por Gene Edward Veith Jr.
Parte da dificuldade em reconhecer o fascismo é o pressuposto de que ele é conservador. Sternhell observou como o estudo da ideologia foi obscurecido pela "interpretação oficial marxista do fascismo". O marxismo define o fascismo como seu extremo oposto. Se o marxismo é progressivo, o fascismo é conservador. Se o marxismo é de esquerda, então o fascismo é de direita. Se o marxismo defende o proletariado, o fascismo defende a burguesia. Se o marxismo é socialista, o fascismo é capitalista.
A influência da escola marxista distorceu seriamente nossa compreensão sobre essa questão. O comunismo e o fascismo foram marcas rivais do socialismo. Enquanto o socialismo marxista pregava a luta de classes internacional, o nacional-socialismo fascista promoveu um socialismo centrado na unidade nacional. Tanto comunistas como fascistas se opunham à burguesia. Ambos atacavam os conservadores. Ambos foram movimentos de massa, que tinham uma simpatia especial pela intelligentsia, pelos estudantes e pelos artistas, assim como pelos trabalhadores. Ambos eram favoráveis a governos fortemente centralizadores e rejeitavam a livre economia e os ideais da liberdade individual. Os fascistas não se viam como de direita nem como de esquerda. Eles acreditavam que constituíam uma terceira força, que sintetizava o melhor dos dois extremos. Há importantes diferenças e amargos antagonismos ideológicos entre o marxismo e o fascismo; mas sua oposição mútua não deveria disfarçar seu parentesco como ideologias socialistas revolucionárias.
Tampouco as figura de linguagem como direita e esquerda ou construções artificiais como reacionários e radical deveriam obscurecer o modo de pensar que permeia um largo espectro de posições políticas e sociais. A metáfora de esquerda e direita que retrata as duas ideologias revolucionárias como opostos extremos é profundamente enganadora. Jaroslav Krejci mostrou a inadequação da "imagem unilinear" de esquerda vs. direita. Ele indica que a metáfora vem da arrumação dos bancos no parlamento francês depois da Revolução. Politicamente, os que ficavam sentados à direita eram favoráveis a um monarca absoluto. Economicamente, eles eram favoráveis aos monopólios do governo e a uma economia controlada. Os que se sentavam à esquerda eram favoráveis à democracia, à economia de livre mercado, e à liberdade individual.
Tal metáfora espacial correspondia bem à geometria cartesiana do Iluminismo e às opções políticas do século 18, mas não funciona como um modelo da política do século 20. Em termos do modelo original, os conservadores norte-americanos que almejavam menos governo e confiavam no livre mercado seriam de esquerda. Os liberais que pretendiam uma economia mais direcionada pelo governo seriam de direita. Liberal e conservador são em si mesmos termos relativos - dependentes do que cada um tem de manter. Os liberais do século 19, com sua economia de livre mercado e resistência aos controles governamentais, são os conservadores do século 20.
Quando pensamos em alternativas socialistas, como Krejci nos mostra, os limites de esquerda e direita se tornam sem sentido. Os marxistas declaram a prática da economia controlada e têm um governo geral forte e autoritário com controles rígidos sobre suas populações. Eles deveriam se sentar na ala direitista do parlamento francês. Por outro lado, os marxistas são revolucionários e assim são certamente anticonservadores. O socialismo fascista, apesar de suas diferenças com o marxismo, é semelhante a este quanto a uma economia controlada, um forte governo central e um controle rígido sobre o populacho e, ao mesmo tempo, cultural e intelectualmente radical. Entretanto, como Krejci, diz "apesar das muitas afinidades entre eles, os comunistas continuam a ser visto como de extrema esquerda e os nazistas como de extrema direita". Como resultados, aqueles que acham que estão sendo esquerdistas "politicamente corretos" acusam os conservadores de "direita" de estar sendo fascistas, mas não se lembram das tendências fascistas que eles mesmos têm.
Extraído de VEITH Jr, Gene Edward, O fascismo moderno (São Paulo: Cultura Cristã, 2010), pp. 24,25
Caso se interesse em adquirir o livro acesse o site da EDITORA CULTURA CRISTÃ
Crédito pela indicação do texto do Blog TEOLOGIA E APOLOGÉTICA [Recomendado]
O labor teológico de quem se preocupa em oferecer a sistematização e aplicabilidade das Escrituras para a proclamação do Reino de Deus
28 março 2014
A Direita e a Esquerda
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
22 março 2014
OS SISTEMAS ECONÔMICOS À LUZ DA ÉTICA CRISTÃ
Escrito por Francisco Lacueva
Antes de analisar os principais sistemas econômicos é bom adiantar as três fontes que intervém na produção da riqueza, que são: o trabalho, a técnica e o capital. Não cabe dúvida de que a fonte primordial é o trabalho, entendendo-o não somente como produção, mas também como ocupação de algo que não tem dono (“res nullius” na terminologia do Direito Romano). Os limites entre as fazendas privadas são consideradas sagradas no Antigo Testamento (Dt 27:17; Os 5:10). À luz destas considerações podemos examinar com melhor conhecimento de causa os principais sistemas econômicos:
1. O Capitalismo
Como produto do liberalismo econômico, o capitalismo propugna a liberdade completa (a qualificação ética subjetiva varia segundo a consciência dos indivíduos e as leis dos Estados) na aquisição da riqueza e o emprego do capital segundo as leis da oferta e procura. Pode-se produzir altos níveis de vida para o serviço do conforto e do luxo de muitas pessoas, mas também favorece a desigualdade social, o materialismo e a avareza. As suas contribuições estão manchadas de paternalismo. O seu argumento é que a desigualdade básica dos homens quanto a sua capacidade e esforço pelo trabalho não pode menos que produzir desigualdade econômica, pois vemos que, de dois irmãos que herdam a mesma fortuna, um pode fazer-se milionário com o seu talento e esforço, enquanto que o outro, pode se afundar na miséria por sua incapacidade, prodigalidade e ociosidade. Isto é somente uma verdade parcial, posto que a necessidade de viver uma vida digna vai além da desigualdade de capacidade; e, por outra parte, muitos indivíduos que têm capacidade e anseio por trabalhar não podem entrar tão facilmente na carreira competitiva que impõe o sistema capitalista.
2. O Socialismo
É o sistema que propõe a propriedade pública dos meios de produção, câmbio e distribuição, dando às forças produtivas, ou “proletariado” o controle das condições de existência e do poder político da nação. Ele teve origem em Karl Marx, e sua filosofia, no plano puramente econômico, e se baseia em dois princípios: 1) o mais-valia do trabalho sobre o salário: o trabalhador produz algo que vale mais do que o salário que cobra, posto que uma boa parte de seu produto passa a aumentar o volume do capital de quem o emprega como trabalhador; 2) a introdução pelo capitalismo de um meio de aquisição alheio de intermediários, os quais elevam o custo dos produtos sem por de sua parte outra coisa que os distribuidores aos consumidores, enriquecendo-se, assim, a custa destes, sem contribuir em nada para a produção ou para a produção, ou para o melhoramento dos bens de uso ou consumo. Este sistema se divide em dois subsistemas que são:
2.1. O socialismo reformista, chamado simplesmente socialismo (e também social democracia), que defende a coletivização dos meios de produção, mas admite a propriedade privada dos bens de consumo; mesmo porque, não insiste demasiadamente nos aspectos ateus e dialéticos do marxismo, e estima que a tomada do poder será feito de acordo com o jogo democrático dos partidos, ou seja, pela evolução social, mais do que pela revolução sangrenta. Assim é, pelo menos, como o Socialismo aparece em nossos dias, liberando-se na mesma medida em que o Capitalismo de alguns países vai se sociabilizando.
2.2. O comunismo, sendo estatal e libertário, que defende a coletivização não somente dos meios de produção, mas também dos bens de consumo. Insiste nos aspectos ateus e dialéticos do marxismo, aspirando chegar pela via revolucionária até a ditadura do proletariado.
Desconsiderando dos aspectos políticos e econômicos destes sistemas e limitando-nos ao aspecto ético, temos que dizer que qualquer sistema que favoreça a exploração do homem pelo homem, ou pelo Estado, ou negue os valores espirituais, ou favoreça a desigualdade econômica das classes sociais, é contrário à dignidade da pessoa humana e ao espírito do Evangelho. Em vez disso, todo sistema em que o homem possa exercer desimpedido a sua capacidade criativa e ajudar as suas necessidades e às de sua família mediante um trabalho remunerado, e em que se coloquem por obra das exigências da justiça social, é compatível com o espírito do Evangelho.
Extraído de Francisco Lacueva, Ética Cristiana – Curso de Formación Teológica Evangélica (Barcelona, Editorial CLIE, 1993), pp. 204-206.
Traduzido em 15 de Março de 2014.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
Antes de analisar os principais sistemas econômicos é bom adiantar as três fontes que intervém na produção da riqueza, que são: o trabalho, a técnica e o capital. Não cabe dúvida de que a fonte primordial é o trabalho, entendendo-o não somente como produção, mas também como ocupação de algo que não tem dono (“res nullius” na terminologia do Direito Romano). Os limites entre as fazendas privadas são consideradas sagradas no Antigo Testamento (Dt 27:17; Os 5:10). À luz destas considerações podemos examinar com melhor conhecimento de causa os principais sistemas econômicos:
1. O Capitalismo
Como produto do liberalismo econômico, o capitalismo propugna a liberdade completa (a qualificação ética subjetiva varia segundo a consciência dos indivíduos e as leis dos Estados) na aquisição da riqueza e o emprego do capital segundo as leis da oferta e procura. Pode-se produzir altos níveis de vida para o serviço do conforto e do luxo de muitas pessoas, mas também favorece a desigualdade social, o materialismo e a avareza. As suas contribuições estão manchadas de paternalismo. O seu argumento é que a desigualdade básica dos homens quanto a sua capacidade e esforço pelo trabalho não pode menos que produzir desigualdade econômica, pois vemos que, de dois irmãos que herdam a mesma fortuna, um pode fazer-se milionário com o seu talento e esforço, enquanto que o outro, pode se afundar na miséria por sua incapacidade, prodigalidade e ociosidade. Isto é somente uma verdade parcial, posto que a necessidade de viver uma vida digna vai além da desigualdade de capacidade; e, por outra parte, muitos indivíduos que têm capacidade e anseio por trabalhar não podem entrar tão facilmente na carreira competitiva que impõe o sistema capitalista.
2. O Socialismo
É o sistema que propõe a propriedade pública dos meios de produção, câmbio e distribuição, dando às forças produtivas, ou “proletariado” o controle das condições de existência e do poder político da nação. Ele teve origem em Karl Marx, e sua filosofia, no plano puramente econômico, e se baseia em dois princípios: 1) o mais-valia do trabalho sobre o salário: o trabalhador produz algo que vale mais do que o salário que cobra, posto que uma boa parte de seu produto passa a aumentar o volume do capital de quem o emprega como trabalhador; 2) a introdução pelo capitalismo de um meio de aquisição alheio de intermediários, os quais elevam o custo dos produtos sem por de sua parte outra coisa que os distribuidores aos consumidores, enriquecendo-se, assim, a custa destes, sem contribuir em nada para a produção ou para a produção, ou para o melhoramento dos bens de uso ou consumo. Este sistema se divide em dois subsistemas que são:
2.1. O socialismo reformista, chamado simplesmente socialismo (e também social democracia), que defende a coletivização dos meios de produção, mas admite a propriedade privada dos bens de consumo; mesmo porque, não insiste demasiadamente nos aspectos ateus e dialéticos do marxismo, e estima que a tomada do poder será feito de acordo com o jogo democrático dos partidos, ou seja, pela evolução social, mais do que pela revolução sangrenta. Assim é, pelo menos, como o Socialismo aparece em nossos dias, liberando-se na mesma medida em que o Capitalismo de alguns países vai se sociabilizando.
2.2. O comunismo, sendo estatal e libertário, que defende a coletivização não somente dos meios de produção, mas também dos bens de consumo. Insiste nos aspectos ateus e dialéticos do marxismo, aspirando chegar pela via revolucionária até a ditadura do proletariado.
Desconsiderando dos aspectos políticos e econômicos destes sistemas e limitando-nos ao aspecto ético, temos que dizer que qualquer sistema que favoreça a exploração do homem pelo homem, ou pelo Estado, ou negue os valores espirituais, ou favoreça a desigualdade econômica das classes sociais, é contrário à dignidade da pessoa humana e ao espírito do Evangelho. Em vez disso, todo sistema em que o homem possa exercer desimpedido a sua capacidade criativa e ajudar as suas necessidades e às de sua família mediante um trabalho remunerado, e em que se coloquem por obra das exigências da justiça social, é compatível com o espírito do Evangelho.
Extraído de Francisco Lacueva, Ética Cristiana – Curso de Formación Teológica Evangélica (Barcelona, Editorial CLIE, 1993), pp. 204-206.
Traduzido em 15 de Março de 2014.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
21 março 2014
Calvinismo e Capitalismo - qual mesmo é a sua relação?
Escrito por Alderi Souza de Matos
A questão de como se relacionam o calvinismo e o capitalismo tem sido objeto de enorme controvérsia, estando longe de produzir um consenso entre os estudiosos. O tema popularizou-se a partir do estudo do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) intitulado A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, publicado em 1904-1905. Numa tese oposta à de Karl Marx, Weber concluiu que a religião exerce uma profunda influência sobre a vida econômica. Mais especificamente, ele afirmou que a teologia e a ética do calvinismo foram fatores essenciais no desenvolvimento do capitalismo do norte da Europa e dos Estados Unidos.
Weber partiu da constatação de que em certos países da Europa um número desproporcional de protestantes estavam envolvidos com ocupações ligadas ao capital, à indústria e ao comércio. Além disso, algumas regiões de fé calvinista ou reformada estavam entre aquelas onde mais floresceu o capitalismo. Na sua pesquisa, ele baseou-se principalmente nos puritanos e em grupos influenciados por eles. Ao analisar os dados, Weber concluiu que entre os puritanos surgiu um "espírito capitalista" que fez do lucro e do ganho um dever. Ele argumenta que esse espírito resultou do sentido cristão de vocação dado pelos protestantes ao trabalho e do conceito de predestinação, tido como central na teologia calvinista. Isso gerou o individualismo e um novo tipo de ascetismo "no mundo" caracterizado por uma vida disciplinada, apego ao trabalho e valorização da poupança. Finalmente, a secularização do espírito protestante gerou a mentalidade burguesa e as realidades cruéis do mundo dos negócios.
Calvino de fato interessou-se vivamente por questões econômicas e existem elementos na sua teologia que certamente contribuíram para uma nova atitude em relação ao trabalho e aos bens materiais. A sua aceitação da posse de riquezas e da propriedade privada, a sua doutrina da vocação e a sua insistência no trabalho e na frugalidade foram alguns dos fatores que colaboraram para o eventual surgimento do capitalismo. Mesmo um crítico contundente da tese de Weber como André Biéler admite: "Calvino e o calvinismo de origem contribuíram, certamente, para tornar muito mais fáceis, no seio das populações reformadas, o desenvolvimento da vida econômica e o surto do capitalismo nascente" (O Pensamento Econômico e Social de Calvino, p. 661). Todavia, esse e outros autores têm ressaltado como a ética e a teologia do reformador divergem radicalmente dos excessos do capitalismo moderno. Por causa das difíceis realidades econômicas e sociais de Genebra, Calvino escreveu amplamente sobre o assunto. Ele condenou a usura e procurou limitar as taxas de juros, insistindo que os empréstimos aos pobres fossem isentos de qualquer encargo. Ele defendeu a justa remuneração dos trabalhadores e combateu a especulação financeira e a manipulação dos preços, principalmente de alimentos. Embora considerasse a prosperidade um sinal da bondade de Deus, ele valorizou a pessoa do pobre, considerando-o um instrumento de Deus para estimular os mais afortunados à prática da generosidade. A tese de que as riquezas são sinais de eleição e a pobreza é sinal de reprovação é uma caricatura da ética calvinista. Para Calvino, a propriedade, o lucro e o trabalho deviam ser utilizados para o bem comum e para o serviço ao próximo.
Em conclusão, existe uma relação entre o calvinismo e o capitalismo, mas não necessariamente uma relação de causa e efeito. Provavelmente, mesmo sem o calvinismo teria surgido alguma forma de capitalismo. Se é verdade que a teologia e a ética reformadas se adequavam às novas realidades econômicas e as estimularam, todavia, o tipo de calvinismo que mais contribuiu para fortalecer o capitalismo foi um calvinismo secularizado, que havia perdido de vista os seus princípios básicos. Entre esses princípios está a noção de que Deus é o Senhor de toda a vida, inclusive da atividade econômica, e, portanto, esta atividade deve refletir uma ética baseada na justiça, compaixão e solidariedade social.
Extraído do site Thirdmill - acessado em 25 de Março de 2009.
A questão de como se relacionam o calvinismo e o capitalismo tem sido objeto de enorme controvérsia, estando longe de produzir um consenso entre os estudiosos. O tema popularizou-se a partir do estudo do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) intitulado A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, publicado em 1904-1905. Numa tese oposta à de Karl Marx, Weber concluiu que a religião exerce uma profunda influência sobre a vida econômica. Mais especificamente, ele afirmou que a teologia e a ética do calvinismo foram fatores essenciais no desenvolvimento do capitalismo do norte da Europa e dos Estados Unidos.
Weber partiu da constatação de que em certos países da Europa um número desproporcional de protestantes estavam envolvidos com ocupações ligadas ao capital, à indústria e ao comércio. Além disso, algumas regiões de fé calvinista ou reformada estavam entre aquelas onde mais floresceu o capitalismo. Na sua pesquisa, ele baseou-se principalmente nos puritanos e em grupos influenciados por eles. Ao analisar os dados, Weber concluiu que entre os puritanos surgiu um "espírito capitalista" que fez do lucro e do ganho um dever. Ele argumenta que esse espírito resultou do sentido cristão de vocação dado pelos protestantes ao trabalho e do conceito de predestinação, tido como central na teologia calvinista. Isso gerou o individualismo e um novo tipo de ascetismo "no mundo" caracterizado por uma vida disciplinada, apego ao trabalho e valorização da poupança. Finalmente, a secularização do espírito protestante gerou a mentalidade burguesa e as realidades cruéis do mundo dos negócios.
Calvino de fato interessou-se vivamente por questões econômicas e existem elementos na sua teologia que certamente contribuíram para uma nova atitude em relação ao trabalho e aos bens materiais. A sua aceitação da posse de riquezas e da propriedade privada, a sua doutrina da vocação e a sua insistência no trabalho e na frugalidade foram alguns dos fatores que colaboraram para o eventual surgimento do capitalismo. Mesmo um crítico contundente da tese de Weber como André Biéler admite: "Calvino e o calvinismo de origem contribuíram, certamente, para tornar muito mais fáceis, no seio das populações reformadas, o desenvolvimento da vida econômica e o surto do capitalismo nascente" (O Pensamento Econômico e Social de Calvino, p. 661). Todavia, esse e outros autores têm ressaltado como a ética e a teologia do reformador divergem radicalmente dos excessos do capitalismo moderno. Por causa das difíceis realidades econômicas e sociais de Genebra, Calvino escreveu amplamente sobre o assunto. Ele condenou a usura e procurou limitar as taxas de juros, insistindo que os empréstimos aos pobres fossem isentos de qualquer encargo. Ele defendeu a justa remuneração dos trabalhadores e combateu a especulação financeira e a manipulação dos preços, principalmente de alimentos. Embora considerasse a prosperidade um sinal da bondade de Deus, ele valorizou a pessoa do pobre, considerando-o um instrumento de Deus para estimular os mais afortunados à prática da generosidade. A tese de que as riquezas são sinais de eleição e a pobreza é sinal de reprovação é uma caricatura da ética calvinista. Para Calvino, a propriedade, o lucro e o trabalho deviam ser utilizados para o bem comum e para o serviço ao próximo.
Em conclusão, existe uma relação entre o calvinismo e o capitalismo, mas não necessariamente uma relação de causa e efeito. Provavelmente, mesmo sem o calvinismo teria surgido alguma forma de capitalismo. Se é verdade que a teologia e a ética reformadas se adequavam às novas realidades econômicas e as estimularam, todavia, o tipo de calvinismo que mais contribuiu para fortalecer o capitalismo foi um calvinismo secularizado, que havia perdido de vista os seus princípios básicos. Entre esses princípios está a noção de que Deus é o Senhor de toda a vida, inclusive da atividade econômica, e, portanto, esta atividade deve refletir uma ética baseada na justiça, compaixão e solidariedade social.
Extraído do site Thirdmill - acessado em 25 de Março de 2009.
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Teologia pastoral,
Teoria Política
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
20 março 2014
Este tal Karl Marx [1818-1883]
Escrito por D.B. Fletcher
As ideias filosóficas de Karl Marx constituem uma das principais alternativas contemporâneas para o paradigma cristão. Marx nasceu em 5 de Maio de 1818 no povoado prussiano de Trier, filho de pais de linhagem genealógica rabínica; mas o seu pai, Heschel e seus filhos foram batizados na fé luterana visando conversar a posição da família diante da opressão religiosa prussiana. Heschel, sob o nome de Henrique Marx, um advogado com ponto de vista próprio sobre o Iluminismo, impôs uma poderosa influência sobre o seu filho.
Após estudar um ano na Universidade de Bonn, Marx se mudou para as proximidades da Universidade de Berlim a fim de estudar direito e filosofia. Naquele lugar se submeteu à grande influência do pensamento do recém falecido filósofo G.W. F. Hegel (1770-1831). Marx se uniu a um grupo chamado Jovens Hegelianos, que interpretava numa direção radical os pontos de vista de Hegel sobre o processo histórico, e sobre o papel da crítica, a diferença do hegelianismo convencional que idealizava a ordem social prussiana da época. Seguindo o pensamento de Bruno Bauer (1809-1882) e Ludwig Feuerbach (1804-1872), Marx interpretou a fé cristã como algo fundamentado sobre o mito, e como expressão das necessidades psicológicas humanas. Marx filosoficamente se converteu ao ateísmo e ao materialismo, escrevendo a sua tese de doutorado sobre os materialistas gregos Demócrito (aproximadamente entre 460-370 a.C.) e Epicuro (aproximadamente entre 341-270 a.C.). Após o desaparecimento dos Jovens Hegelianos na Prússia e o abandono de Bauer, Marx foi obrigado a submeter a sua tese na Universidade de Jena, que lhe concedeu o doutorado em 1841. Dois anos mais tarde casou-se com Jenny, a filha do Barão von Westphalen.
Marx trabalhou como periodista nos anos seguintes, escrevendo para periódicos da Prússia, Paris e Bruxelas e associando-se com movimentos operários internacionais. Também começou a colaborar com Friedrich Engels (1820-1895), filho de um industrial de Manchester, que oferecia durante muitos anos o seu apoio financeiro para Marx. Em 1849, Marx se transferiu para Londres e iniciou os seus estudos sobre os teóricos econômicos britânicos Adam Smith (1723-1790) e David Richard (1772-1823), enquanto sobrevivia em condições tão paupérrimas que somente três de seus sete filhos chegaram à maturidade.[1] Marx nos anos seguintes tornou-se conhecido internacionalmente devido a seu apoio a uma revolta operária entre os anos 1870-1871, conhecida como a Comuna de Paris, e se envolveu ativamente em debates por toda Europa. Marx faleceu em Londres, em 14 de Março de 1883; pouco antes haviam falecido a sua esposa e sua filha caçula.
Marx deixou um enorme legado de obras escritas produzidas basicamente entre 1845-1876, que culminaram em sua obra mestra Das Capital. Encontramos como elemento central de seu pensamento o conceito de que os seres humanos são essencialmente transformadores da natureza mediante o trabalho; a humanidade é Homo Faber, o homem que cria, no lugar do Homo Sapiens, o homem que sabe. Assumindo que a natureza humana se fundamenta no trabalho, devemos abordar as condições do esforço humano para compreender a história, a cultura e as circunstâncias humanas. A sociedade capitalista exige trabalhadores para colocar a sua natureza essencial nas mãos dos capitalistas, que pagam o seu salário, comprando em troca a sua energia produtiva – criadora. Assumindo que os capitalistas controlam os meios de produção, o êxito do trabalhador concentra a riqueza e o poder nas mãos dos capitalistas, que os usam em detrimento do trabalhador. Quando mais produzem os trabalhadores, mais pobres se tornam, em termos tanto espirituais como econômicos. Os seres humanos se veem alienados com seus congêneres, da natureza e de si mesmos nessa situação econômica fundamentalmente escraviza no que devem ganhar o seu pão de cada dia.
As relações econômicas determinam a forma e a natureza da vida social, cultural, intelectual e religiosa. As realidades econômicas, ou “relações de produção”, é o “fundamento econômico” sobre o qual se baseia a “superestrutura” da lei, consciência, a vida intelectual e a fé religiosa. Este paradigma chamado de “materialismo histórico” implica que somente alterando os fatos concretos da vida econômica é possível modificar a sociedade e não mediante a crítica intelectual de sua superestrutura. Além do mais, permite que se descartem as ideias contrárias da análise marxista como mera “ideologia” capitalista.
Marx cria que a história humana é uma série de lutas entre os grupos (ou classes) economicamente antagônicos, um processo que vemos hoje em dia no conflito entre o proletariado, ou classe operária e a burguesia, ou classe capitalista. A burguesia, por sua própria natureza, extraí valor do proletariado, retirando a sua força ao apartá-lo do “valor do excedente” produzido por seu labor e criando benefícios a partir do mesmo. As “contradições” do capitalismo fazem com que cada vez sejamos menos estáveis, até que no curso da história o proletariado se levante e arrebata os meios de produção. Depois de um período previsível e desagradável do “cru comunismo” emergirá o verdadeiro comunismo, mediante o qual o povo superará a alienação e alcançará a verdadeira humanidade dentro da irmandade do paraíso do trabalhador.
A ideia de Marx de que a consciência, incluindo todas as ideias filosóficas, éticas e religiosas, é produto dos fatores econômicos e se estabelece em sua conhecida opinião de que a religião é o “ópio do povo”. Segundo, Marx a religião joga uma função na opressão da humanidade. A religião é produto da alienação; a humanidade separada de suas melhores características investe com eles numa deidade fantástica. E que por sua vez, a religião ajuda os opressores a manter a sua posição de privilégio sobre os oprimidos, justificando a situação existente. Marx nunca abordou os dogmas religiosos pelo exame direto das afirmações filosóficas teístas, ou pela evidência bíblica; no entanto, assumiu que o teísmo cristão é falso e, em seguida intentou explicar ao mundo esta ilusão.
A relação entre Cristianismo e Marxismo é controvertida. Alguns creem que, devido ao ateísmo essencial de Marx, o Marxismo jamais poderá ser um elemento dentro do paradigma cristão. Outros argumentam que a visão marxista da libertação humana é religiosa, no sentido de que Marx simplesmente secularizou o interesse profético bíblico pelos pobres e os oprimidos, assim, como sua esperança de um reino escatológico. Além do mais, a sua visão da humanidade não alienada, livre para trabalhar, criar e compartilhar, se assemelha com a visão bíblica do shalom.[2] Os teólogos da libertação utilizam análises derivadas de Marx, em especial o conceito da luta de classes, para desafiar as condições sociais existentes no Terceiro Mundo, e das ideias de minorias em todo o planeta. No entanto, muitos evangélicos creem que os adeptos da Teologia da Libertação atribuem demasiadas coisas ao marxismo, todos devemos compartilhar da sua preocupação pelos pobres, que padecem nas mãos dos poderosos (Tg 5:1-6).[3]
NOTAS:
[1] Infelizmente o articulista preserva o mito de que Karl Marx viveu parte de sua vida na extrema pobreza. Recomendo a leitura do capítulo de Gary North, “El mito de la pobreza de Marx” in: La Religión Revolucionaria de Marx – la regeneración por médio del caos (Tyler, Instituto Para la Economía Cristiana, 1990), pp. 249-273. Em breve a tradução deste artigo estará disponível no blog.
[2] A proposta sócio-econômica de Marx não se assemelha nem de longe do conceito hebraico shalom! A premissa básica marxista de igualdade social, rejeitando a meritocracia, bem como afirmando uma revolução estabelecida por meio luta de classes, não tem relação, nem essencial nem periférico, com o conceito de justiça social bíblico.
[3] A conclusão do artigo infelizmente foi bem superficial.
D.B. Fletcher, B.A., M.A., Ph.D., professor associado de Filosofia no Wheaton College, professor adjunto de Bioética no Trinity Evangelical Divinity School.
Extraído de D.B. Fletcher, “Marx, Karl,” in: David J. Atkinson, ed., Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 778-780.
Traduzido em 17 de Março de 2014.
Rev Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
As ideias filosóficas de Karl Marx constituem uma das principais alternativas contemporâneas para o paradigma cristão. Marx nasceu em 5 de Maio de 1818 no povoado prussiano de Trier, filho de pais de linhagem genealógica rabínica; mas o seu pai, Heschel e seus filhos foram batizados na fé luterana visando conversar a posição da família diante da opressão religiosa prussiana. Heschel, sob o nome de Henrique Marx, um advogado com ponto de vista próprio sobre o Iluminismo, impôs uma poderosa influência sobre o seu filho.
Após estudar um ano na Universidade de Bonn, Marx se mudou para as proximidades da Universidade de Berlim a fim de estudar direito e filosofia. Naquele lugar se submeteu à grande influência do pensamento do recém falecido filósofo G.W. F. Hegel (1770-1831). Marx se uniu a um grupo chamado Jovens Hegelianos, que interpretava numa direção radical os pontos de vista de Hegel sobre o processo histórico, e sobre o papel da crítica, a diferença do hegelianismo convencional que idealizava a ordem social prussiana da época. Seguindo o pensamento de Bruno Bauer (1809-1882) e Ludwig Feuerbach (1804-1872), Marx interpretou a fé cristã como algo fundamentado sobre o mito, e como expressão das necessidades psicológicas humanas. Marx filosoficamente se converteu ao ateísmo e ao materialismo, escrevendo a sua tese de doutorado sobre os materialistas gregos Demócrito (aproximadamente entre 460-370 a.C.) e Epicuro (aproximadamente entre 341-270 a.C.). Após o desaparecimento dos Jovens Hegelianos na Prússia e o abandono de Bauer, Marx foi obrigado a submeter a sua tese na Universidade de Jena, que lhe concedeu o doutorado em 1841. Dois anos mais tarde casou-se com Jenny, a filha do Barão von Westphalen.
Marx trabalhou como periodista nos anos seguintes, escrevendo para periódicos da Prússia, Paris e Bruxelas e associando-se com movimentos operários internacionais. Também começou a colaborar com Friedrich Engels (1820-1895), filho de um industrial de Manchester, que oferecia durante muitos anos o seu apoio financeiro para Marx. Em 1849, Marx se transferiu para Londres e iniciou os seus estudos sobre os teóricos econômicos britânicos Adam Smith (1723-1790) e David Richard (1772-1823), enquanto sobrevivia em condições tão paupérrimas que somente três de seus sete filhos chegaram à maturidade.[1] Marx nos anos seguintes tornou-se conhecido internacionalmente devido a seu apoio a uma revolta operária entre os anos 1870-1871, conhecida como a Comuna de Paris, e se envolveu ativamente em debates por toda Europa. Marx faleceu em Londres, em 14 de Março de 1883; pouco antes haviam falecido a sua esposa e sua filha caçula.
Marx deixou um enorme legado de obras escritas produzidas basicamente entre 1845-1876, que culminaram em sua obra mestra Das Capital. Encontramos como elemento central de seu pensamento o conceito de que os seres humanos são essencialmente transformadores da natureza mediante o trabalho; a humanidade é Homo Faber, o homem que cria, no lugar do Homo Sapiens, o homem que sabe. Assumindo que a natureza humana se fundamenta no trabalho, devemos abordar as condições do esforço humano para compreender a história, a cultura e as circunstâncias humanas. A sociedade capitalista exige trabalhadores para colocar a sua natureza essencial nas mãos dos capitalistas, que pagam o seu salário, comprando em troca a sua energia produtiva – criadora. Assumindo que os capitalistas controlam os meios de produção, o êxito do trabalhador concentra a riqueza e o poder nas mãos dos capitalistas, que os usam em detrimento do trabalhador. Quando mais produzem os trabalhadores, mais pobres se tornam, em termos tanto espirituais como econômicos. Os seres humanos se veem alienados com seus congêneres, da natureza e de si mesmos nessa situação econômica fundamentalmente escraviza no que devem ganhar o seu pão de cada dia.
As relações econômicas determinam a forma e a natureza da vida social, cultural, intelectual e religiosa. As realidades econômicas, ou “relações de produção”, é o “fundamento econômico” sobre o qual se baseia a “superestrutura” da lei, consciência, a vida intelectual e a fé religiosa. Este paradigma chamado de “materialismo histórico” implica que somente alterando os fatos concretos da vida econômica é possível modificar a sociedade e não mediante a crítica intelectual de sua superestrutura. Além do mais, permite que se descartem as ideias contrárias da análise marxista como mera “ideologia” capitalista.
Marx cria que a história humana é uma série de lutas entre os grupos (ou classes) economicamente antagônicos, um processo que vemos hoje em dia no conflito entre o proletariado, ou classe operária e a burguesia, ou classe capitalista. A burguesia, por sua própria natureza, extraí valor do proletariado, retirando a sua força ao apartá-lo do “valor do excedente” produzido por seu labor e criando benefícios a partir do mesmo. As “contradições” do capitalismo fazem com que cada vez sejamos menos estáveis, até que no curso da história o proletariado se levante e arrebata os meios de produção. Depois de um período previsível e desagradável do “cru comunismo” emergirá o verdadeiro comunismo, mediante o qual o povo superará a alienação e alcançará a verdadeira humanidade dentro da irmandade do paraíso do trabalhador.
A ideia de Marx de que a consciência, incluindo todas as ideias filosóficas, éticas e religiosas, é produto dos fatores econômicos e se estabelece em sua conhecida opinião de que a religião é o “ópio do povo”. Segundo, Marx a religião joga uma função na opressão da humanidade. A religião é produto da alienação; a humanidade separada de suas melhores características investe com eles numa deidade fantástica. E que por sua vez, a religião ajuda os opressores a manter a sua posição de privilégio sobre os oprimidos, justificando a situação existente. Marx nunca abordou os dogmas religiosos pelo exame direto das afirmações filosóficas teístas, ou pela evidência bíblica; no entanto, assumiu que o teísmo cristão é falso e, em seguida intentou explicar ao mundo esta ilusão.
A relação entre Cristianismo e Marxismo é controvertida. Alguns creem que, devido ao ateísmo essencial de Marx, o Marxismo jamais poderá ser um elemento dentro do paradigma cristão. Outros argumentam que a visão marxista da libertação humana é religiosa, no sentido de que Marx simplesmente secularizou o interesse profético bíblico pelos pobres e os oprimidos, assim, como sua esperança de um reino escatológico. Além do mais, a sua visão da humanidade não alienada, livre para trabalhar, criar e compartilhar, se assemelha com a visão bíblica do shalom.[2] Os teólogos da libertação utilizam análises derivadas de Marx, em especial o conceito da luta de classes, para desafiar as condições sociais existentes no Terceiro Mundo, e das ideias de minorias em todo o planeta. No entanto, muitos evangélicos creem que os adeptos da Teologia da Libertação atribuem demasiadas coisas ao marxismo, todos devemos compartilhar da sua preocupação pelos pobres, que padecem nas mãos dos poderosos (Tg 5:1-6).[3]
NOTAS:
[1] Infelizmente o articulista preserva o mito de que Karl Marx viveu parte de sua vida na extrema pobreza. Recomendo a leitura do capítulo de Gary North, “El mito de la pobreza de Marx” in: La Religión Revolucionaria de Marx – la regeneración por médio del caos (Tyler, Instituto Para la Economía Cristiana, 1990), pp. 249-273. Em breve a tradução deste artigo estará disponível no blog.
[2] A proposta sócio-econômica de Marx não se assemelha nem de longe do conceito hebraico shalom! A premissa básica marxista de igualdade social, rejeitando a meritocracia, bem como afirmando uma revolução estabelecida por meio luta de classes, não tem relação, nem essencial nem periférico, com o conceito de justiça social bíblico.
[3] A conclusão do artigo infelizmente foi bem superficial.
D.B. Fletcher, B.A., M.A., Ph.D., professor associado de Filosofia no Wheaton College, professor adjunto de Bioética no Trinity Evangelical Divinity School.
Extraído de D.B. Fletcher, “Marx, Karl,” in: David J. Atkinson, ed., Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 778-780.
Traduzido em 17 de Março de 2014.
Rev Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
19 março 2014
Anarquia - como teoria política
Escrito por A.F. Holmes
A Anarquia (lit. “sem governo”) denota certa gama de circunstâncias que vão desde a inexistência de leis e o caos social até um sistema cooperativo de associações voluntárias como estrutura social preferida. O conceito comum a todos estes usos é a rejeição de um governo autoritário a favor de uma organização voluntária, para garantir a máxima liberdade individual compatível com a existência da sociedade. Contempla com suspeita as estruturas legais, incluindo as instituições democráticas e os partidos políticos.
As tendências anarquistas são um fenômeno histórico recorrente. Alguns exemplos incluíram a Zenon (aproximadamente 263 a.C.), o estoico grego que rejeitou as ataduras da cultura; os antigos essênios; alguns anabatistas primitivos; os Doukhabors, uma seita russa do século XVIII; os Levelles na guerra civil inglesa; e outros grupos que defendiam que Cristo nos libertou de todos os males deste mundo e das ataduras da lei. Baseando-se num fundamento religioso parecido com este, Leon Tolstóy denunciou ao estado e seu domínio das leis, renunciando inclusive as suas propriedades e a sua posição social. O escritor norte-americano Henry Thoreau (1817-1862) adotou um paradigma baseado num fundamento romântico e alguns revolucionários soviéticos rejeitaram a “ditadura do proletariado” de Marx a favor de um sindicato de grupos trabalhistas voluntários. Mais recentemente os estudantes ativistas dos anos 60, em diversos países, se rebelaram contra o status quo social e político. Na obra Anarchy, State and Utopia de Robert Nozick (1938- ) encontramos uma expressão mais de direitas deste tipo de ideias anarquistas; nela o autor insiste em que os indivíduos tem a liberdade de conseguir todo o que se proponham, sempre que o lhes tirem ilegalmente de outros. Este direito que tem o indivíduo de conseguir o seu objetivo, constituí assim, o fundamento central da sociedade.
A preferência anarquista pelas estruturas voluntárias antes que legais assume que os seres humanos são bons por natureza, que a coação é desnecessária, e que a autoridade governamental tende a fazer mais mal do que bem. A Bíblia, como contraste, fala da autoridade civil como algo ordenado por Deus para limitação da maldade e do fomento da bondade (Rm 13:1-7; 1 Pe 2:13-17).
A.F. Holmes, B.A., M.A., Ph.D., professor de Filosofia no Wheaton College.
Extraído de A.F. Holmes, “Anarquia,” in: David J. Atkinson, ed., Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 226-227.
Traduzido em 17 de Março de 2014.
Rev Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
A Anarquia (lit. “sem governo”) denota certa gama de circunstâncias que vão desde a inexistência de leis e o caos social até um sistema cooperativo de associações voluntárias como estrutura social preferida. O conceito comum a todos estes usos é a rejeição de um governo autoritário a favor de uma organização voluntária, para garantir a máxima liberdade individual compatível com a existência da sociedade. Contempla com suspeita as estruturas legais, incluindo as instituições democráticas e os partidos políticos.
As tendências anarquistas são um fenômeno histórico recorrente. Alguns exemplos incluíram a Zenon (aproximadamente 263 a.C.), o estoico grego que rejeitou as ataduras da cultura; os antigos essênios; alguns anabatistas primitivos; os Doukhabors, uma seita russa do século XVIII; os Levelles na guerra civil inglesa; e outros grupos que defendiam que Cristo nos libertou de todos os males deste mundo e das ataduras da lei. Baseando-se num fundamento religioso parecido com este, Leon Tolstóy denunciou ao estado e seu domínio das leis, renunciando inclusive as suas propriedades e a sua posição social. O escritor norte-americano Henry Thoreau (1817-1862) adotou um paradigma baseado num fundamento romântico e alguns revolucionários soviéticos rejeitaram a “ditadura do proletariado” de Marx a favor de um sindicato de grupos trabalhistas voluntários. Mais recentemente os estudantes ativistas dos anos 60, em diversos países, se rebelaram contra o status quo social e político. Na obra Anarchy, State and Utopia de Robert Nozick (1938- ) encontramos uma expressão mais de direitas deste tipo de ideias anarquistas; nela o autor insiste em que os indivíduos tem a liberdade de conseguir todo o que se proponham, sempre que o lhes tirem ilegalmente de outros. Este direito que tem o indivíduo de conseguir o seu objetivo, constituí assim, o fundamento central da sociedade.
A preferência anarquista pelas estruturas voluntárias antes que legais assume que os seres humanos são bons por natureza, que a coação é desnecessária, e que a autoridade governamental tende a fazer mais mal do que bem. A Bíblia, como contraste, fala da autoridade civil como algo ordenado por Deus para limitação da maldade e do fomento da bondade (Rm 13:1-7; 1 Pe 2:13-17).
A.F. Holmes, B.A., M.A., Ph.D., professor de Filosofia no Wheaton College.
Extraído de A.F. Holmes, “Anarquia,” in: David J. Atkinson, ed., Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 226-227.
Traduzido em 17 de Março de 2014.
Rev Ewerton B. Tokashiki
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
18 março 2014
Como a ética evolucionária influenciou Adolf Hitler
Por Richard Weikart
Um ponto que eu explico no meu livro From Darwin to Hitler: Evolutionary Ethic, and Racism in Germany, despertou considerável controvérsia, e inflamou-se ainda mais depois que Ben Stein me entrevistou para o documentário: Expelled: No Intelligence Allowed, que promoveu o Designer Intelligent. Esta controvérsia girou em torno da alegação de que Hitler e os nazistas foram influenciados profundamente pelo Darwinismo.
Quando comecei investigar o impacto do Darwinismo na ética, moralidade e pensamento social no final do século XIX na Alemanha, Hitler e o nazismo não eram o meu campo de pesquisa. No entanto, como eu comecei a descobrir as conexões entre o Darwinismo e a eugenia, eutanásia e extermínio racial, não pude deixar de notar como muitas ideias estão sendo promovidas em nome da ética evolucionista, e isto se assemelhava notavelmente semelhante a ideologia nazista. Afinal, os nazistas tinham desenvolvido o programa mais radical de esterilização obrigatório no mundo, a fim de tentar melhorar a hereditariedade humana. Tudo começou após a Segunda Guerra Mundial, com os milhares de assassinatos de deficientes.
Então, comecei a estudar a ideologia de Hitler em profundidade para descobrir o quão importante era o Darwinismo em sua cosmovisão. Muitos historiadores haviam comentado sobre a importância do Darwinismo social na ideologia de Hitler. No entanto, poucos tinham explorado isso a partir do ângulo da ética evolucionista. Eu descobri que, apesar de Hitler nunca ter usado o termo “ética evolutiva”, ele realmente baseou a sua moralidade sobre a evolução darwiniana.
Quando escrevi From Darwin to Hitler: Evolutionary Ethic, and Racism in Germany apenas o capítulo final explicita o papel do darwinismo na cosmovisão de Hitler. Este capítulo provocou uma enorme controvérsia, porém, com alguns críticos da internet alegando que Hitler rejeitou o Darwinismo, e, portanto, ele era um criacionista. Assim, decidi escrever um livro inteiro dedicado ao papel da evolução na cosmovisão de Hitler: Hitler’s Ethic: The Nazi Pursuit of Evolutionary Progress. Então, demonstrei não apenas que Hitler acreditava na evolução darwiniana, incluindo a evolução dos seres humanos, mas também, demonstrei em detalhes que a ética evolucionista foi central para a cosmovisão de Hitler. Ela influenciou muitos elementos da ideologia nazista e política, incluindo:
1) A desigualdade racial:
Hitler acreditava que diferentes raças haviam se formado através de processos evolutivos e ocupavam diferentes níveis evolutivos. Ele pensava que a raça ariana ou nórdica (esses termos foram usados como sinônimos pelos nazistas) era a mais avançada. Estas opiniões não eram idiossincráticas, mas eram comuns entre os biólogos evolucionistas alemães no início do século XX.
2) A história como uma luta racial para a existência:
Hitler pensava que as raças estavam presas num inevitável conflito racial. Ele promoveu políticas que obviamente favoreciam aos arianos, enquanto que colocam em desvantagem outras raças supostamente, especialmente os judeus, a fim de ajudar os arianos vencer a luta pela existência. Naturalmente, os judeus e similares perderiam a luta e seriam eventualmente eliminados, de uma forma ou de outra, e os arianos receberiam todo o globo.
3) Políticas eugênicas, como esterilização obrigatória, abortos forçados e morte de pessoas com deficiência:
Estas políticas de eugenia foram projetadas para prevenir a degeneração biológica e ajudar ao longo do processo de evolução.
4) A unidade de expansão da população:
Darwin alegou em Descent of Man que a taxa de natalidade não deve ser limitada, porque uma taxa de natalidade mais elevada seria vantajosa para a evolução. Hitler concordou e muitas vezes, e expressou a mesma opinião.
5) A necessidade de adquirir espaço de vida (através de meios militares):
Esta ideia se originou com Friedrich Ratzel, um alemão biólogo darwiniano que se tornou um geógrafo, que argumentou que a luta pela existência era essencialmente uma luta por espaço. Hitler expressou muitas vezes a necessidade de espaço de vida em termos evolutivos. Ele vinculou a expansão da população com a luta racial. Ganhando espaço para viver, e expulsando os habitantes, a maneira de melhorar a espécie humana seria aumentando a corrida "mestre" em detrimento das raças “inferiores”.
6) A evolução dos traços morais:
Hitler, como muitos outros biólogos contemporâneos e psiquiatras, argumentou que as características morais foram biologicamente determinadas. Ele acreditava que os arianos tinham uma moralidade mais avançada, por serem supostamente mais leais, honestos, diligentes, etc.. Por outro lado, ele considerou os judeus biologicamente imorais, pois ele os culpava serem preguiçosos, mentirosos, sexualmente lascivos, gananciosos, e etc.. Assim, ao livrar o mundo dos judeus e substituí-los por arianos, Hitler em sua própria perspectiva pervertida, pensou que estaria melhorando o mundo, banindo a imoralidade e aumentando a moralidade.
Por que isso importa? Como muitos de meus críticos têm apontado, de fato, a maioria dos darwinistas não são nazistas. Então, por que devemos nos preocupar se os nazistas usaram o Darwinismo para seus próprios propósitos pervertidos?
Embora seja improvável que algo parecido com o Nazismo nunca mais surja novamente das premissas darwinistas, ainda hoje há muitas outras maneiras em que o Darwinismo está sendo usado para desvalorizar a vida humana (como eu mostrei no meu parte anterior). O aborto está desenfreado, e a eugenia bem como a eutanásia está, mais uma vez, tornando-se um assunto atual nos círculos acadêmicos. Embora o Darwinismo não seja a única causa dessa desvalorização da vida humana, muitos estudiosos proeminentes, tais como Peter Singer e Richard Dawkins, admitem que a teoria desempenha um papel significativo.
Sobre o autor: Richard Weikart é professor de história na California State University, Stanislaus, e autor de From Darwin to Hitler: Evolutionary Ethics, Eugenics, and Racism in Germany e Hitler’s Ethic: The Nazi Pursuit of Evolutionary Progress.
Extraído de http://www.credomag.com/2012/01/05/how-evolutionary-ethics-influenced-hitler-and-why-it-matters/ acessado em às 17:00h, em 18 de Março de 2014.
Traduzido em 18 de Março de 2014.
Rev Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
Um ponto que eu explico no meu livro From Darwin to Hitler: Evolutionary Ethic, and Racism in Germany, despertou considerável controvérsia, e inflamou-se ainda mais depois que Ben Stein me entrevistou para o documentário: Expelled: No Intelligence Allowed, que promoveu o Designer Intelligent. Esta controvérsia girou em torno da alegação de que Hitler e os nazistas foram influenciados profundamente pelo Darwinismo.
Quando comecei investigar o impacto do Darwinismo na ética, moralidade e pensamento social no final do século XIX na Alemanha, Hitler e o nazismo não eram o meu campo de pesquisa. No entanto, como eu comecei a descobrir as conexões entre o Darwinismo e a eugenia, eutanásia e extermínio racial, não pude deixar de notar como muitas ideias estão sendo promovidas em nome da ética evolucionista, e isto se assemelhava notavelmente semelhante a ideologia nazista. Afinal, os nazistas tinham desenvolvido o programa mais radical de esterilização obrigatório no mundo, a fim de tentar melhorar a hereditariedade humana. Tudo começou após a Segunda Guerra Mundial, com os milhares de assassinatos de deficientes.
Então, comecei a estudar a ideologia de Hitler em profundidade para descobrir o quão importante era o Darwinismo em sua cosmovisão. Muitos historiadores haviam comentado sobre a importância do Darwinismo social na ideologia de Hitler. No entanto, poucos tinham explorado isso a partir do ângulo da ética evolucionista. Eu descobri que, apesar de Hitler nunca ter usado o termo “ética evolutiva”, ele realmente baseou a sua moralidade sobre a evolução darwiniana.
Quando escrevi From Darwin to Hitler: Evolutionary Ethic, and Racism in Germany apenas o capítulo final explicita o papel do darwinismo na cosmovisão de Hitler. Este capítulo provocou uma enorme controvérsia, porém, com alguns críticos da internet alegando que Hitler rejeitou o Darwinismo, e, portanto, ele era um criacionista. Assim, decidi escrever um livro inteiro dedicado ao papel da evolução na cosmovisão de Hitler: Hitler’s Ethic: The Nazi Pursuit of Evolutionary Progress. Então, demonstrei não apenas que Hitler acreditava na evolução darwiniana, incluindo a evolução dos seres humanos, mas também, demonstrei em detalhes que a ética evolucionista foi central para a cosmovisão de Hitler. Ela influenciou muitos elementos da ideologia nazista e política, incluindo:
1) A desigualdade racial:
Hitler acreditava que diferentes raças haviam se formado através de processos evolutivos e ocupavam diferentes níveis evolutivos. Ele pensava que a raça ariana ou nórdica (esses termos foram usados como sinônimos pelos nazistas) era a mais avançada. Estas opiniões não eram idiossincráticas, mas eram comuns entre os biólogos evolucionistas alemães no início do século XX.
2) A história como uma luta racial para a existência:
Hitler pensava que as raças estavam presas num inevitável conflito racial. Ele promoveu políticas que obviamente favoreciam aos arianos, enquanto que colocam em desvantagem outras raças supostamente, especialmente os judeus, a fim de ajudar os arianos vencer a luta pela existência. Naturalmente, os judeus e similares perderiam a luta e seriam eventualmente eliminados, de uma forma ou de outra, e os arianos receberiam todo o globo.
3) Políticas eugênicas, como esterilização obrigatória, abortos forçados e morte de pessoas com deficiência:
Estas políticas de eugenia foram projetadas para prevenir a degeneração biológica e ajudar ao longo do processo de evolução.
4) A unidade de expansão da população:
Darwin alegou em Descent of Man que a taxa de natalidade não deve ser limitada, porque uma taxa de natalidade mais elevada seria vantajosa para a evolução. Hitler concordou e muitas vezes, e expressou a mesma opinião.
5) A necessidade de adquirir espaço de vida (através de meios militares):
Esta ideia se originou com Friedrich Ratzel, um alemão biólogo darwiniano que se tornou um geógrafo, que argumentou que a luta pela existência era essencialmente uma luta por espaço. Hitler expressou muitas vezes a necessidade de espaço de vida em termos evolutivos. Ele vinculou a expansão da população com a luta racial. Ganhando espaço para viver, e expulsando os habitantes, a maneira de melhorar a espécie humana seria aumentando a corrida "mestre" em detrimento das raças “inferiores”.
6) A evolução dos traços morais:
Hitler, como muitos outros biólogos contemporâneos e psiquiatras, argumentou que as características morais foram biologicamente determinadas. Ele acreditava que os arianos tinham uma moralidade mais avançada, por serem supostamente mais leais, honestos, diligentes, etc.. Por outro lado, ele considerou os judeus biologicamente imorais, pois ele os culpava serem preguiçosos, mentirosos, sexualmente lascivos, gananciosos, e etc.. Assim, ao livrar o mundo dos judeus e substituí-los por arianos, Hitler em sua própria perspectiva pervertida, pensou que estaria melhorando o mundo, banindo a imoralidade e aumentando a moralidade.
Por que isso importa? Como muitos de meus críticos têm apontado, de fato, a maioria dos darwinistas não são nazistas. Então, por que devemos nos preocupar se os nazistas usaram o Darwinismo para seus próprios propósitos pervertidos?
Embora seja improvável que algo parecido com o Nazismo nunca mais surja novamente das premissas darwinistas, ainda hoje há muitas outras maneiras em que o Darwinismo está sendo usado para desvalorizar a vida humana (como eu mostrei no meu parte anterior). O aborto está desenfreado, e a eugenia bem como a eutanásia está, mais uma vez, tornando-se um assunto atual nos círculos acadêmicos. Embora o Darwinismo não seja a única causa dessa desvalorização da vida humana, muitos estudiosos proeminentes, tais como Peter Singer e Richard Dawkins, admitem que a teoria desempenha um papel significativo.
Sobre o autor: Richard Weikart é professor de história na California State University, Stanislaus, e autor de From Darwin to Hitler: Evolutionary Ethics, Eugenics, and Racism in Germany e Hitler’s Ethic: The Nazi Pursuit of Evolutionary Progress.
Extraído de http://www.credomag.com/2012/01/05/how-evolutionary-ethics-influenced-hitler-and-why-it-matters/ acessado em às 17:00h, em 18 de Março de 2014.
Traduzido em 18 de Março de 2014.
Rev Ewerton B. Tokashiki
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Os problemas de Mark Driscoll e os nossos
A crise na liderança americana evangélica
Escrito por Carl R. Trueman
A recente revelação de que Mars Hill Church, em Seattle, pagou uma empresa externa para impulsionar as vendas dos livros de seu pastor, levantou questões não apenas sobre a integridade pessoal, mas também sobre a própria cultura do evangelicalismo americano.
Como um presbiteriano inglês vivendo nos EUA, eu nunca tenho a certeza sobre se eu sou, ou não, um "evangélico" no padrão norte-americano. Quando volto para casa, eu sei que sou evangélico, sem dúvida, mas aqui é mais complicado. De fato, eu sustento uma fé protestante tradicional, ortodoxo, com uma forte inclinação existencial. Mas o evangelicalismo americano é mais (e, às vezes, muito menos) do que isso. Os compromissos políticos do movimento são, em geral, um mistério para mim. E, embora, o modelo de liderança celebridade do movimento é compreensível para mim em termos sociológicos, acho que é de mau gosto e duvidosamente não-bíblica. É muitas vezes parece representar exatamente o que Paulo estava criticando em 1 Coríntios 1 .
Aos que não estão familiarizados com a recente história evangélica americana, algumas informações do contexto: a seis ou sete anos atrás, o Calvinismo se tornou legal. Mais do que isso, o Calvinismo se tornou tão legal que começou a tornar-se uma mercadoria muito vendável e para atrair muito dinheiro. Um movimento amplo, eclético e dinâmico surgiu, apelidado do “Jovem, Inquietos e Reformados” após o título de um livro escrito por Collin Hansen. Com isto, as igrejas calvinistas pareciam crescer como as principais igrejas empenhadas na luta. O recrutamento em seminários reformados permaneceu aquecido, ao mesmo tempo em que foram recusados em outro lugar. Os jovens estavam lendo teologia séria e procuraram conectar a sua fé com todas as áreas de suas vidas.
Como professor em um seminário reformado e como um pastor de uma igreja presbiteriana, eu certamente, me alegrei com o interesse renovado pelo ensino dos reformadores que esse movimento ajudou a gerar. Eu, pessoalmente, fui beneficiado com o movimento de muitas maneiras. O seu advento foi oportunamente muito bem-vindo. Como o poeta disse: “Estar vivo era a felicidade matinal, / Mas ser jovem era algo celestial!"
No entanto, o movimento, tal como ele era, logo começou a mostrar sinais de tensão. Mark Driscoll e James MacDonald compartilharam de uma base comum cristã com T.D. Jakes, um pregador da prosperidade e um ministro em uma denominação unitarista. Como resultado, eles desceram do Gospel Coalition, a organização emblemática do movimento, com os melhores desejos para seu futuro ministério, mas com fortes indícios que nos bastidores a sua saída tinha sido menos amigável. Em seguida, outras questões vieram à tona: No ano passado, surgiu a notícia de que Mark Driscoll teria usado escritores fantasmas para produzir alguns dos seus livros, e que o material aparentemente teria sido retirado a partir de outros autores sem a devida citação. Finalmente, na semana passada, veio a revelação de que o seu livro sobre casamento teria se tornando num best-seller com o uso de mais recurso financeiro da igreja, do que muitas congregações têm em todo o seu orçamento anual.
Mark Driscoll é uma pessoa, um indivíduo singularmente talentoso. No entanto, ele também tem promovido problemas estruturais dentro do próprio movimento dos novos reformados. Apesar das diferenças e, em muitos aspectos, sofisticações na sua teologia o movimento “jovem , inquieto e reformado” sempre foi , de algum modo, simplesmente a mais recente manifestação dos aspectos mais fracos da América evangelicalismo. Foi, e é, um movimento construído sobre o poder de um grupo seleto de personalidades dinâmicas, competentes comunicadores, e pregadores talentosos que tem usado o marketing de forma muito atraente. Essas coisas podem ter grandes benefícios, mas quando não há prestação de contas real envolvido, quando acordos financeiros são obscuros ao extremo, e quando personalidades começam a suplantar a mensagem, sérios problemas nunca estão longe.
O quadro geral é de desastre. Dentro da igreja, eu suspeito que a maioria dos pastores olham com horror para a quantidade de dinheiro envolvido em alguns desses projetos e se afastará por desgosto. Fora da igreja, as pessoas conhecem com nitidez esta prática quando a veem, não importa o quão estritamente legal ela possa ser. A reputação da igreja sofre, e, infelizmente, ele não sofre neste caso injustamente.
Então, finalmente, há o silêncio. A única coisa que poderia manter o movimento unido seria uma liderança pública forte, transparente, que abertamente policiada em si e, portanto, anunciando a sua integridade para que todos possam ver. No entanto, a coisa mais notável sobre toda esta triste saga, foi a partir do envolvimento com Jakes, e que até agora, mantém-se o silêncio de muitos destes homens que se apresentam como líderes do movimento, e que estavam felizes, naquele momento, para beneficiar a reputação e influência de Mark Driscoll. Alguém pode interpretar esse silêncio como uma recusa apropriada de comentar diretamente sobre o ministério de homens que não têm qualquer ligação formal com suas próprias organizações.
No entanto, os líderes do “jovem, inquieto e reformado” não têm normalmente autorizado a redução dos seus antigos comentários. Muitos deles são francos, por exemplo, quanto ao ensino de Joel Osteen. Em seus primeiros dias, quando a Igreja Emergente estava disputando com o Novo Calvinismo pela prominência no mundo evangélico americano, eles fizeram com regularidade, e muitas vezes de modo minucioso, algumas críticas aos líderes emergentes. Em retrospectiva, no entanto, é evidente que estes eram alvos fáceis. A sua própria distância teológica os manteve seguros. Problemas mais perto de casa são sempre muito mais difíceis de falar, muito mais chances de ganhar o desprezo de amigos, e, portanto, muito mais propensos a serem ignorados. O resultado, porém, é que alguns líderes se tornam muito acostumados a sempre fazerem as coisas à sua maneira. Todos nós, que pensamos como evangélicos, ou reformados, viveremos com o fruto amargo daquele fracasso da liderança.
Escrito por Carl R. Trueman is Paul Woolley Professor of Church History at Westminster Theological Seminary.
Extraído de http://www.firstthings.com/web-exclusives/2014/03/mark-driscolls-problems-and-ours acessado às 9:30h, em 15 de Março de 2014.
Escrito por Carl R. Trueman
A recente revelação de que Mars Hill Church, em Seattle, pagou uma empresa externa para impulsionar as vendas dos livros de seu pastor, levantou questões não apenas sobre a integridade pessoal, mas também sobre a própria cultura do evangelicalismo americano.
Como um presbiteriano inglês vivendo nos EUA, eu nunca tenho a certeza sobre se eu sou, ou não, um "evangélico" no padrão norte-americano. Quando volto para casa, eu sei que sou evangélico, sem dúvida, mas aqui é mais complicado. De fato, eu sustento uma fé protestante tradicional, ortodoxo, com uma forte inclinação existencial. Mas o evangelicalismo americano é mais (e, às vezes, muito menos) do que isso. Os compromissos políticos do movimento são, em geral, um mistério para mim. E, embora, o modelo de liderança celebridade do movimento é compreensível para mim em termos sociológicos, acho que é de mau gosto e duvidosamente não-bíblica. É muitas vezes parece representar exatamente o que Paulo estava criticando em 1 Coríntios 1 .
Aos que não estão familiarizados com a recente história evangélica americana, algumas informações do contexto: a seis ou sete anos atrás, o Calvinismo se tornou legal. Mais do que isso, o Calvinismo se tornou tão legal que começou a tornar-se uma mercadoria muito vendável e para atrair muito dinheiro. Um movimento amplo, eclético e dinâmico surgiu, apelidado do “Jovem, Inquietos e Reformados” após o título de um livro escrito por Collin Hansen. Com isto, as igrejas calvinistas pareciam crescer como as principais igrejas empenhadas na luta. O recrutamento em seminários reformados permaneceu aquecido, ao mesmo tempo em que foram recusados em outro lugar. Os jovens estavam lendo teologia séria e procuraram conectar a sua fé com todas as áreas de suas vidas.
Como professor em um seminário reformado e como um pastor de uma igreja presbiteriana, eu certamente, me alegrei com o interesse renovado pelo ensino dos reformadores que esse movimento ajudou a gerar. Eu, pessoalmente, fui beneficiado com o movimento de muitas maneiras. O seu advento foi oportunamente muito bem-vindo. Como o poeta disse: “Estar vivo era a felicidade matinal, / Mas ser jovem era algo celestial!"
No entanto, o movimento, tal como ele era, logo começou a mostrar sinais de tensão. Mark Driscoll e James MacDonald compartilharam de uma base comum cristã com T.D. Jakes, um pregador da prosperidade e um ministro em uma denominação unitarista. Como resultado, eles desceram do Gospel Coalition, a organização emblemática do movimento, com os melhores desejos para seu futuro ministério, mas com fortes indícios que nos bastidores a sua saída tinha sido menos amigável. Em seguida, outras questões vieram à tona: No ano passado, surgiu a notícia de que Mark Driscoll teria usado escritores fantasmas para produzir alguns dos seus livros, e que o material aparentemente teria sido retirado a partir de outros autores sem a devida citação. Finalmente, na semana passada, veio a revelação de que o seu livro sobre casamento teria se tornando num best-seller com o uso de mais recurso financeiro da igreja, do que muitas congregações têm em todo o seu orçamento anual.
Mark Driscoll é uma pessoa, um indivíduo singularmente talentoso. No entanto, ele também tem promovido problemas estruturais dentro do próprio movimento dos novos reformados. Apesar das diferenças e, em muitos aspectos, sofisticações na sua teologia o movimento “jovem , inquieto e reformado” sempre foi , de algum modo, simplesmente a mais recente manifestação dos aspectos mais fracos da América evangelicalismo. Foi, e é, um movimento construído sobre o poder de um grupo seleto de personalidades dinâmicas, competentes comunicadores, e pregadores talentosos que tem usado o marketing de forma muito atraente. Essas coisas podem ter grandes benefícios, mas quando não há prestação de contas real envolvido, quando acordos financeiros são obscuros ao extremo, e quando personalidades começam a suplantar a mensagem, sérios problemas nunca estão longe.
O quadro geral é de desastre. Dentro da igreja, eu suspeito que a maioria dos pastores olham com horror para a quantidade de dinheiro envolvido em alguns desses projetos e se afastará por desgosto. Fora da igreja, as pessoas conhecem com nitidez esta prática quando a veem, não importa o quão estritamente legal ela possa ser. A reputação da igreja sofre, e, infelizmente, ele não sofre neste caso injustamente.
Então, finalmente, há o silêncio. A única coisa que poderia manter o movimento unido seria uma liderança pública forte, transparente, que abertamente policiada em si e, portanto, anunciando a sua integridade para que todos possam ver. No entanto, a coisa mais notável sobre toda esta triste saga, foi a partir do envolvimento com Jakes, e que até agora, mantém-se o silêncio de muitos destes homens que se apresentam como líderes do movimento, e que estavam felizes, naquele momento, para beneficiar a reputação e influência de Mark Driscoll. Alguém pode interpretar esse silêncio como uma recusa apropriada de comentar diretamente sobre o ministério de homens que não têm qualquer ligação formal com suas próprias organizações.
No entanto, os líderes do “jovem, inquieto e reformado” não têm normalmente autorizado a redução dos seus antigos comentários. Muitos deles são francos, por exemplo, quanto ao ensino de Joel Osteen. Em seus primeiros dias, quando a Igreja Emergente estava disputando com o Novo Calvinismo pela prominência no mundo evangélico americano, eles fizeram com regularidade, e muitas vezes de modo minucioso, algumas críticas aos líderes emergentes. Em retrospectiva, no entanto, é evidente que estes eram alvos fáceis. A sua própria distância teológica os manteve seguros. Problemas mais perto de casa são sempre muito mais difíceis de falar, muito mais chances de ganhar o desprezo de amigos, e, portanto, muito mais propensos a serem ignorados. O resultado, porém, é que alguns líderes se tornam muito acostumados a sempre fazerem as coisas à sua maneira. Todos nós, que pensamos como evangélicos, ou reformados, viveremos com o fruto amargo daquele fracasso da liderança.
Escrito por Carl R. Trueman is Paul Woolley Professor of Church History at Westminster Theological Seminary.
Extraído de http://www.firstthings.com/web-exclusives/2014/03/mark-driscolls-problems-and-ours acessado às 9:30h, em 15 de Março de 2014.
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
16 março 2014
Os sistemas políticos e a ética cristã
Escrito por Francisco Lacueva
A fé cristã não está ligada a nenhum sistema político, e o crente é livre para simpatizar, aderir, votar, etc. a favor de qualquer partido ou sistema político que salvaguarde o conceito de autoridade, a liberdade e dignidade da pessoa humana e permita a confissão e testemunho público das crenças religiosas dos cidadãos. Há dois sistemas extremos que atentam contra estes princípios: o totalitarismo e o anarquismo.
1. O totalitarismo, ou seja, o fascista, nazista ou marxista, impõe de cima pra baixo uma única classe de filosofia de vida em todas as esferas sociais, perdendo a dignidade e liberdade da pessoa e absorvendo o controle total de todos os aspectos que afetam a vida social, incluindo o religioso. Um crente não pode admitir isto, e tem que repetir o que Pedro disse diante o Sinédrio (At 5:29).
2. O anarquismo, como o seu nome indica, se apõe a toda autoridade, o qual é igualmente inadmissível para todo crente. Paulo disse claramente: “de modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Rm 13:2). Um terceiro sistema pode ser admitido.
3. A democracia que pode definir-se como “o governo do povo pelo povo e para o povo.” É um sistema que dá liberdade ao homem para seguir e expressar as suas convicções pessoais, e no que o povo tem nos organismos legislativo e administrativos do Estado como uma única representação. Contudo, esta democracia pode reverter de diversas formas (orgânica e inorgânica, socializante ou liberalizante, etc.) e implementada depende de muitos fatores étnicos e culturais. Permita-nos somente duas observações que afeta ao terreno ético em que nos movemos:
3.1. Os crentes podem e devem acatar e obedecer, em tudo o que não seja contra a sua consciência de cristãos, às autoridades de qualquer sistema político.
3.2. Estão no direito e dever de promover pacificamente um estado de coisas em que melhor se salvaguardem a verdade, a justiça e a liberdade. Em princípio diríamos que o melhor sistema político é a democracia pura, mas não se esqueça de que a democracia, como a liberdade, tem que merecê-las. A capacidade de convivência livre e democrática está em proporção direta com a educação social e política, assim como com a maturidade cultural, psíquica e moral (honestidade cívica) dos cidadãos. A responsabilidade desta educação cívica e política para tal democracia não incumbe somente aos indivíduos, mas principalmente aos governos e aos órgãos de formação e informação. O que não forma, o que não informa as mentes dos cidadãos com respeito aos valores da verdade, bem, justiça, etc., é eticamente mal. Vale a pena advertir algo de suma importância para um crente: o cristão tem direito de manter e expressar as suas opiniões políticas, mas, nunca deve entrar no debate político como crente, e sim como cidadão; do contrário, introduzirá na fé (na igreja), que é o fator de unidade, um elemento de divisão. Isto afeta especialmente aos ministros do Senhor, ou lideres de movimentos religiosos.
Extraído de Francisco Lacueva, Ética Cristiana – Curso de Formación Teológica Evangélica (Barcelona, Editorial CLIE, 1993), pp. 212-214.
Traduzido em 15 de Março de 2014.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
A fé cristã não está ligada a nenhum sistema político, e o crente é livre para simpatizar, aderir, votar, etc. a favor de qualquer partido ou sistema político que salvaguarde o conceito de autoridade, a liberdade e dignidade da pessoa humana e permita a confissão e testemunho público das crenças religiosas dos cidadãos. Há dois sistemas extremos que atentam contra estes princípios: o totalitarismo e o anarquismo.
1. O totalitarismo, ou seja, o fascista, nazista ou marxista, impõe de cima pra baixo uma única classe de filosofia de vida em todas as esferas sociais, perdendo a dignidade e liberdade da pessoa e absorvendo o controle total de todos os aspectos que afetam a vida social, incluindo o religioso. Um crente não pode admitir isto, e tem que repetir o que Pedro disse diante o Sinédrio (At 5:29).
2. O anarquismo, como o seu nome indica, se apõe a toda autoridade, o qual é igualmente inadmissível para todo crente. Paulo disse claramente: “de modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Rm 13:2). Um terceiro sistema pode ser admitido.
3. A democracia que pode definir-se como “o governo do povo pelo povo e para o povo.” É um sistema que dá liberdade ao homem para seguir e expressar as suas convicções pessoais, e no que o povo tem nos organismos legislativo e administrativos do Estado como uma única representação. Contudo, esta democracia pode reverter de diversas formas (orgânica e inorgânica, socializante ou liberalizante, etc.) e implementada depende de muitos fatores étnicos e culturais. Permita-nos somente duas observações que afeta ao terreno ético em que nos movemos:
3.1. Os crentes podem e devem acatar e obedecer, em tudo o que não seja contra a sua consciência de cristãos, às autoridades de qualquer sistema político.
3.2. Estão no direito e dever de promover pacificamente um estado de coisas em que melhor se salvaguardem a verdade, a justiça e a liberdade. Em princípio diríamos que o melhor sistema político é a democracia pura, mas não se esqueça de que a democracia, como a liberdade, tem que merecê-las. A capacidade de convivência livre e democrática está em proporção direta com a educação social e política, assim como com a maturidade cultural, psíquica e moral (honestidade cívica) dos cidadãos. A responsabilidade desta educação cívica e política para tal democracia não incumbe somente aos indivíduos, mas principalmente aos governos e aos órgãos de formação e informação. O que não forma, o que não informa as mentes dos cidadãos com respeito aos valores da verdade, bem, justiça, etc., é eticamente mal. Vale a pena advertir algo de suma importância para um crente: o cristão tem direito de manter e expressar as suas opiniões políticas, mas, nunca deve entrar no debate político como crente, e sim como cidadão; do contrário, introduzirá na fé (na igreja), que é o fator de unidade, um elemento de divisão. Isto afeta especialmente aos ministros do Senhor, ou lideres de movimentos religiosos.
Extraído de Francisco Lacueva, Ética Cristiana – Curso de Formación Teológica Evangélica (Barcelona, Editorial CLIE, 1993), pp. 212-214.
Traduzido em 15 de Março de 2014.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
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15 março 2014
A fé cristã é compatível com o socialismo marxista?
CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER COMENTADO
Por Johannes G. Vos
Pergunta 140. Qual é o oitavo mandamento?
R: O oitavo mandamento é: não furtarás.
Pergunta 141: Quais são os deveres exigidos no oitavo mandamento?
R: Os deveres exigidos no oitavo mandamento são a verdade, a fidelidade e a justiça nos contratos e no comércio entre os homens; dar a cada um aquilo que lhe é devido; restitui aos donos legítimos os bens tirados deles ilicitamente; dar e emprestar gratuitamente, conforme nossos recursos e as necessidades dos outros; moderar os nossos juízos, desejos e sentimentos relativos aos bens mundanos; o cuidado e a busca providente para obter, guardar, usar e dispor das coisas necessárias e convenientes à sustentação da nossa natureza e apropriadas á nossa condição; ter um meio de vida lícito e empenhar-se nele; a frugalidade; evitar processos judiciais, fianças ou outras demandas semelhantes; e o esforço, por todos os meios justos e lícitos, de procurar, preservar e aumentar a riqueza e o estado exterior, tanto de outros quanto o nosso próprio.
COMENTÁRIO:
1. Qual é o alcance geral do oitavo mandamento?
O alcance geral do oitavo mandamento é o respeito à santidade da propriedade, da mesma sorte que o sexto impõe respeito á santidade da vida e o sétimo, à santidade do sexo. A propriedade ou a riqueza é criada por Deus e confiada ao homem para o seu uso na glorificação e no serviço a Deus. É, portanto, um compromisso administrativo atribuído ao homem e por isso tem de ser respeitado. O oitavo mandamento, portanto, requer não apenas que nos guardemos de roubar o bem do nosso próximo, mas que conquistemos e conservemos o nosso.
2. A Bíblia autoriza a propriedade privada?
Sim. A posse da propriedade privada, no estado pecaminoso em que a humanidade existe desde a queda, é necessária para que uma vida possa glorificar e gozar a Deus. A propriedade privada fundamenta-se não na mera invenção ou costume humanos, mas na lei moral de Deus. Está definitivamente autorizada pelo oitavo mandamento – “Não furtarás” – o qual só fará sentido se houver por trás dele uma ordenação divina para a propriedade privada. Mesmo fora da Bíblia, a revelação natural ensina a todos os homens que roubar é errado. Está profundamente equivocado quem hoje pensar que a propriedade privada é maligna. Os males que ele tem em mente procedem não da propriedade privada em si mesma, mas dos abusos da propriedade privada.
3. À luz da Bíblia, que devemos pensar do comunismo?
Segundo o que a Bíblia ensina, o comunismo é errado a princípio. Não é errado meramente em alguns de seus aspectos ou práticas, ou por causa dos abusos a ele associados, mas é errado e maligno na sua ideia fundamental. Se pudéssemos imaginar um “perfeito” estado de comunismo, em que não houvesse tirania, campos de concentração, policia secreta, propaganda politica, nem censura de informações, ele ainda seria inerentemente pecaminoso e maligno. O capitalismo viola a lei moral de Deus pelos males e abusos a ele vinculados; o comunismo viola a lei moral de Deus por sua própria natureza e ideia fundamental. O principio do comunismo é a posse coletiva da propriedade imposta pelo Estado. Isso pressupõe que a posse particular do indivíduo é um mal que só pode ser tolerado em pequena escala, como uma concessão à natureza humana. Isso é contrário à Bíblia, que ensina que a propriedade privada é um direito dado por Deus. O ser humano individual, como portador da imagem de Deus, deve ter o direito à propriedade conforme o propósito de Deus e para O glorificar plenamente na sua relação com o seu ambiente. A imagem de Deus no homem abrange a implicação de que o homem deve ter o domínio sobre a Terra (Gn 1.27-28); mas o homem é essencialmente um indivíduo, com alma e consciência individuais, com competência e habilidades individuais, com esperança e desejos individuais. O comunismo procura fundir o indivíduo à massa da humanidade e isso envolve o sacrifício do elemento essencial da personalidade do homem, como portador individual da imagem divina e mordomo de Deus com domínio sobre uma parcela da criação de Deus. O comunismo assume que o indivíduo existe por causa da massa, da sociedade, mas isso é contrário a Palavra de Deus, a qual nos ensina que a sociedade e todas as instituições sociais existem por causa do indivíduo, para que ele possa alcançar o propósito divino da sua vida e assim glorificar a Deus. É o indivíduo quem possui uma alma mortal, uma consciência e a capacidade para a comunhão com Deus. Essas coisas sobreviverão a esse mundo e existem para sempre. Elas é que dão dignidade e valor reais à vida humana. Qualquer sistema que considere o ser humano individual como sem importância e busca amalgamá-lo á massa supostamente pelo bem-estar da “sociedade” é fundamentalmente errado e anticristão. Isso se aplica tanto à propriedade coletiva compulsória quanto às outras subversões da individualidade da personalidade humana.
4. Segundo registra Atos (2.44; 4.32-27), a igreja primitiva não praticava o comunismo?
É verdade que existia um tipo de “comunismo” na igreja de Jerusalém, mas era totalmente diferente do comunismo que existe hoje. Deve-se observar que (a) era voluntária e não compulsória, como mostram as palavras de Palavras de Pedro a Ananias em Atos 5.4; 9 (b) era parcial e não total, como demonstra o fato de que a casa de Maria, mãe de João Marcos, não fora vendida; (c) logo surgiu uma murmuração acusatória de que as rações de comida não estavam sendo distribuídas de modo justo (At 6.1); (d) isso foi apenas temporário, sendo descontinuado mais tarde, provavelmente no tempo de grande perseguição que se seguiu ao martírio de Estevão, quando os crentes se espalharam a partir de Jerusalém (At 8.1-4); (e) não há menor indicação de que tenha sido implantado algum “comunismo” assim em nenhuma das Igrejas estabelecidas pelos apóstolos, além da igreja em Jerusalém. É claro, portanto, que o “comunismo” temporário da Igreja de Jerusalém não era uma questão de princípios, mas de contingência em face das condições peculiares àquele tempo e lugar. É extremamente insensato, antibíblico e anti-histórico apresentar o estado temporário das ocorrências na Igreja de Jerusalém como análogo ao comunismo moderno, ou como um padrão a ser imitado pelos crentes em Cristo de todos os lugares.
5. O socialismo é contrário ao cristianismo?
A palavra socialismo é usada com uma variedade tão grande de sentidos que é difícil falar categoricamente dela sem primeiro a definir, para sabermos precisamente o que quer dizer. O socialismo marxista, que é raiz do comunismo moderno, é indubitavelmente contrário à religião cristã. Embora haja uma forma limitada de socialismo que não é contrária ao ensinamento da Palavra de Deus. O governo operar serviço postal, em vez de deixa-lo à iniciativa de particulares ou de corporações, é uma forma de socialismo; mas não se pode achar que seja pecaminoso o envolvimento do Estado nesse empreendimento. Na maioria dos países do mundo as ferrovias, os serviços telefônicos e os de comunicação são operados ou majoritariamente ou exclusivamente pelo Estado. Podemos, ou não, achar que isso seja inteligente, mas dificilmente conseguiremos provar que seja contrário à Bíblia; assim mesmo faz-se necessário traçar um limite em algum ponto. Seria errado, com certeza, que o Estado controlasse e operasse todos os negócios e comércios. A operação de negócios pelo Estado deveria limitar-se a atividades como as do serviço postal, que são essenciais para todos os habitantes do país e por questão de economia requerem monopólio de alcance nacional. O Estado deve proporcionar as condições para que os negócios privados sigam adiante, e deve regulamentá-lo em prol da justiça, mas não deve suplantá-lo competindo contra ele. Deus instituiu o governo civil para promover o bem das pessoas pela manutenção da justiça na sociedade humana (Rm 13.4), e não para se firmar como um colossal empreendimento coletivo em concorrência com os seus próprios cidadãos.
Extraído de Johannes G. Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado (São Paulo, Editora Os Puritanos, 2007), pp. 433-437.
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Por Johannes G. Vos
Pergunta 140. Qual é o oitavo mandamento?
R: O oitavo mandamento é: não furtarás.
Pergunta 141: Quais são os deveres exigidos no oitavo mandamento?
R: Os deveres exigidos no oitavo mandamento são a verdade, a fidelidade e a justiça nos contratos e no comércio entre os homens; dar a cada um aquilo que lhe é devido; restitui aos donos legítimos os bens tirados deles ilicitamente; dar e emprestar gratuitamente, conforme nossos recursos e as necessidades dos outros; moderar os nossos juízos, desejos e sentimentos relativos aos bens mundanos; o cuidado e a busca providente para obter, guardar, usar e dispor das coisas necessárias e convenientes à sustentação da nossa natureza e apropriadas á nossa condição; ter um meio de vida lícito e empenhar-se nele; a frugalidade; evitar processos judiciais, fianças ou outras demandas semelhantes; e o esforço, por todos os meios justos e lícitos, de procurar, preservar e aumentar a riqueza e o estado exterior, tanto de outros quanto o nosso próprio.
COMENTÁRIO:
1. Qual é o alcance geral do oitavo mandamento?
O alcance geral do oitavo mandamento é o respeito à santidade da propriedade, da mesma sorte que o sexto impõe respeito á santidade da vida e o sétimo, à santidade do sexo. A propriedade ou a riqueza é criada por Deus e confiada ao homem para o seu uso na glorificação e no serviço a Deus. É, portanto, um compromisso administrativo atribuído ao homem e por isso tem de ser respeitado. O oitavo mandamento, portanto, requer não apenas que nos guardemos de roubar o bem do nosso próximo, mas que conquistemos e conservemos o nosso.
2. A Bíblia autoriza a propriedade privada?
Sim. A posse da propriedade privada, no estado pecaminoso em que a humanidade existe desde a queda, é necessária para que uma vida possa glorificar e gozar a Deus. A propriedade privada fundamenta-se não na mera invenção ou costume humanos, mas na lei moral de Deus. Está definitivamente autorizada pelo oitavo mandamento – “Não furtarás” – o qual só fará sentido se houver por trás dele uma ordenação divina para a propriedade privada. Mesmo fora da Bíblia, a revelação natural ensina a todos os homens que roubar é errado. Está profundamente equivocado quem hoje pensar que a propriedade privada é maligna. Os males que ele tem em mente procedem não da propriedade privada em si mesma, mas dos abusos da propriedade privada.
3. À luz da Bíblia, que devemos pensar do comunismo?
Segundo o que a Bíblia ensina, o comunismo é errado a princípio. Não é errado meramente em alguns de seus aspectos ou práticas, ou por causa dos abusos a ele associados, mas é errado e maligno na sua ideia fundamental. Se pudéssemos imaginar um “perfeito” estado de comunismo, em que não houvesse tirania, campos de concentração, policia secreta, propaganda politica, nem censura de informações, ele ainda seria inerentemente pecaminoso e maligno. O capitalismo viola a lei moral de Deus pelos males e abusos a ele vinculados; o comunismo viola a lei moral de Deus por sua própria natureza e ideia fundamental. O principio do comunismo é a posse coletiva da propriedade imposta pelo Estado. Isso pressupõe que a posse particular do indivíduo é um mal que só pode ser tolerado em pequena escala, como uma concessão à natureza humana. Isso é contrário à Bíblia, que ensina que a propriedade privada é um direito dado por Deus. O ser humano individual, como portador da imagem de Deus, deve ter o direito à propriedade conforme o propósito de Deus e para O glorificar plenamente na sua relação com o seu ambiente. A imagem de Deus no homem abrange a implicação de que o homem deve ter o domínio sobre a Terra (Gn 1.27-28); mas o homem é essencialmente um indivíduo, com alma e consciência individuais, com competência e habilidades individuais, com esperança e desejos individuais. O comunismo procura fundir o indivíduo à massa da humanidade e isso envolve o sacrifício do elemento essencial da personalidade do homem, como portador individual da imagem divina e mordomo de Deus com domínio sobre uma parcela da criação de Deus. O comunismo assume que o indivíduo existe por causa da massa, da sociedade, mas isso é contrário a Palavra de Deus, a qual nos ensina que a sociedade e todas as instituições sociais existem por causa do indivíduo, para que ele possa alcançar o propósito divino da sua vida e assim glorificar a Deus. É o indivíduo quem possui uma alma mortal, uma consciência e a capacidade para a comunhão com Deus. Essas coisas sobreviverão a esse mundo e existem para sempre. Elas é que dão dignidade e valor reais à vida humana. Qualquer sistema que considere o ser humano individual como sem importância e busca amalgamá-lo á massa supostamente pelo bem-estar da “sociedade” é fundamentalmente errado e anticristão. Isso se aplica tanto à propriedade coletiva compulsória quanto às outras subversões da individualidade da personalidade humana.
4. Segundo registra Atos (2.44; 4.32-27), a igreja primitiva não praticava o comunismo?
É verdade que existia um tipo de “comunismo” na igreja de Jerusalém, mas era totalmente diferente do comunismo que existe hoje. Deve-se observar que (a) era voluntária e não compulsória, como mostram as palavras de Palavras de Pedro a Ananias em Atos 5.4; 9 (b) era parcial e não total, como demonstra o fato de que a casa de Maria, mãe de João Marcos, não fora vendida; (c) logo surgiu uma murmuração acusatória de que as rações de comida não estavam sendo distribuídas de modo justo (At 6.1); (d) isso foi apenas temporário, sendo descontinuado mais tarde, provavelmente no tempo de grande perseguição que se seguiu ao martírio de Estevão, quando os crentes se espalharam a partir de Jerusalém (At 8.1-4); (e) não há menor indicação de que tenha sido implantado algum “comunismo” assim em nenhuma das Igrejas estabelecidas pelos apóstolos, além da igreja em Jerusalém. É claro, portanto, que o “comunismo” temporário da Igreja de Jerusalém não era uma questão de princípios, mas de contingência em face das condições peculiares àquele tempo e lugar. É extremamente insensato, antibíblico e anti-histórico apresentar o estado temporário das ocorrências na Igreja de Jerusalém como análogo ao comunismo moderno, ou como um padrão a ser imitado pelos crentes em Cristo de todos os lugares.
5. O socialismo é contrário ao cristianismo?
A palavra socialismo é usada com uma variedade tão grande de sentidos que é difícil falar categoricamente dela sem primeiro a definir, para sabermos precisamente o que quer dizer. O socialismo marxista, que é raiz do comunismo moderno, é indubitavelmente contrário à religião cristã. Embora haja uma forma limitada de socialismo que não é contrária ao ensinamento da Palavra de Deus. O governo operar serviço postal, em vez de deixa-lo à iniciativa de particulares ou de corporações, é uma forma de socialismo; mas não se pode achar que seja pecaminoso o envolvimento do Estado nesse empreendimento. Na maioria dos países do mundo as ferrovias, os serviços telefônicos e os de comunicação são operados ou majoritariamente ou exclusivamente pelo Estado. Podemos, ou não, achar que isso seja inteligente, mas dificilmente conseguiremos provar que seja contrário à Bíblia; assim mesmo faz-se necessário traçar um limite em algum ponto. Seria errado, com certeza, que o Estado controlasse e operasse todos os negócios e comércios. A operação de negócios pelo Estado deveria limitar-se a atividades como as do serviço postal, que são essenciais para todos os habitantes do país e por questão de economia requerem monopólio de alcance nacional. O Estado deve proporcionar as condições para que os negócios privados sigam adiante, e deve regulamentá-lo em prol da justiça, mas não deve suplantá-lo competindo contra ele. Deus instituiu o governo civil para promover o bem das pessoas pela manutenção da justiça na sociedade humana (Rm 13.4), e não para se firmar como um colossal empreendimento coletivo em concorrência com os seus próprios cidadãos.
Extraído de Johannes G. Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado (São Paulo, Editora Os Puritanos, 2007), pp. 433-437.
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14 março 2014
Do Magistrado Civil e a Igreja - Confissão de Fé de Westminster
CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
CAPÍTULO XXIII - DO MAGISTRADO CIVIL
Comentado por G.I. Williamson
Aqui deixamos uma vez mais a ordem da Confissão de Fé para considerar juntas certas seções da Confissão que são difíceis de considerar em relação umas com as outras. Estes capítulos e estas seções são: o capítulo XXIII, 3 da e o capítulo XXXI, 1, 2. A dificuldade consiste em definir qual é o poder do magistrado civil com respeito aos assuntos eclesiásticos. A partir deste ponto, primeiro, procederemos discutindo as seções do capítulo XXIII que não são problemáticas; e segundo, as seções dos capítulos XXIII e XXXI que apresentam o problema e terceiro, as porções que ficaram do capítulo XXXI, ou seja, as seções 3,4, e 5.
1. Deus o supremo Senhor e Rei de todo o mundo, institui os magistrados civis, para estar abaixo dele e sobre o seu povo, para sua própria gloria e para o bem publico; para cujo fim lhes deu autoridade da espada, para defender e estimulo dos bons, e para castigo dos maus.
2. É licito que os cristãos aceitem e desempenhem o oficio de magistrados quando para isso forem vocacionado por Ele. Na administração deste oficio os cristãos devem manter especialmente a piedade, a justiça e a paz de acordo com as leis saudáveis de cada estado. Para tal fim, podem legalmente a luz do NT, fazer guerra em ocasiões justas e necessárias.
3. [...]
4. O povo tem o dever de orar pelos magistrados, honrar suas pessoas, pagar tributos e outros direito, obedecer aos seus mandamentos legítimos, e estar sujeitos a sua autoridade por causa de sua consciência. A infidelidade, ou a diferencia de religião não invalida a justa e legítima autoridade do magistrado, nem exime do povo a devida obediência a ele, do qual as pessoas eclesiásticas não estão excluídas, e muito menos tem o papa poder de jurisdição alguma sobre os magistrados, sobre seus domínios, ou sobre algum de seu povo; e muito menos para priva-los de seu domínio, suas vidas, sejam porque os julguem que são hereges, ou por qualquer outro pretexto.
XXIII, 1,2,3
ESTAS SEÇÕES DA CONFISSÃO DE FÉ NOS ENSINAM:
1) Que Deus estabeleceu o governo civil sobre a terra.
2) Que seu propósito e sua glória e o nosso bem.
3) Que nos deu os oficiais civis e o poder da espada.
4) Que os cristãos podem de forma lícita ter cargos civis e exercer o poder da espada em ocasiões necessárias e justas.
5) Que Deus requer que os cristãos exerçam o mandato, orem, se submetam aos que licitamente utilizam o seu cargo no governo civil.
6) Que esta responsabilidade não deixa de existir por causa das diferenças religiosas, e
7) Que o papa de Roma não tem nenhum direito sobre o poder civil.
A passagem clássica das escrituras que trata do estabelecimento do governo civil é:
Nesta passagem clássica das Escrituras se estabelece os ensinos desta seção da Confissão. “Todos devem se sujeitar as autoridades publicas” disse o apóstolo. Sem dúvida se requer do cristão que se submetam aos que estão como autoridades pela vontade de Deus. “Porque não há autoridade que não proceda de Deus, e as autoridades que existem foram por ele instituídas.” A. A. Hodge bem disse: “alguns imaginam que o direito e a autoridade legítima do governo humano tem seu fundamento final na aprovação dos governados,” bem como “na vontade da maioria”, ou, em algum pacto social imaginário feito pelos antepassados da raça na origem da vida social. Mas as Escrituras nos ensinam que o governo civil vem de Deus, e que tem sua autoridade pela vontade de Deus, e assim aprovação dos governos. Isto implica claramente que o cristão deve considerar o governo de fato, de qualquer país particular no qual pode residir como jure. Nenhuma forma de governo civil está designada nas Escrituras. O cristão não tem a liberdade de obedecer ou não dependendo do tipo de governo que exista. “Os poderes que existem foram estabelecidos por Deus”, disse Paulo. E se referia ao governo totalitário do Império Romano. Se Paulo e Jesus ensinaram que deveriam se sujeitar a Cesar, é difícil pensar em algum tipo de governo civil que não deveria ser obedecido pelos cristãos em assuntos civis. A luz deste contexto do período apostólico (quando o governo civil era totalitário), não cremos que os cristãos tivessem o direito de apoiar, ou, de participar na derrota violenta de uma autoridade civil, ou, seja uma monarquia ou democracia (ver Rm 13:2, I Pd 2:13-14, Tt 3:1 etc). Se todo o governo de fato é estabelecido por Deus, e a resistência é uma resistência diante do mandato de Deus então, não existe nenhuma outra conclusão.
No entanto, afirmar que a autoridade a autoridade civil é de origem divina não é dizer que a mesma não tenha limites. Toda a autoridade divinamente estabelecida, em assuntos humanos, está limitada pelo decreto divino. O magistrado civil é estabelecido por Deus como “ministro” o servo de Deus “para o bem”. A sua responsabilidade é levar a espada do poder físico como terror contra as obras do mal. A sua responsabilidade é como vingador que demonstra a ira de Deus sobre quem fez o mal. Enquanto o governo civil se contenta restringindo e castigando o crime e a violência, proteger o bem e castigar o mal, o cristão deve apoiar, orar e honrar por esse governo. Mas quando esse governo castiga aos retos e recompensa ao malfeitor, tornando-se agressivo militarista, é a responsabilidade do cristão resistir esse poder porque subverte o mandato de Deus. Em muitos casos é sem dúvida, difícil determinar precisamente quando, até que ponto um cristão deve resistir a um governo civil em particular. Não é nossa intenção fazer que esta decisão pareça fácil. Mas certos princípios são muitos claros, e se aplicados corretamente, tornará possível para que o indivíduo tome a decisão correta em seu caso particular.
1. Devemos sempre obedecer aos “mandatos legítimos” de nosso governo. Em todas e cada uma das instâncias devemos estar “prontos a fazer toda boa obra” (Tt 3:1).
2. Sempre devemos obedecer a Deus antes que ao homem quando existe um conflito entre os dois. “É necessário obedecer a Deus antes que os homens” (At 5:29).
3. Podemos resistir, tanto ativa como passivamente, se for necessário, para obedecer a Deus. Quando uma autoridade civil se mostra um terror quanto às boas obras e não quanto o mal, cremos que os cristãos tem o direito defender–se ativamente. Tanto a “sua vida como a sua propriedade” conforme determina a lei “Salmo 82:4, Provérbios 24:11-12, etc.”. Assim “o fim imediato para o qual Deus instituiu os magistrados é o bem público e o fim último a manifestação de sua própria glória.”
Mas consideremos atentamente certos erros modernos que ganharam um amplo apoio, e que confunde a mente de muitos cristãos.
1. O primeiro que consideraremos é a intenção modernista de descontinuar a prática da pena de morte. Em nossa nação hoje em dia existe uma corrente cada vez mais forte a favor de abolir a pena de morte. E muitos grupos protestantes liberais aprovam esta mudança dizendo que não beneficia a sociedade, não reforma o criminoso nem reflete os ensinos humanitários do Novo Testamento. É dizer, por várias razões, que é muito popular hoje em dia negar ao governo o poder da espada para castigar o mal. Tal posição enquanto autoridade civil está ao menos completamente contra ao ensinamento bíblico. Não pensemos que se possa provar que a pena de morte não seja um beneficio para a sociedade. Cremos que seja, embora a única razão seja que a Escritura declara que o cumprimento fiel da justiça é uma punição para o mal e um alento para o bem. Pode ser possível que a pena de morte não reforme o criminoso. Mas, também é possível que a falta de punição contra a maldade também reforme o criminoso. Mas estamos convencidos de que ela promove a maldade. Sobretudo, nos opomos à ideia de que o poder e a autoridade civil devam refletir as ideias modernas de ensino humanitário do “Novo Testamento”. A justiça não é mais “humanitária” no Novo Testamento que no Antigo Testamento. E a instituição do governo civil não foi estabelecida para ensinar o Novo Testamento: é para castigar o crime e proteger os que fazem o bem. Sem motivos duvidamos que o esquema dos liberais que promovem abolição da pena de morte seja “humanitária”. Cremos que muitos dos crimes da atualidade se devem ao fato de que existe demasiada preocupação não bíblica pelo malfeitor e bem pouca preocupação bíblica pelos justos.
2. Outro ataque moderno contra a instituição do governo civil pode-se observar por aqueles que promovem a corrente pacifista. Os concílios da igreja modernista têm defendido tais coisas:
2.1. O completo desarmamento de nossa nação.
2.2. O desarmamento unilateral [ou seja, somente do cidadão de bem].
2.3. A negociação em vez da defesa armada ao serem confrontados com agressão criminosa.
2.4. O reconhecimento dos que são agressores sem nenhum tipo de castigo justo.
A Confissão de Fé insiste que os magistrados civis (ainda que sejam pessoas cristãs) “podem legitimamente, conforme o Novo Testamento, fazer atualmente guerra em ocasiões justas e necessárias. Os que apoiam a política que basicamente exige que nosso governo nacional renuncie o poder da espada e renuncie os esforços para ser um punidor dos malfeitores, e que renuncie a execução de vingança sobre eles, pedem nada menos que destruição do mandato de Deus em Romanos 13:1-5. É precisamente porque “se opõem a autoridade” então “se rebelam contra o que Deus instituiu”. Este pecado deve ser denunciado como ele realmente é. É um pecado contra Deus, é um pecado contra o nosso governo.
A última parte da seção número 4 deste capítulo trata dos males históricos associados com a Igreja Católica Romana.
3. O primeiro destes males é que lhes outorga um status privilegiado aos oficiais da igreja em assuntos civis. Existem em alguns países que são dominados pela Igreja Romana nos quais os sacerdotes não podem ser julgados nas cortes civis por seus crimes. Existe talvez um pouco de humor nos relatos tradicionais da vergonha da polícia irlandesa quando se deu conta de que havia prendido um sacerdote por excesso de velocidade. No entanto, as Escrituras ensinam que os cristãos, sejam oficiais da igreja ou não, não devem se considerar acima do poder civil. Cremos que a Confissão de Fé concorda com a Escritura quando diz que “as pessoas eclesiásticas não estão excluídas desta autoridade”. E a infidelidade, ou diferença de religião entre os cidadãos cristãos e o governo civil “não invalida a justa e legítima autoridade do magistrado”.
5. O outro mal que outorga autoridade ao Papa de Roma. Este foi e continua sendo uma reivindicação do Pontífice Romano, ele insiste que exerce tanto a espada espiritual como a temporal do poder e a autoridade. “Segundo a posição ultramontana estritamente lógica, sendo toda nação, em todos seus membros, uma porção da igreja universal, a organização civil está compreendida dentro da igreja para certos fins subordinados para o grande fim para o qual existe a igreja e assim, portanto, finalmente responsável diante dela para execução da autoridade delegada. Quando enfim o Papa se coloca na condição de exigir a sua autoridade, pondo o reino debaixo de edito emitido aos súditos exigindo o seu voto de fidelidade (civil), e demonstrando aos soberanos, baseando-se na suposta heresia da insubordinação dos líderes cívis no país”. (A A.Hodge, Ibid., p. 276). A Escritura anunciou o que a história demonstrou, ou seja, que tal usurpação resulta na perseguição aos verdadeiros crentes (Ap 13; 18:24).
PERGUNTAS PARA ESTUDO
1. Qual o fundamento da autoridade do governo civil? Prove biblicamente.
2. Que tipo de governo vem da autoridade divina?
3. Deve um cristão promover a derrota violenta de um governo civil?
4. Deve um cristão resistir licitamente ao governo?
5. Quando é que os cristãos devem obedecer ao seu governo?
6. Quando é que os cristãos devem desobedecer ao seu governo?
7. Enumere os erros modernos promovidos por cristãos liberais que estão contra a instituição divina do governo civil?
8. Por que estes estão contra a instituição divina do governo civil?
9. Quais são os erros refutados na seção número 4 da Confissão de Fé?
Extraído de G.I. Williamson, La Confesión de Fe de Westminster (Carlisle, El Estandarte de la Verdad, 2003), pp. 355-360.
Traduzido por Rev. Gaspar da Silva
Pastor da Igreja Presbiteriana de Pimenta Bueno
Revisado por Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.
CAPÍTULO XXIII - DO MAGISTRADO CIVIL
Comentado por G.I. Williamson
Aqui deixamos uma vez mais a ordem da Confissão de Fé para considerar juntas certas seções da Confissão que são difíceis de considerar em relação umas com as outras. Estes capítulos e estas seções são: o capítulo XXIII, 3 da e o capítulo XXXI, 1, 2. A dificuldade consiste em definir qual é o poder do magistrado civil com respeito aos assuntos eclesiásticos. A partir deste ponto, primeiro, procederemos discutindo as seções do capítulo XXIII que não são problemáticas; e segundo, as seções dos capítulos XXIII e XXXI que apresentam o problema e terceiro, as porções que ficaram do capítulo XXXI, ou seja, as seções 3,4, e 5.
1. Deus o supremo Senhor e Rei de todo o mundo, institui os magistrados civis, para estar abaixo dele e sobre o seu povo, para sua própria gloria e para o bem publico; para cujo fim lhes deu autoridade da espada, para defender e estimulo dos bons, e para castigo dos maus.
2. É licito que os cristãos aceitem e desempenhem o oficio de magistrados quando para isso forem vocacionado por Ele. Na administração deste oficio os cristãos devem manter especialmente a piedade, a justiça e a paz de acordo com as leis saudáveis de cada estado. Para tal fim, podem legalmente a luz do NT, fazer guerra em ocasiões justas e necessárias.
3. [...]
4. O povo tem o dever de orar pelos magistrados, honrar suas pessoas, pagar tributos e outros direito, obedecer aos seus mandamentos legítimos, e estar sujeitos a sua autoridade por causa de sua consciência. A infidelidade, ou a diferencia de religião não invalida a justa e legítima autoridade do magistrado, nem exime do povo a devida obediência a ele, do qual as pessoas eclesiásticas não estão excluídas, e muito menos tem o papa poder de jurisdição alguma sobre os magistrados, sobre seus domínios, ou sobre algum de seu povo; e muito menos para priva-los de seu domínio, suas vidas, sejam porque os julguem que são hereges, ou por qualquer outro pretexto.
XXIII, 1,2,3
ESTAS SEÇÕES DA CONFISSÃO DE FÉ NOS ENSINAM:
1) Que Deus estabeleceu o governo civil sobre a terra.
2) Que seu propósito e sua glória e o nosso bem.
3) Que nos deu os oficiais civis e o poder da espada.
4) Que os cristãos podem de forma lícita ter cargos civis e exercer o poder da espada em ocasiões necessárias e justas.
5) Que Deus requer que os cristãos exerçam o mandato, orem, se submetam aos que licitamente utilizam o seu cargo no governo civil.
6) Que esta responsabilidade não deixa de existir por causa das diferenças religiosas, e
7) Que o papa de Roma não tem nenhum direito sobre o poder civil.
A passagem clássica das escrituras que trata do estabelecimento do governo civil é:
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a devida condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra” (Rm 13:1-7).
Nesta passagem clássica das Escrituras se estabelece os ensinos desta seção da Confissão. “Todos devem se sujeitar as autoridades publicas” disse o apóstolo. Sem dúvida se requer do cristão que se submetam aos que estão como autoridades pela vontade de Deus. “Porque não há autoridade que não proceda de Deus, e as autoridades que existem foram por ele instituídas.” A. A. Hodge bem disse: “alguns imaginam que o direito e a autoridade legítima do governo humano tem seu fundamento final na aprovação dos governados,” bem como “na vontade da maioria”, ou, em algum pacto social imaginário feito pelos antepassados da raça na origem da vida social. Mas as Escrituras nos ensinam que o governo civil vem de Deus, e que tem sua autoridade pela vontade de Deus, e assim aprovação dos governos. Isto implica claramente que o cristão deve considerar o governo de fato, de qualquer país particular no qual pode residir como jure. Nenhuma forma de governo civil está designada nas Escrituras. O cristão não tem a liberdade de obedecer ou não dependendo do tipo de governo que exista. “Os poderes que existem foram estabelecidos por Deus”, disse Paulo. E se referia ao governo totalitário do Império Romano. Se Paulo e Jesus ensinaram que deveriam se sujeitar a Cesar, é difícil pensar em algum tipo de governo civil que não deveria ser obedecido pelos cristãos em assuntos civis. A luz deste contexto do período apostólico (quando o governo civil era totalitário), não cremos que os cristãos tivessem o direito de apoiar, ou, de participar na derrota violenta de uma autoridade civil, ou, seja uma monarquia ou democracia (ver Rm 13:2, I Pd 2:13-14, Tt 3:1 etc). Se todo o governo de fato é estabelecido por Deus, e a resistência é uma resistência diante do mandato de Deus então, não existe nenhuma outra conclusão.
No entanto, afirmar que a autoridade a autoridade civil é de origem divina não é dizer que a mesma não tenha limites. Toda a autoridade divinamente estabelecida, em assuntos humanos, está limitada pelo decreto divino. O magistrado civil é estabelecido por Deus como “ministro” o servo de Deus “para o bem”. A sua responsabilidade é levar a espada do poder físico como terror contra as obras do mal. A sua responsabilidade é como vingador que demonstra a ira de Deus sobre quem fez o mal. Enquanto o governo civil se contenta restringindo e castigando o crime e a violência, proteger o bem e castigar o mal, o cristão deve apoiar, orar e honrar por esse governo. Mas quando esse governo castiga aos retos e recompensa ao malfeitor, tornando-se agressivo militarista, é a responsabilidade do cristão resistir esse poder porque subverte o mandato de Deus. Em muitos casos é sem dúvida, difícil determinar precisamente quando, até que ponto um cristão deve resistir a um governo civil em particular. Não é nossa intenção fazer que esta decisão pareça fácil. Mas certos princípios são muitos claros, e se aplicados corretamente, tornará possível para que o indivíduo tome a decisão correta em seu caso particular.
1. Devemos sempre obedecer aos “mandatos legítimos” de nosso governo. Em todas e cada uma das instâncias devemos estar “prontos a fazer toda boa obra” (Tt 3:1).
2. Sempre devemos obedecer a Deus antes que ao homem quando existe um conflito entre os dois. “É necessário obedecer a Deus antes que os homens” (At 5:29).
3. Podemos resistir, tanto ativa como passivamente, se for necessário, para obedecer a Deus. Quando uma autoridade civil se mostra um terror quanto às boas obras e não quanto o mal, cremos que os cristãos tem o direito defender–se ativamente. Tanto a “sua vida como a sua propriedade” conforme determina a lei “Salmo 82:4, Provérbios 24:11-12, etc.”. Assim “o fim imediato para o qual Deus instituiu os magistrados é o bem público e o fim último a manifestação de sua própria glória.”
Mas consideremos atentamente certos erros modernos que ganharam um amplo apoio, e que confunde a mente de muitos cristãos.
1. O primeiro que consideraremos é a intenção modernista de descontinuar a prática da pena de morte. Em nossa nação hoje em dia existe uma corrente cada vez mais forte a favor de abolir a pena de morte. E muitos grupos protestantes liberais aprovam esta mudança dizendo que não beneficia a sociedade, não reforma o criminoso nem reflete os ensinos humanitários do Novo Testamento. É dizer, por várias razões, que é muito popular hoje em dia negar ao governo o poder da espada para castigar o mal. Tal posição enquanto autoridade civil está ao menos completamente contra ao ensinamento bíblico. Não pensemos que se possa provar que a pena de morte não seja um beneficio para a sociedade. Cremos que seja, embora a única razão seja que a Escritura declara que o cumprimento fiel da justiça é uma punição para o mal e um alento para o bem. Pode ser possível que a pena de morte não reforme o criminoso. Mas, também é possível que a falta de punição contra a maldade também reforme o criminoso. Mas estamos convencidos de que ela promove a maldade. Sobretudo, nos opomos à ideia de que o poder e a autoridade civil devam refletir as ideias modernas de ensino humanitário do “Novo Testamento”. A justiça não é mais “humanitária” no Novo Testamento que no Antigo Testamento. E a instituição do governo civil não foi estabelecida para ensinar o Novo Testamento: é para castigar o crime e proteger os que fazem o bem. Sem motivos duvidamos que o esquema dos liberais que promovem abolição da pena de morte seja “humanitária”. Cremos que muitos dos crimes da atualidade se devem ao fato de que existe demasiada preocupação não bíblica pelo malfeitor e bem pouca preocupação bíblica pelos justos.
2. Outro ataque moderno contra a instituição do governo civil pode-se observar por aqueles que promovem a corrente pacifista. Os concílios da igreja modernista têm defendido tais coisas:
2.1. O completo desarmamento de nossa nação.
2.2. O desarmamento unilateral [ou seja, somente do cidadão de bem].
2.3. A negociação em vez da defesa armada ao serem confrontados com agressão criminosa.
2.4. O reconhecimento dos que são agressores sem nenhum tipo de castigo justo.
A Confissão de Fé insiste que os magistrados civis (ainda que sejam pessoas cristãs) “podem legitimamente, conforme o Novo Testamento, fazer atualmente guerra em ocasiões justas e necessárias. Os que apoiam a política que basicamente exige que nosso governo nacional renuncie o poder da espada e renuncie os esforços para ser um punidor dos malfeitores, e que renuncie a execução de vingança sobre eles, pedem nada menos que destruição do mandato de Deus em Romanos 13:1-5. É precisamente porque “se opõem a autoridade” então “se rebelam contra o que Deus instituiu”. Este pecado deve ser denunciado como ele realmente é. É um pecado contra Deus, é um pecado contra o nosso governo.
A última parte da seção número 4 deste capítulo trata dos males históricos associados com a Igreja Católica Romana.
3. O primeiro destes males é que lhes outorga um status privilegiado aos oficiais da igreja em assuntos civis. Existem em alguns países que são dominados pela Igreja Romana nos quais os sacerdotes não podem ser julgados nas cortes civis por seus crimes. Existe talvez um pouco de humor nos relatos tradicionais da vergonha da polícia irlandesa quando se deu conta de que havia prendido um sacerdote por excesso de velocidade. No entanto, as Escrituras ensinam que os cristãos, sejam oficiais da igreja ou não, não devem se considerar acima do poder civil. Cremos que a Confissão de Fé concorda com a Escritura quando diz que “as pessoas eclesiásticas não estão excluídas desta autoridade”. E a infidelidade, ou diferença de religião entre os cidadãos cristãos e o governo civil “não invalida a justa e legítima autoridade do magistrado”.
5. O outro mal que outorga autoridade ao Papa de Roma. Este foi e continua sendo uma reivindicação do Pontífice Romano, ele insiste que exerce tanto a espada espiritual como a temporal do poder e a autoridade. “Segundo a posição ultramontana estritamente lógica, sendo toda nação, em todos seus membros, uma porção da igreja universal, a organização civil está compreendida dentro da igreja para certos fins subordinados para o grande fim para o qual existe a igreja e assim, portanto, finalmente responsável diante dela para execução da autoridade delegada. Quando enfim o Papa se coloca na condição de exigir a sua autoridade, pondo o reino debaixo de edito emitido aos súditos exigindo o seu voto de fidelidade (civil), e demonstrando aos soberanos, baseando-se na suposta heresia da insubordinação dos líderes cívis no país”. (A A.Hodge, Ibid., p. 276). A Escritura anunciou o que a história demonstrou, ou seja, que tal usurpação resulta na perseguição aos verdadeiros crentes (Ap 13; 18:24).
PERGUNTAS PARA ESTUDO
1. Qual o fundamento da autoridade do governo civil? Prove biblicamente.
2. Que tipo de governo vem da autoridade divina?
3. Deve um cristão promover a derrota violenta de um governo civil?
4. Deve um cristão resistir licitamente ao governo?
5. Quando é que os cristãos devem obedecer ao seu governo?
6. Quando é que os cristãos devem desobedecer ao seu governo?
7. Enumere os erros modernos promovidos por cristãos liberais que estão contra a instituição divina do governo civil?
8. Por que estes estão contra a instituição divina do governo civil?
9. Quais são os erros refutados na seção número 4 da Confissão de Fé?
Extraído de G.I. Williamson, La Confesión de Fe de Westminster (Carlisle, El Estandarte de la Verdad, 2003), pp. 355-360.
Traduzido por Rev. Gaspar da Silva
Pastor da Igreja Presbiteriana de Pimenta Bueno
Revisado por Rev. Ewerton B. Tokashiki
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
13 março 2014
Richard Hooker (1554-1600) - delineador da eclesiologia anglicana
Escrito por D.J. Atkinson
Ele é descrito como “Hooker, o sábio” como o teólogo anglicano por excelência. Durante a sua vida foi, sucessivamente, Fellow do Corpus Christi College, em Oxford (1577-1584) e professor de hebraico, reitor de Drayton Beauchamp, Master of the Temple (1585-1591), reitor de Boscombe, Wiltshire e, a partir de 1595, de Bishopsbourne, Kent. O máximo apologista de Elizabethan Settlement, desenvolveu a sua “via media” enquanto era Master of the Temple, em oposição a certos aspectos da teologia calvinista, e escreveu o Tratado sobre as leis da política eclesiástica (Livros I-IV, 1584; V, 1597; VI e VIII publicados postumamente em 1648; e VII em 1662).
Hooker entendia os nossos deveres morais à luz da lei da razão, porque as leis do universo se encontram fundamentadas na lei eterna do ser de Deus. Isto se confirma e interpreta pela lei das Escrituras que junto com a razão e a tradição é a fonte da autoridade para a fé e prática. Hooker se opõe ao uso puritano da Bíblia como um erro código de regras e contra as altas esferas eclesiásticas e romanas, no tocante a certos pressupostos sobre a igreja e o sacerdócio. Enfatiza a natureza orgânica da Igreja da Inglaterra, uma igreja reformada, ainda que em continuidade com a igreja medieval. A sua influente teologia do governo político foi, grande medida, uma teologia federal.
Extraído de D.J. Atkinson, “Hooker, Richard” in: David J. Atkinson, Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 662.
O autor: D.J. Atkinson, B.Sc., M.L.itt., Ph.D., M.A., reitor honorário do Canon da cátedra de Southwark, Londres; ex-membro do Corpus Christi College, Oxford, Inglaterra.
Traduzido em 12 de Março de 2014.
Ele é descrito como “Hooker, o sábio” como o teólogo anglicano por excelência. Durante a sua vida foi, sucessivamente, Fellow do Corpus Christi College, em Oxford (1577-1584) e professor de hebraico, reitor de Drayton Beauchamp, Master of the Temple (1585-1591), reitor de Boscombe, Wiltshire e, a partir de 1595, de Bishopsbourne, Kent. O máximo apologista de Elizabethan Settlement, desenvolveu a sua “via media” enquanto era Master of the Temple, em oposição a certos aspectos da teologia calvinista, e escreveu o Tratado sobre as leis da política eclesiástica (Livros I-IV, 1584; V, 1597; VI e VIII publicados postumamente em 1648; e VII em 1662).
Hooker entendia os nossos deveres morais à luz da lei da razão, porque as leis do universo se encontram fundamentadas na lei eterna do ser de Deus. Isto se confirma e interpreta pela lei das Escrituras que junto com a razão e a tradição é a fonte da autoridade para a fé e prática. Hooker se opõe ao uso puritano da Bíblia como um erro código de regras e contra as altas esferas eclesiásticas e romanas, no tocante a certos pressupostos sobre a igreja e o sacerdócio. Enfatiza a natureza orgânica da Igreja da Inglaterra, uma igreja reformada, ainda que em continuidade com a igreja medieval. A sua influente teologia do governo político foi, grande medida, uma teologia federal.
Extraído de D.J. Atkinson, “Hooker, Richard” in: David J. Atkinson, Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 662.
O autor: D.J. Atkinson, B.Sc., M.L.itt., Ph.D., M.A., reitor honorário do Canon da cátedra de Southwark, Londres; ex-membro do Corpus Christi College, Oxford, Inglaterra.
Traduzido em 12 de Março de 2014.
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
12 março 2014
Repressão política e religiosa
Durante os seus 71 anos de vida como uma ideologia política dominante o comunismo propagou por todo o mundo o ateísmo, frequentemente unido à repressão política ativa. Durante 1988-1991, antes da abolição do Partido Comunista Soviético, Mikhail Sergeyevich Gorbachev (1931- ) fomentou sua cooperação ativa com a religião, o qual produziu mudanças em todas as esferas.
Lenin (1870-1924) citou a Marx como sua justificação para perseguir a religião, iniciando um ataque frontal contra o clero. Sob Stalin (1879-1953) o ataque se tornou mais sistemático, incluindo a destruição de milhares de igrejas, monastérios, mesquitas e sinagogas. Somente durante a Segunda Guerra Mundial cessaram a perseguição. Stalin fomentou a reabertura das igrejas para oferecer apoio moral no momento em que a catástrofe pairava sobre o mundo.
Ao final da guerra, a União Soviética mediante conquista adquiriu novas áreas além de suas fronteiras ocidentais, áreas contra as quais Stalin dirigiu uma nova onda de represálias, como fez contra os estados satélite da Europa central e oriental. Julgou os lideres católicos, protestantes e ortodoxos que foram invariavelmente condenados e alguns deles executados. A República Democrática Alemã foi a única que se livrou deste flagelo, todavia, exigiu-se aos líderes religiosos que contribuíssem com o processo de reconstrução nacional.
Os novos regimes comunistas da China, Coréia do Norte, Vietnã do Norte, Camboja, e eventualmente Cuba e (mais tarde) Etiopia, consideraram a perseguição religiosa um pré-requisito para se estabelecer um sistema político revolucionário.
Todavia, após a morte de Stalin, os países do bloco soviético começaram a desenvolver os seus próprios “caminhos para o socialismo”, os quais na prática significaram uma assimilação da religião. Em 1956, a denúncia de Stalin fez de Nikita S. Khrushchev (1894-1971) provocou a liberação de muitos prisioneiros políticos e em muitos países passaram os piores dias de perseguição. A União Soviética foi uma exceção, porque Khrushchev voltou a fechar muitas igrejas. O encarceramento daqueles que resistiam à perseguição aguçou um movimento de oposição no qual os batistas tiveram uma grande influência. A sua exigência central era a liberdade religiosa, que finalmente foi garantida sob a nova lei de 1990.
A Albânia foi o único país na história mundial que aboliu toda manifestação religiosa (1967), política que deixou de existir em 1991. Também a China e Coréia do Norte deram sinais de flexibilidade.
Em todos os países comunistas a campanha de erradicar a religião fracassou por completo. Na Polônia o crescimento do catolicismo, sobretudo, como força política após a eleição de 1978 do Papa João Paulo II (1920-), que conduziu a desestabilização num grau suficiente para minar o sistema comunista na Europa central e do leste. Na União Soviética, desde os anos 60, foi aumentando o desejo de descobrir um ideal cristão que substituísse a desacreditada moral do comunismo, e a Igreja Ortodoxa Russa reapareceu ao final para julgar um papel importante na sociedade.
Existem muitos outros lugares do mundo que praticam formas de discriminação religiosa, sobretudo, nos dominados pelo fundamentalismo islâmico. A atividade cristã está restringida, ainda que não seja ilegal em Israel. Há muitos países onde a motivação cristã tem levado a uma atividade política que o regime persegue: alguns países da América Latina, Malawi e, mais especialmente (até em recentes mudanças) no sul da África.
Extraído de M.A. Bourdeaux, “Represión Política” in: David J. Atkinson, Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 995.
O autor: M.A. Bourdeaux, B.D., M.A., diretor do Keston Institute, Oxford, Inglaterra.
Traduzido em 12 de Março de 2014.
Lenin (1870-1924) citou a Marx como sua justificação para perseguir a religião, iniciando um ataque frontal contra o clero. Sob Stalin (1879-1953) o ataque se tornou mais sistemático, incluindo a destruição de milhares de igrejas, monastérios, mesquitas e sinagogas. Somente durante a Segunda Guerra Mundial cessaram a perseguição. Stalin fomentou a reabertura das igrejas para oferecer apoio moral no momento em que a catástrofe pairava sobre o mundo.
Ao final da guerra, a União Soviética mediante conquista adquiriu novas áreas além de suas fronteiras ocidentais, áreas contra as quais Stalin dirigiu uma nova onda de represálias, como fez contra os estados satélite da Europa central e oriental. Julgou os lideres católicos, protestantes e ortodoxos que foram invariavelmente condenados e alguns deles executados. A República Democrática Alemã foi a única que se livrou deste flagelo, todavia, exigiu-se aos líderes religiosos que contribuíssem com o processo de reconstrução nacional.
Os novos regimes comunistas da China, Coréia do Norte, Vietnã do Norte, Camboja, e eventualmente Cuba e (mais tarde) Etiopia, consideraram a perseguição religiosa um pré-requisito para se estabelecer um sistema político revolucionário.
Todavia, após a morte de Stalin, os países do bloco soviético começaram a desenvolver os seus próprios “caminhos para o socialismo”, os quais na prática significaram uma assimilação da religião. Em 1956, a denúncia de Stalin fez de Nikita S. Khrushchev (1894-1971) provocou a liberação de muitos prisioneiros políticos e em muitos países passaram os piores dias de perseguição. A União Soviética foi uma exceção, porque Khrushchev voltou a fechar muitas igrejas. O encarceramento daqueles que resistiam à perseguição aguçou um movimento de oposição no qual os batistas tiveram uma grande influência. A sua exigência central era a liberdade religiosa, que finalmente foi garantida sob a nova lei de 1990.
A Albânia foi o único país na história mundial que aboliu toda manifestação religiosa (1967), política que deixou de existir em 1991. Também a China e Coréia do Norte deram sinais de flexibilidade.
Em todos os países comunistas a campanha de erradicar a religião fracassou por completo. Na Polônia o crescimento do catolicismo, sobretudo, como força política após a eleição de 1978 do Papa João Paulo II (1920-), que conduziu a desestabilização num grau suficiente para minar o sistema comunista na Europa central e do leste. Na União Soviética, desde os anos 60, foi aumentando o desejo de descobrir um ideal cristão que substituísse a desacreditada moral do comunismo, e a Igreja Ortodoxa Russa reapareceu ao final para julgar um papel importante na sociedade.
Existem muitos outros lugares do mundo que praticam formas de discriminação religiosa, sobretudo, nos dominados pelo fundamentalismo islâmico. A atividade cristã está restringida, ainda que não seja ilegal em Israel. Há muitos países onde a motivação cristã tem levado a uma atividade política que o regime persegue: alguns países da América Latina, Malawi e, mais especialmente (até em recentes mudanças) no sul da África.
Extraído de M.A. Bourdeaux, “Represión Política” in: David J. Atkinson, Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 995.
O autor: M.A. Bourdeaux, B.D., M.A., diretor do Keston Institute, Oxford, Inglaterra.
Traduzido em 12 de Março de 2014.
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Ética,
Política,
Pós-modernismo,
Teologia pastoral
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
A ética dos meios de comunicação
Escrito por E.D. Cock
O mundo dos meios de comunicação abrange os diversos meios dos livros, os periódicos, as revistas, o rádio, a televisão, o cinema, os discos, o CD, e o crescente âmbito dos ordenadores e os sistemas visuais e as táticas interativas. Os meios de comunicação controlam e processam massas de informação, oferecendo educação e conhecimento além do ócio. Levantam-se várias questões éticas sobre a natureza dos diversos meios. O impacto do visual e as imagens que emite, assim como as novas possibilidades que oferece a “realidade virtual”, que nos permite participar e experimentar sendo, ao mesmo tempo, meros expectadores, suscita perguntas fundamentais sobre os abusos do sistema e o controle necessário.
A centralidade da verdade e o perigo de manipulá-la, simplificando-a em excesso ou distorcendo-a para encaixar com o meio, o tempo disponível, a intenção do produtor e os desejos do proprietário da empresa, são temas importantes. A própria diversidade dos meios e as diferentes apresentações das mesmas notícias respaldam a crítica feita aos meios de comunicação por seus prejuízos e sua falta de objetividade.
É possível que o propósito da mídia de massa seja o de informar, educar ou o entretenimento. Os limites adequados a estes propósitos que concedem ao expectador/leitor a liberdade de formular os seus próprios juízos sobre a vida são cruciais. É importante considerar se os meios intentam controlar e conformar a opinião pública ou meramente refleti-la. Em questões políticas e morais isto pode levar a evitar que o poder resida em mãos de uns poucos proprietários de meios de comunicação, que não são eleitos pela maioria, nem são representantes dela.
A lei intenta controlar os meios de comunicação equilibrando a necessidade de liberdade de imprensa com a proteção de pessoas vulneráveis, mediante leis sobre o libelo e a difamação. A invasão de privacidade pode ser legislada, e no contexto de um tribunal, a informação ou as restrições de identidade protegem ao inocente, quando por exemplo, se salvaguarda o anonimato de uma vítima de violação. O governo limita os meios quando estão em jogo questões de segurança nacional.
Aqueles que trabalham em e para os meios de comunicação podem enfrentar-se com problemas morais relativos a conflitos de interesses, que podem afetar a sua objetividade e capacidade de informar adequada e justamente. A implicação com uma fonte de notícias ou a pressão de um superior para omitir ou acrescentar um ponto informativo pode criar outros problemas.
O impacto dos meios na vida social e na política suscita a questão moral de até que ponto deveriam respaldar ou questionar o status quo. As campanhas políticas são afetadas diretamente pela televisão, com sua ênfase nos “debates públicos”, a política das personalidades e as oportunidades de se usar fotografias inconvenientes.
A imprensa e os meios “sujos” são culpados de criar ambientes que induzem ao indivíduo a atuar de maneira criminal ou ofensiva. Isto encontra eco no “periodismo de cheque” que compra histórias e corre o risco de fazer uma montanha com apenas um grão de areia, enquanto se prende na ganância e vulnerabilidade das pessoas. Os meios somente regulam-se a si mesmos, como nas situações em que corre perigo a vida do repórter senão oculta as informações sobre um sequestro ou os detalhes de determinados crimes. O uso de fontes informativas anônimas nos leva a questionar como ele obteve a informação. Temas como o suborno e o pagamento de serviços prestados são questões morais.
Também é possível que um governo abuse dos meios e intente censurar a informação. A sociedade expressa seus pontos de vista sobre tais questões mediante a lei e seu cumprimento, mas as sociedades seculares estão profundamente divididas a respeito da liberdade dos indivíduos para criar e contemplar a pornografia, e sobre a necessidade de controlar o material sexualmente explícito e violento. Parte dessa preocupação centraliza-se no impacto que tais coisas têm sobre os vulneráveis e jovens. Não se chega a um acordo sobre o grau em que as pessoas se endurecem e se tornam insensíveis, convertendo-se em imitadores ou são estimulados. Frequentemente os meios de comunicação se limitam mediante a normativa de não emitir certos programas (com cenas sexuais ou violentas explicitas ou uma linguagem inconveniente) antes das nove da noite. Há certas organizações e autoridades nacionais que tratam as reclamações do público contra os meios, ainda que as penas impostas frequentemente pareçam ser ineficazes.
A publicidade, nas questões de dizerem a verdade, exagerar, criar imagens ou induzir a má interpretação são áreas morais nas quais as autoridades reguladoras da publicidade lutam incessantemente para manter alguns padrões de integridade elevados.
O interesse cristão centraliza-se na importância da verdade como parte das exigências e mandamentos divinos sobre a humanidade, assim como na verdade em sua plena e definitiva expressão em Cristo. A preocupação com o impacto da mídia nos vulneráveis e crianças deve ir conjugada ao que devemos sentir pelas imagens que projetam das mulheres, os grupos raciais e anciãos. O modo como a publicidade cria necessidade e conduz a uma dívida crescente dentro de uma sociedade baseada no consumo e egoísta, revela o poder dos meios para criar e reforçar valores. Há que revelar tais valores, provando-os para justificar a sua correspondência com os valores que devem manifestar os cristãos e segundo os quais devem viver.
Extraído de E.D. Cock, “Ética de los médios de comunicación, La in: David J. Atkinson, Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 559-561.
O autor: E.D. Cock, B.A., M.A., PhD, diretor do Whitefield Institute e capelão do Green College Oxford.
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki, em 12 de Março de 2014.
O mundo dos meios de comunicação abrange os diversos meios dos livros, os periódicos, as revistas, o rádio, a televisão, o cinema, os discos, o CD, e o crescente âmbito dos ordenadores e os sistemas visuais e as táticas interativas. Os meios de comunicação controlam e processam massas de informação, oferecendo educação e conhecimento além do ócio. Levantam-se várias questões éticas sobre a natureza dos diversos meios. O impacto do visual e as imagens que emite, assim como as novas possibilidades que oferece a “realidade virtual”, que nos permite participar e experimentar sendo, ao mesmo tempo, meros expectadores, suscita perguntas fundamentais sobre os abusos do sistema e o controle necessário.
A centralidade da verdade e o perigo de manipulá-la, simplificando-a em excesso ou distorcendo-a para encaixar com o meio, o tempo disponível, a intenção do produtor e os desejos do proprietário da empresa, são temas importantes. A própria diversidade dos meios e as diferentes apresentações das mesmas notícias respaldam a crítica feita aos meios de comunicação por seus prejuízos e sua falta de objetividade.
É possível que o propósito da mídia de massa seja o de informar, educar ou o entretenimento. Os limites adequados a estes propósitos que concedem ao expectador/leitor a liberdade de formular os seus próprios juízos sobre a vida são cruciais. É importante considerar se os meios intentam controlar e conformar a opinião pública ou meramente refleti-la. Em questões políticas e morais isto pode levar a evitar que o poder resida em mãos de uns poucos proprietários de meios de comunicação, que não são eleitos pela maioria, nem são representantes dela.
A lei intenta controlar os meios de comunicação equilibrando a necessidade de liberdade de imprensa com a proteção de pessoas vulneráveis, mediante leis sobre o libelo e a difamação. A invasão de privacidade pode ser legislada, e no contexto de um tribunal, a informação ou as restrições de identidade protegem ao inocente, quando por exemplo, se salvaguarda o anonimato de uma vítima de violação. O governo limita os meios quando estão em jogo questões de segurança nacional.
Aqueles que trabalham em e para os meios de comunicação podem enfrentar-se com problemas morais relativos a conflitos de interesses, que podem afetar a sua objetividade e capacidade de informar adequada e justamente. A implicação com uma fonte de notícias ou a pressão de um superior para omitir ou acrescentar um ponto informativo pode criar outros problemas.
O impacto dos meios na vida social e na política suscita a questão moral de até que ponto deveriam respaldar ou questionar o status quo. As campanhas políticas são afetadas diretamente pela televisão, com sua ênfase nos “debates públicos”, a política das personalidades e as oportunidades de se usar fotografias inconvenientes.
A imprensa e os meios “sujos” são culpados de criar ambientes que induzem ao indivíduo a atuar de maneira criminal ou ofensiva. Isto encontra eco no “periodismo de cheque” que compra histórias e corre o risco de fazer uma montanha com apenas um grão de areia, enquanto se prende na ganância e vulnerabilidade das pessoas. Os meios somente regulam-se a si mesmos, como nas situações em que corre perigo a vida do repórter senão oculta as informações sobre um sequestro ou os detalhes de determinados crimes. O uso de fontes informativas anônimas nos leva a questionar como ele obteve a informação. Temas como o suborno e o pagamento de serviços prestados são questões morais.
Também é possível que um governo abuse dos meios e intente censurar a informação. A sociedade expressa seus pontos de vista sobre tais questões mediante a lei e seu cumprimento, mas as sociedades seculares estão profundamente divididas a respeito da liberdade dos indivíduos para criar e contemplar a pornografia, e sobre a necessidade de controlar o material sexualmente explícito e violento. Parte dessa preocupação centraliza-se no impacto que tais coisas têm sobre os vulneráveis e jovens. Não se chega a um acordo sobre o grau em que as pessoas se endurecem e se tornam insensíveis, convertendo-se em imitadores ou são estimulados. Frequentemente os meios de comunicação se limitam mediante a normativa de não emitir certos programas (com cenas sexuais ou violentas explicitas ou uma linguagem inconveniente) antes das nove da noite. Há certas organizações e autoridades nacionais que tratam as reclamações do público contra os meios, ainda que as penas impostas frequentemente pareçam ser ineficazes.
A publicidade, nas questões de dizerem a verdade, exagerar, criar imagens ou induzir a má interpretação são áreas morais nas quais as autoridades reguladoras da publicidade lutam incessantemente para manter alguns padrões de integridade elevados.
O interesse cristão centraliza-se na importância da verdade como parte das exigências e mandamentos divinos sobre a humanidade, assim como na verdade em sua plena e definitiva expressão em Cristo. A preocupação com o impacto da mídia nos vulneráveis e crianças deve ir conjugada ao que devemos sentir pelas imagens que projetam das mulheres, os grupos raciais e anciãos. O modo como a publicidade cria necessidade e conduz a uma dívida crescente dentro de uma sociedade baseada no consumo e egoísta, revela o poder dos meios para criar e reforçar valores. Há que revelar tais valores, provando-os para justificar a sua correspondência com os valores que devem manifestar os cristãos e segundo os quais devem viver.
Extraído de E.D. Cock, “Ética de los médios de comunicación, La in: David J. Atkinson, Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 559-561.
O autor: E.D. Cock, B.A., M.A., PhD, diretor do Whitefield Institute e capelão do Green College Oxford.
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki, em 12 de Março de 2014.
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Política,
Pós-modernismo,
Teologia pastoral
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
07 março 2014
Será que Deus ama o pecador e odeia apenas os seus pecados?
Por Dr. John H. Gerstner
“Arrependam-se ou pereça” exige que as pessoas ponderem seriamente acerca do slogan popular: “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador.” É necessário haver um arrependimento consistente diante da afirmação “Deus ama o pecador?” Se Deus ama o pecador, enquanto ele está vivo, é estranho que Deus o envie para o inferno, assim quando ele morrer. Deus ama o pecador até a morte? E não o amaria no tormento eterno?
Há algo errado aqui. Ou, Deus ama o pecador e não irá mandá-lo para dentro da fornalha de Sua ira eterna, ou Ele o enviará para a Sua ira eterna e não o ama. Ou, “você está indo para o inferno a menos”, porque Deus odeia você, como você é. Ou, Deus te ama e “você está indo para o inferno a menos que” é falsa.
O que leva quase todos a crerem que Deus ama o pecador é por Ele fazer tão bem ao pecador. Ele concede tantos favores incluindo deixar que continue vivendo. Como Deus pode permitir que o pecador viva e lhe dê tantas bênçãos, a não ser que Ele o ame? Há um tipo de amor entre Deus e os pecadores. Nós o chamamos de “amor de benevolência.” Isso significa que é um amor de boa vontade. Benevolens - bem disposto. Fazer bem. Deus pode fazer bem para o pecador sem amá-lo com o outro tipo de amor. “Amor complacente”, um prazer em, afeição por, admiração de. Ele existe na perfeição entre o Pai e o Filho, “em quem me comprazo” ( Mt 3:17; Mc 1:11).
Deus é perfeitamente descontente com o pecador. O pecador odeia a Deus, desobedece a Deus, é ingrato a Deus por todos os Seus favores, e até mesmo mataria a Deus, se pudesse. Este pecador está morto em seus delitos e pecados (Ef 2:1). “Os pensamentos e desígnios de seu coração são continuamente maus” (Gn 6:5). Ele é escravo do pecado (João 8:34) e um servo do diabo (Ef 2:2).
Deus não tem em nada amor complacente para com o pecador. Ele tem um ódio perfeito dele, de fato, Ele diz que “odeio-os com ódio consumado” (Sl 139:22 ).
Neste mundo o pecador em nada tem satisfação, senão no amor benevolente de Deus. Cada experiência de dor, bem como o prazer é do amor de Deus - de benevolência. Mesmo a dor é do Seu amor, porque Ele tende a despertar o pecador do seu perigo. Deus realmente ama o pecador, a quem Ele odeia com um ódio perfeito, mas com um perfeito amor de benevolência.
O pecador, como eu disse, torna em maldição cada bênção divina, incluindo o amor da benevolência de Deus. Isso ele faz por interpretar o amor de benevolência, como sendo um amor de complacência.
Tanto quanto “o ódio dos pecados” está relacionado, pois não existem pecados aparte do pecador. Deus odeia o pecar, ou seja, o matar, roubar, mentir, cobiçar, etc., mas isso faz alusão ao autor destes crimes.
Deus nunca odeia os remidos, mesmo quando eles pecam. Seria Ele um injusto admirador de pessoas? Não! (At 10:34) Deus odeia o pecador não redimido, mas ama os remidos, mesmo quando eles pecam por um motivo bom e justo. Deus ama os remidos, mesmo quando eles pecam, porque o Seu Filho, em quem Deus se compraz, vivendo sempre para interceder por eles (Rm 8:27, 34). Cristo morreu para expiar a culpa dos pecados de Seu povo. Quando eles pecam, estes são expiados - pelos pecados. Eles são pecados com sua culpa removida. Em certo sentido, estes pecados não são considerados. Deus não odeia o seu povo quando eles pecam, porque eles estão em Seu Filho, Cristo Jesus. E eles são feitos aceitáveis em seu Filho. Ele “nos faz aceitos no Amado” (Ef 1:6).
Nepotismo Divino? Não, o Seu Filho morreu por essas pessoas e pagou o preço por seus pecados passados, presentes e futuros. Eles são cancelados antes de serem cometidos. Essa é a verdade, não uma ficção. Justiça não é nepotismo favorecido. Na verdade, não é a sua relação original com Cristo que faz com que os seus pecados sejam sem culpa, mas a satisfação realizada por Cristo pelos seus pecados que criou o relacionamento como filhos adotados na família de Deus.
Quando o homem pecou, morreu espiritualmente e foi rejeitado da comunhão com Deus, seu criador e amigo (Gn 3; Rm 5:12). A ira de Deus estava sobre ele, o pesar no trabalho era a sua parte na maldição; bem como o sofrimento no parto; alienação e morte, como ameaçadas. Deus é santo; os seus olhos são tão puros que não podem contemplar a iniquidade. (Hq 1:13)
Esta foi uma terrível, mas santa ira. Deus estava usando o seu poder onipotente, mas segundo a Sua justiça perfeita. O homem foi afetado, mas ele mereceu. Não era mais, nem menos, do que ele merecia. Deus não é mais poderoso do que santo, nem mais sagrado do que poderoso.
Toda a glória a Deus por sua santa ira. (Jo 17:3; Rm 9:17).
Extraído de http://www.the-highway.com/lovesinner_Gerstner.html
Traduzido em 7 de Março de 2014.
Por Ewerton B. Tokashiki
“Arrependam-se ou pereça” exige que as pessoas ponderem seriamente acerca do slogan popular: “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador.” É necessário haver um arrependimento consistente diante da afirmação “Deus ama o pecador?” Se Deus ama o pecador, enquanto ele está vivo, é estranho que Deus o envie para o inferno, assim quando ele morrer. Deus ama o pecador até a morte? E não o amaria no tormento eterno?
Há algo errado aqui. Ou, Deus ama o pecador e não irá mandá-lo para dentro da fornalha de Sua ira eterna, ou Ele o enviará para a Sua ira eterna e não o ama. Ou, “você está indo para o inferno a menos”, porque Deus odeia você, como você é. Ou, Deus te ama e “você está indo para o inferno a menos que” é falsa.
O que leva quase todos a crerem que Deus ama o pecador é por Ele fazer tão bem ao pecador. Ele concede tantos favores incluindo deixar que continue vivendo. Como Deus pode permitir que o pecador viva e lhe dê tantas bênçãos, a não ser que Ele o ame? Há um tipo de amor entre Deus e os pecadores. Nós o chamamos de “amor de benevolência.” Isso significa que é um amor de boa vontade. Benevolens - bem disposto. Fazer bem. Deus pode fazer bem para o pecador sem amá-lo com o outro tipo de amor. “Amor complacente”, um prazer em, afeição por, admiração de. Ele existe na perfeição entre o Pai e o Filho, “em quem me comprazo” ( Mt 3:17; Mc 1:11).
Deus é perfeitamente descontente com o pecador. O pecador odeia a Deus, desobedece a Deus, é ingrato a Deus por todos os Seus favores, e até mesmo mataria a Deus, se pudesse. Este pecador está morto em seus delitos e pecados (Ef 2:1). “Os pensamentos e desígnios de seu coração são continuamente maus” (Gn 6:5). Ele é escravo do pecado (João 8:34) e um servo do diabo (Ef 2:2).
Deus não tem em nada amor complacente para com o pecador. Ele tem um ódio perfeito dele, de fato, Ele diz que “odeio-os com ódio consumado” (Sl 139:22 ).
Neste mundo o pecador em nada tem satisfação, senão no amor benevolente de Deus. Cada experiência de dor, bem como o prazer é do amor de Deus - de benevolência. Mesmo a dor é do Seu amor, porque Ele tende a despertar o pecador do seu perigo. Deus realmente ama o pecador, a quem Ele odeia com um ódio perfeito, mas com um perfeito amor de benevolência.
O pecador, como eu disse, torna em maldição cada bênção divina, incluindo o amor da benevolência de Deus. Isso ele faz por interpretar o amor de benevolência, como sendo um amor de complacência.
Tanto quanto “o ódio dos pecados” está relacionado, pois não existem pecados aparte do pecador. Deus odeia o pecar, ou seja, o matar, roubar, mentir, cobiçar, etc., mas isso faz alusão ao autor destes crimes.
Deus nunca odeia os remidos, mesmo quando eles pecam. Seria Ele um injusto admirador de pessoas? Não! (At 10:34) Deus odeia o pecador não redimido, mas ama os remidos, mesmo quando eles pecam por um motivo bom e justo. Deus ama os remidos, mesmo quando eles pecam, porque o Seu Filho, em quem Deus se compraz, vivendo sempre para interceder por eles (Rm 8:27, 34). Cristo morreu para expiar a culpa dos pecados de Seu povo. Quando eles pecam, estes são expiados - pelos pecados. Eles são pecados com sua culpa removida. Em certo sentido, estes pecados não são considerados. Deus não odeia o seu povo quando eles pecam, porque eles estão em Seu Filho, Cristo Jesus. E eles são feitos aceitáveis em seu Filho. Ele “nos faz aceitos no Amado” (Ef 1:6).
Nepotismo Divino? Não, o Seu Filho morreu por essas pessoas e pagou o preço por seus pecados passados, presentes e futuros. Eles são cancelados antes de serem cometidos. Essa é a verdade, não uma ficção. Justiça não é nepotismo favorecido. Na verdade, não é a sua relação original com Cristo que faz com que os seus pecados sejam sem culpa, mas a satisfação realizada por Cristo pelos seus pecados que criou o relacionamento como filhos adotados na família de Deus.
Quando o homem pecou, morreu espiritualmente e foi rejeitado da comunhão com Deus, seu criador e amigo (Gn 3; Rm 5:12). A ira de Deus estava sobre ele, o pesar no trabalho era a sua parte na maldição; bem como o sofrimento no parto; alienação e morte, como ameaçadas. Deus é santo; os seus olhos são tão puros que não podem contemplar a iniquidade. (Hq 1:13)
Esta foi uma terrível, mas santa ira. Deus estava usando o seu poder onipotente, mas segundo a Sua justiça perfeita. O homem foi afetado, mas ele mereceu. Não era mais, nem menos, do que ele merecia. Deus não é mais poderoso do que santo, nem mais sagrado do que poderoso.
Toda a glória a Deus por sua santa ira. (Jo 17:3; Rm 9:17).
Extraído de http://www.the-highway.com/lovesinner_Gerstner.html
Traduzido em 7 de Março de 2014.
Por Ewerton B. Tokashiki
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