Refugiados. Apoiar sem fuga ou depois dela?
(Publicado no semanário O DIABO em 03-07-2018)
O problema de refugiados, migrantes ou imigrantes está a dar origem a opiniões diversas e a discussão dentro da União Europeia e não só. Além do problema humanitário, há receios ligados à segurança e há a preocupação sensata de investigar as situações por forma a encontrar soluções na origem que evitem a incomodidade das deslocações de famílias para ambientes estranhos muito diferentes dos da sua naturalidade.
Quanto a problemas de segurança, nesta época de terrorismo e violência, há quem recorde que o Império Romano caiu sob a insubordinação dos Godos cuja entrada no Império se deveu à boa vontade de um Imperador que, para suprir a pouca quantidade de jovens para o exército, facilitou a entrada dos refugiados Godos que tinham sido vencidos em luta com os Hunos, tendo-lhes fornecido barcaças para atravessarem o rio durante vários dias.
Actualmente, devido ao facto de os refugiados, em vez de procurarem adaptar-se à cultura e aos costumes do país que escolheram, quererem impor ao país acolhedor os seus hábitos de origem, gerando conflitos sociais, alguns de brutal violência como tem acontecido na Grã-Bretanha e em França, têm resultado situações de prevenção, como na China, na Austrália, na Áustria, na Itália, nos Estados Unidos, etc.
Perante este complexo problema social, as atitudes de caridade começam a ser ponderadas no sentido de ser mais favorável, para todos, adoptar soluções de melhoria da qualidade de vida nos países de origem, evitando aos migrantes o sacrifício da mudança e a sua exploração pelos traficantes que lhes vendem viagens por alto preço e grave risco de vida, como se tem verificado no Mediterrâneo.
Para a hipótese da solução nos países de origem será conveniente a actuação da ONU, na sua missão de manter a paz mundial e contribuir para a melhor qualidade de vida das populações. Segundo opiniões de pensadores responsáveis, esta solução seria mais justa, humana, prática e cómoda para as pessoas, que não teriam de sofrer as dificuldades da viagem nem da inserção numa sociedade com cultura, idioma e usos diferentes. Por outro lado, os países de destino, em vez da despesa dos apoios diversos a darem aos imigrantes, utilizariam as verbas directamente nos países de origem com a superintendência de adequado organismo da ONU. Tal solução seria útil para os necessitados de mudança, para o ambiente geral do seu país e para a humanidade em geral. Só seriam prejudicados os traficantes que incitam os mais indefesos a migrar, lhes cobram somas avultadas que compensam largamente os barcos velhos e inseguros que se perdem nos naufrágios, sem o mínimo respeito pelas vítimas de tais acidentes que lhes provocam.
Essa ajuda financeira, aplicada adequadamente para a redução da pobreza, para diminuir a desigualdade social que mina o potencial de crescimento e gera conflitos internos, altamente nocivos. e para o aumento de emprego através do desenvolvimento económico assente em quatro vectores: apoio à agricultura, que é o caminho mais rápido para a industrialização, apoio no desenvolvimento de clusters industriais e zonas económicas especiais, apoio no desenvolvimento de políticas industriais e apoio no financiamento das infraestruturas, como estradas, portos e logística. Isto seria baseado numa bem elaborada doutrinação conducente à eliminação da violência através de aperfeiçoar o bom entendimento, e na informação e análise do que tem funcionado bem e o que não funcionou, a fim de não repetir erros, com vista a investir correctamente na melhoria da qualidade de vida.
António João Soares
26 de Junho de 2018
terça-feira, 3 de julho de 2018
REFUGIADOS. APOIAR SEM FUGA OU DEPOIS DELA
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terça-feira, 5 de dezembro de 2017
OS «REFUGIADOS» E A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO
Situação no Ocidente e a lição da queda do Império Romano
(Publicado no semanário O DIABO em 5 de Dezembro de 2017)
A vida da humanidade tem recebido muitas melhorias devidas aos avanços contínuos das tecnologias. Mas as mentes dos políticos responsáveis pelos governos continuam aperradas aos vícios e incapacidades que existiam séculos antes de Cristo. Não conseguem analisar e tirar conclusões úteis dos desastres ocorridos devido a ingenuidade ou estupidez de alguns detentores de cargos públicos, ao longo da história.
A queda do Império Romano chocou o mundo na época, mas o que geralmente não é conhecido, hoje em dia, é que o exército gótico que realizou a atrocidade entrou no Império, trinta anos antes, como refugiado. Depois de terem sido atacados pelos Hunos vindos da Ásia Central, os Godos fugiram para Ocidente e cerca de 100 mil foram ajudados a atravessar o Danúbio em barcaças por Valens, imperador do império Romano Oriental sedeado em Antióquia, travessia que demorou várias semanas em operação muito onerosa.
Valens, ingenuamente, pretendia aproveitar esses jovens militares como um valioso conjunto de recrutas novos e baratos para suprir a baixíssima taxa de natalidade de Roma.
Mas, não surpreendentemente, dentro de algumas semanas após a sua entrada no Império, os primeiros confrontos com as autoridades romanas ocorreram e, no final do verão, os godos estavam em guerra com Roma. Após vários desastres militares, o imperador Valens fez um retorno precipitado a Constantinopla para assumir pessoalmente o comando da campanha defensiva e foi morto em batalha em Adrianópolis, em 378 - apenas dois anos depois de ter sancionado a imigração em massa.
Em 410 A.C, os muros de Roma foram violados e a cidade saqueada por um exército bárbaro sob a liderança de Alaric o Godo. A queda de Roma chocou o mundo na época, mas hoje esquecemos que o exército gótico que derrotou o Império, tinha nele entrado pacificamente trinta anos antes.
E hoje? Que esperamos dos refugiados? São muito poucos os políticos actuais que dão ouvidos ao que dizem pessoas previdentes como foi um filósofo político grego Synesius que publicou um tratado amplamente discutido sobre a emergência da época e as medidas que precisavam ser tomadas. Ele exortou o imperador romano a estimular a coragem de seus súbditos pelo exemplo da virtude masculina, a banir o luxo do tribunal e do povo, para evitar os mercenários bárbaros, criando um exército de homens para defesa das suas leis e da sua propriedade e para despertar o cidadão indolente de seu sonho de prazeres.
Pelo contrário, em Portugal até está prevista a construção de uma segunda mesquita no centro de Lisboa, a dois passos da Igreja de Nossa Senhora da Saúde, ficando esta ameaçada de ser destruída a curto prazo por atentado jihadista. E formando um gueto em plena baixa lisboeta.
Porém, há países onde os conselhos do grego Synesius foram analisados e aproveitados, como o Japão que «não tem problemas com o Islão», a Rússia com «a resposta de Putin ao rei saudita que pediu para construir uma mesquita na Rússia», a Austrália, a Noruega e a Holanda.
O Japão encara o assunto frontalmente, mais do que a Rússia, e tem 19 «mandamentos» para repelir a lei sharia porque a lei constitucional é única e igual para todos os residentes. Será benéfico para a humanidade de cada país ter um comportamento preventivo para não cair na cilada em que caiu Roma e e grande parte do Ocidente actual, com guetos que desprezam a lei e os costumes nacionais. Quem se desloca para outro país deve gostar ou, pelo menos, cumprir os seus costumes e a sua lei. «Na terra para onde fores faz como vires fazer se não queres aborrecer» diz um ditado antigo.
António João Soares
28 de Novembro de 2017
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terça-feira, 8 de novembro de 2016
REFUGIADOS, SOLIDARIEDADE E RESPEITO PELOS OUTROS
Refugiados, Solidariedade e Respeito pelos outros
(Publicado em O DIABO de 8-11-2016)
A degradação das sociedades modernas, com o avanço da globalização, tem originado, em grande quantidade de estados, pequenos ou por vezes grandes, conflitos internos ou com vizinhos, que originam a fuga de populações como emigrantes ou como refugiados. Para agravar as consequências e aumentar o sofrimento das pessoas e famílias, nessas condições, apareceram oportunistas a cobrar avultados pagamentos por transporte em condições arriscadas. Para aumentar a rentabilidade de tais negociatas, em vez de colaborarem na procura de soluções em áreas menos agitadas do país ou em países próximos, incitam-nos a viagens mais longas para países com idiomas, tradições e etnias muito diferentes, o que acarreta, além das confusões e perigos da viagem, dificuldades de adaptação e de convivência.
Impõe-se aos cidadãos dos países de acolhimento atitudes de solidariedade através do melhor apoio. Ma os imigrantes devem evidenciar vontade de adaptação aos hábitos locais em respeito bilateral, interactivo, com os outros. Há um ditado que diz «na terra onde chegares faz como vires fazer se não queres aborrecer». É uma questão de respeito pelos outros. Chegarem, quererem manter os seus hábitos sem o menor sinal de quererem adaptar-se e exigindo que os autóctones os aceitem, tolerem e se adaptem a eles, é uma forma de colonialismo, já fora de moda, que os acolhedores nem sempre estão dispostos a aceitar. Daí que raramente a presença de refugiados seja agradável e inspiradora de comportamentos de boa vontade.
Mas trata-se de uma realidade que não pode ser ignorada e necessita de boa análise por parte dos poderes políticos e da ONU e outras instituições focadas na vida social e humanitária. E deve olhar-se, não apenas para as soluções de acolhimento mas, principalmente, para as medidas preventivas que devem consistir em evitar conflitos que possam ser geradores do fenómeno. A ONU e outros poderes devem exercer a diplomacia que, em vez de conflitos violentos, leve ao diálogo, a conversações e a negociações. Isso evita desgaste de meios necessários ao desenvolvimento dos países e as perdas de vida e outros inconvenientes para as pessoas que têm o direito de viver em paz, com segurança e com boa qualidade de vida.
No aspecto preventivo, surgem palavras sensatas de pessoas não muito poderosas da engrenagem política internacional, como o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Baloi que, em 24 de Outubro, disse que a eventual extradição de ruandeses requer exame cuidadoso.
Mais recentemente, em 29 de Outubro, o presidente do Irão, Hassan Rouhani, apelou à chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, para que use "o poder político para pressionar" os "aliados locais dos terroristas", esperando com isso normalizar a vida no Médio Oriente, principalmente, na Síria, no Iraque e no Iémen e evitar o posterior alastramento ao Norte de África e à Europa.
Torna-se urgente reduzir drasticamente o uso da força e utilizar medidas como as sugeridas pelo Presidente iraniano ou outras afins para se viver pacificamente com qualidade de vida mais aceitável. A PAZ é um bem indispensável.
A João Soares
em 12 de Novembro de 2016
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terça-feira, 19 de janeiro de 2016
REFUGIADOS. PROBLEMA OBSCURO
Refugiados. Um problema que permanece mal estudado e em que a comunicação social não tem tido papel esclarecedor e em que os políticos europeus não têm capacidade para pensar.
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quinta-feira, 17 de setembro de 2015
INTELIGÊNCIA SURPREENDENTE !!!! INACREDITÁVEL !!!!!
Transcrição de e-mail de amigo que muito admiro:
«ERA DE ILUMINADOS
O irmão Constâncio raiou esta manhã a arengar sobre a horda que invade a Europa. Um frete por dever de obediência que a emissora nacional não resumiu melhor:
É vital manter a força de trabalho de 26 milhões e meio de pessoas desempregadas?!... Que raio de iluminação!»
NOTA:
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domingo, 13 de setembro de 2015
CONTENTOR COM AJUDA PARA REFUGIADOS
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A NOVA ORDEM MUNDIAL VEM A CAMINHO
As oligarquias financeiras persistem incansavelmente na abertura do caminho para a NOVA ORDEM MUNDIAL. Nada acontece por acaso e a Comunicação Social silencia tudo o que se relacione com esta estratégia mefistofélica.
Transcrição de texto, de autor não identificado, recebido por e-mail.
Como explicar que pessoas com pobreza extrema consigam pagar 10 000 euros aos traficantes?
(Recebido por e-mail de Brandão Ferreira em 150912)
Uma abordagem curiosa ao êxodo para a Europa...
A rádio, os jornais, a televisão não vos contam a verdade.
Sobre qualquer informação faça a seguinte pergunta:
"Quem beneficia com isto?".
Procure pontos de vista diferentes, pense por si.
Agora sim, retome a notícia.
Quem financia o tráfico de migrantes que chega à Europa ?
Para além do drama, duas questões pertinentes se impõem quanto a este fluxo anormal de migrantes à Europa:
- como explicar esta súbita e enorme onda de migrantes?
- como explicar que pessoas com pobreza extrema consigam pagar 10 000 euros aos traficantes?
Um súbito fluxo massivo.
O fluxo migratório da entrada na Europa através do Mediterrâneo não é um problema recente, mas era realizado, até há poucos anos, como conta-gotas.
O estranho é que subitamente, em poucos meses, esse fluxo se tenha tornado numa invasão massiva, quando a situação dos países de origem pouco se alterou no último ano.
Um valor impossível de pagar.
Desde os longínquos locais de partida até à travessia do Mediterrâneo, cada migrante tem de desembolsar perto de 10 000 euros.
Calcula-se que o tráfico ilícito de migrantes gere um volume anual de 7 mil milhares de dólares por ano aos seus traficantes.
O PIB per capita, por exemplo, da Eritreia, um dos países de origem, é de 500 dólares anuais. Por comparação, o de Portugal é de 22 000 dólares.
Aqui reside o mistério de saber como é que uma pessoa de um país desses pode pagar o equivalente a 20 anos de rendimento anual, ou seja 10 000 dólares, para migrar?
Promover o caos na Europa
Uma parte da estratégia actual dos Estados Unidos assenta nas teorias do geo-político americano, Thomas Barnett.
"Como condição da globalização sem choques, temos de pôr em prática quatro fluxos duráveis e sem obstáculos".
Este fluxos excepcional de migrantes em direcção à Europa faz parte de um destes "fluxos duráveis e sem obstáculos". Thomas Barnett também sabe, e refere, que este fluxo não poderá ser impedido por nenhuma instituição, UE ou ONU.
O objectivo desta "guerra" contra a Europa é semelhante às revoluções chamadas de "Primaveras Árabes".
A Europa como poder político, económico e cultural tem de ser destruída através de um caos e ficar sem identidade nacional.
Essa destruição dos Estados-Nações fará que a Europa se deixe facilmente ser absorvida na Nova Ordem Mundial das oligarquias financeiras.
Thomas Barnett refere que "as fronteiras nacionais devem ser dissolvidas, as raças misturadas, e assim os valores e as religiões serão abolidos; o caminho para a Nova Ordem Mundial tem de ser alisado".
O jornal Info Direkt, relata que um funcionário do ministério da Defesa austríaco revelou que "existem elementos que atestam que organizações situadas nos Estados Unidos criaram um modelo de co-financiamento e contribuem substancialmente aos pagamentos exigidos pelos traficantes".
"Nem todos os refugiados de África do Norte têm 10 000 euros em cash.
Ninguém questiona de onde vem o dinheiro?"
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sábado, 15 de março de 2008
Diploma internacional indesejável!!!
Há dias, a presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR) afirmou, em Coimbra, que Portugal é o país da Europa que recebe menos refugiados e pedidos de asilo. Embora isto possa ser em parte explicado pela situação geográfica do país, no extremo da Europa, não deixarão de ter significado as difíceis condições de vida no País que estão a originar aumento da emigração.
Existem cerca de 10 milhões de refugiados em todo o mundo, tendo, em 2007, a Espanha recebido 12.500 e a Alemanha 350 mil, enquanto Portugal teve apenas 200 pedidos dos quais devem ter sido admitidos menos de 150.
Isto representa um atestado mundial da imagem que lá fora se tem de Portugal e que leva os infelizes que estão com vontade de deixar os seus países a pensarem que «mal por mal» mais vale continuar nas suas terras do que vir passar pior num País estranho de estranhas gentes.
Esta visão da situação que constitui um diploma internacional pouco elogioso, condiz com as notícias que chegam com frequência de que os jovens com mais valor e melhores resultados nos estudos estão a emigrar para a Grã-Bretanha e os Estados Unidos para acabarem as suas formaturas e com a intenção de por lá continuarem até que melhores perspectivas surjam por cá.
Vão longe os tempos em que Portugal era um País em destaque no Mundo como promotor dos descobrimentos e como iniciador da globalização, colocando todo o mundo em contacto íntimo e com uma interacção cultural e económica que teve efeitos durante muitos séculos. Agora, tudo é diferente e, o mais grave, é que não se vislumbram sinais seguros de recuperação da crise em que caímos nos últimos pares de anos.
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segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Ausência de autoridade internacional. ONU ineficaz
Ontem, «Dia Mundial por Darfur», cerca de 100 pessoas participaram, numa concentração no Largo de Camões, em Lisboa, para alertar a comunidade internacional para a crise que a região do oeste do Sudão enfrenta.
Manifestações semelhantes realizaram-se em mais de 30 países, para exigir uma acção urgente que ponha fim à violência em Darfur, onde quatro anos de guerra civil provocaram mais de 200 mil mortos e 2,4 milhões de deslocados e refugiados. A concentração em Lisboa foi organizada pela Plataforma "Campanha por Darfur", que congrega sete organizações não-governamentais (ONG), e que está a promover igualmente uma petição para ser entregue à presidência portuguesa da União Europeia (UE).
Nos dias actuais, quando nos debruçamos sobre situação que se vive em vários pontos do globo como no Líbano, no Iraque, no Irão, na Coreia do Norte, na Somália, no Darfur e nos casos por resolver, há muitas décadas, da Caxemira e do Sahara Ocidental, fala-se da impotência da ONU e da ausência de autoridade internacional formal, porque, segundo muitos, a autoridade informal reside no Clube Bilderberg e nas grandes organizações económicas supranacionais. Achei que poderão ter algum interesse umas reflexões que alinhei tempo a propósito da situação no Sudão.
Sudão e ausência de autoridade internacional
O Sudão é o país africano de maior extensão, com uma composição populacional extremamente complexa – 252 grupos étnicos – e várias religiões em que predominam os muçulmanos sunitas, a Norte, seguidos dos discípulos de crenças tradicionais africanas e dos cristãos, a Sul. Estas características humanas, a sua posição geoestratégica e a exploração de petróleo, recentemente iniciada, têm sido factores de uma história acentuadamente conflituosa. Ocupado por egípcios, turcos e britânicos e desejado pelos franceses, acabou por ver proclamada a independência em 1955.
Desde os primeiros dias de Estado independente, ainda não houve uma paz verdadeira devido à luta pelo poder, entre várias facções islâmicas e ao desejo de estas oprimirem os povos do Sul. Desde 1983, está em curso uma rebelião dos povos do Sul, de maioria cristã, contra o regime muçulmano de Cartum. É a guerrilha mais antiga de África que tem continuado, apesar de muitas tentativas de apaziguamento, aconselhadas e mediadas por países ocidentais e africanos. Os combates já fizeram mais de um milhão de mortos.
Após o golpe militar apoiado pela Frente Islâmica Internacional, em 1989, a insegurança passou a ser permanente, com um medo doentio em cada coração. Por pressão daquela Frente Islâmica, foi dado asilo em mansões luxuosas, nos arredores da Capital, a proscritos como Osama bin Laden e a Carlos o Chacal. O poder foi partilhado, de forma informal, pelo Presidente general Omar al-Bashir e por Hassan Turabi, o pai intelectual do movimento islamista do Sudão, antes de este ser colocado em prisão domiciliária.
Em 2002, os rebeldes do SPLA (Exército de Libertação do Povo do Sudão) - que lutavam há 20 anos contra a opressão do Governo no Sul do país - pressionados pelo Ocidente a terminar com a guerra civil, assinaram um frágil cessar-fogo, de curto efeito. Apoiando várias iniciativas para o apaziguamento do Sudão, o Secretário de Estado norte-americano Colin Powell deslocou-se, em Outubro de 2003, ao Quénia para reabilitar as relações com Cartum e dar um impulso às negociações de paz que ali decorriam entre o Governo e os rebeldes do Sul chefiadas pelo Coronel John Garang. C Powell manifestou esperança de a assinatura de um tratado de paz se efectuar em Dezembro seguinte, mas a esperança foi gorada. Outras tentativas posteriores tiveram resultado semelhante. Quando foram assinados acordos, pouco demorou até serem desrespeitados.
Entretanto, agravou-se a situação na província de Darfur, antigo sultanato cuja independência foi esmagada, em 1916, por uma expedição britânica, na zona ocidental, vizinha do Chade. A população, que pretende a autonomia, tem sido muito mal tratada e bombardeada pelos aviões governamentais que, em quatro anos de guerra civil, provocaram mais de 200 mil mortos e 2,4 milhões de deslocados e refugiados lem fuga para lugares onde a falta de água e de outras condições de vida tornam difícil a sobrevivência, sendo mesmo difícil a chegada de socorros de organismos internacionais. As forças islâmicas governamentais apoiam milícias árabes que praticam as piores violências sobre o povo, embora o governo de Osmar al-Bashir desminta. Em Agosto de 2004, foi assinado entre o Governo sudanês e as Nações Unidas, para o Darfur, um acordo contendo sete pontos, mas que ficou letra morta.
Tanto a ONU, como a União Africana, como a UE (União Europeia), como as grandes potências, têm mostrado vontade de ver restabelecida a paz neste grande país, mas a sua boa vontade não tem conhecido êxito e as pessoas continuam a sofrer privações inclusive da própria vida. Interrogamo-nos até quando o mundo, os poderes internacionais se manterão impotentes para pôr termo ao genocídio levado a cabo pelo poder islâmico do Sudão nas partes Sul e Oeste, onde vivem populações que não são muçulmanas. Os títulos da imprensa, embora pouco frequentes, são bem elucidativos do pouco interesse que o mundo tem pelo continente africano e das táctica dilatórias do Governo de Cartum, com desprezo de tudo e de todos. Os próprios funcionários da ONU têm sido obrigados a cessar as suas funções por falta de segurança e por estarem a correr riscos desproporcionadamente elevados.
O conceito geral em que podemos inscrever este e muitos outros casos evidenciam claramente que a humanidade está afastar-se dos bons valores morais e éticos que deviam reger as relações entre as pessoas. Infelizmente, apesar de haver muitas entidades de boa vontade que aconselham o civismo e a solidariedade, como foi o caso de Madre Teresa de Calcutá e é o de Nelson Mandela e do Dalai Lama, o mundo continua em guerra, movido por ambição de poder de riqueza pessoal, de vaidade e de ostentação, sendo difícil que as mais santas palavras entrem nos corações dos poderosos. A grande praga da humanidade nos tempos modernos é o endeusamento dos interesses pessoais traduzidos em bens materiais em vez da prioridade ao pensamento, aos sentimentos e às emoções naturais que as tradições mais salutares colocavam em primeiro plano. Os valores morais e éticos fazem falta aos governantes de todo o Mundo.
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A. João Soares
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