância, sob a desculpa de políticas mais “liberais” do que as aceitas pelo partido, preservando-se o pagamento do partido, enquanto defende diferentes sentimentos da maioria do partido, o fato é que ninguém é obrigado a unir-se ao Partido Republicano, ou permanecer nele, mas se uma pessoa se juntar a ele ou ficar nele, deve adotar estritamente o credo do partido e não fazer tentativas, seguras ou abertas, de alterá-lo. Que um credo republicano pertence aos republicanos e a nenhum outro, parece ser a concordância por todos. Mas que um credo calvinista é para calvinistas e de nenhum outro, parece suscitar dúvidas de alguns.
Há defensores de uma visão de igreja confessional e de uma subscrição confessional que argumentam que é apropriado introduzir melhorias num credo denominacional. Que o progresso na física e no espírito da nossa época exigem novas declarações de ética e religião. E isso justifica o surgimento dentro de uma denominação de um grupo para fazê-los, e exige que a denominação atente e analise com calma. Isto significa, por exemplo, que uma igreja que adota a escatologia histórica é obrigada a permitir que os seus membros pensem que o restauracionismo[2] é uma melhoria, e que poderiam introduzi-lo nos artigos de fé. Ou que uma igreja que adota o arminianismo wesleyano é obrigada a permitir que seus membros pensem que a eleição incondicional seja preferível a eleição condicional, esforçando para torná-la calvinista, introduzindo esse princípio doutrinário.
Mas se uma liberdade correspondente fosse exigida na esfera política, não haveria nenhuma aceitação. Se dentro do Partido Democrata surgisse um grupo que reivindicasse o direito, enquanto membros no partido, para converter o corpo em princípios e medidas republicanas, se diria que o lugar apropriado para tal projeto está fora do Partido Democrata, e não nele. O direito do grupo divergente às suas próprias opiniões não seria contestado, mas seria negado o direito de mantê-las e espalhá-las com os recursos financeiros e a influência do Partido Democrata. Os democratas poderiam usar a ilustração de Lutero num exemplo semelhante: “Não podemos evitar que as aves voem sobre nossas cabeças, mas podemos impedir que elas façam seus ninhos nos nossos cabelos”. Eles diriam aos mal-intencionados: “Não podemos impedir que vocês tenham suas próprias visões peculiares e indesejáveis, mas vocês não têm o direito de ventilá-las em nossa organização”. Se os executivos da Alfândega de New York ou dos Correios insistissem em usar os salários dessas grandes instituições na transformação da política do partido que os colocou lá, nenhuma acusação de “perseguição” impediria o partido de cobrar imediatamente a sua coerência. No entanto, alguns da imprensa secular, bem como alguns religiosos, afirmam que é apropriado para os subscritores da Confissão de Westminster fazerem uma alteração radical na teologia denominacional dentro da denominação, e que estão reprimindo o livre pensamento e o direito de juízo privado, quando o sete-oitavos de representantes da Igreja Presbiteriana vetou sobre tal tentativa em seu tribunal da Assembleia Geral.
Nesta ação eclesiástica não há negação do direito de juízo privado e de livre pensamento sobre qualquer sistema de doutrina. Apenas afirma que aqueles que discordam do credo aceito pela denominação, se forem minoritários, devem sair dela, se desejarem construir um novo esquema doutrinário. A maioria satisfeita tem o direito de exercer o livre pensamento e o juízo privado, bem como a minoria insatisfeita, mas na sua prática permanece o credo como está. Consequentemente, se o descontentamento com o padrão denominacional surgir na mente de alguns, o lugar apropriado para seus novos experimentos em teologia, está dentro de uma nova organização e não na antiga que não concorda com as suas especulações. Por esta razão, desde tempos imemoriais, uma denominação religiosa sempre reivindicou o direito de expulsar pessoas que são hereges, conforme julgados pelo credo denominacional. Só assim pode uma denominação viver e prosperar. Não seria útil para a sociedade ou a religião derrubar os limites doutrinários da denominação e convertê-la numa “terra de ninguém” para que todas as variedades de crenças divaguem.
Aqui surge a questão: quem deve interpretar o credo da igreja e dizer se um esquema proposto de doutrina concorda com ele, ou o contradiz? Quem poderia dizer o que é heresia do ponto de vista do sistema denominacional? Certamente a denominação, e não o indivíduo ou o grupo que é acusado de heresia. Este é um ponto de grande importância. Para aqueles que são acusados de heterodoxia, comumente definem a ortodoxia a seu modo e afirmam não se afastarem do que eles consideram como os elementos essenciais do sistema denominacional. O partido arminiano na controvérsia do Sínodo de Dort alegou que as suas modificações na doutrina eram moderadas e não antagônicas aos credos reformados. Os semiarianos na Igreja Inglesa afirmaram que a sua concepção da Trindade não diferia essencialmente da dos pais nicenos. Em cada uma dessas instâncias, o acusado queixou-se de que suas declarações foram erroneamente interpretadas por seus oponentes, afirmando que a Igreja estava equivocada ao supor que sua heterodoxia não poderia ser harmonizada com a fé herdada. A mesma afirmação de ser mal interpretada e a mesma reivindicação de ser ortodoxa, marca o julgamento existente na Igreja Presbiteriana.
Ao determinar qual é o verdadeiro significado da fraseologia em uma proposta de alteração do credo denominacional, e qual será a influência natural dela se for permitido ensiná-la, é óbvio de que é a denominação quem decide. No caso de uma diferença na compreensão e interpretação de um documento escrito contendo mudanças propostas no credo da igreja, a regra da lei comum aplica-se, que o acusado não pode ser o juiz final do significado e disposição do seu próprio documento, mas sim o tribunal. A denominação é o tribunal. Não há dificuldades ou injustiças nisso. Um julgamento denominacional é correto para ser equitativo, ocorra ele na Igreja ou no Estado. A história da política mostra que as decisões dos grandes partidos políticos respeitando o verdadeiro significado de suas ideologias e a conformidade dos indivíduos a elas, geralmente, foram corretas. A história da religião também mostra que os julgamentos dos grandes grupos eclesiásticos agiram corretamente em relação aos ensinos de seus padrões, e o acordo ou desacordo das escolas particulares de teologia com eles. Os indivíduos e os partidos foram declarados heterodoxos, política ou teologicamente, pelo voto deliberado do corpo ao qual pertenciam. É raro que a maioria estivesse errada e correta minoria.
A honestidade confessional é intimamente relacionada com a honra denominacional. As igrejas que foram as mais francas em anunciar o seu credo, bem como as mais rigorosas em insistir numa interpretação honesta e a sua adoção por parte de seus membros, caracterizaram-se por uma escrupulosa consideração pelos direitos de outras igrejas. Estando satisfeitos com sua própria posição doutrinária e confiantes da verdade de seus artigos de fé, eles não invadiram outras denominações para alterar seu credo ou obter seu prestígio. A este respeito, os calvinistas da cristandade se comparam favoravelmente com alguns de seus oponentes que os acusam de obscurantismo e intolerância. É verdade que, nos tempos em que a união da Igreja e do Estado era universal, e a propagação de qualquer outra religião, exceto a do Estado, era considerada ameaçadora para o bem político, os calvinistas como todos os outros partidos religiosos tentaram suprimir todos os credos senão o estabelecido.
Mas os calvinistas estavam na vanguarda a favor da separação da Igreja e do Estado e pela tolerância religiosa que resultaria naturalmente. Desde que a tolerância religiosa se tornou o princípio da cristandade e tornou-se dominante o direito protestante do juízo privado, o calvinismo não foi intolerante ou disposto a interferir nos credos, instituições e benefícios de outros grupos. A este respeito temos um bom exemplo. Não há exemplos registrados, que nos lembremos, de que calvinistas secretamente adulteraram o credo de outro corpo eclesiástico e tentaram seduzir os seus membros de sua lealdade aos artigos de crença por eles adotados publicamente. De sua própria posição calvinista aberta e declarada, eles, naturalmente, criticaram e se opuseram a outros credos, porque acreditavam que eles eram mais ou menos errôneos, mas nunca adotaram a estratégia de se infiltrar noutra denominação, subscrevendo os seus artigos e, em seguida, a partir dessa posição, revolucionar o grupo que professou sinceramente se juntar. Nenhuma parte da cristandade foi mais livre de hipocrisia e dissimulação do que as igrejas calvinistas.
NOTAS:
[1] Os parágrafos foram subdivididos para facilitar a compreensão dos argumentos. Nota do tradutor.
[2] O termo em seu uso teológico pode referir-se a premissa histórico-teológica de que o cristianismo se apostatou em pontos essenciais de sua identidade doutrinária, sendo necessário restaurá-lo. Steven L. Ware, de modo confuso, define “restauracionismo é um complexo de ideias que, implícito e comum a todo o protestantismo (...) é essencialmente sinônimo de primitivismo”. Veja “Restorationism in Classical Pentecostalism” em New Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements (Grand Rapids, Zondervan, 2002). Neste sentido, em parte, a reforma protestante foi restauracionista, mas a sua reivindicação é de um retorno ao ensino da Escritura Sagrada e não ao modelo da igreja primitiva. A igreja no primeiro século passou pela transição da aliança, dentro dum processo que culminou na cessação dos agentes e modalidades revelacionais, bem como da transmissão de novas revelações. A igreja primitiva não foi o modelo final, tanto pelos diferentes problemas e imperfeições Sitz im Leben que evidenciava, como também ela não poderia ser considerada madura até que se consumasse a transição. O fechamento do cânon do Novo Testamento, o fim do apostolado e a consumação da estrutura da nova aliança, somente ocorreram no fim do primeiro século. Por isso, o modelo de igreja é determinado por princípios bíblicos e não por um exemplarismo histórico. Shedd usa o termo restauracionismo, em seu sentido negativo, para se referir a grupos heréticos que surgiram em sua época como o adventismo, o mormonismo e as testemunhas de Jeová. O pentecostalismo surge no início do século XX como uma proposta restauracionista. Nota do tradutor.
William G.T. Shedd, Calvinism: Pure and Mixed – A Defense of the Westminster Standards (Edinburgh, The Banner of Truth Trust, 1986), pp. 152-158.
Tradução e notas por Ewerton B. Tokashiki
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
20 setembro 2017
A doutrina da Igreja Católica Romana de servir um elemento na Eucaristia
Quando e com qual fundamento a Igreja Católica Romana, no ato da Eucaristia, distribui apenas a óstia, negando aos fiéis o cálice do vinho? Recorrendo aos seus documentos oficiais este breve artigo intenciona responder a questão.
A decisão de dar apenas o pão ocorreu no Concílio de Constança, que é o 16º ecumênico, de 5 Novembro de 1414 à 22 Abril de 1418, na sessão 13ª, de 15 Junho de 1415, no Decreto Cum in nonnullis, confirmado pelo Papa Martinho V, em 1 Setembro de 1425. Este decreto é repetido nas constituições de In eminentis de 1 Setembro de 1425 (BarAE, ao ano de 1425, n. 18 / Theiner 28,27) e Apostolicae sedis praecellens de 25 de Janeiro de 1426, declarando que
No Concílio de Trento [1545-1563] houve a ratificação da prática estabelecida no Concílio de Constança, conforme decisão abaixo:
O afastamento da Igreja Reformada ocorre por esta e outras tantas doutrinas e práticas da Igreja Católica Romana. A Reforma restaurou a distribuição de ambas as espécies para todos os participantes da Ceia do Senhor.
NOTAS:
[1] Heinrich Denzinger & Petrus Hünermann, Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral (São Paulo, Editora Paulina e Edições Loyola, 2007), pp. 347-348.
[2] Philip Schaff, "The Canons and Dogmatic Decrees of the Concil of Trent" in: The Creeds of Chistendom - with a history and critical notes (Grand Rapids, Baker Books, 6a ed., 2007), vol. 2, pp. 170-176.
A decisão de dar apenas o pão ocorreu no Concílio de Constança, que é o 16º ecumênico, de 5 Novembro de 1414 à 22 Abril de 1418, na sessão 13ª, de 15 Junho de 1415, no Decreto Cum in nonnullis, confirmado pelo Papa Martinho V, em 1 Setembro de 1425. Este decreto é repetido nas constituições de In eminentis de 1 Setembro de 1425 (BarAE, ao ano de 1425, n. 18 / Theiner 28,27) e Apostolicae sedis praecellens de 25 de Janeiro de 1426, declarando que
em algumas partes do mundo, alguns ousam temerariamente afirmar que o povo cristão deve receber o santo sacramento da Eucaristia sob as duas espécies do pão e do vinho e fazem comungar em geral a assembleia dos leigos não só com a espécie do pão, mas também com a do vinho, inclusive depois da refeição ou doutro modo sem jejum. Eles sustentam obstinadamente que este é o modo de se comungar, opondo-se ao louvável costume da Igreja, justificado também racionalmente, que de modo condenável procuram reprovar como sacrílego: por isso, este Concílio … declara, decreta e define que, se bem que Cristo tenha instituído e administrado depois da refeição aos apóstolos este venerando sacramento sob ambas as espécies do pão do vinho, não obstante isso, a admirável autoridade dos sagrados cânones e o autorizado costume da Igreja têm declarado e declaram que este sacramento não deve ser administrado depois da refeição nem a fiéis que não estão em jejum, salvo no caso de doença ou de outra necessidade, concedido ou admitido pelo direito ou pela Igreja. E como este costume foi introduzido, com razão, para evitar perigos e escândalos, com análoga ou maior razão foi introduzido e observado este outro: se bem que na Igreja primitiva este sacramento era recebido pelos fiéis sob ambas as espécies, mais tarde, porém, era recebido pelos consagrantes sob ambas as espécies, mas pelos leigos somente sob a espécie do pão, pois é preciso crer com toda a firmeza e sem sombra de dúvida que o corpo e o sangue de Cristo estão verdadeiramente contidos, na sua integridade, tanto sob a espécie do pão, como sob a do vinho. Portanto, visto que foi introduzido com boa razão pela Igreja e pelos santos Padres e observada durante muitíssmo tempo, este costume deve ser considerado como uma lei que não pode ser reprovada nem modificada arbitrariamente, sem o consentimento da Igreja. É errôneo sustentar que a observância deste costume ou lei é sacrílega ou ilícita; e os que se obstinam em sustentar o contrário devem ser tratados como hereges ....[1]
No Concílio de Trento [1545-1563] houve a ratificação da prática estabelecida no Concílio de Constança, conforme decisão abaixo:
Doutrina da Comunhão sob Ambas Espécies e da Comunhão das Crianças
Tendo presente o Sacrossanto, Ecumênico e Geral Concílio de Trento, reunido legitimamente no Espírito Santo e presidido pelos mesmos Legados da Sé Apostólica, os vários e monstruosos erros que pelos malignos artifícios do demônio aparecem em diversos lugares acerca do Imenso e Santíssimo Sacramento da Eucaristia, pelos quais, parece que em algumas províncias, muitos se apartaram da fé e obediência à Igreja Católica, teve por bem expor agora a doutrina respectiva da Comunhão em ambas as espécies e a comunhão das crianças.
Com esta finalidade, proíbe a todos os fiéis cristãos o atrevimento, de ora em diante, de crer, ensinar ou pregar acerca da Comunhão, de qualquer outro modo que não seja o que é definido nos presentes decre-tos:
Cap. I - Os leigos e clérigos que não celebram, não estão obrigados, por direito divino, a comungar sob as duas espécies
Em continuidade, o mesmo Santo Concílio, ensinado pelo Espírito Santo, que é o Espírito de Sabedoria, Inteligência, Conselho e Piedade, e seguindo o ditame do costume da Igreja, declara e ensina que os leigos e os clérigos que não celebram a missa, não estão obrigados, por preceito divino algum, a receber o Sacramento da Eucaristia sob as duas espécies, e que não cabe, absolutamente, dúvida nenhuma, sem faltar à fé, que lhes basta, para conseguir a salvação, a comunhão de apenas uma das espécies. Pois, ain-da que Cristo, nosso Senhor, tenha instituído na última ceia este venerável Sacramento nas espécies do pão e do vinho, e o tenha dado a Seus Apóstolos, sem dúvida, não tem por finalidade aquela instituição e comunhão estabelecer a obrigação de que todos os fiéis cristãos devam receber devido a esse estabele-cimento de Jesus Cristo, uma e outra espécie. Nem tampouco se faça a coligação a bem do sermão que se acha no capítulo sexto de São João, que o Senhor mandasse, sob o preceito da comunhão das espé-cies, de qualquer modo que se entenda, segundo várias interpretações dos Santos Padres e Doutores, pois o mesmo que disse "Se não comeres a carne do filho do homem, nem beberes seu sangue, não terás a própria vida", disse também: "Se alguém comer deste pão, viverá eternamente". E aquele que disse: "Quem come Minha carne e bebe Meu sangue, consegue a vida eterna", disse também: "O pão que Eu darei, é Minha carne, que darei para vivificar o mundo". E finalmente, quem disse "Quem come de mi-nha carne e bebe do meu sangue, fica em Mim e Eu nele", também disse: "Quem come este pão viverá eternamente".
Cap. II - Do poder da Igreja para dispensar o Sacramento da Eucaristia
Declara também que na administração de seus Sacramentos, sempre teve a Igreja, poder para estabelecer ou mudar, salvada sempre a essência deles, quando tiver julgado ser o mais conveniente, de acordo com as circunstâncias das coisas, tempos e lugares, à utilidade dos que recebem os Sacramentos, ou à sua veneração. É exatamente isso que parece que insinuou o Apóstolo São Paulo, quando disse: "Devemos ser reputados como ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus". E consta que muitas vezes o mesmo Apóstolo fez uso desse poder, tanto a respeito de outros pontos como dos Sacramentos, pois disse, quando fez regras a respeito de seu uso: "quando cheguar a hora, darei ordens ao restante". Portanto, reconhecendo a Santa Mãe Igreja esta autoridade que tem na administração dos Sacramentos, mesmo tendo sido freqüente o uso de comungar sob as duas espécies, desde o princípio da religião cris-tã, porém verificando, em muitos lugares, com o passar do tempo, a mudança nesse costume, aprovou, movida por muitas graves e justas causas, a comunhão sob uma só espécie, decretando que isso fosse observado como lei, a qual não é permitido mudar ou reprovar arbitrariamente sem a autorização expres-sa da Igreja.
Cap. III - Que Cristo é recebido por inteiro e também verdadeiro Sacramento em qualquer uma das espécies
Declara o santo Concilio depois disto, que ainda que nosso Redentor, como já disse antes, instituiu na última ceia este Sacramento nas duas espécies, e o deu a seus Apóstolos, se deve confessar porém, que também se recebe em cada uma única espécie a Cristo todo e inteiro e verdadeiro Sacramento. E que por conseguinte, as pessoas que recebem uma única espécie, não ficam prejudicadas a respeito do fruto de nenhuma graça necessária para conseguir a salvação.
[...]
Cânones da Comunhão sob Ambas Espécies e da Comunhão das Crianças
Cân. I - Se alguém disser que todos e cada um dos fiéis cristãos estão obrigados por preceito divino ou por necessidade de conseguir a salvação, a receber as duas espécies do Santíssimo Sacramento da Euca-ristia, seja excomungado.
Cân. II - Se alguém disser que não teve a Santa Igreja Católica, causa nem razões justas para dar a co-munhão apenas sob uma das espécie aos fiéis leigos, assim como aos clérigos que não celebram, ou que erra nisto, seja excomungado.
Cân. III - Se alguém negar que Cristo, Fonte e Autor de todas as graças, é recebido todo e inteiro sob a única espécie do pão, dando por razão, como falsamente o afirmam alguns, que não se recebe segundo o estabeleceu o mesmo Jesus Cristo, nas duas espécies, seja excomungado.
Cân. IV - Se alguém disser que é necessária a comunhão da Eucaristia às crianças antes que cheguem ao uso da razão, seja excomungado.
O mesmo Santo Concílio reserva para outro tempo, e será quando se lhe apresente a primeira ocasião, o exame e definição dos artigos já propostos, mas que ainda não foram discutidos, a saber:
Se as razões que induziram a Santa Igreja Católica a dar a Comunhão em uma única espécie aos leigos, assim como aos clérigos que não celebram, devem de tal modo subsistir e que por motivo nenhum seja permitido a ninguém o uso do cálice.
E também: Se em caso que pareça dever-se conceder a alguma nação ou reino, do cálice por razões prudentes e conformes com a caridade cristã, deverá ser concedida sob algumas condições, e quais são elas.[2]
O afastamento da Igreja Reformada ocorre por esta e outras tantas doutrinas e práticas da Igreja Católica Romana. A Reforma restaurou a distribuição de ambas as espécies para todos os participantes da Ceia do Senhor.
NOTAS:
[1] Heinrich Denzinger & Petrus Hünermann, Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral (São Paulo, Editora Paulina e Edições Loyola, 2007), pp. 347-348.
[2] Philip Schaff, "The Canons and Dogmatic Decrees of the Concil of Trent" in: The Creeds of Chistendom - with a history and critical notes (Grand Rapids, Baker Books, 6a ed., 2007), vol. 2, pp. 170-176.
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
19 setembro 2017
Declaração de Nashville - sobre sexualidade
Declaração publicada pelo Conselho sobre a Masculinidade e Feminilidade Bíblica no dia 29 de agosto de 2017 na cidade de Nashville, EUA.
Preâmbulo
Cristãos Evangélicos, na aurora do século XXI, encontram-se em um momento de transição histórica. Como a cultura ocidental tem se tornado cada vez mais pós-Cristã, ela tem embarcado em uma revisão massiva do significado do que é ser humano. De um modo geral, o espírito de nossa época, não percebe ou se deleita mais com a beleza do projeto de Deus para a vida humana. Muitos negam que Deus criou o ser humano para a sua glória, e que os seus bons propósitos para conosco incluem o nosso modelo físico e pessoal como masculino e feminino. É comum pensar que a identidade humana como masculina e feminina não seja uma parte do maravilhoso plano de Deus, mas é, e é mais do que um expressão individual de suas preferências autônomas. O caminho para a alegria completa e duradoura através do bom projeto de Deus para suas criaturas é então substituído pelo caminho de alternativas míopes que, mais cedo ou mais tarde, arruinam com a vida humana e desonram a Deus.
Este espírito secular de nossa época apresenta um grande desafio para a igreja Cristã. A igreja do Senhor Jesus Cristo perderá sua convicção, clareza e coragem bíblica, e se misturará ao espírito da época? Ou ela se manterá firme à palavra da vida, suscitará coragem através de Jesus, e despudoradamente proclamará o seu modo como o caminho da vida? Ela preservará o seu testemunho transparente, contracultural para um mundo que parece caído em ruína?
Estamos convencidos de que a fidelidade em nossa geração significa declarar mais uma vez, a verdadeira história do mundo e de nosso lugar nele – particularmente como masculino e feminino. As Escrituras Cristãs ensinam que existe apenas um Deus, e que é o Criador e Senhor de tudo. Somente a ele, uma pessoa deve agradecimento alegre, adoração sincera e total lealdade. Este é o caminho não só para glorificar a Deus, mas também para conhecer a si mesmo. Esquecer do nosso Criador é esquecermo-nos de nós mesmos, pois ele nos fez para ele mesmo. E nós não podemos nos conhecer verdadeiramente sem conhecemo-Lo verdadeiramente. Nós não nos fizemos. Nós não somos de nós mesmos. Nossa verdadeira identidade, como pessoas masculinas e femininas, é dada por Deus. Não é apenas tolo, como também inútil, tentarmos fazer de nós mesmos o que Deus não nos criou para ser.
Nós acreditamos que o projeto de Deus para a criação e o seu caminho de salvação servem para levar a ele a glória maior e trazer a nós o bem maior. O plano bom de Deus nos fornece a liberdade maior. Jesus disse que ele veio para que nós possamos ter uma vida abundante. Ele é por nós e não contra nós. Portanto, na esperança de servir à igreja de Cristo e testemunhar publicamente para os propósitos bons de Deus para a sexualidade humana revelada nas Escrituras Cristãs, nós oferecemos as seguintes afirmações e negações.
Artigo I
NÓS AFIRMAMOS que Deus designou o casamento para ser uma união pactual, sexual, procriativa, vitalícia entre um homem e uma mulher.
NÓS NEGAMOS que Deus designou o casamento para ser uma relação homossexual, poligámica ou poliamorosa. Nós também negamos que o casamento seja uma mero contrato humano, e não um pacto feito diante de Deus.
Artigo II
NÓS AFIRMAMOS que a vontade de Deus revelada para todas as pessoas é a castidade fora do casamento e a fidelidade dentro do casamento.
NÓS NEGAMOS que qualquer afeição, desejo ou compromisso justifiquem o ato sexual, seja antes ou fora do casamento; ou que justifiquem qualquer forma de imoralidade sexual.
Artigo III
NÓS AFIRMAMOS que Deus criou Adão e Eva, os primeiros seres humanos, à sua imagem, iguais, perante Deus, como pessoas, e distintos como masculino e feminino.
NÓS NEGAMOS que as diferenças ordenadas divinamente entre homem e mulher façam com que os mesmos sejam desiguais em dignidade e valor.
Artigo IV
NÓS AFIRMAMOS que as diferenças ordenadas divinamente entre homem e mulher refletem o projeto de criação original de Deus e foram feitas para o bem e para a prosperidade do homem.
NÓS NEGAMOS que essas diferenças são resultado da Queda ou que devem ser superadas.
Artigo V
NÓS AFIRMAMOS que as diferenças entre as estruturas reprodutivas do homem e da mulher são integrantes do projeto de Deus para a auto concepção como masculino ou feminino.
NÓS NEGAMOS que anomalias físicas ou condições psicológicas anulam a ligação designada por Deus entre o sexo biológico e a auto concepção como masculino ou feminino.
Artigo VI
NÓS AFIRMAMOS que aqueles nascidos com desordem física de desenvolvimento sexual são criados à imagem de Deus e têm dignidade e valor assim como todos os outros portadores da imagem. Eles são reconhecidos pelo Nosso Senhor Jesus em suas próprias palavras sobre “eunucos que assim nasceram do ventre da mãe”. Juntamente com outros, eles são bem-vindos como seguidores da fé de Jesus Cristo e deveriam abraçar seu sexo biológico até o ponto que o mesmo seja conhecido.
NÓS NEGAMOS que ambiguidades relacionadas ao sexo biológico de uma pessoa a torne incapaz de viver uma vida fértil em obediência alegre a Cristo.
Artigo VII
NÓS AFIRMAMOS que a auto concepção de masculino e feminino deve ser definida pelos propósitos sagrados de Deus na criação e redenção, como revelado pelas Escrituras.
NÓS NEGAMOS que adotar uma auto concepção homossexual ou transgênero consista dos propósitos sagrados de Deus na criação e redenção.
Artigo VIII
NÓS AFIRMAMOS que as pessoas que possuem atração sexual pelo mesmo sexo podem viver uma vida rica e próspera, agradando a Deus através da fé em Jesus Cristo, enquanto eles, assim como todo Cristão, caminham na pureza da vida.
NÓS NEGAMOS que a atração pelo mesmo sexo seja parte da bondade natural da criação original de Deus, ou que isso ponha alguém fora da esperança do Evangelho.
Artigo IX
NÓS AFIRMAMOS que o pecado distorce os desejos sexuais por direcioná-los para longe do pacto matrimonial e por aproximá-los da imoralidade sexual – uma distorção que inclui tanto a imoralidade heterossexual como a homossexual.
NÓS NEGAMOS que um padrão persistente de imoralidade sexual justique o comportamento sexualmente imoral.
Artigo X
NÓS AFIRMAMOS que é pecaminoso aprovar a imoralidade homossexual ou o transgênerismo e que tal aprovação constitui um desvio essencial da fé e do testemunho de Jesus Cristo.
NÓS NEGAMOS que a aprovação de imoralidade homossexual ou de transgênerismo seja questão de indiferença moral sobre a qual Cristãos fiéis deveriam concondar para descordar.
Artigo XI
NÓS AFIRMAMOS a nossa obrigação de sempre falar a verdade em amor, incluindo quando falamos com ou sobre outra pessoa como masculino ou feminino.
NÓS NEGAMOS qualquer obrigação de falar em desonra ao projeto de Deus de seus portadores da imagem como masculino e feminino.
Artigo XII
NÓS AFIRMAMOS que a graça de Deus em Cristo fornece tanto perdão misericordioso como poder transformador, e que este perdão e poder permitem ao seguidor de Jesus aniquilar desejos pecaminosos e caminhar de uma forma louvável ao Senhor.
NÓS NEGAMOS que a graça de Deus em Cristo seja insuficiente para perdoar qualquer pecado sexual e para dar poder de santidade para qualquer crente que se sinta afogado no pecado sexual.
Artigo XIII
NÓS AFIRMAMOS que a graça de Deus em Cristo permite pecadores a abandonar auto concepções de transgeneridade e através de paciência divina, de aceitar a ligação designada por Deus entre o sexo biológico e a auto concepção de alguém como masculino ou feminino.
NÓS NEGAMOS que a graça de Deus em Cristo sancione auto concepções que são estranhas à vontade de Deus revelada.
Artigo XIV
NÓS AFIRMAMOS que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que através da morte e ressurreição de Cristo, o perdão e a vida eterna estão disponíveis para qualquer pessoa que se arrependa de seus pecados e confie em Cristo como seu único Salvador, Senhor e tesouro supremo.
NÓS NEGAMOS que o braço do Senhor seja curto demais para salvar ou que qualquer pecador esteja além do seu alcance.
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Fonte: site PALAVRA PRUDENTE
Preâmbulo
“Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto…“ – Salmos 100:3
Cristãos Evangélicos, na aurora do século XXI, encontram-se em um momento de transição histórica. Como a cultura ocidental tem se tornado cada vez mais pós-Cristã, ela tem embarcado em uma revisão massiva do significado do que é ser humano. De um modo geral, o espírito de nossa época, não percebe ou se deleita mais com a beleza do projeto de Deus para a vida humana. Muitos negam que Deus criou o ser humano para a sua glória, e que os seus bons propósitos para conosco incluem o nosso modelo físico e pessoal como masculino e feminino. É comum pensar que a identidade humana como masculina e feminina não seja uma parte do maravilhoso plano de Deus, mas é, e é mais do que um expressão individual de suas preferências autônomas. O caminho para a alegria completa e duradoura através do bom projeto de Deus para suas criaturas é então substituído pelo caminho de alternativas míopes que, mais cedo ou mais tarde, arruinam com a vida humana e desonram a Deus.
Este espírito secular de nossa época apresenta um grande desafio para a igreja Cristã. A igreja do Senhor Jesus Cristo perderá sua convicção, clareza e coragem bíblica, e se misturará ao espírito da época? Ou ela se manterá firme à palavra da vida, suscitará coragem através de Jesus, e despudoradamente proclamará o seu modo como o caminho da vida? Ela preservará o seu testemunho transparente, contracultural para um mundo que parece caído em ruína?
Estamos convencidos de que a fidelidade em nossa geração significa declarar mais uma vez, a verdadeira história do mundo e de nosso lugar nele – particularmente como masculino e feminino. As Escrituras Cristãs ensinam que existe apenas um Deus, e que é o Criador e Senhor de tudo. Somente a ele, uma pessoa deve agradecimento alegre, adoração sincera e total lealdade. Este é o caminho não só para glorificar a Deus, mas também para conhecer a si mesmo. Esquecer do nosso Criador é esquecermo-nos de nós mesmos, pois ele nos fez para ele mesmo. E nós não podemos nos conhecer verdadeiramente sem conhecemo-Lo verdadeiramente. Nós não nos fizemos. Nós não somos de nós mesmos. Nossa verdadeira identidade, como pessoas masculinas e femininas, é dada por Deus. Não é apenas tolo, como também inútil, tentarmos fazer de nós mesmos o que Deus não nos criou para ser.
Nós acreditamos que o projeto de Deus para a criação e o seu caminho de salvação servem para levar a ele a glória maior e trazer a nós o bem maior. O plano bom de Deus nos fornece a liberdade maior. Jesus disse que ele veio para que nós possamos ter uma vida abundante. Ele é por nós e não contra nós. Portanto, na esperança de servir à igreja de Cristo e testemunhar publicamente para os propósitos bons de Deus para a sexualidade humana revelada nas Escrituras Cristãs, nós oferecemos as seguintes afirmações e negações.
Artigo I
NÓS AFIRMAMOS que Deus designou o casamento para ser uma união pactual, sexual, procriativa, vitalícia entre um homem e uma mulher.
NÓS NEGAMOS que Deus designou o casamento para ser uma relação homossexual, poligámica ou poliamorosa. Nós também negamos que o casamento seja uma mero contrato humano, e não um pacto feito diante de Deus.
Artigo II
NÓS AFIRMAMOS que a vontade de Deus revelada para todas as pessoas é a castidade fora do casamento e a fidelidade dentro do casamento.
NÓS NEGAMOS que qualquer afeição, desejo ou compromisso justifiquem o ato sexual, seja antes ou fora do casamento; ou que justifiquem qualquer forma de imoralidade sexual.
Artigo III
NÓS AFIRMAMOS que Deus criou Adão e Eva, os primeiros seres humanos, à sua imagem, iguais, perante Deus, como pessoas, e distintos como masculino e feminino.
NÓS NEGAMOS que as diferenças ordenadas divinamente entre homem e mulher façam com que os mesmos sejam desiguais em dignidade e valor.
Artigo IV
NÓS AFIRMAMOS que as diferenças ordenadas divinamente entre homem e mulher refletem o projeto de criação original de Deus e foram feitas para o bem e para a prosperidade do homem.
NÓS NEGAMOS que essas diferenças são resultado da Queda ou que devem ser superadas.
Artigo V
NÓS AFIRMAMOS que as diferenças entre as estruturas reprodutivas do homem e da mulher são integrantes do projeto de Deus para a auto concepção como masculino ou feminino.
NÓS NEGAMOS que anomalias físicas ou condições psicológicas anulam a ligação designada por Deus entre o sexo biológico e a auto concepção como masculino ou feminino.
Artigo VI
NÓS AFIRMAMOS que aqueles nascidos com desordem física de desenvolvimento sexual são criados à imagem de Deus e têm dignidade e valor assim como todos os outros portadores da imagem. Eles são reconhecidos pelo Nosso Senhor Jesus em suas próprias palavras sobre “eunucos que assim nasceram do ventre da mãe”. Juntamente com outros, eles são bem-vindos como seguidores da fé de Jesus Cristo e deveriam abraçar seu sexo biológico até o ponto que o mesmo seja conhecido.
NÓS NEGAMOS que ambiguidades relacionadas ao sexo biológico de uma pessoa a torne incapaz de viver uma vida fértil em obediência alegre a Cristo.
Artigo VII
NÓS AFIRMAMOS que a auto concepção de masculino e feminino deve ser definida pelos propósitos sagrados de Deus na criação e redenção, como revelado pelas Escrituras.
NÓS NEGAMOS que adotar uma auto concepção homossexual ou transgênero consista dos propósitos sagrados de Deus na criação e redenção.
Artigo VIII
NÓS AFIRMAMOS que as pessoas que possuem atração sexual pelo mesmo sexo podem viver uma vida rica e próspera, agradando a Deus através da fé em Jesus Cristo, enquanto eles, assim como todo Cristão, caminham na pureza da vida.
NÓS NEGAMOS que a atração pelo mesmo sexo seja parte da bondade natural da criação original de Deus, ou que isso ponha alguém fora da esperança do Evangelho.
Artigo IX
NÓS AFIRMAMOS que o pecado distorce os desejos sexuais por direcioná-los para longe do pacto matrimonial e por aproximá-los da imoralidade sexual – uma distorção que inclui tanto a imoralidade heterossexual como a homossexual.
NÓS NEGAMOS que um padrão persistente de imoralidade sexual justique o comportamento sexualmente imoral.
Artigo X
NÓS AFIRMAMOS que é pecaminoso aprovar a imoralidade homossexual ou o transgênerismo e que tal aprovação constitui um desvio essencial da fé e do testemunho de Jesus Cristo.
NÓS NEGAMOS que a aprovação de imoralidade homossexual ou de transgênerismo seja questão de indiferença moral sobre a qual Cristãos fiéis deveriam concondar para descordar.
Artigo XI
NÓS AFIRMAMOS a nossa obrigação de sempre falar a verdade em amor, incluindo quando falamos com ou sobre outra pessoa como masculino ou feminino.
NÓS NEGAMOS qualquer obrigação de falar em desonra ao projeto de Deus de seus portadores da imagem como masculino e feminino.
Artigo XII
NÓS AFIRMAMOS que a graça de Deus em Cristo fornece tanto perdão misericordioso como poder transformador, e que este perdão e poder permitem ao seguidor de Jesus aniquilar desejos pecaminosos e caminhar de uma forma louvável ao Senhor.
NÓS NEGAMOS que a graça de Deus em Cristo seja insuficiente para perdoar qualquer pecado sexual e para dar poder de santidade para qualquer crente que se sinta afogado no pecado sexual.
Artigo XIII
NÓS AFIRMAMOS que a graça de Deus em Cristo permite pecadores a abandonar auto concepções de transgeneridade e através de paciência divina, de aceitar a ligação designada por Deus entre o sexo biológico e a auto concepção de alguém como masculino ou feminino.
NÓS NEGAMOS que a graça de Deus em Cristo sancione auto concepções que são estranhas à vontade de Deus revelada.
Artigo XIV
NÓS AFIRMAMOS que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que através da morte e ressurreição de Cristo, o perdão e a vida eterna estão disponíveis para qualquer pessoa que se arrependa de seus pecados e confie em Cristo como seu único Salvador, Senhor e tesouro supremo.
NÓS NEGAMOS que o braço do Senhor seja curto demais para salvar ou que qualquer pecador esteja além do seu alcance.
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Denny Burk John Piper James Dobson
Russell Moore J. I. Packer Wayne Grudem
R. Albert Mohler, Jr. Tony Perkins D. A. Carson
John MacArthur Sam Allberry R. C. Sproul
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Kevin DeYoung Alistair Begg Heath Lambert
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Karen Swallow Prior Matt Chandler Fred Luter
James MacDonald James Merritt Jack Graham
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Bryant Wright Don Sweeting Jeff Purswell
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Fonte: site PALAVRA PRUDENTE
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